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FACULDADES INTEGRADAS SÃO JUDAS TADEU Curso de Direito Eluana Gabriele Canale Piovesani CRIMES VIRTUAIS: ANÁLISE DOS CRIMES COMETIDOS POR INTERMÉDIO DO AMBIENTE VIRTUAL Porto Alegre 2020 Eluana Gabriele CanalePiovesani CRIMES VIRTUAIS: ANÁLISE DOS CRIMES COMETIDOS POR INTERMÉDIO DO AMBIENTE VIRTUAL Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito das Faculdades Integradas São Judas Tadeu, para obtenção de aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II. Orientador: Prof. Ms. Cristiano P. Gessinger Porto Alegre 2020 FOLHA DE APROVAÇÃO Eluana Gabriele CanalePiovesani CRIMES VIRTUAIS: ANÁLISE DOS CRIMES COMETIDOS POR INTERMÉDIO DO AMBIENTE VIRTUAL Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito. Aprovado(a) em _____ de julho de 2020. Banca Examinadora: _______________________________________ Prof. (deixar em branco) _______________________________________ Prof. (deixar em branco) _______________________________________ Prof. (deixar em branco) AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele nada disso seria possível, subsequente agradecer a minha família que me apoiou e acreditou em mim, aguentou meus surtos minhas crises de ansiedade, noites mal dormidas, das quais obriguei que alguns ficassem acordados comigo, aguentando meu stress continuo e brigas desnecessárias mais gostaria de agradecer em especial a três pessoas, em primeiro lugar, meu irmão Anderson Canale que pelas burradas da vida me fez conhecer/ buscar este tema, do qual me apaixonei, em segundo, a minha tia Angela Canale que me ajudou durante todos esses anos tirando minhas dúvidas, me aconselhado, por mais que não tenha concluído o curso de Direito, buscando sempre esclarecer minhas dúvidas, e por último e não menos importante ao meu Vô Sáule Canale que apesar das desavenças pela minha saída de casa e mudança de estado nunca deixou de acreditar em mim. Gostaria de agradecer também a todos os colegas que estiveram nesta caminhada comigo, em especial a duas colegas que buscaram sempre o melhor de mim, me incentivando e me ajudando, uma que me acompanhou na primeira instituição da qual frequentei em Sinop/MT, Josieli Lamarque, e outra que acabou se tornando um presente da instituição da qual freqüento atualmente em Porto Alegre, Nathalia Eberhardt, que um dia me marcou com a seguinte frase “um sonho, sonhado sozinho e apenas um sonho, mais somado a outras pessoas se torna realidade.” Todos vocês fazem parte da realização do meu sonho. Bem como agradecer a todos os professores que fizeram parte desta caminhada de conhecimento em especial aos dois orientadores que tive neste período de um ano, o primeiro Fabiano Justin Cerveira da qual senti uma grande perda por não pertencer mais a instituição e ao segundo Cristiano Gessinger, o qual me ajudou a finalizar esta etapa. Gostaria também de agradecer a todos os meus amigos mais em especial, meu amigo de infância, confidente, apoiador Luiz Henrique Januário Bianchi que me acompanhou ao longo desta caminhada me deu forças nos momentos que precisei, me deu bronca quando quis desistir e o principal me elevou quando nem eu mesma sabia se daria conta de tudo. Deixo aqui meu agradecimento aos meus colegas de trabalho pois não é fácil conciliar trabalho e estudos, sei que muitas vezes quase surtava e acabava descontando neles, acabava gerando conflitos não intencionais mais que a força do momento a angustia, a ansiedade e o stress, as matérias acumuladas juntamente com o serviço que acabava se acumulado também (pois era bem assim, quando não era um,era o outro que estava acumulado) quase me levando a loucura. Todos vocês fazem parte da realização de um sonho, hoje começo a caminhar para a reta final desta jornada que durou 5 anos, e a única coisa que tenho a dizer a vocês é obrigada por todo apoio companheirismo, por acreditarem em mim, por fazerem com que buscasse, cada vez mais, o melhor de mim. A palavra que define todo essa emoção e mistura de sentimento é de GRATIDÃO a tudo e a todos. LISTA FIGURAS Figura 1 – O Brasil na Internet...................................................................................13 Figura 2 – Os golpes mais comuns da rede...............................................................47 Figura 3 – Ataques racistas contra famosos..............................................................49 Figura 4 – Site falso das lojas Ponto Frio...................................................................51 Figura 5 – Site falso das lojas Casas Bahia...............................................................52 Figura 6 – Clonagem do WhatsApp...........................................................................54 Figura 7 – Proteção nos Smartphones.......................................................................59 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ARPANET – Advanced Research Projects Agency Network FTC – Comissão Federal de Comércio HADOPI – Haute autoritépourladiffusiondesœuvres et laprotectiondesdroitssur Internet HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure IP – Internet Protocol MLATs – Mutual Leal Agreement Treaties PC – Personal Computer RNP – Rede Nacional de Pesquisa TIC – Tecnologia de Informação e Comunicação WWW– WoldWide Web SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................10 2 HISTÓRIA DA INTERNET...............................................................................11 2.1 SOCIEDADE DA INTERNET...........................................................................14 2.2 NOVO CONCEITO DE ESTADO.....................................................................16 2.3 ESTADO VIRTUAL..........................................................................................17 2.4 EVOLUÇÃO DOS CRIMES VIRTUAIS............................................................18 2.4.1 No Brasil.........................................................................................................20 2.5 LEGISLAÇÃO EM OUTROS PAÍSES.............................................................21 3 DOS CRIMES VIRTUAIS................................................................................28 3.1 CONCEITO......................................................................................................28 3.2 DA INVESTIGAÇÃO E PROVAS.....................................................................30 3.3 CRIMES EM ESPÉCIES.................................................................................42 3.3.1 Cyberbullying.................................................................................................42 3.3.2 Furto de dados...............................................................................................43 3.3.3. Estupro...........................................................................................................45 3.3.4 Crimes contra a honra cometidos no meio virtual......................................46 3.4 ASPECTOS POLÊMICOS...............................................................................47 3.4.1 Primeiro crime virtual cometido fora da terra.............................................47 3.4.2 Caso Carolina Dieckmann.............................................................................483.4.3 Universitários de Santa Maria.......................................................................48 3.4.4 Racismo contra a atriz Cris Vianna..............................................................49 3.4.5 Jogo baleia azul.............................................................................................50 3.4.6 Perfil falsos de lojas fomosas......................................................................50 3.4.7 Clonagem de WhatsApp...............................................................................52 3.4.8 Grupo de WhatsApp para divulgar fotos intimas.......................................54 3.4.9 Glória Pires vítima de estelionato................................................................55 3.4.10 A lavagem de dinheiro via Bitcoins.............................................................56 3.5 FORMAS DE FUNÇÃO DOS CRIMES VIRTUAIS..........................................56 4 CONCLUSÃO..................................................................................................60 REFERÊNCIAS..........................................................................................................62 9 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho visa a estabelecer um estudo a respeito do tema mais atual do Direito Penal, os crimes virtuais. Tendo em vista que estes são praticados com o auxílio ou através de meios eletrônicos podemos dizer que o infrator desta ação é um ente com saber tecnológico, que usa de seus conhecimentos para acessar o meio virtual de outras pessoas conseguindo de forma ilícita acessar contas bancárias, adquirir e divulgar fotos e informações bem como as usar como meio de chantagem, criando também contas falsas para caluniar e difamar ou simplesmente agir sem que ninguém desconfie. Os crimes virtuais em sua grande maioria são crimes já tipificados em nosso Código Penal, porém com a evolução das tecnologias que significa uma evolução também da sociedade surgiram novos crimes, bem como a facilitação e/ou aprimoramento dos já existentes. O que chama a atenção neste tema e a criatividade de cada infrator de buscar por informações úteis de diversas pessoas para que possas usá-las na prática de delitos, bem como a aplicação que fica cada vez mais imperceptíveis e mais criativas. Sem falar na capacidade de alguns infratores de invadir redes de segurança sem serem notados, pois em sua grande maioria são notados apenas após o vazamento de informações, fotos ou até mesmo dados pessoais dando uma falsa sensação de anonimato. O primeiro capítulo, conta a história e evolução da internet, desde a sua criação até chegar ao Brasil, bem como os primeiros crimes virtuais e a evolução da legislação dos crimes virtuais em diversos países. E em seguida, o segundo capitulo, apresenta os crimes virtuais, bem como os conceitos desses crimes, analisando se a aplicação do código penal está sendo eficaz, já que os crimes estão tipificados e os virtuais são considerados apenas um meio para cometer o delito, bem como se há a necessidade da criação de uma legislação específica pois com a evolução tecnológica, haverá também uma evolução criminal (podemos assim dizer), e que adotamos a teoria de que ninguém será punido sem lei que antes a defina como crime, bem como que o código deve trazer uma legislação atual que possa se adequar a estes novos crimes que surgirão, levando em consideração que os infratores dos crimes virtuais são sujeitos inseridos nesta sociedade e que de alguma forma possuem saber notável sobre as tecnologias utilizadas. 10 2 HISTÓRIA DA INTERNET Para que tenhamos uma melhor compreensão dos crimes virtuais precisamos saber qual foi o intuito da criação da internet, como ocorreu sua evolução, pois sabemos que todo o que vivemos vem de um contexto histórico. O primeiro nome dado à internet foi ARPANET, cujo intuito era ligar laboratórios para que pudessem interligar informações, isso aconteceu nos Estados Unidos em 1969 no auge da guerra fria, neste mesmo ano foi enviado o primeiro e- mail através de um professor da Universidade da Califórnia. Para Daniela Dias1 o ARPANET foi criado: “Com o intuito de facilitar a troca de informações, porque temiam ataques dos soviéticos, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (ARPA – AdvancedResearchProjectsAgency) criou um sistema de compartilhamento de informações entre pessoas distantes geograficamente, a fim de facilitar as estratégias de guerra. ” Para Leonardo Werner Silva2 o arpanet servia mais como uma garantia de troca de informações entre os militares, como ele explica: “Essa rede pertencia ao departamento de defesa norte-americano. A ARPANET era uma garantia de que a comunicação entre militares e cientistas persistiria, mesmo em caso de bombardeio. Eram pontos que funcionavam independentemente de um deles apresentar problemas. ” Tornando-se popular entre os universitários em 1982 com uso somente aos membros dos Estados Unidos. Quando se expandiu para outros países, se popularizou como Internet e ainda com uso apenas para acadêmicos. Os Estados Unidos liberaram a utilização para o comércio em 1987. Começaram a surgir empresas de acesso à internet em 1992, bem como a criação do WWW que tem como nome original World Wide Web, criado pelo cientista Tim Berners-Lee é o que utilizamos atualmente, porém foi criado para que várias pessoas acessem as mesmas informações ao mesmo tempo. Neste mesmo ano foi criado HTTPS – HyperTextTransferProtocolSecure que permite o envio de mensagens criptografas pela internet. Thiago Barros3 afirma que com o surgimento de portais e com a facilidade em procurar por informações não foi difícil a popularização da intenet: ”[...] foi na década de 90 que começaram a surgir grandes portais, como UOL e Yahoo, salas de bate-papo e mensageiros instantâneos, como o ICQ 1Disponível em:https://www.todamateria.com.br/historia-da-internet/. Acesso em 08 out 2019. 2Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u34809.shtml. Acesso em 08 out 2019. 3Disponível em: https://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/04/internet-completa-44-anos- relembre-historia-da-web.html. Acesso em 12 out 2019. https://www.todamateria.com.br/historia-da-internet/ https://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u34809.shtml https://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/04/internet-completa-44-anos-relembre-historia-da-web.html https://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/04/internet-completa-44-anos-relembre-historia-da-web.html 11 e o mIRC, os serviços de e-mail gratuitos, como o Hotmail, e, claro, sites de busca, como Google e Cadê. E, nos anos 2000, este “boom” iria se consolidar e ganhar ainda mais revoluções. [...]. Após o surgimento da Internet para o público em geral, era necessário consolida-la entre as pessoas. E esta tarefa não foi muito difícil dada às facilidades impostas para aquisição de computadores e também às grandes novidades que a web recebeu nos anos 2000. A tecnologia evoluiu muito e, assim, permitiu avanços significativos. [...]. Cresceu o número de provedores, o comércio online se estabeleceu, o mercado de jogos apostou no online e agradou, há centenas de redes de conteúdo multimídia usando tanto streaming como buffer para entreterem os internautas. Hoje, a Internet é um mundo de grandes possibilidades. E não há dúvida de que o futuro ainda reserva mais novidades. ” Em 1983, foi criada a primeira rede de grande comunicação, assim substituindo o ARPANET pela nova tecnologia. Dois anos depois, foi criada a tecnologia conhecida como National Science Foundation Network, que tinha o objetivo de distribuir informações/artigos a universitários. No Brasil, a Internet se popularizou em 1989, com a criação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), com o intuito de troca de informação bem como facilitação de acesso a pesquisa. Para Nicolas Muller4a popularização da internet aconteceu com Gilberto Gil: “Uma das provas de que a Internet realmente havia decolado no Brasil veio no dia 14 de dezembro de 1996, quando Gilberto Gil fez o lançamento de sua música Pela Internet através da própria rede, cantando uma versão acústica da música ao vivo e conversando com internautas sobre sua relação com a Internet. ” A Internet vem ganhando popularidade desde o envio de mensagens por WhatsApp até uma simples pesquisa no Google, segundo Thiago Lavado, via G15 mais da metade da população tem acesso a internet, incluindo a zona rural: “70% da população tem acesso aInternet, o que equivale a 126,9 milhões de pessoas. Nas regiões urbanas, a conexão é um pouco maior do que a média: 74% da população está ligada à internet;Pela primeira vez, metade da zona rural brasileira está conectada —49% da população disse ter acesso à rede em 2018, acima dos 44% de 2017;Também pela primeira vez, metade da camada mais pobre do Brasil está oficialmente na internet: 48% da população nas classes D e E, acima de 42% em 2017;São 46,5 milhões de domicílios com acesso à internet, 67% do total;Entre os usuários da internet, 48% adquiriu ou usou algum tipo de serviço on-line, como aplicativos de carros, serviços de streaming de filmes e música, ou pedido de comida. [...] o celular foi tido como o meio preferencial de acesso dos brasileiros. Segundo a pesquisa, 97% usou o celular como dispositivo de acesso à internet.Apenas 43% relatou ter usado um computador para acessar a internet em 2018, Na Zona Rural, 77% dos usuários de internet se conectam exclusivamente pelo telefone e 20% usam celular e computador. ” 4Disponível em: https://www.oficinadanet.com.br/artigo/904/o_comeco_da_internet_no_brasil acesso em 08 out 2019. 5Disponível em: https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2019/08/28/uso-da-internet-no- brasil-cresce-e-70percent-da-populacao-esta-conectada.ghtml acesso em 08 out 2019. https://www.oficinadanet.com.br/artigo/904/o_comeco_da_internet_no_brasil https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2019/08/28/uso-da-internet-no-brasil-cresce-e-70percent-da-populacao-esta-conectada.ghtml https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2019/08/28/uso-da-internet-no-brasil-cresce-e-70percent-da-populacao-esta-conectada.ghtml 12 Figura 1 – O Brasil na Internet. Fonte: G1 (2019) 13 E sendo assim a idéia de estar conectado ganhou força nos últimos tempos, se tornando necessária para todas as pessoas em todos os lugares como explica Thiago Barros6: “A tendência principal é de que o mobile tome conta do mercado cada vez mais. A idéia de estar sempre conectado à Internet ganhou muita força nos últimos anos e com os tablets e smartphones, a conexão à web se tornou quase que uma necessidade diária de boa parte da população. E o investimento das empresas nesta área só aumenta. Parece estar nascendo uma geração em que o consumo de conteúdo via web é enorme, com a demanda aumentando constantemente. As redes sociais seguem se reinventando, os aplicativos móveis seguem nascendo a cada dia e, nos próximos anos, a expectativa é de que o foco esteja cada vez mais na convergência das mídias para a internet. Assistir televisão, ouvir rádio, entrar no Facebook, mandar uma mensagem e ligar para o seu amigo. Tudo “ao mesmo tempo”, do mesmo lugar, sempre conectado. Por ser uma ferramenta em um ambiente livre, a Internet permite muitas possibilidades e com todos os avanços tecnológicos atuais, não é difícil crer que ela vai se perpetuar por um longo tempo. ” Com a Internet se popularizando, como conseqüência cada vez mais será utilizada, e acabamos influenciando a vida virtual que dita costumes, maneiras cria novas profissões, delimita ações bem como influencia toda uma geração. 2.1 SOCIEDADE DA INTERNET Vivemos em uma sociedade em que estar conectado é em um sentido literal de se conectar, onde estamos envolvidos em um grupo social, que de certa forma te orienta, de como se vestir, do que comer, de qual lugar deve frequentar. Onde recebemos milhões de informações e que a qualquer momento e de qualquer lugar do mundo podemos buscar, acessar por elas. Bem como pessoas de diferentes países podem se comunicar através de um único meio, o seu Smartphone, que por sua vez é um dos instrumentos mais populares atualmente. Levy7 afirma que: “No atual modelo social, a informação é e riqueza, poder e o motor para o desenvolvimento e bem-estar social. Tal sociedade da informação é caracterizada pela criação de diversos meios e ferramentas comunicativas de modo a aprimorar seu padrão de vida. Vivemos um dilúvio informacional.” E deste modo estar conectado é participar de uma sociedade que dita costumes e crenças, e indo mais além chega a criá-las e assim em todos os ambientes tais como escolas, trabalho ou até mesmo em um círculo de amigos, onde a qualquer sinal de dúvida buscamos resolvê-los em minutos apenas com um 6Disponível em: https://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/04/internet-completa-44-anos- relembre-historia-da-web.html. Acesso em 12 out 2019. 7LEVY, Pierre, CIBERCULTURA, São Paulo: edição 34, 1999, p.10. https://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/04/internet-completa-44-anos-relembre-historia-da-web.html https://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/04/internet-completa-44-anos-relembre-historia-da-web.html 14 “click”. Para Nicholas Carr8“A internet está mudando nossa forma de pensar, estamos terceirizando a nossa memória e a nossa identidade. Para Daniela Diana9 a internet é comunicação facilitando até mesmo o trabalho que em alguns casos pode ser feito por vídeo conferência. “A Sociedade da Informação é essencialmente informática e comunicacional, constituída principalmente pelos avanços da microeletrônica, optoeletrônica e multimídia. Adquirir, armazenar, processar e disseminar informações são as metas básicas do novo sistema. A televisão, a telefonia e a Internet são as grandes responsáveis pelo advento dessa nova sociedade, cuja a grande consequência é a desmaterialização dos espaços produtivos. A grande vantagem é que os processos decisórios e empresariais são facilitados pois podem ser realizados a distância por meio de videoconferência. ” Desde os primeiros passos da evolução é passado de geração em geração, os avanços tecnológicos tentam ser aprimorados dando assim a oportunidade de diversas pesquisas, comunicação e se desenvolvendo rapidamente, podendo assim conceituar a sociedade da informação como aquele em que buscas pesquisar e fazer novas descobertas e divulgação de modo mais rápido: “A expressão ‘Sociedade da Informação’ refere-se a um modo de desenvolvimento social e económico em que a aquisição, armazenamento, processamento, valorização, transmissão, distribuição e disseminação de informação conducente à criação de conhecimento e à satisfação das necessidades dos cidadãos e das empresas, desempenham um papel central na actividade económica, na criação de riqueza, na definição da qualidade de vida dos cidadãos e das suas práticas culturais. A sociedade da informação corresponder, por conseguinte, a uma sociedade cujo funcionamento recorre crescentemente a redes digitais de informação. Esta alteração do domínio da actividade económica e dos factores determinantes do bem-estar social é resultante do desenvolvimento das novas tecnologias da informação, do audiovisual e das comunicações, com as suas importantes ramificações e impactos no trabalho, na educação, na ciência, na saúde, no lazer, nos transportes e no ambiente, entre outras. ”10 Deste modo, chegamos sem saber exatamente o que é estar conectado, mas precisamos estar, para que possamos acompanhar o meio em que vivemos, ou seja somos atirados sem conhecimento algum sobre aquilo, mas acabamos descobrindo aos poucos, e a cada sinal de aprendizado, nos sentimos perto de alcançar o padrão da vida em sociedadedeixando de lado qualquer sinal de risco a nossa integridade. E mesmo com este despreparo, acabamos nos ariscando para que possamos nos 8JESUS, Damásio de, Manual de crimes informáticos, Damásio de Jesus, José Antônio Milagre, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 16,CARR, Nicholas, Apud GERSHENFELD, 2010, P.22. 9Disponível em https://www.todamateria.com.br/sociedade-da-informacao/. Acesso em 10 out 2019. 10PORTUGAL. Livro verde para a sociedade da informação em Portugal. Lisboa: Ministério da Ciência e da Tecnologia, Missão para a Sociedade da Informação, 1997, p. 5. Disponível em.http://homepage.ufp.pt/lmbg/formacao/lvfinal.pdf. Acesso em 16 out 2019. https://www.todamateria.com.br/sociedade-da-informacao/ http://homepage.ufp.pt/lmbg/formacao/lvfinal.pdf 15 incluir na sociedade e deste modo muitos acabam deixando de ser apenas usuários mais passando a ser vítimas fáceis dos conhecedores desta tecnologia. Correia11 conceitua a Internet como: “[...] um sistema de rede de computadores interligados a nível global, a qual possibilita a comunicação e a transferência de arquivos de uma máquina a qualquer outra conectada na rede, possibilitando assim, um intercâmbio de informações sem precedentes na história, de forma rápida, eficiente e sem as limitações de fronteiras geográficas, culminando na criação de novos mecanismos de relacionamento. ” Com a chegada da internet milhões de pessoas em todo mundo conseguem se conectar em diferentes países quebrando as fronteiras territoriais, advindo do desenvolvimento de uma sociedade e como o direito regulamenta a vida em sociedade o mesmo evolui com a sociedade, e assim cria novos conceitos. 2.2 NOVO CONCEITO DE ESTADO Com o desenvolvimento tecnológico há também um desenvolvimento social do qual incentiva mudanças em todos os sentidos, incluindo um novo sentido de estado advindo dos mesmos entes, que são o povo, o território e a soberania, porém com uma ferramenta de auxílio para a propagação de conhecimento. Para compreendermos melhor o que seria o estado Canotilho12 explica que o estado seria aquele que regulamenta a vida em sociedade: “A expressão Estado de Direito foi cunhada pelo jurista alemão Robert von Mohl, no século XIX, ao procurar sintetizar a relação estreita que deve haver entre Estado e Direito ou entre política e lei. Por oposição a Estado de não- Direito, podemos entender o Estado de Direito como o Estado propenso ao Direito: "Estado de direito é um Estado ou uma forma de organização político-estatal cuja atividade é determinada e limitada pelo direito. ‘Estado de não direito’ será, pelo contrário, aquele em que o poder político se proclama desvinculado de limites jurídicos e não reconhece aos indivíduos uma esfera de liberdade ante o poder protegida pelo direito" Para que o estado de Direito possa se propagar viu-se a necessidade de uma delimitação de território, pois este é a vontade do povo sendo colocada em pratica, como explica Martinez13: “Neste sentido, a lei equivale à vontade do povo constituinte em ver a relação política ser transformada em sentido expresso, descritivo, narrativo (e mesmo que conciso). Com isso, entramos na era da política publicada 11CORRÊA, Gustavo Testa. Aspectos jurídicos da Internet. 1ª ed., São Paulo: Saraiva, 2000. p. 283. 12MARTINEZ, Vinício. Estado de Direito. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 11, n. 918, 7 jan. 2006. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/7786. Acesso em 14 out 2019. 13MARTINEZ, Vinício. Estado de Direito Político. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 9, n. 384, 26 jul. 2004. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/5496. Acesso em: 22 out 2019. https://jus.com.br/artigos/7786/estado-de-direito https://jus.com.br/revista/edicoes/2006 https://jus.com.br/revista/edicoes/2006 https://jus.com.br/revista/edicoes/2006/1/7 https://jus.com.br/revista/edicoes/2006/1/7 https://jus.com.br/revista/edicoes/2006/1 https://jus.com.br/revista/edicoes/2006 https://jus.com.br/artigos/5496/estado-de-direito-politico https://jus.com.br/revista/edicoes/2004 https://jus.com.br/revista/edicoes/2004/7/26 https://jus.com.br/revista/edicoes/2004/7/26 https://jus.com.br/revista/edicoes/2004/7 https://jus.com.br/revista/edicoes/2004 16 em texto e ao alcance de todos: (a lei é) a política reduzida a termo. [...]. Pode-se dizer que é até uma questão de lógica que se defina o Estado a partir das relações entre Povo, Território e Soberania. Pois é preciso que haja um mínimo de organização social e política para que as instituições tenham um sentido claro e vivido, e é óbvio, então, que é por obra desse mesmo povo ou de seus líderes que existem tais instituições. Também é de se esperar que esse povo ocupe ou habite um determinado território. ” Podemos notar que o Estado de Direito é uma relação entre o tripé, povo, território e soberania, porém quando não conseguirmos mais delimitar o território? pois é o que acontece com o mundo virtuais, várias pessoas de diversos lugares podem se conectar para conversar e até mesmo ter contas em outros países, como nos explica Suely Fragoso14: “As peculiaridades da comunicação mediada pela internet permitem o estabelecimento de ambientes de interação muitos, que são compostos por representações visuais e/ou textuais visíveis e acessíveis em meio às quais acontecem as práticas sociais. São sistemas multiusuários online como games (por exemplo, World ofWarcraft), ambientes de conversação (como os canais do IRC) e serviços de rede social (como o Orkut e o Facebook). A configuração histórica e indenitária dessas subdivisões do espaço informacional instituído pela internet converge com a definição que adotamos, permitindo que identifiquemos esses ambientes multiusuário online como lugares – no caso, lugares virtuais. ” Para Renato Leite Monteiro15 existe um paralelo entre o estado virtual e o estado real dois quais são partilhados ferramentas: “As consequências decorrentes da Sociedade da Informação são penetrantes ao ponto de alterarem os clássicos conceitos de Estado, criando um Estado Virtual em paralelo ao Estado Real, a um ponto onde não existe diferença entre os dois planos, compartilhando eles dos mesmos elementos constitutivos, principalmente o povo, que, ao ser provido de uma ferramenta de produção de conhecimento multidirecional e colaborativa, contribui para o enriquecimento da inteligência coletiva. ” Deste modo, podemos notar que a evolução de uma sociedade acarreta também em uma evolução no direito podendo dizer assim que com o desenvolvimento tecnológico houve a criação de um estado virtual. 2.3 ESTADO VIRTUAL O conceito do estado vem de três pontos: o povo, a território e a soberania. Porém, com o desenvolvimento podemos notar que não há como delimitar a 14Disponível em file:///C:/Users/eluan/Downloads/38317-Article%20Text-45183-1-10- 20120814%20(1).pdf. Acesso em 23 out 2019. 15Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp142465.pdf. Acesso em 18 out 2019. file:///C:/Users/eluan/Downloads/38317-Article%20Text-45183-1-10-20120814%20(1).pdf file:///C:/Users/eluan/Downloads/38317-Article%20Text-45183-1-10-20120814%20(1).pdf http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp142465.pdf 17 territorialidade, mas podemos definir como faz Levy16 dizendo: que é o novo espaço de interação das pessoas que estão presentes nessa sociedade, que tem auxiliado em novas descobertas e se estenderá para varias matérias: “O espaço cibernético é um terreno onde está funcionando a humanidade, hoje. É um novo espaço de interação humana que já tem uma importância enorme sobretudo no plano econômico e científico e, certamente, essa importância vai ampliar-se e vai estender-se a vários outros campos, como por exemplo na Pedagogia, Estética, Arte e Política. O espaço cibernético é a instauração de uma rede de todas as memórias informatizadas e de todosos computadores. ” O espaço virtual não subsistiu o real, porém, ele cria um novo tipo de comunicação entre as pessoas, tais como, novas formas de contrato uma nova forma de política, ou seja, tendo presente o tripé do estado de Direito. Como explica Renato Leite Monteiro17: A exemplo do espaço real, no espaço cibernético também são estabelecidas relações sociais e políticas, no tempo e no espaço, [...] completando os elementos do Estado, o povo estaria caracterizado pela Sociedade da informação; o território pelo próprio espaço cibernético; e a soberania pela capacidade de controlar, de exercer poder de decisão e regulamentação sobre este espaço. Do mesmo modo que através da internet criamos relações de consumo, quando compramos algum produto em algum site, podemos ser vítimas de golpista através do mesmo espaço, a internet, e com isso podemos questionar sobre os primeiros sinais de crimes cometidos por meio deste instrumento. 2.4 EVOLUÇÃO DOS CRIMES VIRTUAIS Com um novo conceito de estado necessitamos de regulamentação para que se tenha o estado soberano regulamentando a vida em sociedade, se a sociedade esta “conectada” o estado precisa regulamentar sobre tal assunto. Quando questionamos, um dos criadores da internet sobre a necessidade de uma legislação, contrário ao que todos acreditavam, Tim-Berners-Lee18 afirma que a internet não precisa de uma legislação, pois garante que todos deveram ter liberdade: 16 LEVY, Pierre. A emergência do cyberspace e as mutações culturais. Porto Alegre, 1994. Disponível em: Acesso em 20 out 2019. 17Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp142465.pdf. Acesso em 24 out 2019. 18Discurso usado no substitutivo oferecido em plenário em substituição á comissão especial destinada a proferir parecer ao projeto de lei n.2.126/2011, que estabelece princípios, garantias e deveres para o uso da internet no Brasil. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp142465.pdf 18 “Foi sugerido que não necessitamos de legislação sobre a internet, pois até hoje não temos legislação e ela não teria feito falta. [...] é bobagem, porque tínhamos liberdade no passado, mas as ameaças explicitas e reais a esta liberdade surgiram apenas recentemente. ” Deste modo podemos pensar será que serão criados novos crimes ou apenas serão usados crimes antigos com novo meio? Quando questionado Ivan Lira de Carvalho19 já em 1996 afirmava: “Sendo perguntado, por exemplo se a internet é um meio novo de execução de crimes ‘velhos “ ou é, por si mesma uma geradora de novos delitos, terei o atrevimento de dizer que as duas partes da pergunta se completam para a resposta: há crimes novos, contemporâneos da formação da rede mundial de computadores, mas estão acontecendo pela “ net”, delitos já de muito tempo conhecidos da sociedade, só que agora perpetrados com o requinte do bit. Óbvio é que a lei deve acompanhar as inovações criadas e experimentadas pela sociedade. Mas como na maioria dos sistemas jurídicos que tem a lei como fonte principal (é o caso do Brasil), o processo legislativo é bem mais lento do que os avanços tecnológicos as consequências destes. No entanto, nem por isso os operadores jurídicos devem cruzar os braços, ficando no aguardo de providencias legislativas compatíveis com a modernidade das técnicas criminosas. Se é possível o encaixe da conduta anti-social a um dispositivo legal em vigor, não deve o aplicador do Direito quedar-se em omissão. ” Mesmo sendo um ambiente virtual onde não se tem necessariamente a presença física devemos levar em consideração que as vítimas são reais, assim como afirma Fernando da Costa20: ” A internet não é um bem jurídico sobre o qual repousa posse, propriedade. Não existe relação de domínio entre a pessoa e a internet. No entanto, não por isso se deva dizer que o ciberespaço é um ambiente não regulável. A despeito de o ambiente cibernético ser um ambiente não físico, deve ele ser passível de ser regido pelo direito, até porque seus resultados são materiais. ” Além das vítimas serem reais tornamos a falsa impressão de que existe um anonimato no meio virtual o que é desbancado pelo Manual de cooperação jurídica internacional e recuperação de ativos: cooperação em matéria penal21: “Crime virtual ou crime digital pode ser definido como sendo termos utilizados para se referir a toda a atividade onde um computador ou uma rede de computadores são utilizados como uma ferramenta, uma base de ataque ou como meio de crime. Infelizmente, esta prática tem crescido muito já que esses criminosos virtuais têm a errada impressão que o anonimato é possível na Web e que a Internet é um “mundo sem lei”, “pode <http://www.camara.gov.br/internet/agencia/pdf/mci_2014_02_12_relatorio.doc>. Acesso em 29 ago de 2019. 19Disponível em: <www.jfrn.gov.br/institucional/biblioteca/doutrina/doutrina84.doc>. Acesso em 12 ago 2019. 20COSTA, Fernando José da. Locus delicti nos crimes informáticos. São Paulo: USP, 2011.p.30 21BRASIL. Manual de cooperação jurídica internacional e recuperação de ativos: cooperação em matéria penal. Brasília: Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, 2008. P. 23 19 agir de qualquer parte do planeta, levam os criminosos a acreditarem que estão imunes às leis”22 Os criminosos virtuais têm várias nomenclaturas como hackers, que são aqueles indivíduos com notável saber informático e que possuem diversas habilidades, para manuseio de vários sites diferentes, ainda tem aqueles que furtam apenas informações via Internet ou telefone, para que possam facilitar o uso destas internamente que é o caso dos Preaker. Como existem diversas formas de crimes virtuais existem diversas vítimas como explica Molina23: “Podemos citar ainda, as vítimas de pedofilia, de pirataria de software, de dano, contra a honra, entre muitas outras vítimas de crimes praticados pela Internet. A agilidade que a Internet proporciona ao seu usuário para realização de diversas tarefas, como entretenimento, trabalho, pagamentos de despesas, entre outras, facilita também a ação de pessoas inescrupulosas que se aproveitam do anonimato e da falta de segurança existente na rede para conseguir informações sobre os usuários, principalmente senhas que são digitadas durante essas transações. Os atos ilícitos praticados via Internet, a cada dia que passa, aumentam a sua prática e sua diversificação. Temos crimes antigos, que agora são praticados pela rede mundial, assim como, temos novas modalidades. “ O primeiro crime virtual foi relatado em 1820, na França quando em uma fábrica de tecidos o dono resolveu implementar uma máquina como conta Damásio de Jesus24: “Em 1820, Joseph-Marie Jacquard produziu a máquina de tear, na França. Seu invento, automatizado possibilita a repetição de uma series de passos, antes executado por humanos, para a produção de tecidos especiais. A automação incomodou e resultou em medo dentre os funcionários de Jacquard. Seus empregos tradicionais dos quais tiravam sua subsistência, estavam sob ameaça. Foi quando cometeram atos de sabotagem para desencorajar Jacquard no uso da então nova tecnologia. Em 1939, Alan Turing é recrutado pelo serviço de inteligência Americano para descobrir o segredo das maquinas codificadas eletromagnéticas. Já se estudava a quebra de técnicas e códigos para se ocultar ou proteger a informação. ” A tecnologia não era vista com bons olhos pela sociedade, no entanto que os primeiros crimes relatados interferiam no funcionamento das máquinas, mais em alguns casos os crimes podem não ter sido relatados oficialmente. 2.4.1 No Brasil 22WENDT, Emerson; JORGE, Higor Vinícius Nogueira. Crimes cibernéticos: Ameaças e procedimentos de investigação. Rio de Janeiro: Brasport, 2012.p.29 23MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de & GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,2011.p.54 24JESUS, Damásio de, Manual de crimes informáticos, Damásio de Jesus, José Antônio Milagre, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 16,CARR, Nicholas, Apud GERSHENFELD, 2010, P.19 20 Não existem relatos concretos dos primeiros crimes virtuais cometidos em nosso pais como explica Emerson Wendt25 pois como em alguns casos os crimes não são relatados pois em sua maioria interferiam no funcionamento de maquinas e não devidamente uma pessoa em especifico: “Não existe uma posição pacífica sobre o surgimento do primeiro vírus de computador. Sabe-se que em 1986 surgiu o primeiro cavalo de Tróia de que se tem notícia, o PC Write, o qual se apresentava como um editor de textos, mas, quando executado, corrompia os arquivos do disco rígido do computador (que consiste em um disco magnético de metal com a função de suporte físico para os dados gravados por meio de pontos magnetizados). No que se refere ao surgimento do primeiro antivírus também não existe uma posição pacífica. Muitos entendem que foi criado em 1988, por DennyYanuarRamdhani, em Bandung, Indonésia, e tinha a finalidade de imunizar o sistema computacional contra o vírus Brain, entendido por alguns como o primeiro vírus criado. “ No Brasil os crimes virtuais tem sido assunto polêmico a pouco tempo, porém em outros países a mais investimento como explica Damásio de Jesus26: “Enquanto no Brasil pouco se faz em estrutura investigativa, nos Estados Unidos o FBI convoca especialistas de segurança, eis que o crime informático estaria se tornando uma ameaça maior que o próprio terrorismo. Crimes informáticos não é só questão de segurança pública mais de defesa nacional. ” Alguns dados apontam que que o Brasil está na rota dos crimes virtuais, tendo assim que de cada 10 infratores virtuais 8 vivem no Brasil27, bem como a maioria das páginas de pedofilia existentes no mundo são criadas no Brasil. 2.5 LEGISLAÇÃO EM OUTROS PAÍSES Em relação aos outros países iremos demonstrar entendimentos jurídicos dos crimes virtuais, assunto que vem crescendo constantemente devido à facilidade de aplicação destes. Estados Unidos Os Estados Unidos, foi um dos primeiros países a legislar sobre os crimes virtuais, tais discussões começaram se tornar assunto entre seus legisladores em 25WENDT; Emerson, 2012- Disponível em: http://revistapensar.com.br/direito/pasta_upload/artigos/a301.pdf. Acesso em 28 out 2019. 26JESUS, Damásio de, Manual de crimes informáticos, Damásio de Jesus, José Antônio Milagre, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 16,CARR, Nicholas, Apud GERSHENFELD, 2010, P.23 27Disponível em:<http://info.abril.com.br/aberto/infonews/092004/13092004-13.shl>. Acesso em 28 out 2019. http://revistapensar.com.br/direito/pasta_upload/artigos/a301.pdf 21 1970, porém, a lei foi criada somente em 1980, sua publicação ocorreu em 1981 esta lei foi chamada de Computer Fraudand Abuse Act, com o decorrer do tempo houve algumas alterações, mas a mesma continua em vigor. Damásio de Jesus28 explica sobre esta lei: “A lei pune casos de acesso indevido, interceptação não autorizada e sabotagem informática. Conceitua ainda a lei federal americana, a fraude de computador como o uso do computador para criar uma deturpação desonesta de um fato como uma forma de induzir alguém a fazer ou deixar de fazer algo que lhe cause perda. Verificamos na legislação América que é condição, nos crimes de acesso indevido, que o agente tenha obtido os dados ou causado danos, punindo este que intencionalmente acessa um computador protegido ou sem autorização e, como resultado de tal conduta imprudente, causa danos Importante mencionar que, em 19994, o código penal federal fora alterado pelo Violent Crimes Act- lei de crimes violentos, que tipificou condutas como dano a dados e sistemas , disseminação de vírus e interceptação telefônica. Mais tarde, em 2001, a lei federal também é emendada pela lei patriótica- USA PatriotAct, que, no escopo de combater o terrorismo, mune o governo de possibilidade e estruturas legais para o monitoramento e interceptação telefônica. ” Itália Entre 1992 e 1993 a Itália começavam as dicções acerca de legislar sobre os crimes virtuais, criando assim tipos penais dos quais enquadravam os infratores virtuais que praticavam ataques que seriam prejudiciais aos sistemas, ou até mesmo o roubo de informações ou sabotagem de informações para ganho pessoal. Para os mesmos a invasão de IP – Internet Protocol, é considerada como invasão de domicilio, pois, ao fazer isto o infrator poderá arrecadas informações e poderá usá- las para ferir um terceiro. “O legislador italiano em matéria civil na sequência da directiva europeia 97 n. 7, Regulamento n. 185/1999 Ele está interessado em proteger os contratos de consumo on-line celebrados à distância. Transações on-line são agora muito difusas entre os clientes da Internet na Europa. [...] A União Europeia é a principal fonte de proteção legal para o consumidor on-line. ”29 Alemanha Na Alemanha, a lei de criminalidade econômica contempla delitos informáticos desde 1986, mas por não serem tão frequentes tem pouca repercussão como explica Ana Karolina30 28JESUS, Damásio de, Manual de crimes informáticos, Damásio de Jesus, José Antônio Milagre, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 16, CARR, Nicholas, Apud GERSHENFELD, 2010, P.65 29Disponível em: https://www.migliorisiabogados.com/contratos-a-distancia-y-delitos-informaticos-en- italia/?lang=pt. Acesso em 29 out 2019. 30Disponível em:https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-109/o-estudo-comparado-dos-crimes- ciberneticos-uma-abordagem-instrumentalista-constitucional-acerca-da-sua-producao-probatoria-em- contraponto-a-jurisprudencia-contemporanea-brasileira/. Acesso em 29 out 2019. https://www.migliorisiabogados.com/contratos-a-distancia-y-delitos-informaticos-en-italia/?lang=pt https://www.migliorisiabogados.com/contratos-a-distancia-y-delitos-informaticos-en-italia/?lang=pt https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-109/o-estudo-comparado-dos-crimes-ciberneticos-uma-abordagem-instrumentalista-constitucional-acerca-da-sua-producao-probatoria-em-contraponto-a-jurisprudencia-contemporanea-brasileira/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-109/o-estudo-comparado-dos-crimes-ciberneticos-uma-abordagem-instrumentalista-constitucional-acerca-da-sua-producao-probatoria-em-contraponto-a-jurisprudencia-contemporanea-brasileira/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-109/o-estudo-comparado-dos-crimes-ciberneticos-uma-abordagem-instrumentalista-constitucional-acerca-da-sua-producao-probatoria-em-contraponto-a-jurisprudencia-contemporanea-brasileira/ 22 “Existem afirmativas de que na sociedade alemã a conduta delituosa em crimes informáticos não possui grande relevância, devido a sua pequena incidência. Seus principais problemas na esfera tecnológica se referem ao uso abusivo de informações, porém conforme já mencionado acima, em 1986 fora editada a Segunda Lei de Combate à Criminalidade Econômica (2.WiKG), que traz em seu texto normas contra a criminalidade informática. Na presente legislação, não são punidas meras invasões de sistema, porém, alguns delitos são tipificados de forma especial como: (i) espionagem de dados; (ii) extorsão informática; (iii) falsificação de elementos probatórios, incluindo aí a falsidade documental e a ideológica; (iv) sabotagem informática; (v) alterações de dados e (vi) utilização abusiva de cheques ou cartão magnéticos. ” China Em dezembro de 2011, a China publicou uma lei que relata os crimes virtuais, como explica Damásio de Jesus31: “A lei denominada Computer Information Network and Internet Security,Protectionand Management Regulationsfoi publicada em dezembro de 2011. Em alguns tipos penais, pode haver até mesmo o cancelamento da conta do usuário junto ao Provedor de Acesso à Internet. Os tipos previstos na legislação criminal chinesa incluem a sabotagem, o acesso indevido,a alteração de dados e o uso de computadores para fraudes,corrupção, criação e propagação de vírus, desvio de fundos públicos, roubo de segredos do Estado, dentre outros. ” Suécia A Suécia foi o primeiro país a criar normais que regulamentavam os crimes virtuais, que se encontra em vigência desde 1948 para a época, onde era considerando um código moderno, que pode ser usada tanto no civil quanto no penal como explica Ana Karolina32: “Insta dizer que o processo penal Sueco é adversária, ou seja, o juiz não conduz de forma ativa o processo, este será conduzido pelas partes, guardando semelhança com o direito processual norte-americano, logo não será um processo investigativo. Apresentada à Corte pelas partes o conteúdo fático e de direito da demanda, está ficará adstrita a decidir unicamente com base no que foi apresentado. O promotor será o autor no processo penal e a vítima funcionará como litisconsorte ativo facultativo. Destarte, tal direito processual estrangeiro pauta-se nos princípios da oralidade, imediatidade e concentração, “eles implicam que a causa, seja criminal ou cível, deve ser apresentada oralmente em uma audiência concentrada, com acesso imediato da Corte a todo o material relevante, e com o julgamento sendo realizado em conexão imediata com a audiência. ” Os mesmos princípios guardam intima ligação com as regras que versam acerca das provas no processo. As provas seguem o princípio da livre valoração, não havendo normas vinculantes para a sua apreciação. Não há que se falar também em normas ou teorias que regulem a exclusão das 31JESUS, Damásio de, Manual de crimes informáticos, Damásio de Jesus, José Antônio Milagre, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 16,CARR, Nicholas, Apud GERSHENFELD, 2010, P.67 32Disponível em:https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-109/o-estudo-comparado-dos-crimes- ciberneticos-uma-abordagem-instrumentalista-constitucional-acerca-da-sua-producao-probatoria-em- contraponto-a-jurisprudencia-contemporanea-brasileira/. Acesso em 29 out 2019. https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-109/o-estudo-comparado-dos-crimes-ciberneticos-uma-abordagem-instrumentalista-constitucional-acerca-da-sua-producao-probatoria-em-contraponto-a-jurisprudencia-contemporanea-brasileira/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-109/o-estudo-comparado-dos-crimes-ciberneticos-uma-abordagem-instrumentalista-constitucional-acerca-da-sua-producao-probatoria-em-contraponto-a-jurisprudencia-contemporanea-brasileira/ https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-109/o-estudo-comparado-dos-crimes-ciberneticos-uma-abordagem-instrumentalista-constitucional-acerca-da-sua-producao-probatoria-em-contraponto-a-jurisprudencia-contemporanea-brasileira/ 23 provas no processo como a exemplo da “Fruits ofthepoisonoustree”, as provas colhidas em sede de investigação preliminar pela polícia não serão desentranhadas do processo como um erro no procedimento, a conduta da polícia é que será analisada em apartado em sede de procedimento administrativo (leia-se erro policial). Ainda no campo da legislação e suas procedimentalidades é interessante constar que a evolução da sociedade da informação caminha para um novo conceito de democracia. É possível conhecer a existência do fenômeno da e-democracy, que é a participação dos cidadãos na vida política de seu país pelo voto eletrônico, desta forma a internet é utilizada como meio de estabilização e maior participação em leis e questões políticas, em busca de estabelecer um feedback estatal. Tal ideia de democracia estendida denominada de Demoex teve início em Vallentuna, subúrbio localizado em Estocolmo, como uma espécie de democracia experimental. ” França A França em 1988, criou a lei que pune os crimes virtuais e ainda,esta lei criminaliza também o desenvolvimento e fornecimento de ferramentas que facilitam a infração virtual. Damásio de Jesus33 relata: “Modernamente, temos a Lei 575, de 21 junho 2004, que visa garantir o comércio eletrônico e que trata também de punições a fraudes informáticas.A França, igualmente, ratificou a Convenção Europeia do Cibercrime em 10 de janeiro de 2006. No país ainda existe a chamada Lei HADOPI (do francês Haute Autoritépour La Diffusion dês œuvres ET dês droits La Proteção d’auteursur Internet), de 2009, apoiada pelo então presidente Nicolas Sarkozy, que para proteção de direitos autorais previa a suspensão do acesso à Internet de um violador reincidente, disposição esta que foi revogada em 8 de julho de 2013. Desde a aprovação da lei até a revogação do dispositivo, tem-se relatos de apenas um usuário que foi suspenso da Internet (por 15 dias ) e multado (em 600 euros). No entanto, a lei obriga os provedores a fornecer dados dos usuários se requisitados judicialmente. ” Uma das notícias que se tem nos últimos tempos sobre a legislação dos crimes virtuais na França vem do jornal El Pais34 que diz: “À França: dotar-se de instrumentos que freiem a expansão nas redes sociais de expressões e mensagens que incitem ao ódio, seja racial, religioso ou por gênero, ou inclusive à violência. Mas a via para isso – depositando a maior parte da responsabilidade nas plataformas da Internet, que entre outras obrigações deverão retirar conteúdo deste tipo de seus sites em no máximo 24 horas, sob pena de fortes multas – suscita dúvidas entre quem considera que pode provocar uma maior censura de conteúdo. A autora do projeto é a deputada Laetitia Avia, do partido A República em Marcha (LREM), do presidente Emmanuel Macron. Uma legisladora que sabe muito bem o que é ser vítima de assédio digital e racismo. O texto da lei “contém a minha história, a de uma mulher que não aceita mais ser insultada e tratada como negra nas redes sociais” disse a legisladora, de pele negra, durante sua discussão nos últimos dias. ” Inglaterra 33JESUS, Damásio de, Manual de crimes informáticos, Damásio de Jesus, José Antônio Milagre, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 16,CARR, Nicholas, Apud GERSHENFELD, 2010, P.68 34Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/09/internacional/1562689055_153988.html. Acesso em 29 out 2019. https://brasil.elpais.com/tag/francia https://brasil.elpais.com/tag/delitos_odio https://brasil.elpais.com/brasil/2019/01/07/opinion/1546892446_126799.html https://brasil.elpais.com/tag/acoso_internet https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/09/internacional/1562689055_153988.html 24 Desde 1984, a legislação inglesa contava com uma legislação que protegia os dados pessoais em ambientes virtuais. Em 1990 foi introduzida na lei inglesa,o acesso não autorizado que modificava informações ou as pegava para ganhar vantagens, como explica Damásio de Jesus35: “Trata-se de uma lei que pune tal como a Lei Brasileira (12.737/2012), a conduta de invadir com a finalidade de modificar o conteúdo de computador, independentemente do resultado. Logicamente,a lei inglesa foi duramente criticada. De outra ordem, o interessante na lei inglesa é que extra passa parâmetros de outros comportamentos que, se praticados, indicam que a conduta efetivamente era dolosa, ou seja, indica mais provável existência de intenção de modificar conteúdo de computador. Esses parâmetros, fundamentais, não existem na lei brasileira e ficarão a cargo do magistrado. A Computer Misuse Act, de 29 de agosto de 1990, a principal iniciativa legislativa em termos de direito pena linformático, foi alterada em 2006 pelo The Police and Justice Act 2006.A legislação inglesa do País de Gales trata de diversos crimes, dentre os quais o acesso indevido e a produção de sistemas e código que permitam a invasão. Recentemente, em 2014, foi proposto no Parlamento 11 novas leis, dentre as quais a Serious Crime Bill, que poderá alterar a lei de 1990 com propostas de pena de prisão perpétua para crimes cibernéticos. ” Espanha Na Espanha em 1995, o código penal dispôs sobre os crimes virtuais como explica Damásio de Jesus36: “O CódigoPenal de 1995 foi alterado, prevendo diversas disposições relativas a cibercrimes, nos arts. 197, 248, 255, 256, 264, 270 e 273. Dentre alguns, crimes destacamos violação de privacidade para descoberta de segredos, com pena de prisão de um a quatro anos e multa entre doze e vinte e quatro meses, alteração indevida de dados, acesso indevido a dados ou utilização dos dados de forma nociva ao proprietário, fraude informática (estelionato no Brasil), entre outros. ” América do Sul Na América do Sul, temos informações de 3 países: o Peru, Chile e Argentina, sendo que um deste é o pioneiro na América do Sul em legislar sobre os crimes virtuais Damásio de Jesus37 explica como funciona em cada um deles: “O Peru conta com o decreto legislativo n. 635, que pune o acesso e o uso indevido de bancos de dados, sistemas computacionais ou redes. O código penal peruano ainda pune delitos como violação de intimidade (arts. 154 e 157) delito de furto agravado pela transferência eletrônica de fundos, telemática em geral, emprego de senha secretas em geral, emprego de senhas secretas (art. 186) e delito de fraude na administração de pessoas jurídicas na modalidade de uso de bens informáticos (art.186). No Chile, 35JESUS, Damásio de, Manual de crimes informáticos, Damásio de Jesus, José Antônio Milagre, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 16,CARR, Nicholas, Apud GERSHENFELD, 2010, P.69 36JESUS, Damásio de, Manual de crimes informáticos, Damásio de Jesus, José Antônio Milagre, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 16,CARR, Nicholas, Apud GERSHENFELD, 2010, P.70 37JESUS, Damásio de, Manual de crimes informáticos, Damásio de Jesus, José Antônio Milagre, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 16,CARR, Nicholas, Apud GERSHENFELD, 2010, P.70 25 temos a lei n.19223, de 7 de junho de 1993(lei própria de crimes informáticos) que pune a destruição de danos a indisponibilização de sistemas de processamento de dados, o acesso indevido ou uso de informações confidenciais, interceptação de dados e destruição de dados. Destacam-se que o chile foi o primeiro país da América do Sul a atualizar sua legislação para os modernos crimes cibernéticos. Já a Argentina possuía sua lei de proteção de dados (lei n. 25.326) que inclui disposições especificas para acesso não autorizado a dados e uso indevido de dados cedidos por titulares. No que diz respeito ao código penal argentino, o mesmofora alterado pela lei n. 26.388/2008, passando a considerar e a tratar sobre os crimes virtuais. ” Brasil O Brasil está atrasado em se tratar de uma legislação especifica para os crimes virtuais, com o desenvolvimento da tecnologia podemos dizer que nossos legisladores não estão muito preocupados, pois podemos observar que há poucos projetos de lei em relação a este assunto, Erica Lourenço de lima38explica o porquê: “Na seara do Direito Penal, observam-se uma nova figura conhecida como macrocriminalidade, que rompe os limites territoriais criando uma rede de criminalidade mundial, sem respeito à soberania ou qualquer acordo internacional realizado entre os estados. É o caso dos crimes cometidos põe meio da internet, considerando o avanço da macrocriminalidade e a dependência do sistema informático entre estados, em virtude da globalização das informações e comunicações. ” Não basta apenas criarmos leis ou incluí-las em leis já existentes pois, deste modo chegamos sem saber exatamente o que é estar conectado mais precisamos estar, para que possamos acompanhar o meio em que vivemos, ou seja somos atirados sem conhecimento algum sobre aquilo e muitas vezes acabamos nos tornando vítimas como aponta Damásio de Jesus39: “Fazer frente não envolve apenas tipificação ou a mera criação de leis, mais educação digital, definição do que seria “território e competência cibernética” (que passa pela problemática da jurisdição) estrutura investigativa e cooperação internacional dos intermediários e atores da internet no Brasil. ” Mesmo sendo um ambiente virtual onde não se tem necessariamente a presença física devemos levar em consideração que as vítimas são reais, assim como afirma Fernando da Costa 40: ” A internet não é um bem jurídico sobre o qual repousa posse, propriedade. Não existe relação de domínio entre a pessoa e a internet. No entanto, não por isso se deva dizer que o ciberespaço é um ambiente não regulável. A despeito de o ambiente cibernético ser um ambiente não físico, deve ele ser passível de ser regido pelo direito, até porque seus resultados são materiais. ” 38Ferreira, Erica Lourenço de Lima. Criminalidade econômica e empresarial e cibernética. Florianópolis: momento atual, 2005. Pag19 39JESUS, Damásio de, Manual de crimes informáticos, Damásio de Jesus, José Antônio Milagre, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 16,CARR, Nicholas, Apud GERSHENFELD, 2010, P.71 40COSTA, Fernando José da. Locus delicti nos crimes informáticos. São Paulo: USP, 2011.p.30 26 Casos envolvendo os crimes cibernéticos estão acontecendo cada vez mais como mostra a revista Exame41: “O Brasil sofreu 15 bilhões de tentativas de ataque cibernético em apenas três meses, de acordo com levantamento divulgado nesta terça-feira pela empresa de segurança cibernética Fortinet. [...] O estudo detectou que o Brasil segue sendo um alvo mundial importante para criminosos cibernéticos e que ainda está bastante vulnerável a ataques antigos como os usados no Wannacry, em 2017, e os que violaram bancos no Chile e no México em 2018. [..] Segundo Frederico Tostes, líder da Fortinet no Brasil, o levantamento mostrou que as ameaças cibernéticas estão crescendo em ritmo alarmante, tanto em quantidade quanto em sofisticação. ” Deste modo, visualizamos que podemos ser vítimas destes crimes, simplesmente abrindo um e-mail ou abrindo um link. Como afirma Ferreira Lima42: “Diante da evolução tecnológica existe uma predisposição social em reconhecer bens jurídicos informáticos e, dentre os que mais se sobressaem temos o sigilo e a segurança de dados e informações eletrônicas. [..] na seara do Direito Penal, observa-se uma nova figura conhecida como macro criminalidade, que rompe os limites territoriais criando uma rede de criminalidade mundial, sem respeito à soberania ou qualquer acordo internacional realizado entre os estados. É o caso dos crimes cometidos por meio da internet, considerado o avanço do macro criminalidade e a dependência do sistema informático entre estados, em virtude da globalização das informações e comunicações. ” Vivemos em uma era em que todos estão sempre conectados, deste modo podemos ser tanto vítimas quanto infratores, como mostra Damásio de Jesus43: “Esta globalização também é jurídica. Ao mesmo tempo que se buscam liberdades na rede, surge a consciência da necessidade de se fazer frente a ação de delinquentes cibernéticos, sobretudo no Brasil, onde se passa mais tempo na internet do que vendo TV. E fazer frente não envolve apenas tipificação ou a mera criação de leis, mais educação digital, definição do que seria “território e competência cibernética” (que passa pela problemática da estrutura jurisdição) estrutura investigativa e cooperação internacional dos intermediários e atores da internet no Brasil [..] No Brasil,houve alguns fatos que motivaram a normatização dos crimes virtuais, tais como é o caso da atriz Carolina Dieckimann, que após ter recebido um e-mail não solicitado, teve fotos suas expostas, como mostra G144: Suspeitos do roubo das fotos de Carolina Dieckmann são descobertos. Roubo foi feito por hackers do interior de Minas e São Paulo, via e-mail. Polícia Civil do Rio usou programas de contraespionagem para chegar aos suspeitos. De acordo com a investigação, o roubo teria começado com um e-mail usado como isca (spam), que ao ser aberto liberou uma porta para a instalação de um 41ALVEZ, Aluizio, Revista Exame, 06/08/2019 disponível em: https://exame.abril.com.br/tecnologia/brasil-sofreu-15-bilhoes-de-ataques-ciberneticos-em-3-meses-diz-estudo/. Acesso em 10ago 2019 42FERREIRA, Érica Lourenço de Lima. Criminalidade econômica e empresarial e cibernética. Florianópolis: Momento Atual,2005. p.06-16 43JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. 1º V. 2ª Edição, ampliada e atual. São Paulo: Saraiva, 1980. P.71 44Disponível em: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/05/suspeitos-do-roubo-das-fotos-de- carolina-dieckmann-sao-descobertos.html. Acesso em 19ago 2019. https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/crimes-digitais/ https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/crimes-digitais/ https://exame.abril.com.br/tecnologia/brasil-sofreu-15-bilhoes-de-ataques-ciberneticos-em-3-meses-diz-estudo/ https://exame.abril.com.br/tecnologia/brasil-sofreu-15-bilhoes-de-ataques-ciberneticos-em-3-meses-diz-estudo/ http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/05/suspeitos-do-roubo-das-fotos-de-carolina-dieckmann-sao-descobertos.html http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/05/suspeitos-do-roubo-das-fotos-de-carolina-dieckmann-sao-descobertos.html 27 programa que permitiu aos hackers entrarem no computador da atriz. “A vítima fatalmente clicou nesse spam”, explicou o delegado Rodrigo de Souza Valle. “Provavelmente ela deixou esse arquivo ser reenviado para o autor. ” Uma varredura feita no computador da atriz detectou que o invasor furtou, ao todo, 60 arquivos. Este caso teve grande repercussão, criando assim, a lei 12.737/12 denominada Lei Carolina Dieckimann, que versa sobre a invasão de dispositivo informático, como obter para si informações ou imagens de forma ilícita,bem como, o uso das mesmas para chantagem entre outras formar de crimes. Mais não paramos por aí. Como estamos sempre conectados, pessoas de todas as idades, muitas vezes não limitamos o uso de aparelhos eletrônicos aos menores/crianças acabam se tornando vulneráveis, pois conversam com estranhos assistindo vídeos indevidos e até marcando encontros, segundo o site Ponte45a pedofilia é o crime virtual mais denunciado no Rio Grande do Sul: “80% dos crimes virtuais investigados no RS estão ligados à pedofilia Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação também apontam que Porto Alegre e cidades da região metropolitana lideram os registros da Polícia Civil Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP-RS), obtida via LAI (Lei de Acesso à Informação), os delitos relacionados à pedofilia representam 80% dos crimes virtuais no estado. Em abril, 168 investigações estavam em andamento. De acordo com informações obtidas junto ao Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (DECA), o delito virtual mais frequente ligado à pedofilia é o armazenamento e/ou compartilhamento de arquivos de pornografia infanto- juvenil, por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica. Os outros 20% são por invasão de dispositivo informático, que representam 42 investigações. Estes crimes estão ligados à violação de mecanismos de segurança, previsto no artigo 154-A do Código Penal. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul divide os crimes cibernéticos em duas nomenclaturas: pedofilia/internet e invasão de dispositivo informático. ” Deste modo, houve modificações no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que versa em seus artigos 241-A e 241-B, sobre o armazenamento, troca, disponibilização, transmissão, publicação ou divulgação de fotografias/vídeos que contenham pornografia infantil sendo estes como crime e contem pena especifica para estes crimes. 2 DOS CRIMES VIRTUAIS 2.1 CONCEITO 45Caroline Tentardini e Luana Rosales, Revista ponte,2019, disponível em: https://ponte.org/80-dos- crimes-virtuais-investigados-no-rs-estao-ligados-a-pedofilia/. Acesso em 02 set 2019. https://ponte.org/80-dos-crimes-virtuais-investigados-no-rs-estao-ligados-a-pedofilia/ https://ponte.org/80-dos-crimes-virtuais-investigados-no-rs-estao-ligados-a-pedofilia/ 28 Para que possamos conceituar o que seriam os crimes virtuais devemos começar conceituando o que seria crime. O art 1º da Lei de Introdução ao Código Penal46 diz: “Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativamente ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, penas de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. ” O conceito de crime neste aspecto pode ser considerado bem amplo para Damásio de Jesus47: “este conceito resulta do aspecto da técnica jurídica, ou seja, do ponto de vista da lei. ” Já para Fragoso48 o conceito de crime é “o conceito formal crime como uma conduta contrária ao Direito, a que lhe atribui pena. ” Pimentel49 explica a característica de crime como, “caracteriza o crime como sendo todo ato ou fato que a lei proíbe sobre ameaça de uma pena; conceituando-o como o fato ao qual a ordem jurídica associa a pena como legítima consequência. ” Porém Mirabete50 afirma que: “Entretanto, no Código Penal vigente não está expresso o conceito de crime, como continha nas legislações passadas, ficando a cargo dos doutrinadores o definirem e conceituarem. ” Deste modo se entende como conceito de crime todo foto atípico, antijurídico prescrito em lei que tem como forma punitiva uma sanção, a título de esclarecimento se fala em punitivo e não proibitório, ou seja, o fundamento da legislação e punir aquele que venha a tumultuar a vida em sociedade de algum modo prejudicando o outro que também vive nesta sociedade, e não o proibir de fazer. Podemos então dizer que as virtuais são os meios pela qual acontece a infração penal, já que neste modo de cometer a infração não há necessariamente a pessoa física mais sim de um computador onde está tenha acesso. Deste modo podemos afirmar que a internet foi um marco para o desenvolvimento tecnológico, mais além de interligar 46Lei de Introdução ao Código Penal 47JESUS, Damásio Evangelista de. Direito. Penal. 1º V. 2ª Edição, ampliada e atual. São Paulo:Saraiva, 1980. P. 142 48FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1995.p.144 49PIMENTEL, Manoel Pedro. O Crime e a Pena na Atualidade. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990.p.96 50MIRABETE, Júlio Fabbrini; Renato Fabbrini. Manual de direito penal – parte geral, v. I. 23ª ed. SãoPaulo: Atlas, 2006p.42 29 pessoas distantes e facilitar a comunicação ela acabou por se tornar um meio para a pratica de delitos assim como afirma Colli51: “Apesar de a internet facilitar e ampliar a Inter comunicabilidade entre as pessoas, ela pode ter sua finalidade transformada em um meio para a prática e a organização de infrações penais. Dentre estas despontam os chamados crimes informáticos [...]”. Para melhor entendimento dos crimes virtuais Rossini52 explica que toda aquela conduta atípica ocorrida por meio virtual se encaixa contra pessoa física ou jurídica pode ser considerado crime virtual: “[...] o conceito de “delito informático” poderia ser talhado como aquela conduta típica e ilícita, constitutiva de crime ou contravenção, dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva, praticada por pessoa física ou jurídica, com o uso da informática, em ambiente de rede ou fora dele, e que ofenda, direta ou indiretamente, a segurança informática, que tem por elementos a integridade, a disponibilidade a confidencialidade. ” Já para Fabrízio53, o crime virtual é toda a conduta que interfere no curso natural dos dados, ou seja tudo aquilo que interfere o ambiente virtual do outro: “[...] é a conduta atente contra o estado natural dos dados e recursos oferecidos por um sistema de processamento de dados, seja pela compilação, armazenamento ou transmissãode dados, na sua forma, compreendida pelos elementos que compõem um sistema de tratamento, transmissão ou armazenagemde dados, ou seja, ainda, na forma mais rudimentar; 2. OCrime de Informática‟ é todo aquele procedimento que atenta contra os dados, que faz na forma em que estejam armazenados, compilados, transmissíveis ou em transmissão; 3. Assim, o Crime de Informática‟ pressupõe does elementos indissolúveis: contra os dados que estejam preparados às operações do computador e, também, através do computador, utilizando-se software e hardware, para perpetrá-los; 4. A expressão crimes de informática, entendida como tal, é toda a ação típica, antijurídica e culpável, contra ou pela utilização de processamento automático e/ou eletrônico de dados ou sua transmissão; 5. Nos crimes de informática, a ação típica se realiza contra ou pela utilização de processamento automático de dados ou a sua transmissão. Ou seja, a utilização de um sistema de informática para atentar contra um bem ou interesse juridicamente protegido, pertença ele à ordem econômica, à integridade corporal, à liberdade individual, à privacidade, à honra, ao patrimônio público ou privado, à Administração Pública, etc.” Porém para Sergio Marcos54 o crime virtual é:“toda conduta, definida em lei como crime, em que o computador tiver sido utilizado como instrumento de sua perpetração ou consistir em seu objeto material”. 51COLLI, Maciel. Cibercrimes: limites e perspectivas para a investigação preliminar policial brasileira de crimes cibernéticos. Porto Alegre: PUCRS, 2009 p. 52 ROSSINI, Augusto Eduardo de Souza. Informática, telemática e direito penal. São Paulo: Memória Jurídica, 2004. P.110 53 ROSA, Fabrizio. Crimes de informática. Campinas: Bookselle, 2002, p.53 54ROQUE, Sergio Marcos, Criminalidade Informática- Crimes e criminosos do computador. 1 ed. São Paulo, Cultura, 2007 P.25 30 Mesmo sendo um ambiente virtual onde não se tem necessariamente a presença física devemos levar em consideração que as vítimas são reais, assim como afirma Fernando da Costa 55: ”A internet não é um bem jurídico sobre o qual repousa posse, propriedade. Não existe relação de domínio entre a pessoa e a internet. No entanto, não por isso se deva dizer que o ciberespaço é um ambiente não regulável. A despeito de o ambiente cibernético ser um ambiente não físico, deve ele ser passível de ser regido pelo direito, até porque seus resultados são materiais. ” Podemos perceber que a internet tem um conceito amplo que varia entre os doutrinadores porém algo que todos concordam é que este meio precisa ser regulamentado . 2.2 DA INVESTIGAÇÃO E PROVAS Além de ser regulamentado o ambiente virtual necessita de investigações especificas, apesar de acontecerem no meio virtual as vitimas são reais.A lei 12.735/12 determina que sejam criados setores para a investigação de crimes virtuais dentro dos órgãos de polícia judiciária, porém são poucos os que já possuem estes setores. Teixeira56 nos explica como funcionariam estas investigações: “O trabalho da polícia judiciária na investigação dos crimes de informática obedece ao mesmo rito de qualquer outro crime, previsto no código de processo penal (Decreto-Lei 3.689, de 3 out. 1941), sendo precedido do registro de um boletim de ocorrência e instauração do inquérito policial. A respeito do inquérito policial, tratam o artigo quarto e seguintes do referido dispositivo legal, prevendo, entre outros detalhes, que a autoridade policial (Delegado de Polícia) procederá a instauração do inquérito policial, logo que tomar conhecimento do fato delituoso, e promoverá todas as ações para buscar a apuração dos fatos e sua autoria, inclusive requisitando perícias técnicas se for o caso a competência do delegado de polícia é a de investigar os casos de crimes virtuais existentes nas redes sociais, fazendo assim a instauração do inquérito policial quando o polícia tomaconhecimento do fato criminoso buscando apurar a autoria e a materialidade dos fatos contidos no inquérito.É com a produção das provas que se faz a distinção dos crimes comuns e os crimes praticados por intermédio da internet, sendo que a pratica do crime pela internet a investigação inicial procura manter na íntegra o material para se provar o delito, contando que toda ação criminosa da internet deixa algum tipo de vestígio. Com isso, o Delegado de polícia procura investigar os vestígios deixados para buscar descobrir a sua autoria.O que se busca é identificar nos meios de comunicação o endereço do IP que é utilizado pelo criminoso durante a ação.O endereço IP, também conhecido como endereço lógico, é um sistema de identificação universal onde cada computador possa ser 55COSTA, Fernando José da. Locus delicti nos crimes informáticos. São Paulo: USP, 2011.p.30 56TEIXEIRA, Ronaldo de Quadros. Os Crimes Cibernéticos no Cenário Nacional. Escola superior aberta do Brasil – ESAB, 2013, pag.42 e 43 31 identificado exclusivamente, independente da rede em que esteja operando”. Desta maneira podemos observas que o endereço de IP e o objeto mais importante na busca do criminoso virtual pois os vestígios deixados pelos criminosos virtuais são quase imperceptíveis, e deste modo podem ser perdidos, apagados, alterados ou até mesmo camuflados de maneira muito fácil. O endereço de IP é único para cada computador deste modo achando o endereço de IP chegamos até o criminoso que usa o mesmo.Dorigon57 nos explica da importância do endereço de IP para localização do criminoso e subseqüente a coleta de provas: “A autoria é o primeiro problema a ser enfrentado pela polícia investigativa ao que concerne aos crimes virtuais, uma vez que dificilmente uma pessoa que cometeu um ilícito penal utilizou de sua identificação real. É esse um dos motivos que fazem com que o endereço do protocolo de internet seja uma das evidências de maior relevo nas investigações dos crimes cibernéticos. O endereço IP ou Protocolo de Internet - Internet Protocolo - é a identificação atribuída a um dispositivo de acesso à rede mundial de computadores a cada conexão deste com a internet. É com a descoberta da identificação do número IP que será possível localizar de onde se originou a conexão criminosa no mundo físico e, consequentemente, criando a possibilidade de se identificar a pessoa que se utilizou do instrumento do crime, ou seja, os possíveis autores do ato delitivo. Não importa qual tipo de tarefa o usuário irá realizar na web, pois sempre que se fizer conexão à internet, um número de identificação – IP - será atribuído ao dispositivo utilizado. ” Márcio Rodrigo de Freitas Carneiro58também nos esclarece sobre as investigações, a coleta de vestígios: “No percurso de uma investigação de crime cibernético, após a identificação do endereço do imóvel do qual partiram os acessos à Internet identificados como ação criminosa, ou mesmo após a identificação de localidades por outras maneiras, cumpre se os mandados de busca e apreensão (MBAs) emitidos pelos juízos competentes. O objetivo principal das buscas e apreensões, nesse contexto, é a coleta de vestígios digitais, além de quaisquer outros vestígios que possam esclarecer os fatos.” Segundo o mesmo autor os procedimentos tomados em relação as buscas esta dividido em quatro partes entre eles ouvir as testemunhas e examinar computadores: “De maneira geral, os procedimentos realizados na busca são: a) após convocação de testemunhas, ciência do morador ou responsável e entrada no imóvel, a equipe foca na busca por equipamentos que possam conter vestígios digitais. Esses itens são, não exaustivamente, computadores, notebooks, smartphones, tablets, dispositivos de armazenamento, tais como 57DORIGON, Alessandro; SOARES, Renan Vinicius de Oliveira. Crimes cibernéticos: dificuldades investigativas na obtenção de indícios da autoria e prova da materialidade. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 23, n. 5342, 15 fev. 2018. Disponívelem: https://jus.com.br/artigos/63549. Acesso em: 20 jan. 2020. 58Disponível
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