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Livro- Texto - Unidade I

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Autora: Profa. Raquel Sobral 
Colaboradores: Prof. Rodrigo Stolf
 Prof. Welliton Donizeti Popolim
História da Alimentação
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Professora conteudista: Raquel Sobral
Raquel Sobral é doutoranda no Programa Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades pela Universidade de 
São Paulo – USP (previsão de conclusão para 2019). Possui Mestrado em História Social pela USP (2014). Concluiu o 
Máster em História do Mundo Hispânico (2009) na Espanha. É graduada e licenciada em História (2005),e tecnóloga 
em Gastronomia (2017). Trabalha, atualmente, com pesquisas gastronômicas e consultoria de restaurantes.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S677h Sobral, Raquel.
História da alimentação. / Raquel Sobral. – São Paulo: Editora 
Sol, 2018.
164 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-024/18, ISSN 1517-9230.
1. História da alimentação. 2. Banquetes. 3. Gastronomia 
brasileira. I. Título.
CDU 641 (091)
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP).
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Talita Lo Ré
 Ana Fazzio
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Sumário
História da Alimentação
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 PRÉ-HISTÓRIA ................................................................................................................................................... 11
1.1 Paleolítico (ou Idade da Pedra Lascada) ...................................................................................... 13
1.2 Neolítico (ou Idade da Pedra Polida) ............................................................................................ 14
1.3 Idade dos Metais ................................................................................................................................... 15
2 HISTÓRIA DA GASTRONOMIA: DAS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS AO SÉCULO XVIII ..................... 25
2.1 Alimentação no Egito antigo .......................................................................................................... 30
2.2 A alimentação na Idade Antiga: Babilônia, Pérsia e Palestina ........................................... 32
2.3 Alimentação na Antiguidade Clássica: Grécia e Roma ......................................................... 37
Unidade II
3 OS BANQUETES ................................................................................................................................................ 51
4 A ÉPOCA CONTEMPORÂNEA (SÉCULOS XIX-XX) ................................................................................ 65
4.1 Transformações do consumo alimentar ...................................................................................... 65
4.2 Nascimento e expansão dos restaurantes .................................................................................. 78
4.2.1 Itália ............................................................................................................................................................. 79
4.2.2 França .......................................................................................................................................................... 80
4.2.3 Estados Unidos ......................................................................................................................................... 83
Unidade III
5 ÉPOCA CONTEMPORÂNEA: A “MCDONALDIZAÇÃO” DOS COSTUMES ...................................... 89
6 A GASTRONOMIA NA ATUALIDADE: PRINCIPAIS SEGMENTOS DE ATUAÇÃO ......................... 98
6.1 Os chefs fundamentais para a evolução da gastronomia no Brasil e no mundo ....104
Unidade IV
7 A FORMAÇÃO DA GASTRONOMIA BRASILEIRA ................................................................................112
7.1 Influências religiosas .........................................................................................................................113
7.2 Principais povos formadores da gastronomia brasileira ....................................................120
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8 AS CARACTERÍSTICAS REGIONAIS DA GASTRONOMIA NO BRASIL ..........................................127
8.1 Região Norte ........................................................................................................................................129
8.2 Região Nordeste .................................................................................................................................131
8.3 Região Centro-Oeste .........................................................................................................................134
8.4 Região Sudeste ....................................................................................................................................136
8.5 Região Sul .............................................................................................................................................139
8.6 O papel da gastronomia na atualidade .....................................................................................140
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APRESENTAÇÃO
A disciplina História da Alimentação tem por objetivo estudar a evolução histórica da alimentação 
mundial, da Pré-história ao século XXI. Ao fazermos a retrospectiva dos principais aspectos da formação 
da gastronomia brasileira e discutirmos sua importância para o país, será possível analisar a relação com 
os recursos alimentares disponíveis, bem como a desigual distribuição de renda e, consequentemente, 
dos alimentos em um país tão produtivo.
A disciplina também se propõe apresentar as principais influências das diferentes etnias que 
compõem a sociedade brasileira, responsáveis por esse caldeirão cultural e gastronômico chamado Brasil. 
Todas as nossas referências culturais gastronômicas, da mesa à rua, sofreram (e sofrem) influências das 
constantes correntes migratórias que chegaram (e continuam chegando) ao território brasileiro. Junto 
com as etnias indígenas emulsionaram recursos, hábitos, receitas e padrões alimentares.
Tendo em vista o fato de a distribuição de alimentos ser bastante desigual no mundo, afetando os 
padrões de consumo, trataremosdo tema da “McDonaldização” dos costumes na época contemporânea. 
Veremos também os principais expoentes do cargo chef de cozinha, tanto no cenário nacional quanto 
no internacional.
INTRODUÇÃO
Será que conseguimos viver sem comer? Como a alimentação evoluiu de seus primórdios até as 
comidas disponíveis em supermercados e restaurantes, atendendo aos mais diversos preços e gostos? 
Aliás, como surgiram os restaurantes? Por que a comida pode nos trazer tantas lembranças, cheiros, 
sentimentos, sabores, risos e lágrimas de momentos da nossa vida? Qual a relação entre paladar e 
memória? Comida e religião têm algo em comum? Essas e outras questões relacionadas à alimentação 
surgem diariamente na sociedade atual.
A comida sempre foi um caminho de expressão cultural. Ela ajuda a reencontrar pessoas, promove 
a magia de retornar ao passado por meio da memória afetiva, ou seja, nunca nos lembramos apenas 
da comida. Junto com todos os aromas, cores e sabores recordamo-nos de relações, amores, saudades, 
lugares, enfim, viajamos no tempo e no espaço.
A maior parte das culturas construiu-se sobre várias bases, sendo uma delas a cozinha, com seus 
cheiros e sabores. Somos o que comemos e, por meio do ato de comer, entre outros, nos reconhecemos. 
Comer, portanto, é revelar-se. É na cozinha que aprendemos os primeiros prazeres e que, de certo modo, 
desenvolvemos as primeiras regras de sociabilidade.
Com o boom da gastronomia no cenário nacional, faz-se necessário identificar as mais variadas 
inspirações culinárias regionais. O clamor pela identidade da mesa nunca esteve tão presente. De certo 
modo, apesar da desenfreada “gourmetização” das comidas regionais, houve também uma visível e 
importante valorização de ingredientes e receitas brasileiras (com todas as devidas considerações 
referentes aos abusos de colheita e à caça desenfreada e nada sustentável, assuntos sobre os quais se 
falará mais adiante).
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Atualmente, com as redes sociais e a realidade virtual, apertar um botão de bloqueio pode nos afastar 
automaticamente de publicações e de pessoas com as quais não concordamos. Dessa forma, evitamos o 
diálogo e a convivência com as diferenças. Assim, o convívio com os parentes torna-se a única esfera na 
qual tal bloqueio não se mostra possível, uma vez que ela gira para além da esfera virtual.
A mesa possibilita o cultivo das relações de carinho e do afeto entre os familiares. Comer em família 
é um ritual que nos aproxima, acolhe, protege e nos ensina sobre sobrevivência e hospitalidade. O ritual 
de comer é, em última análise, ancestral e anterior à própria mesa e é um momento de descanso da vida 
exterior. Como disse Michael Pollan, autor americano, jornalista, ativista e professor de jornalismo na 
UC Berkeley Graduate School of Journalism: a refeição familiar é o berço da democracia (POLLAN, 2010).
No mundo globalizado (e acelerado), saímos da esfera privada e procuramos refeições práticas em 
supermercados e restaurantes, mas sempre levando em consideração que uma refeição envolve saúde, 
memórias, políticas e experiências sensoriais. A alimentação é um fator primordial na rotina diária da 
humanidade.
Tendo em vista tudo isso, o objetivo desta disciplina é fazer um estudo de forma retrospectiva, 
refletindo sobre o panorama da alimentação mundial por meio da evolução histórica dos padrões 
alimentares das diversas culturas e sociedades.
A alimentação é, após a respiração e a ingestão de água, a mais básica 
das necessidades humanas. Mas como “não só de pão vive o homem”, 
a alimentação, além de uma necessidade biológica, é um complexo 
sistema simbólico de significados sociais, sexuais, políticos, religiosos, 
éticos, estéticos etc.
A fome biológica distingue-se dos apetites, expressões dos variáveis desejos 
humanos e cuja satisfação não obedece apenas ao curto trajeto que vai do 
prato à boca, mas se materializa em hábitos, costumes, rituais, etiquetas 
(CARNEIRO, 2003, p. 1).
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Figura 1 – A imagem é composta de alimentos orgânicos e naturais que remetem a uma dieta equilibrada, evitando os alimentos 
congelados e com conservantes
Além dos diversos aspectos que a disciplina História da Alimentação aborda, há ao longo de todo 
o texto uma interação interdisciplinar, com o objetivo de expor sistematicamente o assunto de forma 
universal: Antropologia, Sociologia, Botânica, Zoologia, Filosofia, Agronomia, Arqueologia são as 
principais ciências utilizadas aqui.
A História, por sua vez, vem sintetizar os recursos das diversas disciplinas e efetuar um analise 
dinâmica das transformações pelas quais a alimentação humana passou. Objetivando uma melhor 
compreensão do assunto, destacaremos também alguns tópicos relacionados à Medicina, que, desde a 
Antiguidade, tenta desvendar os mistérios do corpo humano e seu metabolismo por meio da digestão.
Perceberemos que a alimentação, de um modo geral, é a luta contra a fome, e nem sempre os 
seres humanos saíram vitoriosos dessa luta. Com relação a isso, podem-se destacar vários aspectos: 
o nível de povoamento, a ausência de ferramentas adequadas na Pré-história, a produção dos 
alimentos, os desastres naturais e, é claro, a desigualdade social. Ou seja, a fome assola o passado 
e o presente da humanidade.
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
Unidade I
1 PRÉ‑HISTÓRIA
Por que comemos o que comemos? A verdade irá nos contar? Nossa comida é algo poderoso que nos 
afeta de maneiras inacreditáveis. Como quando o pão mudou nossas cabeças, a carne assada aumentou 
nosso cérebro e a cerveja, na verdade, salvou nossas vidas. Como tudo isso aconteceu?
Hoje, os seres humanos habitam o planeta inteiro, mas, há milhões de anos, viviam em apenas um 
lugar: a África. O que nos deu força para conquistar o mundo? A caçada nos tornou humanos? A comida, 
por fazer parte do nosso dia a dia, não está presente no nosso questionamento básico. Para os nossos 
ancestrais, encontrar o que comer não era uma tarefa fácil e divertida, mas uma questão de vida ou morte.
Então, por que a comida é tão importante para a sobrevivência humana? Sem comida morremos em 
pouco mais de um mês. Felizmente, nós possuímos instintos e sentidos que foram feitos para nos ajudar 
a localizar algo para comer. Assim, todos os seres vivos estão desenvolvendo o mesmo jogo evolutivo, e 
as três primeiras regras naturais para vencer o jogo são: comer, sobreviver, reproduzir. Se algum ser vivo 
não cumprir a primeira regra (comer), será difícil alcançar as outras duas.
Vamos voltar 6 milhões de anos para tentar descobrir como nossos ancestrais sobreviviam sem 
supermercado e fast-food. Qual era a dieta dos nossos primeiros ancestrais? Provavelmente ela incluía 
muito do que já conhecemos, como frutas, tubérculos, folhas verdes, vegetais, ou seja, saladas e frutas. 
É interessante pensar que, no mundo contemporâneo, saladas e frutas nos remetem a uma situação de 
dieta, seja por doença, seja por estética.
Figura 2 – Exemplos de fast-food
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Unidade I
 Observação
Fast-food significa comida rápida em inglês. É um tipo de comida, 
geralmente lanche, para pessoas que não dispõem de muito tempo para 
fazer as suas refeições. A grande vantagem do alimento fast-food é o fato 
de poder ser preparado e servido rapidamente.
Fast-food (ou comida pronta) também é o nome dado ao consumo de 
refeições que podem ser preparadas e servidas em um intervalo pequeno 
de tempo.
São exemplos de comidas de fast-food: sanduíche, pizza, batata 
frita, pastel etc. Os alimentos fast-food, em sua grande maioria, são 
altamente calóricos.
Mas vamos voltarum pouco no tempo e pensar como a alimentação chegou até a rapidez atual. 
O que nos vem à cabeça quando a palavra Pré-história aparece? Vamos refletir um pouco? Pois bem, a 
Pré-história é definida pelos pesquisadores como o período anterior ao aparecimento da escrita, ou seja, 
não se trata de um período sem seres humanos, mas, sim, de um período em que a comunicação não se 
dava por meio da escrita. Os primeiros vestígios de escrita datam por volta de 4000 a.C.
E como se estuda esse período? As pesquisas são feitas por meio da análise de vestígios encontrados 
em cavernas, vales e planícies onde o homem viveu nessa época. A caça, a pesca, os desastres naturais 
foram relatados principalmente por meio de desenhos (arte rupestre) deixados pelos ancestrais humanos.
Figura 3 – Arte rupestre
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
Para início de conversa, vamos entender melhor esse momento da história. A seguir estão os três 
períodos em que se costuma dividir a Pré-história.
 Observação
A Pré-história, costumeiramente dividida em Paleolítico, Mesolítico 
e Neolítico, corresponde a todo o período em que não havia escrita no 
mundo. A partir do aparecimento da escrita, com os sumérios, por volta 
de 4000 a.C., inicia-se o período denominado História. Isso não significa 
que a Pré-história seja um período menos importante ou de menor 
desenvolvimento humano, ao contrário: devido às dificuldades para se 
alimentar, o homem pré-histórico aprendeu com a natureza e rompeu 
importantes barreiras, criando soluções práticas para conseguir comida. É a 
ele que devemos o fato de estar no topo da cadeia alimentar.
1.1 Paleolítico (ou Idade da Pedra Lascada)
É o período mais longo de todos os denominados pré-históricos. Os seres humanos viviam como 
caçadores e coletores de animais, plantas e tudo o que a natureza oferecia. O cotidiano não era tão 
simples como imaginamos, pois os perigos da vida selvagem eram constantes e, além disso, era necessário 
lutar para obter alimentos.
Figura 4 – Representação da Idade da Pedra Lascada
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Unidade I
Nessa época, os seres humanos eram nômades (ou seja, mudavam sempre de lugar em busca de 
água e comida) e moravam em cavernas para se proteger das chuvas, do sol, de animais e de desastres 
naturais. A natureza sempre regeu a forma de vida dos seres humanos: em razão de mudanças climáticas 
e do surgimento dos desertos, no fim do paleolítico (por volta de 10000 a.C.), precisaram mudar 
drasticamente sua forma de obter alimentos.
Tais mudanças, relacionadas à moradia e às formas de caça e de coleta, marcaram o fim do Paleolítico: 
com a escassez de alimentos, os seres humanos desenvolveram técnicas que permitiram múltiplos modos 
de conservação e de preparo dos alimentos.
Figura 5 – Homens de Neandertal do Paleolítico Médio
1.2 Neolítico (ou Idade da Pedra Polida)
Com as modificações dietéticas do homem em razão da necessidade de buscar alimentos e 
conservá-los, o desenvolvimento da agricultura foi inevitável. Isso não significou o abandono da caça 
e da pesca, porém o cultivo dos alimentos diversificou a forma de alimentação e convívio entre os 
seres humanos.
O período Neolítico vai de 10000 a.C. a 4000 a.C. Nesse momento, o cultivo do trigo, do centeio e 
da cevada tornou uma parte dos seres humanos sedentários, ou seja, com moradia fixa, justamente por 
conta do cuidado com sua horta. Ainda assim, as técnicas de caça avançaram e essa atividade tornou-se 
cada vez mais eficiente.
Uma consequência do sedentarismo foi a domesticação de animais. Bois, cavalos e ovelhas foram 
os principais animais domesticados pelo homem nesse momento, fato que persiste até os dias atuais. 
Surgiram as primeiras casas e, assim, as primeiras vilas ou aldeias. Desenvolveram-se técnicas para 
fabricação de armas e ferramentas feitas de ossos, madeira e pedra polida.
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
Figura 6 – O homem e o machado
Para cozinhar com mais facilidade, o barro foi utilizado na fabricação de potes, panelas, bacias e outros 
utensílios domésticos. Com o maior convívio entre os humanos, a religião começa a se desenvolver nesse 
período, motivada, entre outros fatores, pela necessidade de um pensamento simbólico. Os ritos então 
criados, para adoração de seres materiais ou espirituais, estavam ligados ao sacrifício e às receitas culinárias.
É necessário frisar que, apesar de tais pesquisas estarem ainda no plano da especulação, não podemos 
defini-las como improváveis. As preparações culinárias e as religiões são muito complexas, porém todos 
concordam que são manifestações provenientes de ritos e símbolos que integram o universo cotidiano 
desde os primórdios da humanidade.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a Pré-história e a evolução da nossa espécie, 
assista ao documentário indicado a seguir:
NOSSAS origens. Dir. David Stewart. Inglaterra: BBC, 2011. 58 minutos 
(3 episódios).
1.3 Idade dos Metais
As características da idade dos metais, em relação ao modo de se alimentar dos homens, são mais 
fáceis de assimilarmos, pois estão mais próximas do modo de vida que conhecemos. O homem, nesse 
período, desenvolveu técnicas para a fabricação de armas e ferramentas mais duráveis e resistentes, 
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Unidade I
utilizando, para isso, cobre, bronze e ferro, principalmente. E algumas dessas ferramentas são utilizadas 
até hoje, como as panelas, por exemplo.
Com a tecnologia de ferramentas mais avançada, a agricultura também avançou em técnicas 
agrícolas, mas as armas ficaram mais mortais e os conflitos por terra e comida tornaram-se 
frequentes. Os avanços da agricultura e o desenvolvimento da escrita marcaram o fim da Pré-história 
e, consequentemente, o início da Antiguidade.
Ao falarmos de Pré-história, é inevitável a comparação entre humanos e macacos, por suas 
características primatas. Pois bem, apesar de ambos serem considerados animais onívoros, as escolhas e 
as variedades alimentares dos humanos são exclusivas entre os primatas, principalmente em virtude do 
caráter ritualístico, econômico e social que o ato de comer envolve no caso dos seres humanos.
 Observação
Segundo o Dicio (2018), onívoro é aquele que se alimenta tanto de 
alimentos de origem animal como de vegetal. O mesmo dicionário apresenta 
ainda outras definições: como adjetivo, refere-se àquele que come de tudo; 
em sentido figurado: trata-se daquele que devora absolutamente tudo; 
sem restrições. Um sinônimo seria polífago.
Além do homem, são exemplos de seres onívoros: ursos, porcos e baratas. Assim, caçar era uma 
estratégia de última instância, já que a abundância de frutos na natureza era constante. Porém, estamos 
tentando desvendar os mistérios da evolução humana através da alimentação, e a caça foi um elemento 
bastante importante nesse sentido, pois, a partir do desenvolvimento das armas de pedra, a fuga dos 
animais foi menor devido à eficiência do ataque dos seres humanos a esses animais.
Após adotar a posição ereta, os homens se viram com as mãos livres para caçar. Podemos entender 
que a posição ereta do ser humano está ligada ao seu instinto de sobrevivência, possibilitando o uso 
de lanças, por exemplo, as quais permitiam tanto a defesa frente a outros animais como uma maior 
eficiência como um novo utensílio de caça. Há discussões acadêmicas intensas sobre os primeiros 
hominídeos, conhecidos como australopitecos, Homo habilis e depois Homo erectus. Discute-se ainda 
sobre seu comportamento como caçadores ou ladrões de carcaças (os debates sobre a caça do homem 
são comuns a partir do que se encontra nos sítios arqueológicos).
Osfósseis do período anterior a 1,5 milhão de anos não possuem tantos vestígios no solo, e o 
desenvolvimento de pesquisas utilizando métodos químicos é recente. Tal método auxilia a medir os 
constituintes dos ossos fósseis e a verificar a ingestão de vegetais e carnes na alimentação humana 
na Pré-história.
Com base em discussões acadêmicas sobre a alimentação humana na Pré-história, podemos afirmar 
que a caça foi responsável pelas primeiras regras de sociabilidade e de auxílio mútuo entre homens e 
mulheres nos primórdios da humanidade. A atividade de caça dos primeiros hominídeos (australopitecos 
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
e Homo habilis) é constantemente associada a instrumentos de pedra lascada e a locais próximos a lagos 
e rios, ao ar livre, variando os animais abatidos, desde tartarugas a animais enormes como elefantes.
Figura 7 – Pintura rupestre de uma vaca, provavelmente um animal de caça
Mas o que isso tem a ver com sociabilidade e auxilio mútuo? Ora, para caçar animais de grande 
porte foi preciso fabricar ferramentas e agrupar-se para a caça coletiva. Esses hominídeos foram 
considerados os primeiros primatas caçadores por terem evoluído para bípedes permanentes, o que 
facilitou a adaptação à caça. Pela escassez de ferramentas de caça de longo alcance, o que facilitaria 
a caça de espera, desenvolveram uma atividade coletiva e cooperativa. Os restos de suas presas eram 
levados a locais mais seguros, uma espécie de acampamento coletivo, sendo repartidos entre os homens 
e as mulheres que participaram daquela ação.
A caça, portanto, teria sido a responsável pela necessidade de comunicação entre os primeiros 
hominídeos e de divisão sexual do trabalho de forma cooperativa; ou seja, a atividade de caça teria dado 
início à organização social e familiar da espécie humana. Para muitos estudiosos, os australopitecos 
deram início ao comportamento humano porque se tornaram caçadores.
Para os nossos ancestrais, caçar foi um passaporte para o planeta, uma inovação essencial para que 
os humanos pudessem povoar o mundo inteiro. Com a habilidade de caçar, os ancestrais diretos de 
todos os seres humanos que habitam a Terra hoje se espalharam pelo globo em busca de comida, e toda 
essa movimentação ao redor do planeta teve um efeito inesperado.
À medida que os nossos ancestrais migraram para o norte do planeta, a comida mudou a pele 
das pessoas de maneira impressionante; em outras palavras, a comida mudou nossa aparência. 
Isso aconteceu há aproximadamente 90.000 anos, quando os primeiros ancestrais modernos se 
aventuraram para fora da África. Alguns foram para a esquerda, e outros para a direita, não demorando 
muito para habitarem todas as regiões do globo.
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Unidade I
É necessário destacar um nutriente em particular, que teve papel fundamental na mudança de 
aparência dos seres humanos. Ao norte do globo, os efeitos do sol são menos intensos, levando a 
alterações nos genes da população que habitava esses locais. O nutriente envolvido aqui é a vitamina D, 
uma vitamina essencial na formação dos ossos e cuja absorção pelo organismo humano está diretamente 
relacionada aos raios solares (trata-se da principal forma de absorção, o restante se dá por meio da 
ingestão de alimentos).
Mas o que isso tem a ver com a diversidade da aparência humana? Para que os homens que saíram 
da África em direção ao norte do planeta pudessem absorver da melhor forma possível a quantidade 
de vitamina D necessária transmitida pelo sol, a pele deles tornou-se mais clara. Assim, com a pele mais 
clara, a absorção de vitamina D foi eficiente e permitiu que eles sobrevivessem.
Porém, os ancestrais que foram mais para o norte na sua andança pela Terra, mais especificamente 
na Groelândia, têm o tom de pele mais escuro que os seres humanos das regiões do norte da Europa. 
Isso é explicado pelo tipo de alimentação.
Os ancestrais da Groelândia se alimentavam essencialmente de peixes e da gordura de animais 
marítimos, fontes riquíssimas de vitamina D. Assim, quando o sol, no inverno, quase não aparecia, a 
quantidade de vitamina D necessária para a sobrevivência era proporcionada por meio da alimentação. 
Observe que eles têm a pele mais escura para se proteger melhor do sol nas outras estações do ano.
Desse modo, toda a História e a Evolução da humanidade estão relacionadas à alimentação. 
Em razão da busca de alimentos desenvolveram-se armas e ferramentas para a caça, agrupamentos 
sociais, escrita, arte, guerras, rituais e religiões. Podemos observar ainda que o homem consumia 
o que lhe era oferecido pela natureza, como frutos, raízes e folhas. Os cereais, por exemplo, foram 
ingeridos após o início da agricultura (caso de grandes civilizações da Mesopotâmia, como as do 
Egito, da Síria e do Irã).
A evolução humana e a alimentação mostram-se claramente interligadas nas ações dos homens 
primitivos para tornarem-se independentes da natureza. A partir da mudança do nomadismo (sem 
moradia fixa) para o sedentarismo (com moradia fixa), o ser humano desenvolveu o cultivo de hortaliças, 
tubérculos, frutas e domesticou animais. O desenvolvimento da agricultura e da domesticação dos 
animais marcou o inicio real da civilização.
A teoria da evolução humana indica que o Homo erectus substituiu o Homo habilis, passando a ocupar 
zonas temperadas da Terra. A partir do momento em que se estabeleceu nessas regiões, a diminuição 
de recursos vegetais disponíveis aumentou a procura por carne, sem torná-la exclusiva. Temos, então, a 
questão de sazonalidade dos recursos provenientes da natureza, o que explica a diversificação alimentar 
durante todo o Paleolítico.
O período Paleolítico tem como principal característica o desenvolvimento de instrumentos e 
ferramentas provenientes de pedras, sendo, por isso, também conhecido como período da pedra lascada. 
A pedra inteira era lascada em pequenos e médios pedaços até que os hominídeos conseguissem objetos 
pontiagudos e cortantes. Tais ferramentas contribuíram para a caça em massa, para a preparação de 
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
peles de animais, como vestimenta, para o armazenamento de alimentos e para o menor deslocamento 
possível na busca por comida.
O armazenamento de comida e de outros objetos era uma novidade para os hominídeos. 
A conservação dos alimentos era feita por secagem, defumação ou congelamento em covas feitas no 
solo auxiliado pelo clima frio e seco do final do Paleolítico. Assim, o paleolítico é marcado pelo apogeu 
dos estilos de vida baseados na caça e na coleta.
A partir do ano 8000 a.C. as geleiras derreteram consideravelmente e o clima na Terra passou a ser 
mais temperado e úmido. A mudança climática atingiu a fauna e a flora naquele período e as florestas 
tomaram conta da paisagem. Como consequência, a disponibilidade de carne diminuiu, uma vez que 
houve uma espécie de substituição de animais de grande porte (acostumados com ausência de mata 
densa) pelos de pequeno porte (mais desenvoltos em matas fechadas).
Ao contrário do que se imagina, a alimentação no Mesolítico tornou-se mais diversificada que no 
período anterior e intensificou-se a coleta (em razão da enorme variedade de espécies nas florestas 
temperadas). Peixes, moluscos e pássaros eram amplamente consumidos e podiam ser mirados e abatidos 
a partir de um mesmo ponto.
Podemos então imaginar que os hominídeos tendiam a estabelecer-se próximos das florestas 
(onde a caça era abundante), à beira dos rios ou de mares (ricos em peixes e pássaros) e baseavam sua 
alimentação na exploração sazonal de recursos que permitiram armazenar alimentos e fixar morada por 
mais tempo. Assim, tornou-se possível o desenvolvimento de técnicase de ferramentas para a caça e a 
coleta, e o período da pedra polida surgiu com a evolução do processo alimentar.
A diferença entre o homem e os demais animais é a racionalidade, que auxiliou o domínio humano 
sob as outras espécies antes mesmo que o homem dominasse o fogo. Sabe-se, por exemplo, de fósseis na 
África Oriental associados ao ato de cozinhar em fontes termais, fontes essas existentes em abundância 
na região. O calor proveniente dessas fontes teria sido utilizado na Pré-história para devolver temperatura 
alta à presa recém-abatida na caça, permitindo, assim, que alimentos fossem cozidos antes mesmo de 
que houvesse o domínio do fogo pelo homem.
No período Mesolítico (o período que sucede ao Paleolítico), os seres humanos juntavam-se em 
clãs (homo socialis) e já conheciam o fogo (em decorrência de raios e da chama dos vulcões), que 
adoravam, mas sobre o qual não tinham domínio, tampouco sabendo como produzi-lo (devoravam as 
carnes chamuscadas de animais mortos em incêndios da floresta).
Segundo a mitologia grega, a descoberta de como fazer fogo partiu de Prometeu. Foi atribuída 
a Prometeu a criação da raça humana e dos animais na Terra. Por ordem de Zeus, o fogo seria 
símbolo do espírito criador e pertenceria apenas aos deuses do Olimpo. Após oferecer aos deuses 
um animal abatido em dois pedaços diferentes, a parte maior com gordura e ossos e apenas a parte 
menor com a carne mais nobre, Zeus, o deus mais importante do Olimpo, entendeu que Prometeu 
queria enganá-lo.
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Unidade I
Figura 8 – Prometeu acorrentado
O deus dos deuses ficou furioso, acorrentando o titã Prometeu a uma rocha e punindo-o ainda 
com a visita diária de uma águia que dilaceraria seu fígado. Como Prometeu era imortal, seu fígado se 
regenerava, o que tornava seu sofrimento diário e eterno. Certa vez, ao ser dilacerado pela águia, atritou 
por acaso dois pedaços de pedra e depois dois pedaços de lenha entre si, vendo surgir uma centelha que 
originou fogo.
Então, cedeu o segredo aos homens, e esses puderam espantar animais bravos, se aquecer no frio e 
assar a carne; tal presente de Prometeu intensificou a ira de Zeus sobre a raça humana. Para castigá-lo, 
o deus dos deuses ordenou dilúvio sobre a Terra por quarenta dias e quarenta noites, a fim de exterminar 
as criações do titã traidor. No entanto, quando as águas baixaram ainda restaram alguns seres vivos, que 
foram responsáveis pelo repovoamento quem houve a seguir.
O fogo exerceu e ainda exerce grande fascínio sobre a humanidade, esteve presente na maioria dos 
ritos das primeiras adorações e foi considerado divindade e/ou elemento sobrenatural em várias tribos 
antigas estudadas por pesquisadores.
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
Figura 9 – O fogo
Para além do fogo, os utensílios culinários também foram indispensáveis para o desenvolvimento 
da dieta humana. Os utensílios de pedra e de barro permitiram o cozimento dos alimentos, além da 
condimentação das caças com ervas e sementes aromáticas. Com a argila, o forno de barro foi inventado, 
possibilitando mudanças significativas que ocorreram na Pré-história.
 Observação
O fogo foi a maior conquista da humanidade, ou, melhor dizendo, 
o domínio do fogo foi a maior conquista da humanidade. Tal conquista 
devemos aos nossos ancestrais pré-históricos. Ao dominar o fogo, o homem 
afastou animais perigosos, conseguiu se proteger do frio, iluminar o interior 
das cavernas e assim ficar mais seguro, fabricando ferramentas para caça/
pesca, iniciando o cozimento de carnes e o desenvolvimento de utensílios 
de cozinha, como as panelas. O domínio do fogo e, posteriormente, sua 
produção e manutenção foram, sem dúvida, a primeira grande revolução 
do homem frente aos outros animais e à natureza.
As mudanças que os utensílios trouxeram estavam ligadas ao cultivo da terra e ao surgimento das 
primeiras aldeias sedentárias. Assim, o início das civilizações está relacionado à procura e à colheita de 
alimentos, aos rituais envolvendo ciclos sazonais (como épocas de chuva e de seca), ao prazer de comer 
e aos hábitos de cultivo dos alimentos.
Nesse momento da história, não havia tantos métodos de conservação para os alimentos, o que 
levou o homem a partilhar e consumir prontamente sua caça. Foi então que surgiu a ritualização do 
consumo desses alimentos em abundância: a refeição.
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Unidade I
Figura 10 – Peixes na brasa e com varetas, típicos da Pré-história
É impressionante imaginar que somos os únicos sobreviventes da enorme árvore genealógica 
humana. É possível que a carne assada tenha sido o segredo da nossa sobrevivência?
Tudo começou há dois milhões de anos, com o desenvolvimento das ferramentas que possibilitaram 
caçar animais de grande porte. A carne sustentou nossos ancestrais como combustível ímpar, favorecendo 
o desenvolvimento de músculos e a sobrevivência dos seres humanos, mas a mágica do fogo foi essencial 
para a verdadeira revolução evolutiva.
Sabemos que o fogo ocorre naturalmente e é quase impossível indicarmos com precisão quando o 
homem o dominou, porém, acredita-se que a arte de assar a carne tenha aparecido há cerca de meio 
milhão de anos. A energia liberada pelo fogo faz mais do que simplesmente aquecer a comida: quando 
cozida, as proteínas e os açúcares nela contidos sofrem transformações químicas que a tornam ainda 
mais nutritiva e saborosa.
Figura 11 – Carne na brasa
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
Muitas comidas, que são duras demais ou até mesmo venenosas quando cruas, podem ser consumidas 
com segurança após serem assadas. Dessa forma, o domínio do fogo facilitou a sobrevivência humana 
e transformou nossos primeiros ancestrais em nós. Quando nossos ancestrais passaram a assar a carne, 
eles aliviaram a carga do nosso sistema digestivo, que passou a gastar menos energia com a digestão.
Esse excedente de energia possibilitou ao homem viver mais tempo, crescer e até mesmo ter o 
formato de seu crânio alterado (as calorias excedentes foram utilizadas para o desenvolvimento do 
corpo humano). Comparando os hominídeos daquela época conosco, perceberemos que seus dentes 
eram extremamente maiores do que os nossos, já seus cérebros eram visivelmente menores. Quanto aos 
dentes, seu tamanho avantajado pode ser associado à utilização constante e massiva da mandíbula para 
mastigar alimentos que não eram assados. Podemos dizer que, naquele momento, mastigar era mais 
importante que pensar.
Há dois milhões de anos, o cérebro humano tornou-se três vezes maior devido à absorção de 
nutrientes provenientes da carne assada. Em outras palavras, graças à carne assada, sobraram tempo, 
energia e calorias para o desenvolvimento do cérebro e da inteligência humana.
Figura 12 – Cérebro e racionalidade
A revolução agrícola libertou o homem da total dependência da natureza; com o trabalho no campo, 
os alimentos, mesmo que de forma sazonal, estavam disponíveis para ele. Além de se alimentar com 
mais frequência, o homem passou a correr menos riscos para saciar sua fome, pois a caça não era mais 
a única possibilidade para a sobrevivência: além de caçar, o homem era coletor e agricultor.
Quando, ainda na Pré-história, o homem trocou a vida nômade pela vida em pequenas aldeias, 
aprendeu a acolher e a domesticar pequenos animais, iniciando-se na atividade pastoril. Dispunha, 
então, de carne e de leite, obtinha manteiga, coalhava o leite, fazia queijo, fiava a lã, tecia agasalhos. A 
seara e o rebanho asseguravam-lhe o sustento e alimentação.
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Unidade I
 Observação
Como começamos a beber leite? Há cerca de 10 mil anos, uma mutação 
genética devolveu ao homem a capacidade de digerir lactose quando 
adulto. Os primeiros humanos a desenvolver tal mutação foram os criadores 
de gado, que perceberam que, fermentando o leite para obter iogurte ou 
queijo, mantinham-se as propriedades nutritivas sem que houvesse o 
desencadeamento de problemas digestivos (em adultos).
Da pedra polida fez-se instrumentos de caça e objetos domésticos, fundiu o cobre e o bronze, 
moldou o barro e endureceu-o na brasa, fazendo tijolos, figuras de divindades e vasilhames. Entre duas 
pedras moeu o grão, fez a farinha, amassou o pão e assou-o no forno. Também fermentou a cevada e 
fez a cerveja, encontrou uvas e produziu vinho. Com os progressos do período Neolítico (Idade da Pedra 
Lascada), a vida tornou-se menos dura.
É importante ressaltar que o período Neolítico, apesar de ter sido marcado pelo começo da agricultura 
e pelo aperfeiçoamento de ferramentas que proporcionaram diferentes tipos de técnicas de cultivo, não 
se desenvolveu de forma uniforme no mundo. Em algumas regiões, por exemplo, a produção agrícola e 
a domesticação de animais não foram atingidas, continuando seus habitantes a viver da caça e da coleta 
de alimentos, tal como no Paleolítico.
Apesar do aumento considerável do número de vilas e de aldeias no Neolítico e na Idade dos Metais, 
as migrações eram constantes: apenas os egípcios e os mesopotâmicos continuaram em suas terras. 
É claro que as maravilhas férteis e agrícolas que os rios Nilo, Tigre e Eufrates proporcionavam em suas 
regiões no início do sedentarismo, ainda na Pré-história, auxiliaram no desenvolvimento de civilizações 
extremamente desenvolvidas e culturalmente intensas ao redor deles.
Figura 13 – Rio Eufrates, no atual Iraque
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
Com o aumento das aglomerações humanas, a comida deixou de ser apenas um item para 
sobrevivência, passando a agregar valor cultural. Há relatos de que a comida se tornou a protagonista 
nas configurações da mesa, estando presente nas formas de organização das antigas civilizações e na 
hierarquização do ato de alimentar. Ou seja, a comida passou a ser motivo ou indício de hierarquia 
social: quanto mais comida e mais utensílios para servi-la, maior era a posição social do comensal.
A construção dos grandes impérios da Antiguidade teve como base a alimentação. A unificação da 
China, por exemplo, que era fragmentada em vários reinos, se deu com base no agrupamento desses 
reinos em torno da disputa pelo sal (o famoso e moderno sal do Himalaia). O sal e a água são os dois 
minerais básicos da nossa alimentação (CARNEIRO, 2003).
A importância do sal pode ser indicada desde o período do Império Romano, quando o sal era o pagamento 
dos soldados do Império. É dessa ação, aliás, que deriva o termo “salário”. Percebemos, então, que o controle 
do comércio do sal foi uma política estratégica de dominação e de poder utilizada por muitos impérios 
(CARNEIRO, 2003). Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma são expoentes de culturas que fizeram da culinária 
sua máxima nos ritos e, com base no ato de comer, separaram de vez os pobres dos ricos. De acordo com os 
convidados, os governos mudavam a forma de servir a comida e os serviços relacionados a tais eventos.
 Observação
Você sabia que para muitos cientistas e até mesmo religiosos (judeus 
e cristãos) o Jardim do Éden bíblico localizava-se na região mesopotâmica 
(próximo ao Iraque atual, entre os rios Tigre e Eufrates)? Ou seja, o Iraque, hoje 
devastado por guerras e cobiça, já teria alocado o paraíso de Deus na Terra.
Se há um local que podemos destacar como marco do desenvolvimento da gastronomia, esse lugar 
foi o mundo grego antigo. Na Grécia, a comida passou a ser objeto de estudo, uma ciência: era a arte de 
representação à mesa. O ato de servir e cozinhar, inclusive, criou a divisão de cargos para os responsáveis 
por cada serviço. Nessa época, já eram utilizados panelas de cerâmica, ferro fundido, pilão, pedras de 
amolar, frigideiras e os mais variados tipos de forno.
Mas foi em Roma que se estabeleceu a divisão do trabalho na cozinha tal qual a conhecemos hoje, com 
funções específicas para padeiro, chefe de cozinha, mestre de cerimônia, degustador de vinhos, comprador 
de produtos etc. É claro que esses cargos serviram como base para as funções de cozinha na atualidade e 
a adaptação e aprimoramento são constantes conforme a necessidade da realidade aplicada.
2 HISTÓRIA DA GASTRONOMIA: DAS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS AO SÉCULO XVIII
Vamos começar pelos conceitos. Gastronomia é diferente de alimentação, correto? Sim! Então, o que 
é gastronomia?
Gastronomia vem da junção dos termos gregos gastros, que significa estômago, e nomia, que 
significa lei e conhecimento. Dessa forma, ao pé da letra, gastronomia significa lei do estômago. 
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Unidade I
Trata-se de um estudo que engloba a culinária, a qual, por sua vez, concebe-se como o ofício de 
preparar alimentos e bebidas a partir de técnicas variadas, com ou sem cocção.
Figura 14 – Estudo do estômago
A história da gastronomia se confunde com a evolução humana. Como vimos anteriormente, 
no período paleolítico foi dado o pontapé inicial aos ritos alimentares, principalmente com a caça. 
Com a adoção do sedentarismo, da agricultura e da domesticação dos animais, uma maior quantidade 
de alimentos se tornou disponível, possibilitando, assim, o crescimento populacional.
Pode-se dizer que a gastronomia teve início com o homem primitivo descobrindo que os alimentos 
poderiam ser modificados. Aliás, o domínio do fogo foi crucial para a descoberta de manipular o sabor dos 
alimentos. Com o calor, as texturas dos alimentos puderam ser modificadas (ou seja, tornaram-se mais tenras).
Tais mudanças de textura possibilitaram que uma menor quantidade de energia fosse gasta com a 
mastigação, facilitando o processo de absorção pelo sistema digestivo. Ao diminuir o esforço para mastigar, 
o cérebro humano ganhou destaque, e seu desenvolvimento foi crucial para o homem chegar ao topo da 
cadeia alimentar. Como vimos anteriormente, a inteligência está diretamente ligada à alimentação.
Com o desenvolvimento de técnicas agrícolas e de ferramentas para cocção, a busca por alimentos 
passou a ser guiada não somente pela necessidade de alimentação, mas também pelo gosto e pelo 
sabor, que se tornaram, então, componentes dos hábitos alimentares da humanidade.
Plantas e animais são produtos de um relacionamento simbiótico (quando espécies diferentes, 
vivendo juntas, compartilham vantagens e se comportam como um único organismo) entre os humanos 
e o mundo natural; trata-se do processo que chamamos de domesticação, no qual plantas e animais 
selvagens são transformados em algo novo; tornam-se fontes de alimentação pacíficas que saciam as 
necessidades dos seres humanos.
Através da domesticação, os seres humanos puderam criar os primeiros mercados. Como? 
Bem, se, em seu período exclusivamente nômade, o homem era dependente da abundância que a floresta 
proporcionava, a domesticação dos animais selvagens nos tornou dependentes dos animais para comer.
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
Carnes, ovos e leite foram responsáveis por mudanças significativas na aparência dos seres humanos. 
O leite, principalmente, transformou os humanos em seres mutantes. No período da Pré-história todos 
os adultos eram intolerantes à lactose e aos derivados do leite. Obviamente, a intolerância estava 
voltada aos adultos, porque somos mamíferos, e os mamíferos nascem com a capacidade de digerir o 
leite materno, mas os adultos não.Porém, pessoas que habitavam a Europa e o Oriente Médio desenvolveram a capacidade de ingerir 
leite e seus derivados. Por isso, queijo, manteiga, iogurte e sorvete são tão populares em lugares como 
França e Turquia. Curioso observar que no extremo da Ásia esses mesmos produtos não são tão populares, 
pois deixam as pessoas enjoadas. Assim, pessoas que conseguem ingerir leites e seus derivados são 
geneticamente mutantes.
Figura 15 – Ingerir leite nos tornou mutantes
Além dos animais, os homens domesticaram algumas plantas também. Sementes de arroz, de milho 
e de trigo foram domesticadas e hoje fazem parte da nossa dieta quase que irrestritamente. A aparência 
e o sabor desses alimentos não têm nada a ver com a aparência e o sabor de seus “parentes” selvagens.
Figura 16 – Cenoura laranja
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Unidade I
 Observação
O nacionalismo holandês tornou as cenouras laranjas.
Tempos atrás a cenoura silvestre existia em muitas cores: branco, vermelho 
e até roxo, mas não em laranja. Há cerca de 300 anos, um fazendeiro holandês 
usou uma semente de cenoura amarela com o objetivo de gerar uma planta 
com a cor da família real holandesa, o laranja (a seleção de futebol do país, 
inclusive, é conhecida como laranja mecânica). A partir de então, a cenoura 
laranja tornou-se tão popular que foi plantada em todas as partes do mundo, 
sobrepondo-se, assim, às variedades de outras cores. 
Figura 17 – O leão faz parte do brasão do uniforme da laranja mecânica, a seleção holandesa de futebol
Através da domesticação, a simbiose entre o homem e a comida aconteceu. E ao ter se fixado em 
um lugar junto com vários homens, mulheres, animais e plantas, os humanos iniciaram a construção 
da civilização. Mais de 6 mil anos antes de os egípcios construírem suas pirâmides, os seres humanos já 
plantavam as sementes do mundo moderno e as transformavam em algo novo.
As comidas que eles estavam comendo tiveram um efeito transformador em seu esqueleto, sobretudo 
o pão. Há registros sobre um assentamento neolítico chamado Çatalhüyük, na Turquia, que contava com 
8 mil habitantes no seu auge e era considerado o local mais populoso (ou mais densamente povoado) 
do planeta.
Esse novo estilo de vida exigiu um novo patamar alimentar. O sul da Turquia é considerado o local de 
mudança genética do trigo e, assim, os homens passaram a ingeri-lo. Junto com o trigo, veio a colheita, 
que necessitava de um plantio trabalhoso de suas sementes em campos cada vez maiores. Tivemos, 
então, o nascimento da agricultura.
As pessoas moíam os grãos colhidos e obtinham a farinha, que era então cozida nos fornos e assim 
havia a transformação da farinha em pão. A comida mudou novamente nossos ancestrais, mas, ao 
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
contrário da mudança anterior (a carne assada), os resultados foram negativos: houve o surgimento 
de doenças relacionadas à desnutrição e a uma dieta pobre em ferro, como a anemia. Por viverem 
aglomerados e não mais apenas como caçadores, as doenças contagiosas também eram constantes, e, 
apesar da continuidade da atividade relacionada à caça, houve diminuição na ingestão de carne.
Quatro mil anos antes de Cristo, as pessoas se alimentavam mais de grãos e cereais, viviam com seus 
animais e estavam se aglomerando cada vez mais, diminuindo seus deslocamentos. Dados esses fatores, 
não é difícil entender o aumento do número de mortes por desnutrição e problemas sanitários, além do 
surgimento de inúmeras doenças e parasitas.
A ingestão de uma maior quantidade de açúcar (em razão do aumento da porção de amido na 
dietas) causou um crescimento significativo dos casos de cárie e, consequentemente, de apodrecimento 
dos dentes. A solução veio na forma de uma bebida espumante e fermentada, que foi crucial para a 
nossa sobrevivência: a cerveja.
Figura 18 – Cerveja
A cerveja está presente desde o início da civilização e, possuindo os mesmos nutrientes de algumas 
comidas, acabou contribuindo para a sobrevivência dos nossos ancestrais. No Egito, a cerveja era a 
bebida das massas e fazia parte de alguns ritos; para os sumérios, era considerada, em grau primário, 
a principal fonte de nutrientes. Um fato bastante curioso atestado pelas descobertas históricas é que a 
primeira receita médica de que se tem notícia continha cerveja.
O trigo e a cevada em sua forma natural já são boas fontes de nutrientes, porém, ao serem fermentados 
(tornando-se pão ou cerveja), passam a ser ainda mais nutritivos e, portanto, alimentos mais balanceados. 
E esse tipo de alimento balanceado mostrou-se importantíssimo quando a sobrevivência humana estava 
em jogo.
Além do aspecto comestível, a cerveja também tinha propriedades que purificavam as águas: no 
processo de fermentação, a bactéria presente na levedura matava vários organismos infecciosos, ou 
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seja, graças à cerveja, considerada uma bebida segura e cheia de nutrientes, as cidades cresceram. Esse 
crescimento foi inversamente proporcional à importância dada à comida, pois o que antes era a única 
preocupação humana (buscar alimentos) passou para um segundo plano.
Que tal fazermos um breve e resumido passeio pelas grandes civilizações através da alimentação? 
Vamos começar!
2.1 Alimentação no Egito antigo
Para alguns historiadores, a civilização egípcia migrou da localização hoje conhecida como Iraque 
para as margens do rio Nilo, onde viveu seu apogeu. O sistema de irrigação, a aritmética, o sistema 
decimal, o conceito de propriedade, os templos monumentais, enfim, tudo isso foi desenvolvido entre os 
rios Eufrates e Tigre por volta de 5500 a.C.
O Egito construiu seu grande império em torno do rio Nilo, que, ao secar sazonalmente, não 
prejudicava a agricultura e proporcionava um solo fértil. Pode-se perceber que a alimentação sempre 
foi o foco da sobrevivência da humanidade e a partir dela desenvolveram-se os grandes impérios, as 
revoluções e também as guerras.
Por terem o rio Nilo à sua disposição, a comida no Egito antigo era rica e bem variada. O trigo, por 
tratar-se do ingrediente base do principal alimento egípcio (o pão), era plantando em grande quantidade. 
Além do cultivo do trigo, os egípcios criavam gado, carneiros e cabras e fabricavam queijo e vinho. 
Eles ainda consumiam feijão, alface e açúcar proveniente do mel.
Os egípcios dispunham de uma boa variedade de frutas (como figos, tâmaras, romãs e amêndoas), 
cultivavam cogumelos para o consumo do faraó e repolho para a alta classe. A importância do pão era 
tanta que ele foi a primeira moeda usada no Egito, pelo menos para a classe baixa: os faraós e sacerdotes 
cobravam tributos em forma de grãos e pagavam salários aos seus servos em forma de pão. Portanto, 
mesmo com o desenvolvimento da civilização egípcia, o trigo continuou sendo sinônimo de riqueza.
A alimentação também fazia parte dos rituais fúnebres do Egito. As crenças egípcias indicavam que, 
mesmo depois da morte, as pessoas ainda teriam as mesmas necessidades da vida. Por isso, depositava-se 
na tumba uma boa quantidade de comida, a fim de garantir o suprimento de tais necessidades. O 
açafrão era o condimento sagrado e é encontrado ainda hoje nas pinturas das cerimônias religiosas com 
ofertas ao deus Sol.
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Figura 19 – Açafrão, o condimento sagrado
Os remédios mais utilizados no Egito antigo eram: cervejas de diferentes qualidades, levedo, 
óleo, tâmara, figo, cebola, alho e ópio. Não é novidade a fabricação de cerveja pelos egípcios desde a 
Antiguidade: foram encontrados vestígios de cevada em sítios arqueológicos localizadosna foz do rio 
Nilo datados de cerca de 4000 a.C. Quanto às receitas, conhecemos a preparação graças às pinturas 
deixadas em paredes de algumas tumbas e em maquetes de cervejaria (FLANDRIN, 1998).
Figura 20 – Pinturas egípcias
 Observação
A receita de cerveja do Egito antigo consiste em pôr para fermentar a 
quente, na água e no trigo triturado, pedaços de pão de cevada ou de trigo 
malcozidos (a fim de preservar as enzimas da fermentação). Em seguida, 
deve-se filtrar o líquido espesso resultante, deixando-o descansar em jarros 
de cerâmica (FLANDRIN, 1998).
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A partir do século XII a.C., o território egípcio foi invadido por diversos povos. Acredita-se que 
a riqueza dos faraós e a abundância alimentar proveniente do rio Nilo eram os principais fatores 
a desencadear tais invasões. Em 670 d.C. os assírios conquistaram o Egito e, após oito anos de 
dominação, a região iniciou uma fase de recuperação, que logo foi interrompida em 525 a.C., com 
a invasão dos persas.
Duzentos anos depois, os macedônios, liderados por Alexandre Magno, derrotaram os persas e 
dominaram o Egito. Então, Roma dominou a Alexandria e com isso abriu caminho para as estratégias 
políticas de Cleópatra, a mais célebre governante egípcia. Após a deposição de Cleópatra por forças de 
Roma, o Egito foi dominado pelos romanos por 600 anos, quando teve início a conquista árabe da região 
(que dura até hoje).
Mesmo após as invasões, o alimento básico no Egito continuou sendo pão, e, com a presença de 
populações muçulmanas, novos hábitos foram introduzidos na região. Vale destacar que ainda hoje 
o ensopado de ervilhas (com bastante cebola, servido com cereal cozido e azeite de olivas) é prato 
popular no Egito, e que, atualmente, sua culinária é muito versátil. Mas há uma explicação para isso: 
a culinária egípcia incorporou muito das cozinhas grega, italiana, árabe, turca e francesa. Trata-se de 
uma decorrência direta das várias invasões sofridas: a civilização egípcia recebeu influências de todas 
essas nações que ali desembarcaram, bem como imposições a seus costumes dependendo da nação que 
estava no domínio.
2.2 A alimentação na Idade Antiga: Babilônia, Pérsia e Palestina
Por volta de 2000 a.C., a civilização dos assírios e babilônios floresceu no Oriente Médio, mais 
precisamente na região entre os rios Tigre e Eufrates, chegando até o golfo Pérsico. Os babilônios 
possuíam culto religioso pagão e utilizavam óleo de sésamo (também conhecido como óleo de gergelim) 
em seus rituais. Babilônia era tanto o nome da região quanto a denominação de sua maior cidade, 
aliás, a maior cidade-fortaleza construída pela humanidade. Seus monumentos mais conhecidos são os 
Jardins Suspensos e a Torre de Babel.
É interessante observar que, assim como para os egípcios, o açafrão também era importante para 
a cultura do Império Babilônico, no entanto, aqui o açafrão era utilizado para fabricação de essências 
aromáticas. Os babilônios usavam mel selvagem como adoçante e fígado imerso nesse mel para tratar 
de cegueiras.
O famoso Código de Hamurabi (atualmente sob custódia do Museu do Louvre em Paris) dita, 
além de outras regras, o regime alimentar da época (estamos falando de 1700 a.C.). Segundo esse 
código, havia um pão que se comia e outro que se bebia (a cerveja), com receitas que indicavam 
fermentação e cozimento de cevada. Assim, o pão e a cerveja também eram muito consumidos 
pelos babilônios.
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Figura 21 – Código de Hamurabi, 1700 a.C.
Os assírios eram a classe pobre da Babilônia e tinham uma vida muito rudimentar. A classe média (se 
assim podemos chamá-la) possuía fornos para cozer o pão e, ao ar livre, cozinhavam todos os alimentos 
em apenas um vasilhame. Os ricos possuíam mesas para alimentação, mas apenas os convidados e o 
chefe da família se sentavam nela.
Em 1000 a.C., o Império Babilônico entrou em declínio e os assírios incorporaram a mesa farta 
e os produtos que os outros povos consumiam, como carnes, pescados, frutas variadas, leguminosas e 
diferentes tipos de vegetais. Os pobres comiam farinha de peixe e ervas silvestres.
Por volta de 7000 a.C., o destaque civilizatório coube à Pérsia (que ficava onde atualmente se localiza 
o Irã). À medida que se expandiam, os persas mesclavam com sua cultura os hábitos alimentares dos 
povos que dominavam. Consumiam cereais, leguminosas e algumas frutas, passando a comer também 
cerejas, ameixas, nozes, pêssegos (o mais nobre para os persas), melancia, frutas cítricas e espinafre. 
Alimentavam-se de carne de porco, de animais selvagens, de boi e mesmo de tartarugas (com exceção 
dos magos, que não comiam carne por abstinência religiosa e respeito aos ritos).
Em 1800 a.C., aproximadamente, um homem chamado Abraão saiu de Ur, na região da Caldeia, em 
busca de uma terra prometida que proporcionaria, a ele e a seus seguidores, alimentar-se de leite e mel: 
Canaã (note que, mais uma vez, a alimentação aparece como foco de desejo e conquista). Esse homem, 
Abraão, tornou-se o patriarca do povo hebreu e sua linhagem consolidou-se através de seu filho Isaac.
Durante a peregrinação em busca da terra prometida, esse povo foi escravizados no Egito e depois 
libertado por Moisés, que o conduziu pelo deserto com o objetivo de chegar a Canaã. O contato com o 
povo egípcio transformou a forma de alimentação do povo hebreu, que aprendeu a utilizar ferramentas 
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de bronze e barro, talheres de madeira e de bronze para servir a carne. Dada a considerável dificuldade 
para conseguir alimentos, todas as refeições à mesa eram acompanhadas de orações.
Figura 22 – Na imagem, podem-se ver o Muro das Lamentações, a Basílica do Santo Sepulcro e a Cúpula da Rocha. Jerusalém é a 
terra prometida para judeus, cristãos e muçulmanos
A história do povo hebreu (mais tarde denominado judeu) é divulgada através da Torá, o livro sagrado 
dos judeus. Porém, como o cristianismo tem sua origem ligada aos preceitos judeus, sobretudo com relação à 
espera do messias, foi por meio da Bíblia, o livro sagrado dos cristãos, que essa passagem tornou-se conhecida 
no Ocidente. Ambos os livros narram a peregrinação e oferecem detalhes sobre as cerimônias religiosas, as 
guerras, as invasões e os ritos do povo judeu envolvendo sacrifícios (sempre com o alimento em destaque).
Segundo a Torá, as interdições religiosas referentes aos hábitos alimentares se justificavam pela 
necessidade de higiene da época. O sangue, por exemplo, é tido por substância sagrada e, por isso, 
algo vetado para o consumo humano; da mesma forma, a morte de animais precisa ser supervisionada 
por rabinos, os líderes religiosos do povo judeu. Esses alimentos permitidos pela religião judaica são 
denominados de comida kosher.
Mesmo que essas leis inicialmente tenham sido elaboradas para evitar altas taxas de mortalidade em 
decorrência da alimentação, acabaram tornando-se ritos religiosos, funcionando como vínculo entre os 
judeus de qualquer ponto do globo (sobretudo após o enfraquecimento do reino de Judá e o domínio 
dos árabes na Palestina). Os alimentos kosher são classificados em três grupos, listados a seguir:
• Aqueles que são naturalmente kosher e podem ser ingeridos em seu estado natural, ou seja, sem 
intervenção do rabino. São exemplos: grãos, frutas, vegetais, chás e infusões em geral.
• Aqueles que requerem certo tratamento para tornarem kosher, como aves, insetos e animais 
ruminantes de pés fendidos (animais que mastigam o alimento e o fazem voltar do estômago 
para a boca: bois, vacas, carneiros, cabras, antílopes, búfalos, veados, camelos, coelhos e girafas 
são alguns dos animais que fazem parte desse grupo).
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• Aqueles que, originalmente, não são kosher, como produtos de porco, mariscos e peixes sem 
escamas ou barbatanas (segundo a Torá, as escamas e as barbatanas envolvem o corpo do animal 
separando-o do mundo exterior). Tudo o que anda em enxames ou que rasteja, com muitas ou 
quatro patas, é condenado, como ratos, lagartos, crocodilos, camaleões e lagartixas.
Além dessas condutas, a gordura interna do animal também é tabu e não se pode consumir leite 
ou lacticínios junto com a carne: é necessário um intervalo de seis horas entre a ingestão do leite e 
a da carne (no caso de produtos lácteos, esse intervalo é reduzido para uma hora). Neste momento, 
vale lembrar daquela mutação na genética relacionada ao consumo de leite descrita anteriormente: 
medicina, religião e alimentação estão juntas para explicar as tradições e hábitos alimentares.
Nas cerimônias religiosas judaicas o alimento desempenha um papel rico em simbolismo. Para o dia 
semanal do descanso, o shabat, prepara-se tradicionalmente o pão challah, do qual eram colocados 12 
exemplares sobre o altar, no Templo de Jerusalém, representando as 12 tribos originais de Israel.
Figura 23 – O pão challah
 Pão challah
Você conhece a receita do challah? A seguir estão os ingredientes e a forma de preparo.
Ingredientes
1 kg de farinha de trigo
1 copo (requeijão) de açúcar
1 colher de sopa de sal
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100 g de manteiga vegetal
2 ovos
1 ½ copo de água (morna, porém mais para fria).
3 tabletes de fermento biológico (45 g).
Modo de preparo
Primeira etapa
Espuma
Reserve numa vasilha à parte o açúcar, as três colheres de farinha de trigo, o fermento, 
o sal e um pouco da água. Misture tudo até dissolver o fermento. Deixe descansar por meia 
hora (tempo de fermentação).
Segunda etapa
Após os 30 minutos, em uma bacia grande, coloque o trigo e todos os outros ingredientes 
restantes, inclusive a espuma (massa da primeira etapa), e amasse até ficar mais consistente. 
Sove a massa muito bem e deixe descansar na vasilha coberta com pano úmido entre 10 
horas e 12 horas em temperatura ambiente. A massa deve, pelo menos, triplicar de volume.
Observação: essa massa precisa ser feita um dia antes do cozimento para que haja tempo 
suficiente para ela crescer. Por exemplo, se você quer fazer as tranças para sexta-feira (dia 
de shabat), faça a massa na quinta à noite e na sexta pela manhã passe para a terceira etapa.
Terceira etapa
Numa superfície lisa abra a massa e corte em três partes iguais (dependendo do tamanho 
do pão que você quiser fazer, pode-se dividir em quatro partes). Em uma superfície lisa e 
polvilhada com farinha de trigo, abra cada parte com rolo de pastel. Se quiser, recheie a gosto.
Quarta etapa
Faça três rolos e trance. A challah está quase pronta! Finalize pincelando gema com óleo 
e polvilhando semente de papoula ou gergelim.
Espere mais ou menos 20 minutos e leve ao forno pré-aquecido.
Tempo de cozimento: entre 40 minutos e 60 minutos.
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Retire do forno quando a massa começar a ficar corada.
Rendimento: quatro pães grandes.
 
2.3 Alimentação na Antiguidade Clássica: Grécia e Roma
Da Grécia antiga nos veio o respeito pelo comer bem e viver bem. Inclusive a palavra gastronomia, 
como já vimos, deriva do grego. O mais antigo relato escrito de culinária existente no mundo é o 
Deipnosophistae, que significa doutores jantando. Esse tomo foi escrito por Athenaeus em 228 a.C. e 
nele hás registros sobre música, dança, conversação, escritos, alimentos e até mesmo etiqueta à mesa.
O prato popular da época de Athenaeus era conhecido como dolmades: carne picada, amassada 
com especiarias e enrolada depois em folhas de videira. Os encarregados da cozinha eram chamados de 
mageiros, e as escravas incumbidas das massas e bolos eram chamadas de miurgas.
Vale ressaltar que a escravidão existente naquele período antigo na Grécia estava ligada, 
principalmente, às guerras, além de ser uma prática comum, naquele momento, pagar dívidas com 
trabalho. Assim, trata-se de um outro processo, não estando ligado à escravidão moderna, que violentou 
e deixou feridas infinitas nas populações negras africanas.
Depois das guerras médicas (entre gregos e persas), os gregos aprenderam muito com os 
persas, principalmente com a culinária evoluída que lá encontraram. Incorporaram ao seu cardápio 
sopas, grelhados, frituras, cozidos, molhos de azeite, gema e mostarda. Com o declínio da Pérsia, a 
Macedônia passou a dominar o mundo e, com Alexandre, o Grande, seu império regeu a Grécia, a 
Pérsia e foi até a Índia.
Assim, a partir dessa multiplicação comercial e cultural que as guerras e as conquistas gregas 
causaram, as habitações da Grécia tornaram-se mais requintadas e destinavam a sala especial para as 
refeições. Usavam mesa posta com uma enorme variedade de peças de baixela, pratos, copos, cestos 
para pão, vasos e garfos de dois dentes para espetar alimentos. Vale destacar que, para se servir, usavam 
apenas colheres, com as quais também tomavam sopas e molhos.
A Grécia moderna apresenta duas tendências básicas na cozinha: os habitantes do norte são 
apreciadores de carne, enquanto os do sul preferem os vegetais. Entretanto, alguns alimentos 
são unanimidades gregas, como aperitivos de camarão, azeitonas, rabanetes, queijos, peixe frito e 
kokoretsi (espeto de tripa de carneiro comumente acompanhado de vinho, pão e azeite).
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Figura 24 – Aperitivo de camarão
A Grécia ficou sob domínio romano de 300 a.C. a 300 d.C. Em 1500 foi tomada pelos bizantinos. 
Há quem diga que os arqueólogos salvaram a Grécia da morte, assim como os poetas a salvaram do 
esquecimento. Sua culinária, no entanto, não resistiu à imposição das cozinhas turca, árabe e persa. 
Segundo Sócrates, homens maus vivem para comer e beber, enquanto homens bons comem e bebem 
para viver.
O auge do domínio romano na Grécia se deu por volta do século II a.C. Como consequência do controle 
sobre os gregos, os romanos aprenderam também a arte culinária. Os romanos eram descendentes dos 
etruscos e, deles, herdaram hábitos de vida muito primitivos para aquela época. Quando conquistaram a 
região da Sicília, dominaram também os melhores cozinheiros e aprenderam desde então a arte do bem 
comer. Mas foi na Grécia que efetuaram um fabuloso salto à gastronomia.
Na Grécia antiga, as artes nasceram diretamente do solo e se mantiveram fiéis à paisagem que lhes 
deu origem. Por isso, o desenvolvimento de Atenas foi orquestrado pelo acesso ao mar e seu comércio 
foi um verdadeiro empório de iguarias do mundo todo – que era conhecido pelos europeus até então. 
Trouxeram, da Grécia, os aspargos, as cenouras e os cogumelos; da Líbia, a truta; da Pérsia, os pêssegos; 
da Ásia, as cerejas, os abricós e os pepinos; da África, o melão.
A cada conquista, a culinária romana se tornava mais elaborada, com suas saladas de agrião, 
alface, azedinha e outras folhas, com suas tortas, massas, pudins e bolos. Após a conquista de Salamina 
(localizada na costa oriental de Ciprus), os romanos se tornaram mestres em salsicharia, pois lá haviam 
aprendido sobre o salame. Eles ainda aprimoraram a fabricação engordando porcos e gansos com figos, 
para que a carne e o fígado se tornassem perfumados e resultassem no melhor patê (o foie gras, ou patê 
de fígado de ganso, tem origem italiana, e não francesa).
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
Figura 25 – Patê de fígadode ganso
Marcus Gavius Apicius escreveu o livro mais antigo de culinária romana, datado de, aproximadamente, 
35 a.C. Esse livro tornou famosos quatro cozinheiros da época: o próprio Apicius (ou sublime garganta), 
Juvenal (ou exemplo de glutão), Tertuliano (ou criador de excelentes molhos e o maior apreciador 
de comida de todos os tempos) e Sêneca (ou o grande esbanjador e campeão da gastronomia cujos 
ensinamentos corromperam o povo de seu tempo).
De acordo com Horácio, em Roma era costume comer pão com sal e agrião, enquanto a manteiga 
se empregava para esfregar o corpo das crianças ou era fundida e vertida sobre o fogo dos sacrifícios 
e das oferendas colocadas ante o altar. Tal como os gregos, os romanos apenas começaram a usar 
a manteiga na culinária mais tarde, após o contato com os germanos, pois cozinhavam com óleo e 
gordura natural (animal).
Em 395 d.C., Teodósio dividiu o Império Romano entre seus dois filhos: o Império do Ocidente para 
Honorius e o do Oriente para Arcadius. 
Após a divisão do Império Romano, a Europa foi ocupada por reinos bárbaros. Na Bretanha 
existiam sete pequenos reinos comandados por anglo-saxões, na Ibéria os visigodos comandavam a 
região, na Itália predominavam os hérulos, os ostrogodos e os lombardos, enquanto na Andaluzia os 
vândalos exerciam seu domínio. Moravam em casas de madeira, revestidas de barro e tinham hábitos 
primitivos de alimentação: pão, leite e derivados, ovos, leguminosas, pescado, aves e porcos selvagens. 
Usavam açafrão, sal, cebola, vinagre, além de beberem vinho e cerveja.
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 Saiba mais
A fim de saber mais sobre a passagem da República para o Império 
Romano, assista à série indicada a seguir:
ROME. Dir. Alan Poul. Inglaterra: HD Vision Studios, 2005. 52 minutos.
Os bárbaros consideravam pecaminoso o cultivo da terra, preferindo deixá-la entregue à natureza; os 
romanos, pelo contrário, possuíam grande conhecimento de agricultura (conhecimento o qual os monges 
católicos tentavam divulgar à população no início da era Cristã do Império Romano, aproximadamente a partir 
do século 4 d.C.). Talvez, por isso, nos tempos medievais, a população europeia consumisse poucos vegetais. As 
especiarias eram as mais disputadas, pois serviam para mascarar o forte salgado das carnes conservadas.
O continente europeu, sob a influência do vasto Império Romano (favorável ao cristianismo após 
o Edito de Milão), adotou também a prática da abstinência de carne em determinados dias do ano, 
incentivando o consumo de peixe. As cozinhas do século XIV eram localizadas no centro da habitação, 
tendo o fogão como peça central e grande chaminé para o exterior (o que seria a origem dos fire place, 
isto é, as lareiras).
As reuniões que se faziam ao redor do fogo eram herança romana. Segundo essa tradição, o fogo era 
dedicado ao deus da família (ou deuses do lar), vindo daí o nome lareira. Na figura a seguir temos um 
exemplo de cozinha medieval europeia.
Figura 26 – Na tradição romana, a lareira era dedicada aos deuses protetores do lar
No breve passeio que fizemos pela Idade Antiga e Antiguidade Clássica, percebemos que o rito de 
comer foi o mais importante hábito dos povos. O que comemos sempre teve os pés fincados na religião, 
nas conquistas de povos e nos costumes. Com a evolução para as panelas como ferramentas de cozinha, 
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
nasceram as receitas. As especiarias passaram a fazer a diferença no ato de cozinhar ou preparar os 
alimentos, diferenciando a culinária de várias regiões do mundo. Aliás, pelas especiarias impérios foram 
dizimados e guerras sangrentas foram travadas. Até mesmo novos mundos foram descobertos pelos 
europeus, algo que mudou para sempre o nosso modo de alimentação.
Figura 27 – Especiarias: pimenta rosa em grãos, pimenta-do-reino em grãos, pimenta branca em grãos, sal, 
açúcar, canela em pó, pau de canela, mostarda em grãos, anis estrelado e açafrão
 Observação
No Brasil as especiarias eram chamadas de drogas do sertão. No período 
colonial, portugueses e espanhóis disputavam o território e os sabores da 
Amazônia. Como o interior da floresta era denominado de sertão e as 
drogarias eram o que hoje conhecemos como farmácia, os colonizadores 
apelidaram as especiarias da Amazônia de drogas do sertão.
A maioria dos pratos europeus que conhecemos atualmente não existia 
antes de 1492, isto é, antes da chegada de Cristovão Colombo na América e 
do aumento do comércio de especiarias entre o velho e o novo mundo. De 
forma gradual, as comidas que eram locais passaram a ser globais.
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A partir do período das Grandes Navegações e da conquista da América pelos europeus, as trocas 
culturais e alimentares entre os povos foram tão intensas e cruciais que transformaram mais uma vez a 
alimentação, o gosto e o sabor dos alimentos. Além de metais preciosos, os europeus levaram os cheiros 
e os sabores dos povos pré-colombianos ao novo mundo: molho de tomate, nhoque, polenta, risoto e 
massas são alguns exemplos de produtos provenientes do período das grandes navegações em 1492. 
Podemos imaginar que, até aquele momento, a Europa era o continente com menos sabor no mundo.
Figura 28 – Réplica da Nau Santa Maria que transportou Cristovão Colombo e sua tripulação durante as Grandes Navegações
Nenhum evento na história da humanidade influenciou mais o que comemos hoje do que a 
busca por novos territórios e novos caminhos para as Índias, ocorrida em 1492, episódio conhecido 
como a descoberta da América. Comidas que antes eram locais tornaram-se globais e, para muitos 
historiadores, Cristovão Colombo e a monarquia espanhola deram início a um fenômeno de intercâmbio 
cultural e alimentar que mais tarde se transformou no que chamamos hoje de globalização.
Por exemplo, o tomate italiano não existia, o abacaxi não podia ser encontrado no Havaí, a 
laranja não era conhecida na Flórida, a batata não existia na Europa, não havia café colombiano 
e muito menos chocolate suíço. A chegada de Colombo à América em 1492 foi responsável pelo 
surgimento de novas fontes de alimentação na Europa. Tais alimentos foram recebidos com sucesso: 
o peru da América do Norte, a baunilha e o cacau do México, o milho para pipoca, o tomate e as 
batatas do Peru, além de outras espécies de milho, feijão, amendoim, as quais foram enriquecer a 
dieta monótona do Velho Mundo.
O Brasil, por exemplo, é conhecido como o país das bananas, mas não existiam bananeiras no 
território brasileiro. Há quem diga que a banana é a fruta favorita do mundo.
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HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO
Figura 29 – A fruta mais querida do mundo, a banana
A banana, com uma variedade de mil espécies, é originária do sudeste da Ásia e não tinha o formato 
curvo que conhecemos atualmente. Ela foi levada à América Central pelos espanhóis, sendo manipulada 
para a comercialização. Saiba que a espécie de banana que conhecemos e consumimos hoje é incapaz 
de se reproduzir sozinha na natureza (sendo dependente da mão de obra humana) e seu aspecto regular 
a tornou mais saborosa ao paladar e aceita universalmente.
A maioria das espécies que consumimos hoje é fruto do período das grandes navegações iniciadas 
no século XV pelo Estado Português com intuito de encontrar novos caminhos para as Índias. 
O cosmopolitismo português tem raízes antigas: para alguns historiadores, a origem étnica dos 
portugueses é paleolítica europeia, para outros, a origem étnica dos patrícios é africana.
No período Neolítico e na Idade do Bronze, a Península Ibérica (local onde atualmente estão 
Portugal e

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