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Hemograma, anemia e linfadenopa0ias CURSO UNA-SUS Hemograma • O hemograma é como se fosse uma fotografia, nos dá informações sobre aquele momento específico do paciente; • Forma indireta de saber como está o funcionamento da medula óssea, pois essa é responsável pelo processo de origem dessas células (leucócitos, hemácias e plaquetas); • Nem sempre o funcionamento da medula óssea está alterado por uma doença hematológica específica; • Na grande maioria das vezes é uma reação do que está acontecendo no organismo do paciente, e é por isso que o hemograma nos dá um indício de alteração clínica naquele momento; • No hemograma, basicamente, temos três conjuntos de informações: • Eritograma: o Hematócrito (porcentagem da quantidade de hemácias); o Hemoglobina (porcentagem da quantidade de carreadores de oxigênio que está dentro das hemácias); o Índices hematimétricos: - VCM: Volume corpuscular médio das hemácias; - HCM: Concentração média das hemoglobinas; - CHCM: Concentração de hemoglobina corpuscular média; - RDW: Avaliação quantitativa do volume dessas hemácias no volume geral; • Leucograma: Quantidade de leucócitos totais (células de defesa); • Plaquetas: Envolvidas no processo de coagulação; MEDULA ÓSSEA • É um líquido contido dentro dos ossos longos, especialmente ossos como fêmur; • A medula óssea no adulto se concentra em maior quantidade nos ossos do quadril; • Quanto mais jovem o paciente, maior a quantidade de medula óssea, pois ele está em progressão e maturação do sistema imunológico e sistema hematopoiético em geral; • Com o aumento de idade, a quantidade de medula óssea irá diminuir por um processo de liposubstituição, ou seja, substituição da medula por gordura; • Por isso é comum que haja alterações específicas de hemograma em idosos. COMO É FEITO O HEMOGRAMA? • No hemograma vamos ter dois tipos de informações que serão complementares: a quantidade e a qualidade dessas células; • Em cada hemograma temos informações sobre a morfologia das células. Como isso é feito? • Depois da coleta de sangue periférico, essa coleta é passada por uma máquina que conta o número das células. Complementando essas informações de quantificação, a amostra de sangue é colocada numa lâmina de vidro e é feito uma distensão específica (coloração) para observar no microscópio se o formato dessas células está alterado; • A microscopia ótica serve basicamente para avaliar de diferentes maneiras (diferentes aumentos) as células coletadas no sangue periférico, para que possa ser visualizada da forma melhor e mais específica. Anemia • A anemia é definida pela OMS quando as dosagens de hemoglobina são inferiores a o 13 g/dL em homem; o 12 g/dL em mulheres; o 11 g/dL em crianças e gestantes. • A hemoglobina sofre variações estatísticas de acordo com sexo, raça, faixa etária, altitude, atletas, tabagistas e estudo retrospectivo de hemogramas CASO CLÍNICO Rita de Cássia, 37 anos, casada, branca, empregada doméstica e moradora da periferia. Vem apresentando há muito tempo dor de cabeça, sonolência, palpitações, falta de ar, cansaço aos moderados esforços, queda de cabelo e tontura com sensação de perda de equilíbrio. Percebe que seu rendimento nas atividades domésticas não é mais o mesmo. No mês passado necessitou procurar atendimento na UPA por dor no peito e dispneia temendo ser um infarto, mas os exames direcionados a queixa não evidenciaram o problema. Toma regularmente anti-inflamatórios para dor. Tem antecedente de sangramento menstrual disfuncional devido a um mioma uterino, gastrite confirmada por endoscopia e hemorroidas das quais seguidamente percebe sangue vivo nas fezes. Não vem fazendo nenhum acompanhamento médico por falta de tempo e por não conseguir marcar consulta na UBS. O exame físico evidencia: - PA de 130/90mmHg; - FC de 128bpm; - FR: 25 mrpm; - Palidez conjuntival e unhas quebradiças; - Cardiovascular com sopro ejetivo III/VI; - Pulmões com auscultas normais; - Abdômen sem alteração. - Hemograma: Eritrócitos 2.900.000 mm3/Hb, 6,6g/dL, Ht 18%, RDW 19% e plaquetas elevadas. • Diagnóstico provável: Anemia ferropriva; • Sinais e sintomas: Dor de cabeça, sonolência, palpitações, falta de ar, queda de cabelo, tontura, dor no peito, palidez conjuntival, unhas quebradiças e sopro cardíaco; o Os eritrócitos encontram-se bem abaixo do nível, hemácias volumosas, FR elevada e FC elevada; • Exames: Além do hemograma, ferritina, TIBC e saturação de transferrina; • Tratamento: Sulfato ferroso associado a vitamina C. EXEMPLOS DE ANEMIAS • Microcíticas: anemia por deficiência de ferro, anemia de doença crônica, anemia sideroblástica, talassemia, traço falcêmico, toxicidade pelo alumínio e toxicidade pelo chumbo; • Normocíticas: anemia por doença crônica, anemia por perda de sangue esferocitose, hemoglobinopatias, anemia de doença renal crônica, esplenomegalia, Micoplasma, idiopática; • Macrocíticas megaloblásticas: deficiência de vitamina B12 e deficiência de ácido fólico; • Macrocíticas não megaloblásticas: alcoolismo, hipotireoidismo, hepatopatia e o uso de alguns medicamentos. anemia ferropriva • A deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia no mundo; • O ferro é essencial ao metabolismo e é adquirido através da dieta alimentar; assim, ele é absorvido no duodeno e jejuno e armazenado no fígado, baço e na medula óssea sob a forma de ferritina e hemossiderina. CAUSAS • Subdesenvolvimento: Países de terceiro mundo e até mesmo subdesenvolvidos que não possuem saneamento básico e estão em situação de vulnerabilidade social; • Deficiência nutricional: falta desse elemento na dieta, como na dieta vegetariana, absorção inadequada da vitamina C; • Gestação: Necessidade inerente do período (parto e lactação); • Crianças alimentadas por leite de vaca apresentam perda crônica de sangue nas fezes; • Sangramento urogenital: sangramento fora do período menstrual em mulheres de idade fértil (menorragia), mulheres que fazem uso de dispositivo intrauterino perdem mais sangue do que aquelas que usam anticoncepcional; • Sangramento gastrointestinal: Uso crônico de ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios, carcinoma de cólon, carcinoma gástrico, úlcera gástrica benigna, carcinoma de esôfago, esofagite, angiodisplasia; • Má absorção intestinal: Doença celíaca, gastrectomia total ou parcial e pessoas submetidas a cirurgia bariátrica. • Parasitoses intestinais: Necator americanos, Ancylostoma duodenale, Schistosoma mansoni e Trichuris trichiura; • Hemodiálise • Doações de sangue: coletas frequentes; • Causas desconhecidas; SINTOMAS • Cansaço, fraqueza e sonolência excessiva; • Intolerância aos esforços, letargia; • Dispneia (falta de ar) progressiva; • Ortopneia (desconforto ao respirar na posição deitada); • Palpitações, sopro cardíaco e angina; • Claudicação intermitente (dor nas pernas por pouco fluxo sanguíneo ao fazer exercícios); • Disfagia (dificuldade na deglutição); • Perversão do apetite (vontade de ingerir alimentos não convencionais, como gelo, papel, terra etc.); • Pagofagia (comer gelo); • Cefaleia, zumbidos; • Perda da libido; • Sintomas na criança: Irritabilidade, disfunção cognitiva e diminuição de desenvolvimento do ciclo motor. SINAIS • Queda de cabelo; • Palidez conjuntival; • Glossite (inflamação ou infecção da língua com perda das papilas gustativas); • Queilite angular (popularmente chamada de “boqueira”, é a inflamação das comissuras da boca); • Palidez nas palmas das mãos; • Unhas friáveis, quebradiças; • Coiloníquia (encurvamento das unhas por falta de nutrientes); • Síndrome de Paterson-Kelly ou Plummer Vinson (rara condição caracterizada por crescimento de tecido no esôfago, bloqueando,total ou parcialmente, a luz esofágica); • Anemia retiniana; • Telangiectasia. (vasos muito finos existentes na superfície da pele e que são conhecidos como “vasinhos”); DIAGNÓSTICO • Hemograma completo; • Contagem de plaquetas; • Esfregaço ou lâmina de sangue periférico; • Ferritina sérica; • Contagem de reticulócitos; • Saturação de transferrina; • Capacidade total de ligação do ferro (TIBC); • Exames simples de urina; • Exame parasitológico de fezes; o Pesquisa de sangue oculto nas fezes; • Outros exames a se considerar são: o Endoscopia do trato digestivo alto; o Considerações prát icas sobre a dosagem de ferro e ferrit ina: • Ferro: o Pouco sensível para diagnóstico; o Sofre variação circadiana; o Sofre variação pela ingesta oral na última semana; o Deve estar presente para fins de cálculo de saturação da transferrina; • Ferritina: o Mais sensível e específica quando diminuída; o Reflete a quantidade de ferro armazenada; o Aumenta nas doenças crônicas e algumas neoplasias; O QUE ESPERAR DOS EXAMES? • VCM: abaixo de 80 fL; • CHCM: abaixo de 32 g/dL; • HCM: abaixo de 24 pg; • RDW: acima de 14%; • Plaquetas elevadas; • Reticulócitos baixos; • Ferro sérico diminuído; • Capacidade total de ligação do ferro aumentada; • Saturação de transferrina baixa; • Ferritina sérica baixa; • Esfregaço de sangue periférico: microcitose (hemácias abaixo do tamanho normal), hipocromia (taxa de hemoglobina baixa), eliptócitos (eritrócitos em forma oval), células em alvo e dacriócitos (eritrócitos em forma de gota); • Exame de urina: hematúria pode estar presente se a causa do sangramento for do trato urinário. TRATAMENTO • Sulfato ferroso combinado com vitamina C; o A hemoglobina deve aumentar 1g/dL/semana; o A resposta ocorre em 2 ou 3 semanas; o Manter por 4 a 6 meses; o A ferritina do paciente tratado deve atingir 50ng/mL em adultos; o Em crianças deve tratar de 3 a 4 meses ou por mais 2 meses quando houver a normalização da hemoglobina; o Para confirmação das normalização das reservas, deve ser feito um intervalo de 7 dias após a administração do fármaco; • Reposição parenteral de ferro; o Indicado para pacientes que não toleram os efeitos gastrointestinais; o Incapacidade de inferior o comprimido; o Má absorção; o Deficiência grave de ferro; o Perda de sangue maior que a absorção; o Diálise; o A aplicação pode ser endovenosa ou intramuscular, mas o recomendado é dar preferência à aplicação endovenosa, pois a intramuscular é dolorosa, lenta, errática e pode provocar impregnações no local aplicado, gerando manchas que persistem por muito tempo na pele. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • No caso da talassemia associada ao VCM baixo: o VCM abaixo de 70 fl; o RDW diminuído ou normal; o Solicitar eletroforese de hemoglobina, que se mostra elevada; o Sobrecarga do metal com dano tecidual; CASO CLÍNICO Dona Neusa, 65 anos, viúva e dona de casa. Vem trazida a UBS pela filha para reconsulta. Informa que sua mãe anda muito cansada, com falta de ar e com dificuldade para caminhar há alguns meses. Não deu muita importância no início do quadro, porque a mãe vive reclamando de alguma coisa logo depois ficou viúva. Diz que nesta semana ela se queixou de dormência nas mãos e nos pés. Não tem tolerado comer carne, porque além da falta de alguns dentes, sente dificuldade na deglutição. O humor tornou-se deprimido e só quer ficar deitada. Perdeu a vontade de sair de casa e até para frequentar a oficina de artesanato da associação de moradores que gosto muito. É portadora de vitiligo desde a juventude e acha que o problema tem até piorado. Ao exame, mucosas descoradas +++/++++; Icterícia com vitiligo no tórax e pernas; coração com ritmo regular e sopro sistólico um foco mitral III/VI; Pulmões limpos; Abdômen sem alteração; neurológico com alteração na marcha e no equilíbrio; Psiquismo com inventário para depressão de Beck confirmatório. Exames laboratoriais: - Hemograma: Hb 8mg/dL, Ht 27%, VCM 120 fl, HCM 20pg/dL, CHCM 34g/dL com leucócitos normais; - LDH de 1200 U/L; - Glicemia de jejum 99 mg/dL; - Creatinina 1,3mg/dL; - TSH normal; - Colesterol e triglicerídeos normais; - Vitamina B12 e ácido fólico baixos; - Raio-X de tórax e eletrocardiograma normais. • Hipótese mais provável: Anemia perniciosa e por deficiência de folato; • Qual a melhor forma de tratamento? Associação parenteral de vitamina B12 e ácido fólico via oral. • Conceitos: o Anemia Macrocítica megaloblástica: Cursa com o aumento de VCM; o diagnóstico é baseado no esfregaço sanguíneo periférico; é uma doença caracterizada por grandes glóbulos vermelhos ovais, imaturos e disfuncionais devido a síntese defeituosa de DNA, resultando numa célula maior com núcleo menor; o Vitamina B12: é encontrada apenas em alimentos de origem animal como carne, ovos, leite e seus derivados; no estomago sofre ação do ácido gástrico e da pepsina; no duodeno, o fator intrínseco carrega a vitamina B12 para o íleo distal para a sua absorção; Pessoas submetidas a cirurgia bariátrica tem o esgotamento mais rápido das reservas dessa vitamina; • Causas de deficiência de vitamina B12: o Dieta deficiente como a dieta vegetariana; o Defeitos inatos como ausência congênita do fator intrínseco; o Funcionamento anormal do fator intrínseco; o Efeitos do metabolismo da vitamina; o Uso de medicamentos anticonvulsivantes, contraceptivos orais, metformina; o Má absorção; o Gastrectomia total ou parcial; o Doenças que afetam o íleo terminal; o Infecção bacteriana do intestino delgado; o Ressecção intestinal; - Doença de Crown; - Síndrome da alça cega; anemia perniciosa • Também chamada de anemia megaloblástica por deficiência da vitamina B12; • Origem hereditária e autoimune; • Se desenvolve a partir da terceira década de vida, porém tem incidência maior por volta dos 60 anos; • É mais comum em mulheres; • Relaciona-se com uma deficiência de fator intrínseco, como a correspondência de anticorpos contra as células parietais e contra o fator intrínseco; • Doenças associadas: o Mielose funicular; o Gastrite atrófica; o Helicobacter pylori; o Adenocarcinoma gástrico; o Tireoidite de Hashimoto; o Vitiligo; o Doença de Graves. SINAIS E SINTOMAS • Parestesias nas mãos e pés (sensação anormal na pele como calor, formigamento, adormecimento, pressão etc.); • Propriocepção diminuída; • Hiperreflexia patelar; • Alteração na gustação; • Alteração no olfato; • Diminuição da memória; • Palpitações; • Dor precordial (dor no peito); • Astenia (perda ou diminuição da força física); • Fraqueza. • Palidez cutânea; • Glossite; • Icterícia. DIAGNÓSTICO Critérios e valores laboratoriais de referência para o diagnóstico e seguimento da anemia por deficiência de vitamina B12; • Hemograma: VCM > 101; • Lâmina de sangue periférico: hipersegmentação dos neutrófilos; • Dosagem de vitamina B12: o Níveis: < 200 ng/mL: confirma; = 200 /mL até 300 ng/mL: inconclusivo; > 300 ng/mL: exclui; TRATAMENTO • Reposição parenteral intramuscular de vitamina B12 é a mais eficaz e recomendada; • Aplica-se 1000 ug/dia por 7 dias, seguidos de 1000 ug/semana por 4 semanas; • Após 1000 ug/mês indefinidamente; • Deve-se fazer a dosagem de potássio nas primeiras 48 horas pelo risco de retenção que poderá descompensar uma pessoa com cardiopatia; • A melhora do quadro é observada em 2 meses. Considerações sobre o ácido fól ico; • Também chamado de folato; • Sua principal fonte são os vegetais verdes, frutas, carnes e alimentos enriquecidos; • Estão envolvidos na síntese de purinas, e pirimidinas constituintes do DNA; • Indispensável na formação do sistema nervoso fetal; • Tem como local de absorçãoo duodeno e o jejuno proximal; • O alcoolismo interfere na absorção e na reabsorção êntero hepática; • Suas reservas encontram-se no fígado e duram em torno de 5 meses. • Causas da deficiência: o Nutrição deficiente; o Alcoolismo; o Pobreza; o Dificuldade na absorção; o Defeito no metabolismo; o Lactentes alimentados com leite de cabra; o Doença celíaca; o Espru tropical: é uma doença rara que desenvolve anormalidades no revestimento do intestino delgado, provocando má absorção e deficiências de muitos nutrientes; o Psoríase: Doença na qual as células da pele se acumulam e formam escamas e manchas secas que causam coceira; o Necessidades aumentadas (gravidez); o Uso de fármacos (metotrexato, trimetoprim, anticonvulsivantes, anticoncepcionais). • Sintomas e sinais: Provoca os mesmos sintomas e sinais da deficiência de vitamina B12; A única exceção é que a deficiência de folato não provoca sintomas neurológicos. • Tratamento: o Comprimido de ácido fólico até melhora do quadro; pode se chegar a 10mg/dia na homocistinúria; o A reposição de ácido fólico está indicada na pré gestação até o final da terceira semana de gravidez como um importante preventivo de anomalias congênitas do tubo neural; o Lembrar que a deficiência da vitamina B12 deve ser sempre descartada antes do início do tratamento com folato. O ácido fólico pode aliviar a anemia por deficiência de B12, mas não revertera os déficits neurológicos. • Laboratório: o Solicitar sempre a dosagem sérica de ambas as vitaminas na avaliação laboratorial inicial: o Dosagem sérica de folato: < 2 ng/mL: confirma; = 2 ng/mL: inconclusivo; > 2 ng/mL: exclui; Hemocisteína sérica elevada. • A deficiência combinada de folato e B12 requer um tratamento concomitante. anemia falciforme • É uma das formas de anemia hemolítica crônica; • Doença hereditária, multissistêmica, crônica e autossômica; • Indivíduos heterozigotos não desenvolvem a doença; • Ocorrem quase que exclusivamente em afrodescendentes; • Provocada por uma modificação estrutural do DNA da hemoglobina normal (HbA), por substituição na posição 6 do AA ácido glutâmico pela valia da cadeia B, gerando a mutação com predomínio da hemoglobina S (HbS); • Herdam dos pais genes que podem gerar traço falcêmico (HbA-HbS) ou produzir a doença falciforme propriamente dita (HbS-HbS); • O gene HbS se combinado com outras anormalidades hereditárias como as beta talassemias, HbC HbD e gerar várias combinações da doença falciforme; • O início da doença ocorre no primeiro ano de vida, quando há uma diminuição da hemoglobina fetal (HbF) que confere certa proteção; • Apresenta vantagem evolutiva em relação à malária. CASO CLINICO anos, afrodescendente, é trazida às pressas para atendimento não emergência do Hospital Santa Cordelina, em São Luiz Gonzaga, por dor abdominal súbita e intensa, enquanto estava no seu turno de trabalho como https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/m%C3%A1-absor%C3%A7%C3%A3o/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-m%C3%A1-absor%C3%A7%C3%A3o https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/m%C3%A1-absor%C3%A7%C3%A3o/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-m%C3%A1-absor%C3%A7%C3%A3o operadora de caixa em mercado. Pela escala analógica da dor, apresentou classificação 5/10. Ao exame físico: - Os sinais vitais estavam estáveis; - Mucosas hipocoradas e ictéricas; - Pulmões limpos; - Abdômen distendido com dor difusa à palpação. Foram solicitados exames complementares e prontamente recebeu tratamento para dor. O hemograma mostrou achados compatíveis com anemia microcítica e hipocrômica e os demais exames laboratoriais com resultados normais. O exame radiológico não evidenciou anormalidades e, tampouco, a ecografia abdominal. Em seguida foi liberada para casa sem dor e orientada a procurar a UBS mais próxima da sua casa para continuidade do tratamento. Dentre as causas de dor abdominal em portadores de doença falciforme quais achados poderão ser encontrados? A dor pode ocorrer de forma aguda e difusa. Podem estar presentes sinais de irritação peritoneal que podem corresponder a isquemia e a microinfartos mesentéricos. Achados de colelitíase e coledocolitiase por bilirrubinato de cálcio são comuns; Segundo o protocolo da dor preconizado pelo Ministério da Saúde, qual o plano analgésico para a usuária? Inicia-se dipirona de 4/4h associado a diclofenaco VO de 8/8h. Se, após 24h não tiver mais dor, retirar o diclofenaco e manter a dipirona. Em caso de retorno da dor, retornar ao diclofenaco e buscar emergência de referência. FISIOPATOLOGIA • Hemácias falciformes passam pelo processo de hemólise crônica intravascular às custas do aumento da bilirrubina indireta e consequente icterícia. Desencadeiam o fenômeno de vasos oclusivos pela adesão das hemácias ao endotélio vascular que provocam dor no órgão alvo acometido, isquemia e necrose tecidual. Possuem a meia vida curta e são fagocitadas pelos macrófagos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Síndrome mão-pé: Pode ser o primeiro episódio de oclusão de vasos na infância. o Episódio agudo que pode ser recorrente; o Síndrome extremamente dolorosa; o Edema no dorso das mãos e pés com dactilite associada; o Dura de 1 a 2 semanas. • Síndrome torácica aguda: É a maior causa de morte por anemia falcêmica; o Instalação abrupta; o Apresenta febre, hipoxemia, taquipneia, tosse, dor pleurítica, leucocitose; o O raio-x apresenta infiltrado pulmonar difuso; o Os germes que mais acometem indivíduos que possuem a síndrome são: Streptococcus, Micoplasma e clamídia; • Dor abdominal: dor difusa e aguda, sinais de irritação peritoneal, isquemia e microinfartos mesentéricos, hepatomegalia, colelitíase e coledocolitiase por cálculos de bilirrubinato de cálcio, icterícia, elevação das bilirrubinas, transaminases e g-glutamina mil transferase; • Úlcera perimaleolares: úlceras encontradas nas pernas, associadas à pele ressecada, pequenos traumatismos, picadas de insetos; o Apresentam-se como úlceras rasas, comumente localizadas nos maléolos e são recorrentes; • Complicações renais: Necrose de papila renal com comprometimentos obstrutivos pelo seu deslocamento; o Perda da capacidade de concentrar a urina (isostenúria); o Hematúria grosseira; o Glomérulo esclerose focal e segmentar; o Rins de tamanhos aumentados; o Insuficiência renal crônica. • Priapismo: Ereção prolongada do pênis, geralmente sem excitação sexual. o Na maioria das vezes é de curta duração; o Pode ser recorrente; o Pode ocorrer durante o sono; o Se permanecer mais do que 24h, associa-se à impotência sexual; o Desenvolvimento de algum grau de impotência no futuro. • Gravidez: É de alto risco, pois pode ter aborto espontâneo por insuficiência ultra placentária; o A gestante deve ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar; o Consultas frequentes em ambulatório de alto risco; o Suplementação com ácido fólico. • Acidente Vascular Cerebral (AVC): Acomete as artérias do polígono de Willis e carótidas internas; o Infartos silenciosos e recorrentes; o AVC isquêmico em crianças; o AVC hemorrágico em adultos; o Aneurismas; o Evolui com sequelas neurológicas. INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL Exames complementares empregados para o diagnóstico e seguimento da anemia falciforme: • Diagnóstico: o Teste do pezinho; o Hemograma; o Contagem de reticulócitos; o Plaquetas; o Eletroforese de hemoglobina; o Esfregaço de sangue periférico. • Seguimento: o Bilirrubinas; o Transaminases; o Fosfatase alcalina; o Gama GT; o VSG; o Investigação familiar sempre que possível. TRATAMENTO • Vacinação antipneumocócica contra H. influenza e Hepatite B; • Ácido fólico 5mg/dia; • Transfusões de sangueespecíficas e criteriosas; • Hidroxiuréia com dose de 5 a 35mg/Kg obedecendo as doses de ataque; • Esplenomegalia em pessoas com recidiva de sequestro esplênico; • Colecistectomia em pessoas sintomáticas. DOR • É o principal motivo que leva uma pessoa com anemia falciforme a procurar atendimento médico; • Na admissão fazer coleta de exames laboratoriais e radiografia de tórax; • Proceder a uma hidratação parenteral; • Suplementar oxigênio se a saturação em ar ambiente for menor que 92%.
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