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Após diversos pedidos de alunos, resolvi ceder e elaborar este Ebook. Espero poder auxiliar você em seus estudos, de forma objetiva e descomplicada. Aqui apresento os principais temas cobrados em provas de concursos e provas para o Exame da OAB. Trago as divergências mais cobradas e alguns "pulos do gato" na hora de estudar a matéria, isso já contando com as modificações trazidas pelo Pacote Anticrime. Qualquer dúvida pode entrar em contato nas minhas redes sociais. Ah, não esquece de fazer parte do meu grupo privado do Telegram, lá eu disponibilizo muito material, insights e dicas de Direito Penal. No rodapé de todas as páginas deste ebook tem um link direto para você participar e também me seguir nas redes sociais. Espero que você goste, Abraço, Prof. Claudia Serpa SOBRE A AUTORA Saiba mais nas minhas redes: Advogada. Mestre em Direito pela Universidade Estácio de Sá. Especialista em Direito Público e Privado pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. Graduada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora de Direito Penal nos cursos de graduação e pós-graduação de Instituições reconhecidas nacionalmente. https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/?epa=SEARCH_BOX https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/?hl=pt-br https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew/videos https://t.me/professoraclaudiaserpa S U M Á R IO I. LEI PENAL NO TEMPO Tempo do crime Teoria da Atividade Teoria do Resultado Teoria da Ubiquidade Extra atividade da Lei Penal: Ultratividade e Retroatividade Combinação de Leis II. LEI PENAL NO ESPAÇO Extraterritorialidade (condicionada e Incondicionada) Princípios aplicados à Extraterritorialidade Conflito aparente de normas III. NORMA PENAL EM BRANCO Norma penal em branco homogênea/ sentido amplo/ complementação homóloga ou imprópria Norma penal em branco heterogênea/ sentido estrito/ complementação heteróloga ou própria 9 9 9 10 11 14 17 18 19 25 26 DIRE I TO PENAL DESCOMPL ICADO Saiba mais nas minhas redes: https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/?epa=SEARCH_BOX https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/?hl=pt-br https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew/videos https://t.me/professoraclaudiaserpa S U M Á R IO IV. DA CONDUTA Teorias da Conduta conduta dolosa ou culpasa Conduta comissiva (positiva) e omissiva (negativa) Dos Crimes comissivos e omissivos (próprios e impróprios) A ausência da conduta: coação física irresistível, movimentos reflexos, e estados de inconsciência Fases de realização da ação V. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE Teoria da equivalência dos antecedentes causais ou da conditio sine qua non Processo Hipotético de eliminação de Thyrén Causa: conceito e espécies Nexo causal da omissão Teoria da imputação objetiva 30 31 31 32 32 33 35 36 37 41 41 43 44 45 DIRE I TO PENAL DESCOMPL ICADO Saiba mais nas minhas redes: VI. DO TIPO DOLOSO Conceito de dolo Teorias do dolo Espécies de dolo https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/?epa=SEARCH_BOX https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/?hl=pt-br https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew/videos https://t.me/professoraclaudiaserpa S U M Á R IO VII. DO TIPO CULPOSO Conceito e elementos do delito culposo Crime cuposo como crime de tipo aberto Culpa Consciente e Culpa Inconsciente Diferença entre culpa Consciente e Dolo Eventual Culpa Imprópria A Tentativa nos crimes Culposos VIII. CRIMES PRETERDOLOSOS 47 50 50 51 51 52 55 56 57 57 58 59 60 DIRE I TO PENAL DESCOMPL ICADO Saiba mais nas minhas redes: IX. ITER CRIMINIS Tentativa Desistênca voluntária e arrependimento eficaz Arrependimento posterior Crime impossível (Teoria Subjetiva e Objetiva) Absoluta ineficácia do meio e absoluta impropriedade do objeto Crime impossível e a Súmula 145 do STF Diferença entre crime impossível e crime putativo 53 https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/?epa=SEARCH_BOX https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/?hl=pt-br https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew/videos https://t.me/professoraclaudiaserpa S U M Á R IO X. ILICITUDE Causas de exclusão da ilicitude Princípio da Razoabilidade Legítima defesa Estrito cumprimento de dever legal Exercício regular de um direito XI. ERRO DE TIPO Erro de tipo essencial Erro de tipo acidental Erro provocado por terceiro Descriminantes putativas 61 65 65 73 75 78 78 80 81 83 84 87 88 DIRE I TO PENAL DESCOMPL ICADO Saiba mais nas minhas redes: XII. CULPABILIDADE Imputabilidade Excludentes legais da culpabilidade Coação moral irresistível e obediência hierárquica Inexigibilidade de conduta diversa como causa supralegal de exclusão da culpabilidade https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/?epa=SEARCH_BOX https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/?hl=pt-br https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew/videos https://t.me/professoraclaudiaserpa S U M Á R IO XIV. CONCURSO DE AGENTES Conceito e requisitos Coautoria Autoria mediata - hipóteses Partícipes e espécies de participação 89 90 90 91 94 95 95 97 97 99 102 103 105 110 DIRE I TO PENAL DESCOMPL ICADO Saiba mais nas minhas redes: XV. CONCURSO DE CRIMES Conceito Concurso material ou real Concurso formal Crime continuado XIII. ERRO DE PROIBIÇÃO Erro de proibiçõ direto, indireto e mandamental Erro de proibição escusável e inescusável Diferença entre erro de tipo e de proibição XVI. ESPÉCIES DE PENA Penas privativas de liberdade Penas restritivas de direito Pena de multa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/?epa=SEARCH_BOX https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/?hl=pt-br https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew/videos https://t.me/professoraclaudiaserpa XVII. LIVRAMENTO CONDICIONAL Conceito Características (Liberdade antecipada, condicional e precária). Natureza jurídica. Diferença entre SURSIS e Livramento condicional Juízo competente Requisitos objetivos Requisitos Subjetivos Rito do livramento condições para concessão Revogação do Livramento Suspensão do Livramento Prorrogação do período de prova Extinção da pena XVIII. CRIMES EM ESPÉCIE Dos crimes contra a vida Dos crimes contra a honra Dos crimes contra o patrimônio Dos crimes contra a dignidade sexual Dos crimes contra a paz pública Dos crimes contra a fé pública Dos crimes conta a administração pública Dos Crimes praticados por particular conra Administração Pública S U M Á R IO 114 114 115 115 115 117 118 119 121 123 123 123 125 167 180 214 227 234 241 250 DIRE I TO PENAL DESCOMPL ICADO Saiba mais nas minhas redes: https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/?epa=SEARCH_BOX https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/?hl=pt-br https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew/videos https://t.me/professoraclaudiaserpa 9 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO I. LEI PENAL NO TEMPO Tempo do crime No Direito Penal, ao contrário do que se estuda nos demais ramos do Direito, nem sempre se aplica aquilo que chamamos de tempus regit actum (ou seja, a norma aplicada será aquela vigente na data da prática do fato). Isso porque, pela regra da retroatividade mais benéfica, se na data do julgamento, houver uma lei mais benéfica do que a vigente na data do fato, a lei em vigor retroagirá para beneficiar o réu. Caso contrário, se na data do fato houver uma lei mais benéfica do que a lei vigente na data do julgamento, ela produzirá efeitos ultra ativos e será aplicada a lei vigente na data do fato, mesmo se ela já estiver revogada. Existem três teorias acerca do tempo do crime: teoria da atividade,teoria do resultado e teoria mista ou da ubiquidade: a) Teoria da atividade – para essa teoria, o tempo do crime é o momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Essa é a teoria adotada pelo Código Penal. É a regra do tempus regit actum https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 10 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO b) Teoria do resultado – aqui, o tempo do crime seria aquele no qual seria aplicável a lei vigente no do momento do resultado c) Teoria da ubiquidade – para essa teoria, o tempo do crime seria o da ação ou omissão, bem como o momento do resultado. No entanto, convém analisar, no âmbito da Classificação Doutrinária de Crimes, o que ocorre com os crimes permanentes e os crimes continuados. Crime permanente é aquele cuja consumação se alonga no tempo, ou seja, o momento consumativo não se esgota em único ato, ou seja, o bem jurídico tutelado é violado de forma duradoura, renovando-se a consumação do delito a cada momento. Já o crime continuado é uma espécie de concurso de crimes, prevista no art. 71 do Código Penal, no qual o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, mas desde que demonstrado o nexo de continuidade e outros requisitos de ordem objetiva (mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução...), deverá ser feita a exasperação ao invés de ser aplicado o cúmulo material. Para se explicar como seria feita a aplicação da lei penal em crimes permanentes e crimes continuados em caso de sucessão de leis penais no tempo, o STF editou a confusa Súmula 711 que dispõe o seguinte: “A lei penal mais grave https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 11 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. Em se tratando de crime permanente, deve-se observar o seguinte: a lei que deverá ser aplicada será aquela que estiver vigente no momento em que cessar a permanência. Assim, no caso de um sequestro, se no momento da privação da liberdade da vítima, estiver em vigor uma lei mais branda, mas quando da libertação da vítima, houver um a lei mais, grave, aplica-se a lei mais grave, uma vez que a execução do crime persistiu até a entrada em vigor da lei mais grave. No caso do crime continuado, a explicação mais detalhada ocorrerá no momento do estudo do concurso de crimes, mas já é possível adiantar que temos nada mais nada menos do que a estrita aplicação do que dispõe o próprio artigo 71 do Código Penal. Extra atividade da lei penal: ultratividade e retroatividade Chama-se extra atividade da lei penal a sua capacidade de se movimentar no tempo. Ela pode regular fatos ocorridos durante a sua vigência se já tiver sido revogada bem como poderá retroagir a situações anteriores à sua vigência, desde que favoráveis ao réu. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 12 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO A ultratividade permite que a lei, mesmo depois de revogada, continue regulando fatos ocorridos na sua vigência. Um ótimo exemplo diz respeito à lei 11.343/2006, com relação ao tráfico de drogas. Na lei revogada, lei 6368/76, o tráfico era punido com uma pena de 3 a 15 anos. Na atual lei, o tráfico é punido com uma pena de 5 a 15 anos, sendo portanto, crime mais grave. Assim, se o fato foi praticado na vigência da Lei 6368/76, mesmo após revogada, poderá ser aplicada uma vez que mais benéfica do que a atual lei. Na retroatividade temos exatamente o contrário. Uma lei penal posterior, estabelece um crime menos grave e que, por ser mais benéfica, alcança fatos passados, ainda que já tenha uma sentença transitada em julgado. Como exemplo, é possível mencionar a Lei 13.654/18 que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal. O dispositivo revogado trazia uma causa especial de aumento de pena caso houvesse violência ou ameaça exercidas com emprego de arma. Apesar de a doutrina divergir com relação ao alcance daquilo que poderia ser considerado arma, prevalecia o entendimento mais amplo, ou seja, armas de fogo e qualquer objeto que fosse utilizado com capacidade de intimidar, ferir. O legislador, no mesmo diploma alterador, inseriu o § 2º- A ao art. 157, que, no inciso I, traz uma causa de aumento de pena se a violência ou a ameaça é exercida com emprego de arma de fogo. O legislador optou excluir da abrangência da https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 13 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO majorante a chamada arma imprópria ou seja, objetos que, apesar de poderem utilizados para intimidar, não foram concebidos com esta finalidade. Assim, não mais incide a majorante da pena do roubo o emprego de facas, cacos de vidro, etc. Esses objetos caractetrizam a grave ameaça, elementar do roubo, mas não tem mais a natureza de majorante. A utilização de tais objetos agora será levada em consideração pelo magistrado na aplicação da pena base, quando da análise das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP. Assim, estamos diante de lei mais benéfica que deve retroagir para retirar a majorante relativa aos roubos cometidos com objetos que sejam armas impróprias. A expressão em latim novatio legis significa lei nova. Pode ser para prejudicar o réu, e por isso possui o nome de novatio legis in pejus, ou pode ser para beneficiar, que receberá o nome de novatio legis in mellius. Já a expressão Abolitio Criminis significa que uma a conduta deixa de ser considerada criminosa. O Código Penal traz a hipótese de abolitio criminis, que tem natureza de causa de extinção da punibilidade em seu art. 2º. Além disso, desaparecem todos os efeitos penais da sentença condenatória (o nome do agente deve ser retirado do rol dos culpados, não pode se considerar para fins de reincidência, nem mesmo maus antecedentes), permanecendo apenas os efeitos civis. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 14 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Combinação de leis Seria possível o juiz, ao perceber que uma lei tem uma parte mais benéfica e outra prejudicial ao acusado, realizar a combinação de leis, de forma que a norma vise uma aplicação mais benéfica ao réu? O STF entende que não é possível haver combinação de leis. Essa violaria o princípio da separação dos poderes, uma vez que o judiciário não pode agir como legislador positivo. O STJ, com relação à lei de drogas também sumulou o tema com relação à Lei de Drogas e consequentemente afastou a possibilidade de combinação de leis. De acordo com o que dispõe a Súmula 501 do STJ, é cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. Essa súmulafoi editada porque a Lei 11.343/2006 trouxe uma causa de diminuição de pena que não existia na revogada Lei 6368/76 para o tráfico no caso de criminoso ser primário, de bons antecedentes, que não se dedicar a atividades criminosas e nem integrar organização criminosa. Muitos então sustentaram que se o fato tivesse sido praticado na vigência da Lei 6368, mas se o acusado https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 15 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO preenchesse o disposto no art. 33§4º, seria possível aplicar a causa de diminuição de pena da nova lei ao crime previsto na Lei 6368. O STJ então se manifestou no sentido da impossibilidade de combinação de leis, de forma que deveria ser verificada qual a norma mais benéfica, sem fracionamento dos seus dispositivos. II. LEI PENAL NO ESPAÇO Agora que você já é capaz de identificar o tempo do crime, ou seja, qual lei será aplicada ao caso concreto, deverá então verificar a limitação do campo de validade da lei penal. A regra é que seja aplicada a territorialidade, prevista no art. 5º do Código Penal. O Brasil adota a teoria da territorialidade temperada, ou seja, a lei nacional se aplica aos fatos praticados no Brasil, mas excepcionalmente permite a aplicação da lei estrangeira quando for estabelecido de forma diversa em algum tratado ou convenção internacional. O art. 5º §1º traz o conceito do que é considerado extensão do território nacional. Assim temos que também será considerado território nacional embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem. Assim, se alguém, em uma aeronave oficial vier a cometer um crime, ainda que esteja em território chinês, responderá segundo a lei brasileira. O mesmo artigo também determina a aplicação da lei brasileira https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 16 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO caso o crime aconteça no interior de embarcações ou aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada se estiverem em alto mar ou em espaço aéreo correspondente ao alto mar. Logo, se no interior de uma aeronave de propriedade de uma empresa brasileira houver um crime, se essa aeronave estiver sobrevoando o alto mar, haverá aplicação da lei brasileira. O art. 5º §2º também trata da territorialidade. Assim, se uma embarcação estrangeira estiver em mar territorial brasileiro ou uma aeronave estrangeira estiver sobrevoando o espaço aéreo correspondente ao território nacional, haverá a aplicação da lei brasileira. Vale lembrar que tanto a embarcação quanto a aeronave devem ser de propriedade privada. O estudo da Lei Penal no Espaço diz respeito à necessidade de se saber se o Brasil poderá aplicar ou não a sua lei. Trata-se de um estudo que envolve o Direito Penal Internacional, ou seja, hipótese de a conduta criminosa violar sistema jurídico de mais de um país. Não se pode confundir com critérios de fixação de competência previstos no art. 70 do CPP e seguintes uma vez que ali há a definição do juízo competente para processar e julgar crimes cometidos no Brasil. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 17 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO As teorias aplicadas para o estudo do lugar do crime recebem os mesmos nomes das teorias para estudo do tempo do crime. Porém, em se tratando de lugar do crime, o Código Penal, no seu art. 6º, adota a teoria da ubiquidade que define lugar do crime como sendo tanto o local da conduta quanto o local do resultado. Isso é importante nos casos de crimes com atos executórios cometidos no estrangeiro com o resultado no Brasil e vice e versa, pois determina a competência da justiça brasileira para qualquer hipótese, impedindo que o crime fique impune. A extraterritorialidade preocupa-se com a aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos fora do território nacional. Trata-se do disposto no art. 7º do CP. A extraterritorialidade pode ser condicionada ou incondicionada. Será incondicionada como o próprio nome diz, quando não houver qualquer condição a ser preenchida. São as hipóteses previstas no art. 7º I. Já a extraterritorialidade condicionada requer que sejam preenchidas as seguintes condições, de forma cumulativa: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 18 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. No caso de crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil a lei brasileira também será aplicada se além reunidas as condições previstas no parágrafo segundo do art. 7º também preencher as seguintes condições: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. A doutrina nomeia os seguintes princípios em se tratando de extraterritorialidade: Princípio da defesa, real ou proteção: prevalece a lei referente à nacionalidade do bem jurídico lesado – art. 7º I a, b, c, d https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 19 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Princípio da universalidade, justiça universal ou cosmopolita – art. 7º II – todo país pode punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade de quem o cometeu. Princípio da personalidade ativa: aplica-se a lei brasileira ao autor do crime, qualquer que seja o local da infração, se ele for brasileiro – art. 7º II b Princípio da representação: é o previsto no art. 7º, II, Conflito aparente de normas Ocorre quando para um único fato, aparentemente, há mais de uma norma que sobre ele poderá incidir. O conflito é meramente aparente, porque na verdade, não há conflito. Vamos optar pela mais abrangente abordagem dos princípios que visam solucionar o referido conflito. a) Princípio da especialidade: O referido princípio pode ser estudado através de duas óticas. A primeira diz respeito à norma especial que afasta a aplicação de norma geral. Explica-se: em alguns tipos penais, há elementos que se tornam especiais com relação a outros. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 20 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO O exemplo mais fácil que podemos analisar é o do homicídio (art. 121) com o do infanticídio (art. 123). O homicídio fala em matar alguém. No infanticídio também há a morte de alguém, porém, nesse caso,a norma se torna mais específica por conta da presença desse elemento especializante: a mãe mata o próprio filho, durante o parto ou logo após, sob a influência de estado puerperal. Veja como a norma se especializou: para ser caracterizado tal crime, precisa que a mãe mate o próprio filho que acabou de nascer e exige-se ainda que ela esteja sob o estado puerperal. A segunda ótica diz respeito ao que estabelece o art. 12 do Código Penal, ou seja, se houver uma lei especial relativa ao tema, esta será aplicada. Ao contrário, aplica-se a regra geral. b) Princípio da subsidiariedade: segundo Nelson Hungria, a norma aqui fica como uma espécie de “soldado de reserva” da outra norma. A subsidiariedade pode ser expressa, como é o caso do art. 132 do CP (“se o fato não constitui crime mais grave”), ou pode ser tácita (como no caso do Código de Trânsito), art. 311 – ou seja, se a pessoa, ao praticar a conduta prevista em tal art. matar alguém, praticará o crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor – o crime de dano afastará o crime de perigo. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 21 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO A norma subsidiária é aquela que descreve um grau menor de violação ao bem jurídico. Segundo Rogério Greco, isso não deixa de ser uma especialidade. c) Princípio da consunção – um fato definido como crime atua como fase de preparação ou de execução, ou como exaurimento de outro crime mais grave, ficando por ele absorvido. A diferença para a subsidiariedade é que nele enfocam- se as normas e na consunção enfocam-se os fatos. Existem algumas hipóteses em que se aplica o princípio da consunção: Crime progressivo: o agente, desde o início deseja a produção de um resultado mais grave e mediante diversos atos realiza sucessivas e crescentes violações ao bem jurídico: o agente, porém, só vai responder pelo resultado final e mais grave obtido. Ex: para matar alguém, há necessidade que antes a pessoa fique lesionada. Porém, o agente só vai responder pelo resultado final. Requisitos para o crime progressivo: a) O agente que cometer apenas o crime mais grave b) Vários atos são praticados para que se alcance o resultado. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 22 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO c) Crescentes violações ao bem jurídico. Progressão criminosa: ela pode ser: a) Em sentido estrito – o agente, desejando um resultado, após atingi-lo, pratica novo crime, produzindo um resultado mais grave. Há pluralidade de fatos e de dolos. Ex: o agente queria lesionar o indivíduo, porém muda de ideia e resolve matá-lo. Requisitos: o Pluralidade de elementos subjetivos o Pluralidade de fatos o Crescentes violações ao bem jurídico b) Antefactum impunível: fato menos grave praticado pelo agente antes de um fato mais grave. O fato menos grave é meio necessário para se atingir o fato mais grave. Ex: subtrair uma folha de cheque em branco para preenche-lo posteriormente. O estelionato absorve o crime anterior. Ver Súmula 17 do STJ. c) Postfactum impunível: é um fato menos grave praticado contra um mesmo bem jurídico da mesma vítima https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 23 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO após praticar o fato mais grave. Esse fato posterior é considerado mero exaurimento do crime. Ex. alguém furta uma bicicleta e depois a destrói. Somente será punido pelo crime de furto. Crime complexo: é aquele que resulta da união de dois ou mais crimes autônomos. Pelo princípio da consunção, o agente só responde pelo crime complexo. Ex: latrocínio – crime de roubo e homicídio; extorsão mediante sequestro: crime de extorsão com o crime de sequestro. Princípio da alternatividade Tal princípio será aplicado quando houver crimes considerados de ação múltipla ou tipos alternativos, ou de conteúdo variado. O tipo penal possui diversos núcleos, sendo o agente punido somente uma vez, mesmo que tenha praticado vários núcleos. Ex: art. 33 da lei 11.343/2006 O tipo misto cumulativo ou princípio da cumulatividade. Seria a possibilidade de um tipo penal prever várias condutas, mas sem qualquer fungibilidade entre elas, de forma que seria possível um concurso de crimes dentro de um mesmo tipo penal. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 24 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Essa questão voltou à tona com a redação conferida ao art. 213 do Código Penal, que foi alterado pela Lei 12.015/2009. Pela referida lei, foi revogado o art. 214 também do Código Penal, que estabelecia o crime de atentado violento ao pudor, caracterizado pela prática de atos libidinosos diversos da conjunção carnal mediante violência ou ameaça. No entanto, não houve uma abolitio criminis do art. 214, mas a aplicação do princípio da continuidade normativo típica que se caracteriza pela revogação de uma norma, sem a extinção da conduta típica, de forma que ela passa a pertencer a um novo tipo penal. Com isso, o crime de estupro passou a ser caracterizado pela prática de conjunção carnal e atos libidinosos diversos da conjunção carnal mediante violência ou ameaça. Essa nova redação levantou a seguinte discussão: se, em um mesmo contexto fático, houver a prática de conjunção carnal e atos libidinosos diversos, haverá um concurso de crimes, sendo esse tipo penal um tipo misto cumulativo ou haverá crime único, pelo fato de o art. 213 do CP se caracterizar um tipo misto alternativo? O entendimento que tem predominado é no sentido de que estamos diante de um tipo misto alternativo, ou seja, a prática de várias condutas, dentro de um mesmo contexto https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 25 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO fático, caracteriza-se por crime único. Nesse sentido, temos o seguinte julgado: HC 274848 / SP - HABEAS CORPUS 2013/0250408-6 – PUBLICAÇÃO EM 04/02/2015 PROCESSUAL E PENAL. HABEAS CORPUS. (1) IMPETRAÇÃO SUBSTITUTIVA DE RECURSO ORDINÁRIO. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. (2) CRIMES DE ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. DUAS VÍTIMAS. CRIME ÚNICO EM RELAÇÃO ÀS CONDUTAS PRATICADAS CONTRA CADA UMA DAS VÍTIMAS. LEI Nº 12.015/09. (3) CONTINUIDADE DELITIVA RELATIVA ÀS CONDUTAS PRATICADAS CONTRA AS DUAS VÍTIMAS. UNIDADE DE DESÍGNIOS. AUSÊNCIA.CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. (4) NÃO CONHECIMENTO. ORDEM DE OFÍCIO. Com o advento da Lei n.º 12.015/09, as práticas de conjunção carnal e de ato libidinoso passaram a ser tipificadas no mesmo dispositivo legal, deixando de configurar crimes diversos, de estupro e de atentado violento ao pudor, para constituir crime único, desde que praticados no mesmo contexto. Tal compreensão, por ser mais benéfica, deve retroagir para alcançar os fatos anteriores. III. NORMA PENAL EM BRANCO OU NORMA PENAL DO MANDATO EM BRANCO É aquelaque possui uma necessidade de complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário. Ou seja, para entender https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 26 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO exatamente o que se quer, há necessidade de outro diploma legal para complementá-la, lei, decreto, portaria, resolução. Sem esse complemento, não é possível sua aplicação. Essas normas existem porque a regulação jurídico-penal de determinadas matérias (ex. ordem tributária, relações de consumo, meio-ambiente, combate ao tráfico de drogas) exigem uma atividade normativa constante e variável, pois são influenciadas por fatores que também variam no tempo. As normas penais em branco possuem uma subdivisão que levam em consideração as fontes de produção: Norma penal em branco homogênea ou em sentido amplo ou de complementação homóloga ou imprópria É a norma penal em que o seu complemento se encontra em outro ato normativo derivado da mesma fonte de produção legislativa da norma penal a ser complementada. As normas penais em branco de natureza homogênea ainda podem se subdividir em: a) De complementação homóloga homovitelina: quando o complemento estiver na própria lei. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 27 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Ex. art. 333 do CP. Tem que se recorrer ao art. 327 do próprio CP para se saber o conceito de funcionário público. b) De complementação homóloga heterovitelina: quando o complemento estiver em outra lei. Ex. art. 235. Tem que se recorrer ao Código Civil, para saber o que é casamento. Norma penal em branco heterogênea ou em sentido estrito ou de complementação heteróloga ou própria É a norma penal em que o seu complemento se encontra em outro ato normativo derivado da fonte diversa de produção legislativa da norma penal a ser complementada. Diante desta realidade questiona-se se as denominadas normas penais do mandato em branco, de natureza incriminadora e cujo preceito primário necessita de complementação por outra norma, de fonte legislativa ou não, violam o princípio da legalidade. Desta forma, para que a norma penal do mandato em branco não afronte ao princípio da legalidade e, consequentemente seja eivada de vício de inconstitucionalidade necessário o respeito às seguintes exigências: determinação da conduta; determinação da pena; https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 28 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO determinação das remissões (SILVA, Pablo Rodrigo Alflen da, Leis Penais em Branco e o Direito Penal do Risco: Aspectos Críticos e Fundamentais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p 146-160). Por determinação da conduta devemos entender que a conduta proibida deva ser descrita da forma mais clara e objetiva possível, deixando para a norma complementadora estabelecer apenas os conceitos cujo legislador penal não é competente para legislar como, por exemplo, o conceito de “drogas” para efeitos da incidência da Lei n.11343/2006 cuja competência é do Ministério da Saúde. Com relação à determinação da pena, esta decorre do princípio da estrita legalidade da pena e, portanto, do princípio da proporcionalidade, na medida em que este preconiza a proibição do excesso, bem como das normas que o violem por proteção deficiente (STRECK, Lênio Luiz. Do Garantismo Negativo ao Garantismo Positivo: a dupla face do princípio da proporcionalidade. In. Juris Poesis. Revista do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, ano 8, n. 7, jan., 2005, ISSN 1516-6635-225, p.256) Por fim, por determinação das remissões podemos entender a obrigatoriedade da norma complementadora ser expressamente identificada e determinada pela norma em branco. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 29 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME FATO TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL CONDUTA - dolosa ou culposa - comissiva ou omissiva NÃO PODEM ESTAR PRESENTES AS CAUSAS DO ART. 23 IMPUTABILIDADE NEXO CAUSAL POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE RESULTADO TIPICIDADE EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA IV. DA CONDUTA: A conduta é o primeiro elemento que vamos estudar integrante do fato típico. Conduta significa ação, comportamento humano. Quanto à pessoa jurídica vamos estudar a controvérsia se pessoa jurídica pode praticar crime quando analisarmos sujeito ativo do delito. A conduta deve ser comissiva (importa em fazer alguma coisa) ou omissiva (é o deixar de fazer), dolosa ou culposa. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 30 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Teorias da Conduta a) Causalismo - Sistema causal-naturalista – Liszt e Beling.: ação seria todo movimento corporal voluntário responsável por uma modificação no mundo exterior. A grande crítica que se recebeu aqui foi que não se explicava o problema da omissão. Diziam que a omissão seria a distensão muscular. Na verdade, não está correta tal assertiva, uma vez que uma mãe pode deixar de alimentar seu filho para ir fazer ginástica e não há que se falar em distensão. b) Conceito neoclássico de delito – Mezger e Sauer: ação passou a ser entendida como a realização da vontade humana no mundo exterior. Isso conseguiria explicar a omissão, inspirado num sentido normativo. Aqui acabava não havendo uma explicação para os crimes culposos. No crime culposo, o autor não deseja a produção do resultado. c) Finalismo – Welzel: ação é todo comportamento humano, voluntário, dirigido a uma finalidade. Essa finalidade pode ser ilícita (quando atua com dolo de praticar algo proibido pela lei penal) ou lícita (inobservando um dever de cuidado, utiliza-se meios inadequados para alcançar a finalidade). https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 31 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO d) Teoria Social da Ação – Jescheck: ação é todo comportamento socialmente relevante. Ação é o processo causal, desenvolvido pelo homem, que produz um resultado querido ou não, mas socialmente desvalorado. Condutas dolosas e culposas O agente atua com dolo quando quer diretamente a produção de um resultado ou assume o risco de sua produção. Atuará com culpa se com sua ação não observar um dever de cuidado, agindo com imprudência, negligência ou imperícia. A regra no nosso Código Penal é que o crime seja doloso, somente podendo ser punido por culpa se houver previsão legal – art. 18 parágrafo único do CP. Condutas comissivas e omissivas. A conduta será considerada comissiva quando o agente fizer alguma coisa. O agente direciona sua conduta a uma finalidade. Diz-seque a conduta é positiva. Quando a conduta é omissiva, o agente deixa de fazer alguma coisa quando tinha o dever de agir (ex.: art. 135 do Código Penal). Diz-se, nesse caso, que a conduta é negativa. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 32 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Crimes omissivos próprios e impróprios Os crimes omissivos poderão ser próprios ou impróprios. Serão considerado próprios quando houver descrito no tipo penal um deixar de fazer aquilo que a lei determina, pois para esses crimes há um dever genérico de proteção (art. 135 do CP). Serão considerados impróprios os crimes que somente as pessoas previstas no art. 13 § 2º poderão praticar. Essas pessoas teriam um dever especial de proteção – a pessoa funciona como uma espécie de agente garantidor, ou seja (ler alíneas do art. 13§ 2º do CP). A ausência de conduta: coação física irresistível, movimentos reflexos e estados de inconsciência. Como anteriormente foi dito, a ação regida pela vontade é sempre uma ação final, ou seja, dirigida à obtenção de uma finalidade. Se não houver vontade dirigida a uma finalidade, não há que se falar em conduta. Se o agente não atua dolosa ou culposamente, não há ação. Isso acontece em alguns casos: a) Força irresistível – pode vir através da ação de um terceiro (coação física) ou de um fenômeno da natureza. A ausência da ação obviamente existe com relação àquele que https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 33 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO sofre a força irresistível. Aquele que a exerce, atua com vontade, sendo autor de uma conduta. b) Movimentos reflexos – ocorre quando nosso organismo reage a pequenos impulsos (ex.: uma pessoa leva um choque e com o reflexo lesiona alguém). Porém, se o reflexo era previsível, a pessoa poderá ser punida a título de culpa, por inobservar um dever objetivo de cuidado. c) Estados de inconsciência:: um exemplo de inconsciência é o sonambulismo. Fases de realização da ação. Aqui, podemos observar que, para o agente praticar uma ação, e atingir sua finalidade, deverá passar por duas fases: interna e externa. A fase interna é aquela que se dá na esfera do pensamento e é composta: a) representação e antecipação mental do resultado a ser alcançado b) escolha dos meios para se alcançar esse resultado https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 34 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO c) a consideração dos efeitos produzidos se houver a utilização de tais meios. Já na fase externa, o agente exterioriza tudo que tinha arquitetado mentalmente. Para que o agente seja punido pelo Estado há necessidade que exteriorize a vontade. Se permanecer na cogitação ou nos atos preparatórios, a conduta é irrelevante, salvo nos casos que a lei prevê expressamente, como no crime de quadrilha ou bando (art. 288. do CP) V. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE O nexo causal ou relação de causalidade é o elo necessário que une a conduta do agente ao resultado produzido. Não havendo esse nexo, o resultado não poderá ser atribuído ao agente. Dos crimes em que ocorre o nexo causal. Cabe salientar que a relação de causalidade deverá ser analisada apenas nos crimes que apresentam um resultado naturalístico, ou seja, aqueles em que há uma modificação no mundo exterior, ou seja, estamos falando de crimes materiais e dos crimes omissivos impróprios (ou comissivos por omissão). https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 35 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO É importante salientar, porém, que todos os crimes produzem um resultado jurídico, que é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela lei, mas nem todos produzem um resultado naturalístico, que é a modificação no mundo exterior. Teoria da equivalência dos antecedentes causais ou da conditio sine qua non Teoria de Von Buri e adotada pelo nosso Código Penal, considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido da maneira que ocorreu. Partindo do resultado naturalístico, devemos fazer uma regressão e verificar tudo aquilo que tenha exercido influência na sua produção. Ex.: em um crime de homicídio, destaquemos uma série de fatos antecedentes:1. produção do revólver pela indústria; 2) aquisição da arma pelo comerciante; 3) compra do revólver pelo agente; 4) o agente almoça; 5) emboscada; 6) disparo na vítima; 7) morte da vítima. Dentro desse raciocínio, se excluirmos os nº 1 a 3, 5 e 6, o resultado morte não teria ocorrido. Então, tais pontos são considerados causas. Mas se excluirmos o 4, nada altera e, portanto, o 4 não poderá ser considerado causa. Crítica: para buscarmos a causa do resultado, acabamos chegando a uma regressão infinita, o que nos leva a entender https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 36 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO como causa até mesmo o pai e a mãe do agente o terem gerado. Processo Hipotético de Eliminação de Thyrén Segundo tal estudioso, tal processo consiste em: a) pensar no fato que entendemos como influenciador do resultado; b) suprimir esse fato da cadeia, c) se houver a supressão e o resultado se modificar, o fato suprimido mentalmente deverá ser considerado causa. Segundo Heleno Fragoso, causa é todo antecedente que não pode ser suprimido em mente sem afetar o resultado. Considera-se causa toda a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido da maneira que ocorreu”. Como assim da maneira que ocorreu? Tomemos por exemplo a hipótese de uma pessoa estar gritando por socorro e você, quando passa, escuta e vai lá ver. Ao chegar próximo, percebe que é seu maior inimigo pendurado em um galho de árvore, que está quase quebrando e você, ao invés de ajuda-lo, balança o galho de leve e ele cai. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 37 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Se você não passasse ali o galho mais cedo ou mais tarde se quebraria, certo? Mas a partir do momento que você sacudiu o galho e precipitou a queda de seu inimigo, você interferiu na cadeia causal e, portanto, deverá responder pelo resultado, mesmo que ele ocorresse sem a sua colaboração. Causa: conceito e espécies O art. 13§ 1º do Código Penal traz as causas supervenientes relativamente independentes. Mas não podemos esquecer que há também causas preexistentes e concomitantes, absoluta e relativamente independentes Causas absolutamente independentes São aquelas segundo as quais o resultado teria ocorrido independentemente da conduta do agente. Preexistentes: aquela que ocorreu anteriormente à conduta do agente. Ex.: A, querendo matar B, atira em seu peito e B morre, mas nãodo tiro e sim da ingestão de veneno que havia feito anteriormente. A não responderá por homicídio e sim por tentativa de homicídio. Ou seja, responderá apenas por seu https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 38 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO dolo. A ingestão do veneno foi anterior à conduta do agente, por isso é considerada uma causa preexistente. Concomitante: é aquele que acontece no mesmo instante da conduta do agente. Ex.: A e B querem matar C. Ao mesmo tempo, ambos atiram contra C. Apenas o tiro proferido por A acerta C mortalmente e o de B passa de raspão. B poderá responder pelo resultado morte? Não, pois quem causou o resultado foi A. Logo, B responderá apenas pelo seu dolo: tentativa de homicídio. Superveniente: é aquela causa ocorrida após a conduta do agente e que não tem nenhuma relação com a conduta. Ex: A atira em B, que fica muito ferido. Logo após, o prédio que B SE encontrava ferido desaba e ele morre. A responderá apenas pela tentativa de homicídio. Em todos os casos, não houve modificação do resultado se for feito um processo hipotético de eliminação. Então, conclui-se que, em se tratando de causas absolutamente independentes, o resultado não poderá ser imputado ao agente, devendo este responder apenas pelo seu dolo. Causas relativamente independentes – https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 39 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO São aquelas que somente poderão produzir o resultado se conjugada com a conduta do agente. a ausência de uma delas acarreta uma modificação no resultado. Também podem ser: a) Preexistentes: já existia antes do comportamento do agente e conjugada com tal conduta, produziu o resultado. Ex: hemofílico. A quer matar B e desfere um golpe de faca, sabendo que B era hemofílico. Mesmo que tenha sido em um local que não fosse causar a morte, ele morreu porque era hemofílico e em virtude da facada. Responderá, portanto, por homicídio. Se ele sabia e não queria matar, somente lesionar, responderá por lesão corporal seguida de morte, uma vez que não havia previsibilidade da morte. Porém, se o agente não sabia que B era hemofílico, não poderá ser responsabilizado pelo resultado morte. b) Concomitantes: é aquela causa que em uma relação de simultaneidade com a conduta do agente e com ela conjugada, é considerada produtora do resultado. Quando a conduta do agente e a causa concomitante são conjuntamente causadoras do resultado, o agente deverá responder pelo resultado. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 40 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO OBS: As causas preexistentes e concomitantes relativamente independentes, quando conjugadas com a conduta do agente, fazem com que esse sempre responda pelo resultado. Mas para isso, há necessidade de que essas causas entrem na esfera de conhecimento do agente. c) Supervenientes: aqui está regulado no Código Penal, em seu art. 13 §1º. Somente poderá ser excluído o resultado ao agente quando a causa, por si só, vier a causar o resultado. Senão vejamos: A dá um tiro em B que é levado para o hospital. Quando já está no hospital, o hospital pega fogo e B falece. Vamos então raciocinar: se A não tivesse atirado em B, B não estaria no hospital e, portanto, não teria morrido. Porém, se retirarmos o incêndio, a vítima não teria morrido da maneira como ocorreu. Logo, o agente deverá responder pelo crime de tentativa de homicídio. O art. 13§1º traz a expressão “por si só”. Significa dizer que somente serão imputados ao agente os resultados que se encontrarem em uma linha de desdobramento físico causal da ação. Ou seja, que pela conduta do agente seriam previsíveis ocorrer. Não sendo previsíveis, ou seja, não estando na linha de desdobramento físico causal, o agente somente responderá pelos atos praticados por seu dolo. É importante verificarmos também a significância da lesão para que não cheguemos à situações absurdas. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 41 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO O nexo causal na omissão Na leitura do art. 13 do Código Penal, podemos verificar que a omissão também poderá ser considerada causa do resultado, bastando que o omitente tenha o dever jurídico de impedir ou de tentar impedir o resultado. Trata aqui de o agente não fazer aquilo que a lei que determinava fazer. Teoria da imputação objetiva Não é a teoria adotada pelo nosso Código Penal. Tem por fundamento o incremento do risco e a finalidade de proteção da norma. A causação de um resultado típico só se observará se o agente criou um risco juridicamente reprovável. Nessa teoria, devemos abstrair o dolo e a culpa, analisando o tipo penal objetivamente. Por isso que a teoria se chama imputação objetiva. A conduta do agente deverá ter criado ou aumentado um risco juridicamente proibido. Ex: uma pedra vai cair na cabeça de A. Ao perceber o que pode acontecer, B empurra A, que se machuca nas pernas para que https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 42 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO a pedra não caia na cabeça de A. B teria cometido o crime de lesão corporal. Porém, devemos verificar que B reduziu um risco que iria acontecer e, portanto, não poderá ter o resultado a ele imputado. Alguns princípios surgem nessa teoria: Princípio da proibição do regresso: o agente não pode responder por um resultado produzido por terceiro ou pela própria vítima. Ex.: uma pessoa deixa uma arma em cima de uma mesa, o agente pega a arma e mata alguém. Não poderá ser responsabilizado pelo resultado morte, uma vez que a ação de terceiro é que causou o resultado. Princípio da confiança: quando eu vivo em sociedade, confio que as pessoas tenham atitudes dentro de seus papéis a serem desempenhados. Ex.: um médico está operando um paciente. Ele espera que as pessoas dentro de sua equipe desempenhem os seus papéis corretamente. Pode acontecer também de que a pessoa que criou ou incrementou o risco não tenha causado o resultado e, portanto, a ela não poderá ser imputada a conduta. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 43 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Ex.: uma pessoa vai roubar a vítima, essa se assusta, sai correndo para o meio da rua e morre atropelada. Ao agente deverá ser imputado apenas o crime de roubo. VI. DO TIPO DOLOSO Conceito de dolo: Dolo é a vontade livre e consciente dirigida a realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. Desse conceito, podemos concluir que o dolo é formado por dois elementos: um elemento intelectual e um elemento volitivo. A consciência, momento intelectual do dolo, significa que o agente deve saber exatamenteaquilo que faz, para que lhe possa atribuir um resultado lesivo a título de dolo. Ex.: alguém, durante uma caçada, pretendendo matar uma onça, confunde um homem com um animal e atira, matando o homem. Não havia dolo de matar o homem, e sim de matar o animal. Nesse caso, o dolo ficará afastado porque não havia consciência, incorrendo o agente em erro de tipo (matéria que será tratada na última aula). https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 44 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO A vontade é outro elemento sem o qual desnatura o crime doloso. Como já falamos anteriormente, aquele que sofre uma coação física, age com ausência de dolo. Não há vontade e portanto, deverá ser afastado o dolo da conduta do agente. Então: faltando um desses elementos – consciência e vontade – descaracterizado estará o crime doloso. No nosso código Penal, o dolo está com previsão no art. 18, de onde podemos concluir que: a regra é o crime ser doloso. Somente poderá haver punição por crime culposo se houver previsão expressa na lei, pois estaremos diante de uma norma de exceção. É necessário que se leia todo o capítulo referente àquele crime para que possamos constatar se haverá punição a título de culpa ou não. Caso não exista, não há punição para aquela conduta (exemplo: dano culposo). Teorias do dolo a) Teoria da vontade: o dolo seria tão somente a vontade livre e consciente de querer praticar a infração penal. b) Teoria do assentimento: atua com dolo aquele que antevendo como possível o resultado lesivo com a sua conduta, não se importa com a sua ocorrência, assumindo o risco da produção do resultado. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 45 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO c) Teoria da representação: quando o agente tem a previsão do resultado como possível e ainda assim deseja dar continuidade à sua conduta. Essa teoria não distingue o dolo eventual da culpa consciente. O nosso Código Penal adota a teoria da vontade, quando menciona quanto ao dolo direto e adota a teoria do assentimento, quando se refere ao dolo eventual. Espécies de dolo. Distingue-se o dolo em direto e indireto. O dolo será direto quando o agente quer efetivamente cometer a conduta descrita no tipo penal. O agente pratica a conduta dirigida finalisticamente à produção do resultado por ele pretendido inicialmente. No dolo direto, o agente quer praticar a conduta descrita no tipo. É o dolo por excelência. O dolo direto divide-se em dolo direto de primeiro grau e dolo direto de segundo grau. Será de primeiro grau quando for referente ao fim proposto e aos meios escolhidos. Será de segundo grau quando se referir aos seus efeitos colaterais, necessários para que se possa chegar ao dolo direto de primeiro grau. Ex.: um terrorista pretende matar um Chefe de Estado que estará viajando em um avião. Coloca dentro desse avião uma https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 46 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO bomba, o avião explode e todos morrem. Quanto ao Chefe de Estado, haverá dolo direto de primeiro grau. Quanto aos passageiros do avião, haverá dolo direto de segundo grau, pois para matar o Chefe de Estado, a morte dos passageiros seria necessária para que se pudesse alcançar o dolo direto de primeiro grau. A finalidade primeira não era de se alcançar a morte dos demais passageiros, mas de qualquer forma ela foi querida pelo agente, como consequência necessária do meio escolhido. Também é conhecido por dolo de consequências necessárias. O dolo poderá também ser indireto. O dolo indireto se divide em alternativo e eventual. O dolo será considerado alternativo quando o aspecto volitivo o agente se encontra direcionado de maneira alternativa, seja em relação ao resultado, seja em relação à pessoa contra a qual o crime é cometido. Ex.: Astrogildo deseja ferir ou matar Teobaldo. Ex.2: Astrogildo deseja matar Teobaldo ou Pafúncia. O dolo será considerado eventual quando o agente, embora não querendo diretamente praticar a infração penal, não deixa de agir e com isso, assume o risco de produzir o resultado que por ele já havia sido previsto e aceito. O agente https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 47 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO representa em sua mente o resultado e, embora não querendo sua produção, não se importa com a sua ocorrência OBS: DOLO GERAL: o autor acredita ter alcançado o resultado pretendido, quando na verdade o resultado somente se produz por uma ação posterior, com a qual buscava encobrir o feito. Ex.: o agente, supondo que a vítima já estivesse morta, de forma a ocultar o crime, atira o corpo no mar, momento que a vítima vem a falecer por afogamento. VII. DO TIPO CULPOSO Previsto no art. 18 II do Código Penal. Conceito e elementos Tem-se o crime culposo quando o agente pratica a infração penal inobservando um dever de cuidado. A definição trazida pelo Código Penal não se mostra suficiente para que se possa aferir com precisão se a conduta do agente pode ser considerada culposa ou não. Para a caracterização do crime culposo, há necessidade de que se faça uma conjugação dos seguintes elementos: a) Conduta humana voluntária, omissiva ou comissiva: inicialmente, a conduta do agente é direcionada a uma https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 48 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO finalidade lícita. Entretanto, por não observar um dever de cuidado, dá causa a um resultado não querido pelo agente. O meios escolhidos e empregados pelo agente foram inadequados ou mal utilizados. b) Inobservância de um dever objetivo de cuidado: é um dever que todos nós temos que observar, pois são regras de comportamento para que possamos conviver harmoniosamente em sociedade. Cada membro da sociedade parte do princípio de que o dever de cuidado objetivo será observado pelo seu semelhante. Essa infringência decorre de hipóteses de imprudência, negligência ou imperícia. Imprudência: conduta positiva praticada pelo agente que, por não observar o seu dever de cuidado, causasse o resultado lesivo que era previsível. A imprudência é portanto, fazer alguma coisa. Negligência: é deixar de fazer aquilo que a diligência normal impunha. Imperícia: ocorre uma inaptidão momentânea ou não do agente para o exercício de uma arte ou profissão. c) Há necessidade da ocorrência de um resultado naturalístico em virtude da conduta do autor. Então se o agente deixa um pesado vaso de plantas no parapeito de uma janela https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 49 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO alta, o simples fato de o vaso estar ali, não há crime culposo. Porém, se o vasocair machucando alguém, o agente responderá por lesão corporal culposa. d) Deve existir um nexo de causalidade entre a conduta do agente praticada e o resultado dela advindo, para que esse possa ser imputado ao agente. e) O fato deve ser previsível ao agente. Explico: se o fato escapar totalmente à previsibilidade do agente, o resultado não lhe poderá ser atribuído. É a possibilidade de conhecimento do perigo que sua conduta gera para os bens jurídicos alheios. A previsibilidade condiciona o dever de cuidado. Em se tratando de crime culposo,a previsibilidade deverá ser objetiva, ou seja, o agente, no caso concreto, deverá ser substituído por uma pessoa de prudência normal (o chamado homem médio). Se para essa pessoa o resultado persistir, é porque poderá ser considerado imprevisível, e, portanto, não se poderia exigir do agente nada além do que a capacidade normal dos homens. Se o homem médio, no lugar do agente, atuasse de forma diferente, e assim o resultado não viesse a acontecer, é porque havia previsibilidade. A doutrina fala também em previsibilidade subjetiva, em que se leva em consideração as condições pessoais do agente, que se afere no caso concreto. A previsibilidade subjetiva será estudada quando da exigibilidade conduta diversa. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 50 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO f) Tipicidade, ou seja, há necessidade de previsão em lei do tipo culposo. A regra no Código é de que os crimes venham a ser dolosos. Sendo a culpa regra, o código deverá expressamente fazer uma ressalva. O crime culposo como crime de tipo aberto Os crimes culposos são considerados tipos abertos uma vez que há necessidade de uma valoração do intérprete para se amoldar a conduta do agente. Não há uma descrição completa e perfeita da figura típica nos crimes culposos, devendo o julgador, no caso concreto, analisar todos os elementos que compõem o crime culposo e amoldar a conduta do agente. Culpa consciente e culpa inconsciente Na culpa inconsciente, o agente não prevê o resultado, embora esse possa ser previsível. Já na culpa consciente, o agente prevê o resultado, mas mesmo assim prossegue com os seus atos, pois acredita sinceramente que o mesmo não vá ocorrer. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 51 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Diferença entre culpa consciente e dolo eventual Na culpa consciente, embora o agente preveja o resultado, acredita sinceramente que ele não irá ocorrer. Já no dolo eventual, é diferente. O agente prevê que o resultado pode ocorrer e assume o risco de produzi-lo, ou seja, não se importa que ele ocorra. O grande problema que vem acontecendo ultimamente é uma aplicação errada do dolo eventual e da culpa consciente quando se trata de embriaguez ao volante e crimes de trânsito. A fórmula que vem se criando é: embriaguez ao volante + velocidade excessiva= dolo eventual é errada. Não se pode partir do princípio que todas as pessoas que dirigem embriagadas e com velocidade excessiva não se importem em causar morte ou lesão em outras pessoas. É claro que em alguns casos pode acontecer de existir um dolo eventual na direção de veículo automotor. Mas deve-se levar em consideração o elemento anímico: acreditou sinceramente na não ocorrência do resultado? É culpa consciente. Não se importou com a sua ocorrência?? Dolo eventual Culpa imprópria São hipóteses previstas na parte final do art. 20§1º. São as descriminantes putativas, em que o agente, em virtude de erro https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 52 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO evitável pelas circunstâncias dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo. Vou exemplificar para facilitar: Teobaldo, sentado ao lado de um banheiro em um bar, vê Cristóvão se levantando em sua direção com uma cara de irritação. Supondo que Cristóvão iria mata-lo, arremessa em no peito de Cristóvão uma faca, que acaba por mata-lo. Temos aqui um caso de discriminante putativa, na qual a situação só existia na mente do agente. Estamos diante de uma legítima defesa putativa. Sendo esse erro evitável, o agente deverá responder pelo crime cometido a título de culpa. Embora o agente tenha agido com dolo, por questões de política criminal, responderá por um crime culposo. Nessa hipótese é que a doutrina vislumbra a possibilidade de tentativa em delitos culposos, pois como foi dito, a conduta é dolosa, porém, será punida com as penas correspondentes ao crime culposo. A tentativa nos crimes culposos Como anteriormente foi estudado, não é possível haver tentativa em crimes culposos, uma vez que o iter criminis é um instituto somente aplicado para crimes dolosos. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 53 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Somente na hipótese da culpa imprópria (por extensão, assimilação, equiparação) é que a doutrina vislumbra a possibilidade de tentativa em delitos culposos, pois como foi dito, a conduta é dolosa, porém, será punida com as penas correspondentes ao crime culposo. (questão que especificamente envolverá o erro de tipo) VIII. O CRIMES PRETERDOLOSO O crime preterdoloso (art. 19.) é uma das espécies de crime qualificado pelo resultado. Nesse caso, haverá conduta dolosa do autor no antecedente e culpa na conduta consequente. Ex.: lesão corporal seguida de morte. Já no crime qualificado pelo resultado, haverá conduta dolosa na antecedente e na consequente: ex.: lesão corporal qualificada pela perda de um membro. A conduta do agente foi direcionada para a prática daquele tipo gravíssimo de lesão. O art. 19 do Código Penal visa afastar a responsabilidade penal objetiva, evitando que o agente venha a ser responsabilizado por infrações que sequer ingressaram na sua órbita de previsibilidade. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 54 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Para o agente ser responsabilizado por um crime preterdoloso, há necessidade de que pelo menos o resultado possa ser previsível ao homem médio. Ex.: Uma pessoa é derrubada por um agente na areia que deseja lesioná-la, essa pessoa bate com a cabeça em uma pedra e morre. Não é previsível que tenha um pedregulho em uma areia que venha causar a morte da pessoa. Nesse caso, o agente deverá responder apenas pelo crime de lesão corporal. Já se houver um tombo desses no meio da rua, e o agente bater com a cabeça em uma pedra e morrer, haverá o crime de lesão corporal seguida de morte, pois é perfeitamente previsível que haja uma pedra na rua. IX. ITER CRIMINIS Trata-se do caminho que a infração penal irá percorrer desde a cogitação do agente até seu exaurimento (esgotamento da figura típica). É um instituto importante para verificar se a infração comporta ou não tentativa. Assim, pode-se dizer que essa análise será cabível apenas em crimes dolosos. A doutrina enumera as seguinte fases do iter criminis: Cogitação, Atos Preparatórios, Atos Executórios, Consumação e Exaurimento. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 55 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Tentativa Instituto previsto no art. 14, II do Código Penal e sua punição encontra-se descrita no art. 14, parágrafo único. O pressuposto para se falar em tentativa é haja o início da execução do crime, mas a não consumação, decorrente de circunstâncias alheias à vontade do agente. A tentativa é considerada perfeita quando o agente faz tudo que está ao seu alcance para consumar o crime e ainda assim, ele não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Será considerada imperfeita quando o agente inicia a execução do crime, mas sequer chega ao fim, e o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. A punição pela tentativa leva em consideração a proximidade que o agente ficou da consumação do delito. Se o agente ficou perto da consumação, a pena será diminuída da fração mínima. Se o agente ficou distante da consumação, ou seja, se foi caso de tentativa imperfeita, a pena ficará diminuída no seu patamar máximo. Algumas infrações não são passíveis de punição pela tentativa. São as seguintes: Crimes Culposos, Crimes Habituais, Crimes Preterdolosos, Crimes Omissivos Próprios e Crimes Unissubsistentes https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 56 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Vale lembrar que não se pune a tentativa de contravenção penal – art. 4º DL 3688/41. Desistência voluntária e arrependimento eficaz Vale lembrar que esses dois institutos (art. 15 do cp) têm por objetivo beneficiar o agente, de forma que ele não responda pela tentativa, uma vez que, por conta própria, evitou a produção do resultado. De forma a diferenciar a tentativa da desistência voluntária, pode-se trabalhar com a Fórmula de Frank, na qual o agente, ao se deparar com a situação deve-se questionar: “se eu posso prosseguir, mas não quero”, tenho o instituto da desistência voluntária. Mas, se por acaso, ele ao se questionar diz para si “quero prosseguir, mas não posso”, temos o instituto da tentativa. Assim, ao reconhecer a desistência voluntária, não será possível responsabilizar o agente pela tentativa, mas sim pelos atos lesivos ao bem jurídico que ele tiver causado. Já no arrependimento eficaz, o agente, por conta própria, evita a consumação do delito. Vale lembrar que, para fazer jus ao benefício, a consumação deve ser por ele evitada. Assim, se o agente fizer tudo que está ao seu alcance para evitar https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 57 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO a consumação do delito, mas o crime ainda assim se consumar, temos que ele será responsabilizado pelo crime consumado. Arrependimento Posterior No caso do arrependimento posterior ( art. 16 do CP), o crime alcançou a sua consumação, mas o agente, se reparar o dano ou restituir a coisa antes do recebimento da denúncia ou da queixa, receberá uma diminuição da pena. Vale lembrar que não se aplica o referido instituto aos crimes cometidos com violência ou ameaça à pessoa. Crime impossível Quando o legislador fala do crime impossível (art. 17 do CP) já prevê que o agente já ingressou na fase dos chamados atos de execução. Isso a gente consegue extrair da redação do art., que diz “não se pune a tentativa” e só se pode falar em tentativa quando o agente já der início aos atos de execução. Por isso que o crime impossível também é conhecido como tentativa inidônea, quase-crime ou tentativa inadequada. Teorias sobre o crime impossível: a) Teoria subjetiva: a teoria de Von Buri dispõe que não importa se há a ineficácia do meio ou impropriedade do objeto. Para que esteja configurada a tentativa, basta que o agente https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 58 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO tenha agido com vontade de praticar a infração penal. Para essa teoria, o agente é punido pela intenção. b) Teoria objetiva: biparte-se em teoria objetiva pura e teoria objetiva temperada. A primeira, segundo Nelson Hungria, dispõe que não se pode distinguir entre inidoneidade absoluta ou relativa: em ambos os casos, não haveria bem jurídico em perigo e, portanto, não existe fato a ser punido. No entanto, nosso legislador adotou a teoria objetiva temperada, que dispõe que se houver meios e objetos relativamente eficazes, ou seja, se houver alguma possibilidade de o agente alcançar o resultado pretendido, o agente será punido. Absoluta ineficácia do meio e absoluta impropriedade do objeto Absoluta ineficácia do meio: o que poderia ser considerado meio? Meio é tudo aquilo utilizado pelo agente, capaz de ajudá-lo a produzir o resultado por ele pretendido. Ex.: uma faca, um revólver, um taco de golfe, veneno. Meio absolutamente ineficaz: é aquele de que o agente se vale a fim de cometer a infração penal, mas no caso concreto não possui aptidões para produzir o resultado pretendido. Exemplos: revólver sem munição, quando o agente se https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 59 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO confunde e ao invés de colocar veneno colocar açúcar, falsificação grosseira. IMPORTANTE: quando a ineficácia do meio for relativa, teremos o crime tentado. Ex.: o agente se utiliza de munição envelhecida no revólver. Absoluta impropriedade do objeto: objeto é tudo aquilo contra o qual se dirige a conduta do agente. É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do agente. Ex.: alguém atirar contra uma pessoa que já está morta; quando a mãe, supondo estar grávida, ingere substância abortiva, mas no fundo não existe gravidez. IMPORTANTE: o objeto será relativamente impróprio quando este fica em uma situação de perigo. nesse caso, haverá o crime também tentado. Crime impossível e Súmula 145 do STF Nesse caso, ficou pacificado o entendimento de que se a polícia preparar o flagrante de modo a tornar impossível a consumação do delito, haverá o crime impossível. Flagrante preparado é quando o agente é estimulado pela vítima ou pela autoridade policial a cometer a infração penal. https://t.me/professoraclaudiaserpa https://www.facebook.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.instagram.com/professoraclaudiaserpa/ https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew 60 Saiba mais nas minhas redes sociais: DIREITO PENAL DESCOMPLICADO Contudo, se a infração penal restar consumada, o agente responderá pelo crime consumado, mesmo que tenham sido tomadas todas as providências para evita-la. Se o resultado foi alcançado, significa que os meios ou objetos não eram absolutamente ineficazes ou impróprios. Flagrante esperado é diferente: este
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