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DESENVOLVIMENTO DAS MAMAS • Começam a se desenvolver na puberdade, através do estímulo de estrogênios do ciclo menstrual mensal; • Os estrogênios estimulam o crescimento da parte glandular das mamas, além do depósito de gordura que dá massa às mamas; • Além da puberdade, ocorre crescimento bem mais intenso das mamas durante o estado de altos níveis de estrogênio da gravidez, e só então o tecido glandular fica inteiramente desenvolvido para a produção de leite; • Outros hormônios são igualmente importantes para o crescimento do sistema de ductos; - Hormônio do crescimento; - Prolactina; - Glicocorticoides adrenais; - Insulina; • Sabe-se que cada um desses hormônios tem pelo menos algum papel no metabolismo das proteínas, o que explica a função deles no desenvolvimento das mamas. A PROLACTINA E A LACTAÇÃO • Estrógeno e Progesterona X Prolactina: O estrógeno e a progesterona são fundamentais no desenvolvimento das mamas, no entanto, inibem a secreção de leite pelas glândulas mamárias; por outro lado, quem prepara a lactação é a prolactina; • A concentração de prolactina aumenta uniformemente a partir da 5ª semana de gravidez até o nascimento do bebê; • Influência da placenta na lactação: Além disso, a placenta secreta grande quantidade de somatotropina coriônica humana que em conjunto com a prolactina estimulam a produção do leite; • O colostro: É o primeiro leite formado, o qual contém menos lipídios e mais proteínas do que o leite propriamente dito; • Imediatamente depois que o bebê nasce, a perda súbita de progesterona e estrogênio permite que o efeito da prolactina assuma seu papel de lactação e então o colostro se transforma em leite; o Em algumas semanas os níveis de prolactina voltam aos níveis não grávidos, mas a cada vez que a mãe amamenta, os sinais neurais do mamilo para o hipotálamo causam um pico de secreção de prolactina. • No leite materno, é possível encontrar hormônios como do crescimento, cortisol, paratormônio e insulina, os quais servem para nutrir o bebê. • Se o pico de prolactina estiver ausente, ou for bloqueado em decorrência de dano hipotalâmico ou hipofisário, ou se a amamentação não prosseguir, as mamas perdem a capacidade de produzir leite dentro de mais ou menos uma semana. No entanto, caso não haja nenhum dano, a produção de leite pode se manter por vários anos se a criança continuar a sugar. A atuação do hipotálamo: • O hipotálamo tem papel essencial no controle da secreção de prolactina, assim como dos outros hormônios hipofisários; no entanto, o hipotálamo essencialmente estimula a produção de todos os outros hormônios, mas efetivamente inibe a produção de prolactina; • Portanto, o comprometimento do hipotálamo ou bloqueio do eixo hipotalâmico-hipofisário, geralmente aumenta a secreção de prolactina, enquanto deprime a secreção dos outros hormônios hipofisários anteriores. A supressão dos ciclos ovarianos: • Na maioria das mulheres que estão amamentando, o ciclo ovariano (ovulação) não retorna até poucas semanas depois de ela parar de amamentar; • Isso acontece pois os mesmos sinais neurais das mamas que provocam a secreção de prolactina durante o ato de sugar, inibem a secreção do hormônio liberador de gonadotropina pelo hipotálamo; • Com o hormônio liberador de gonadotropina inibido, a formação dos hormônios luteinizante e folículo-estimulante é suprimida. • Após vários meses de lactação, especialmente em mulheres que amamentam seus bebês apenas parte do tempo, a hipófise começa a secretar hormônios gonadotrópicos suficientes para reestabelecer o ciclo sexual, embora a amamentação continue. OCITOCINA E A EJEÇÃO DO LEITE • O leite é secretado de maneira contínua nos alvéolos das mamas, mas não flui facilmente dos alvéolos para o sistema de ductos e, portanto, não vaza continuamente pelos mamilos; o Em vez disso, o leite precisa ser ejetado dos alvéolos para os ductos, antes de o bebê poder obtê-lo. Para isso, um reflexo neurogênico combinado com o hormônio ocitocina, causam essa ejeção. Como ocorre esse processo de “descida” na secreção de leite? • Após o bebê sugar, impulsos sensoriais são transmitidos através de nervos dos mamilos para o hipotálamo da mãe, onde desencadeiam sinais neurais que promovem a secreção de ocitocina pela hipófise posterior; • Com isso, a ocitocina faz com que as células mioepiteliais que estão contidas nas paredes dos alvéolos, se contraiam, transportando o leite dos alvéolos para os ductos. A sucção do bebê se torna efetiva a partir desse momento e o leite flui; • O ato de sugar uma mama faz com que o leite flua não só naquela mama, mas também na oposta. Quando a mãe pensa no bebê ou o escuta chorar, muitas vezes isso proporciona um sinal emocional suficiente para o hipotálamo provocar a ejeção de leite. A inibição da ejeção do leite: • Fatores psicogênicos ou até mesmo a estimulação generalizada do sistema nervoso simpático em todo corpo materno podem inibir a secreção de ocitocina e deprimir a ejeção do leite; • Por essa razão, muitas mães devem ter um período de ajuste após o nascimento, sem transtornos, para obter sucesso na amamentação. A composição do leite e a depleção metabólica na mãe: • No auge da lactação na mulher, 1,5 litro de leite pode ser formado a cada dia (e até mais se a mulher tiver gêmeos). Com esse grau de lactação, grande quantidade de energia é drenada e grandes quantidades de substratos metabólicos são perdidas da mãe; • Por isso, é extremamente importante que a mãe tenha uma dieta rica em nutrientes como vitamina D e tenha um débito de cálcio e fosfato; • Para suprir as necessidade de cálcio e fosfato, as glândulas paratireoides aumentam bastante e o ossos são progressivamente descalcificados; • Além de fornecer os nutrientes mostrados na tabela acima, o leite materno também fornece anticorpos como IgA e outros agentes anti-infecciosos como neutrófilos e macrófagos. o A proteção que o leite materno garante ao recém-nascido é muito importante, pois podem livrá-los de bactérias letais como a Escherichia coli. Quando o leite de vaca é usado para fornecer nutrição ao bebê no lugar do leite materno, os agentes protetores, no leite de vaca, geralmente são de pouco valor porque, normalmente, são destruídos em questão de minutos no ambiente interno do ser humano. Hiperprolactinemia: • É a alteração endócrina mais comum do eixo hipotálamo-hipofisário e pode ser a etiologia em 20% a 25% das pacientes com amenorreia secundária; Confira a tabela no final do resumo com as causas da hiperprolactinemia! CASO CLÍNICO Paciente do sexo feminino, 54 anos, parda, casada, empresária, católica, natural e procedente da cidade de Rio Real, Bahia, chegou no ambulatório de clínica médica para uma consulta de rotina após 5anos sem avaliação médica. Paciente se queixa que surgiu um nódulo duro na mama direita o qual vem aumentando nos últimos 6 meses. Exame geral sem alterações; Ao exame ginecológico, exame especular e toque vaginal sem alterações. Mamas simétricas, sem retrações e sem drenagem de secreções pelos mamilos, espontânea ou à pressão. Presença de nódulo de mais ou menos 6cm de diâmetro, localizado no quadrante lateral superior da mama direita, indolor a palpação e de consistência endurecida e fixo. Não se detecta linfonodomegalia à palpação das axilas. (1) Qual sua suspeita diagnóstica? (2) Qual exame deve ser realizado na paciente? (3) Como é o rastreio da doença suspeita? (4) Quais outros sinais e sintomas poderiam ser relatados pela paciente? (5) Foi solicitada a mamografia, porém a paciente questionou se não seria melhor realizar uma ultrassonografia pois relata que uma amiga falou que a mamografia dóimuito. Como orientar a paciente? RASTREIO • A mamografia, exame de rotina em mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama, é recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos. Fora dessa faixa etária e dessa periodicidade, os riscos aumentam e existe maior incerteza sobre benefícios. • Pacientes que possuem mais risco de desenvolver a doença: o História familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes dos 50 anos; o Câncer bilateral ou de ovário em qualquer idade; o História familiar de câncer de mama masculino; o Diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ; Confira a tabela no final desse resumo sobre recomendações do Ministério da Saúde para o rastreamento! SINAIS E SINTOMAS Recomenda que os seguintes sinais e sintomas sejam considerados como de referência urgente para serviços de diagnóstico mamário: • Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos; • Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual; • Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade; • Descarga papilar sanguinolenta unilateral; • Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos; • Homens com mais de 50 anos com tumoração palpável unilateral; • Presença de linfadenopatia axilar; • Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja; • Retração na pele da mama; • Mudança no formato do mamilo. Ultrassonografia x Mamografia • O Ministério da Saúde não recomenda a ultrassonografia como método de rastreamento do câncer de mama; • A USG é utilizada de modo complementar quando é indicada pelo laudo da mamografia; • No caso de jovens com lesão palpável abaixo de 30 anos que o câncer de mama é raríssimo, as sociedades médicas não recomendam a realização de mamografia de rotina nesta faixa etária. A grande limitação da mamografia nesta faixa etária é que, em geral, as mama das pacientes são extremamente densas, não permitindo a identificação de lesões ainda que elas estejam presentes, gerando o que chamamos de resultado falso negativo. MAMOGRAFIA • O mamógrafo é utilizado exclusivamente para estudar a anatomia da mama através dos raios-x. O princípio de formação de imagem é o mesmo do aparelho de radiografia, a ampola dentro do mamógrafo emite feixe de raios-X com maior penetração para interagir no tecido mamário; • Para melhorar a qualidade da imagem a mama é comprimida para se tornar uniforme e os tecidos ficarem totalmente visíveis na imagem mamográfica; • Existem dois posicionamentos básicos na mamografia, são eles: o Crânio Caudal; o Médio-lateral Oblíqua. BIRADS: • Breast Imaging Reporting and Data System: É uma classificação para diagnóstico no exame de mamografia. A classificação é dividida em sete categorias: • Em tais categorias, o risco de câncer é de: - 1 e 2: risco de 0%; - 3: risco de 0-2%; - 4: risco de 2-95%; - 5: >95% • A categoria Bi Rads 4 é a única que possui subdivisões, onde o diagnóstico pode possuir três tipos de achados suspeitos: (a) baixa suspeição, (b) média suspeição e (c) alta suspeição.