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Monografia GUILHERME CORREA DE SOUZA

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48
URI – UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS 
CAMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN 
CURSO DE DIREITO
GUILHERME CORRÊA SOUZA
INEFICÁCIA DO SISTEMA PUNITIVO BRASILEIRO PARA FINS DE REDUÇÃO DA CRIMINALIDADE
FREDERICO WESTPHALEN-RS
2019
GUILHERME CORRÊA DE SOUZA
INEFICÁCIA DO SISTEMA PUNITIVO BRASILEIRO PARA FINS DE REDUÇÃO DA CRIMINALIDADE
Trabalho apresentado ao Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da URI, Curso de Direito, Campus de Frederico Westphalen, como requisito para cumprir as exigências da disciplina de Monografia Jurídica.
Orientador: César Riboli.
Co-orientador: Alejandro Rayo.
FREDERICO WESTPHALEN-RS
2018
SUMÁRIO
1. Identificação do Projeto ..................................................................................... 04 
2. Tema .................................................................................................................... 04 
2.2 Delimitação do Tema .......................................................................................... 04
3. Problema ............................................................................................................. 05 
4. Hipótese .............................................................................................................. 05
5. Objetivos.............................................................................................................. 06
5.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 06
5.2 Objetivo Específico ............................................................................................. 06
6. Justificativa ......................................................................................................... 07
8. Linha de Pesquisa .............................................................................................. 09 
9. Sistema Penal E Direito Penal.............................................................................10
9. Metodologia ........................................................................................................ 22 
9.1 Método de Abordagem ....................................................................................... 22 
9.2 Método de Procedimento ................................................................................... 22 
9.3 Método de Pesquisa ........................................................................................... 22 
10. Estrutura final do TCC.......................................................................................23
11. Cronograma .......................................................................................................24 
12. Referências Preliminares .................................................................................25
1 TEMA
Ineficácia do Sistema Punitivo Brasileiro para fins de redução da criminalidade.
1.1 Delimitação do tema
Analisar o sistema o sistema punitivo Brasileiro e as medidas de redução da criminalidade, analisando quais foram realmente eficazes.
2 PROBLEMA
	O sistema punitivo brasileiro, com as suas mazelas e deficiências, tem adotado medidas que podem ser consideradas eficazes para a redução da criminalidade?
2.1 Hipótese
As políticas criminais adotadas pelo Poder Público nas últimas décadas têm se revelado insuficientes no combate da criminalidade. Verifica-se uma maior rigidez no tratamento de crimes, com o surgimento de novos delitos, penas maiores e, em especial, um aumento sem precedentes do encarceramento, sem que haja uma correlata diminuição do número de crimes.
	Diante do exposto, pode-se concluir que há uma ineficácia do sistema punitivo no Brasil.
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Analisar se o sistema punitivo brasileiro é ineficaz para fins de redução da criminalidade.
3.2 Objetivos específicos
Examinar o sistema punitivo vigente bem como os fins e princípios do Direito Penal.
Compreender a evolução da legislação penal ao longo dos anos, bem como a relação existente entre Direito Penal, Criminologia e Vitimologia.
Verificar se o sistema punitivo vigente no Brasil, que relativiza princípios básicos do Direito Penal, bem como utiliza em larga escala o encarceramento em massa, é eficaz ou não no tratamento da criminalidade.
4 JUSTIFICATIVA
O presente trabalho busca estudar os métodos usados atualmente com objetivo de redução da criminalidade, buscando elencar os diversos problemas que o Sistema Punitivo Brasileiro vem sofrendo, problema esse que promove diversos males no sistema carcerário e judiciário, aumentando a impunidade, sendo que, além contribuir com o alto índice de criminalidade e reincidência, vem a fortalecer os crimes organizados, gerando assim uma enorme lesão à sociedade.
Neste contexto, destacaremos pontos importantes acerca dos mecanismos usados na redução da criminalidade no Sistema Punitivo Brasileiro, levando em conta técnicas já estudadas anteriormente e estudos feitos por doutrinadores/pesquisadores, assim como estatísticas visando dados concretos, ampliando assim a pesquisa. 
Além do mais, necessita-se abordar assuntos relevantes que merecem atenção na discussão da pesquisa em pauta, levando em conta tamanha carga de bibliográfica dedicada ao Sistema punitivo brasileiro. Relevante ainda, abordar os motivos pelos quais o Brasil possui prisões abarrotadas de presos, muitos provisórios, inúmeros reincidentes, e principalmente membros de facção criminosa, tendo como objetivo buscar uma explicação plausível para o nosso atual cenário de encarceramento em massa.
Vale destacar, que por mais recentes que pareçam as discussões trazidas à tona, não podemos deixar de lado o quanto se discute as inúmeras tentativas de encontrar um sistema punitivo ideal ao longo da história do sistema de reclusão, do qual, desde seu primórdio apresente dificuldades de soluções plausíveis. Todavia, mesmo com grandes estudos na áreas ainda enfrentamos enormes dificuldades, mas não podemos tirar os méritos de uma sociedade onde, predominantemente, se levava em regra a lei de “olho por olho, dentes por dente”, sem dúvida tivemos excelentes avanços para a sociedade, mas ainda há muito a se buscar.
Sendo assim, o presente trabalho abordará pontos importantes na política de redução da criminalidade, abordando assuntos referentes ao mesmo, como as funções do nosso atual Direito Penal, seus principais princípios e a legislação vigente por trás deste. Destacando o papel do estado na busca por soluções plausíveis, expondo a relativização do Direito Penal, o qual deve ser usado como como “Ultima Ratio” na sociedade contemporânea, ou seja, o último recurso do sistema punitivo, que com o passar dos dias mostra-se cada vez mais banalizado em certos aspectos da nossa legislação.
5 LINHA DE PESQUISA
Perspectivas inovadoras de um direito criminal contemporâneo.
CAPITULO I - SISTEMA PENAL E DIREITO PENAL
1.1 Funções do Direito Penal e abordagem histórica.
1.1.1 Função Social
O Direito Penal, é um conjunto de regramentos desenvolvidos com base em princípios estabelecidos pela sociedade ao longo dos anos, destinado a combater crimes e também contravenções penais, estabelecendo em segundo plano uma pena, sanção penal. Na visão de Aníbal:
O conjunto de normas jurídicas que regulam a atuação estatal nesse combate contra o crime, através de medidas aplicadas aos criminosos, é o Direito Penal. Nele se definem os fatos puníveis e se cominam as respectivas sanções - os dois grupos dos seus componentes essenciais, tipos penais e sanções que impõe e a severidade de sua estrutura, bem definida e rigorosamente delimitada. (BRUNO, 1967, p 11-12)
Caracteriza-se por ser um guia da sociedade possuindo diversas funções, tendo como um dos marcos a proteção de bens jurídicos mais relevantes onde deve se zelar pelos bens indispensáveis ao indivíduo ou da sociedade. Tendo como visão de proteção os bens relevantes para a vida em sociedade.Dessa forma, realiza automaticamente um juízo de valor, estabelecendo certa atenção, de igual forma, preocupa-se com lesões contundentes ao bens, impondo ao infrator um retribuição penal.
Traz ainda o título de controle social, nitidamente, por funcionar como um moderador da convivência em comunidade, visando a paz pública, por mais que hoje o Brasil enfrente gritantes dificuldades em controlar o cometimento de delitos, é imprescindível mantermos um caráter que punitivo frente às atitudes reprováveis. Sendo assim, por óbvio, estabelece sanções para os indivíduos delituosos, buscando punir ações de maior gravidade, fazendo com que o estado busque a retribuição para crimes estritamente necessários, de forma à coibir tais condutas.
A função primordial desse ramo do nosso ordenamento jurídico é a ordem pública tendo uma natureza de orientação à sociedade, orientando as sanções aos que andam às margens das leis estabelecidas para a vida em sociedade.
No que diz respeito ao Estado, o direito penal ainda é usado como garantia em busca de uma pena justa, em busca de uma pena proporcional ao infrator, evitando sanções esdruxulas, afastando a livre vontade do sancionador, dando ainda um escudo ao cidadão que não pratica atos ilícitos por lei, afastando deste uma possível pena de caráter pessoal, um juízo de valor baseado no simples pensamento do aplicador da sanção. Sendo assim, o estado busca limites que traduzem a tutela do bem jurídico, estabelecendo princípios lógicos primordiais dos quais abordaremos adiante.
Modernamente, sustenta-se que a criminalidade é um fenômeno social normal, pois, não ocorre em algumas sociedades, mas sim em todas as sociedades constituídas pelo ser humano. Deste modo, o delito não só é um fenômeno social normal, como também cumpre outra função importante, qual seja, a de manter aberto o canal de transformações de que a sociedade precisa. 
Sob um outro prisma, pode-se concordar, com Durkheim (1978, p. 83) que cita que as relações humanas são contaminadas pela violência, necessitando de normas que as regulem. E o fato social que contrariar o ordenamento jurídico constitui ilícito jurídico, cuja modalidade mais grave é o ilícito penal, que lesa os bens mais importantes dos membros da sociedade. 
Portanto, função do direito penal é estabelecer sanções às ameaças contundentes que afrontam a vida em comunidade, submetidas ao processo de aprovação institucionalizado.
6.1.2 Abordagem histórica
Para termos uma ampla visão da função do Direito Penal, é demasiadamente necessário que se entenda o início de sua criação, e a necessidade deste para a raça humana, sendo assim para o início da análise de sua função é importante destaca-se a colocação de PRADO:
“O homem, por sua própria natureza, vive e coexiste em comunidade (relatio ad alterum). O direito regula o convívio social, assegurando-lhe as condições mínimas de existência, de desenvolvimento e paz. Tanto assim é que a sociedade e Direito se pressupõe mutuamente (ubi societas Ibi jus et ibi jus ubi societas)”. (PRADO ,2005, p. 52).
A aglomeração humana, não obstante a sociedade, desde seus primórdios sofre com a violação de regras e costumes, sendo assim, seus membros aplicavam diversas formas de castigos como retribuição do fato, diante disso, tivemos, em seus primórdios, as sanções eram relacionadas como a libertação da ira dos Deuses, cita Nucci ‘‘Acreditava-se nas forças sobrenaturais, que, por vezes, não passavam de fenômeno da natureza, como a chuva ou o trovão, motivo pelo qual, quando a punição era concretizada, imaginava o povo primitivo que poderia acalmar os deuses’’ (NUCCI, 2014, pág 8). Sendo assim, havia uma grande convicção de que o reflexo climático era uma resposta divina, envolvendo o pensamento dos deuses ao crime.
Em sequência, tivemos a transição para a vingança privada, da qual, como abordado por muitos doutrinadores, tratava-se na verdade, da justiça com as próprias mãos, mantendo-se a lei do mais forte. Nessa época prevalecia a Lei do Talião[footnoteRef:1], adotada no Código de Hamurabi (Babilônia), no Êxodo (hebreus) e na lei das XII Tábuas (romanos). [1: A Lei ficou conhecida como "olho por olho, dente por dente”. Porque abordava a regra de que a punição deveria ser exatamente igual ao crime.] 
Porém, por óbvio, o passar do tempo ficou castigado pelo grande número de perda de membros corpóreos, sentido ou função, que este sistema proporcionava, vale destacar, que mesmo assim para a época as sanções demasiadamente brutais e cruéis, via-se como um avanço no Direito Penal, muito embora carregasse uma forma violenta de retribuição, se tornando uma sanção pouco mais proporcional.
A Lei foi criada para que os membros da comunidade evitassem a vingança privada, afastando assim a possibilidade de retaliação entre clãs, teve-se ainda, avanço na pessoalidade da pena, isso pois, na época era possível efetuar a entrega de um escravo para receber a pena devida no lugar do infrator, tornando a pena mais igualitária em relação aas classes, nas palavras de Magnabosco, nota-se parte da evolução histórica das penas:
As sanções da Idade Média estavam submetidas ao arbítrio dos governantes, que as impunham em função do "status" social a que pertencia o réu. A amputação dos braços, a forca, a roda e a guilhotina constituem o espetáculo favorito das multidões deste período histórico. Penas em que se promovia o espetáculo e a dor, como por exemplo a que o condenado era arrastado, seu ventre aberto, as entranhas arrancadas às pressas para que tivesse tempo de vê-las sendo lançadas ao fogo. Passaram a uma execução capital, a um novo tipo de mecanismo punitivo (1998, p. 1).
Vale ressaltar que muitas decisões e normas criadas se justificavam pelo caráter religioso, sendo a acao do Estado amenizada pela fé do povo. Finalmente, superando as fases da vingança divina e da vingança privada, a vingança passou a ser pública, nesta fase, de acordo com Bittencourt, o objetivo da repressão criminal é a segurança do soberano ou monarca pela sanção penal, que mantém as características da crueldade e da severidade, mantinha-se assim o caráter intimidador. 
Na Grécia Antiga, em seus primórdios, o crime e a pena continuaram a se inspirar no sentimento religioso, como traz Cézar em seu dizeres: 
“Essa concepção foi superada coma contribuição dos filósofos, tendo Aristóteles antecipado a necessidade do livre-arbítrio, verdadeiro embrião da ideia de culpabilidade, firmado primeiro no campo filosófico para depois ser transportado para o jurídico. Platão — com as Leis — antecipou a finalidade da pena como meio de defesa social, que deveria intimidar pelo rigorismo, advertindo os indivíduos para não delinquir. Ao lado da vingança pública, os gregos mantiveram por longo tempo as vinganças divina e privada, formas de vingança que ainda não mereciam ser denominadas Direito Penal.”(2015)
Após esse cenário, tanto quanto aterrorizante, aonde o destino das penas era caracterizado pela intimidação por vezes cruel ao delinquente, o direito penal passou então pela humanização de suas penas, tendo como pioneiro o Marques de Beccaria, considerado por muitos o marco do Direito Penal Moderno, ele defendia uma letra de lei para que assim se evitassem julgamentos precipitados dos magistrados e imposições cruéis, pensamento este muito revolucionário para a época. 
Defendia, inclusive, a retirada da tortura como meio de investigação criminal, por razões óbvias, e sustentou que a pena deveria servir como um meio de regenerar o indivíduo. 
Não obstante a este autor, Bentham, Montesquieu, Voltaire e outros filósofos e juristas contribuíram para o avanço do direito penal, de acordo com NUCCI (2014, p. 12) nesta época espalharam-se os princípios pela Europa, serenando penas e estabelecendo melhor proporcionalidade entre o delito e a sanção, eliminando a tortura e o sistema de prova legal, tendo este escritor grande papel no amadurecimento da reforma penal dos últimos séculos. 
Por fim, vale destacar que, grandes doutrinadores contemporâneos baseiam-se nas obras destepara elaborar ideias e discussões acerca da nossa realidade.
6.2 Sistema Punitivo vigente
O sistema do Direito Penal estabelece ao nosso sistema jurídico consequência jurídicas às ações ou omissões consideradas lesivas ao bem jurídico –comportamentos consideravelmente reprováveis ou maléficos à sociedade- estabelecidos mediante lei como crime, estabelecendo pena[footnoteRef:2], medida de segurança[footnoteRef:3] e, ou cumulativamente, multa. De acordo com Cléber, isso substitui a vingança do ofendido ou mesmo a revolva de toda a sociedade, disciplinando as relações sociais, afastando soluções extrajudiciais e tomando a responsabilidade para o poder público a manutenção da ordem e segurança social (MASSON, 2018, p. 585). [2: Pena: aplicada aos agentes imputáveis.] [3: Medida de segurança: aplicada aos agentes inimputáveis.] 
De acordo ao objetivo do direito penal, como discorre PRADO, a função primordial deste ramo é a proteção das coisas essências ao indivíduo e a comunidade, sendo esses merecedores da tutela penal, implicando certo juízo de valor acerca de determinado objeto ou situação social e de relevância para o desenvolvimento humano. Além disso, frisa-se que a coerção penal nem sempre é aplicada, tendo por vezes impedimentos previstos, como por exemplo as causas de excludente de ilicitude ou extinção de punibilidade. Impondo ao infrator comente quando o ato é típico, antijurídico e culpável.
Desenvolve-se em três planos para a aplicação das penas, são eles: legislativo, onde o legislador desenvolve a tipicidade penal, estabelecendo a sanção cabível ao ato, preocupando-se em estabelecer parâmetros para sua aplicação, por exemplo, pena mínima, máxima, causa de aumento e diminuição, entre outros. Na esfera judicial, busca-se a aplicação da lei criada, respeitando o sistema trifásico[footnoteRef:4] ou bifásico (referente à multa). Já no âmbito administrativo, cuida-se da execução do condenado. [4: Código Penal, Artigo 68 prevê: A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.] 
A pena por si só, visa proteger o pacificar a sociedade como um todo, esta tem fundamentos e teorias distintas no que diz respeito ao fundamento desta temos: a) retribuição ao condenado, punindo este de maneira equivalente ao mal produzido ao coletivo; b) reparação: consiste em atribuir certa resposta à vítima, reparando, ao menos parte do seu dano, como forma de recomposição ao mal sofrido. c) denúncia: demonstrar alto grau de reprovabilidade ao delito, almejando a intimidação, consequentemente, prevenindo de maneira geral; d) incapacitação: priva o condenado retirando este do meio social, protegendo o convívio do restante, deixando-o isolado da sociedade. 
Neste viés cita Garafalo (1893, p. 114), que a pena é uma mal necessário à reparação do mal provocado, mesmo que aparentemente o fim da pena seja a vingança social, em primeiro se exclui o condenado do coletivo e após, constrange o autor de um mal a repará-lo, tanto quanto possível, como destaca Greco, um Estado que procura ser garantidor de direitos daqueles que habitam sua comunidade deve, obrigatoriamente, encontrar limites ao seu direito de punir (2014, p. 479).
1.2.1 Teorias e finalidades
Para analisar o caráter punitivo, necessitamos para tanto indagar-nos sobre o conceito de pena nos é necessário analisarmos que a pena é nada mais, nada menos que um mal necessário, um castigo, por assim dizer, deste modo tem um caráter retributivo em relação ao delinquente. 
Dentro disso, possuímos diferentes teorias e divergências acerca da finalidade da sanção penal, previsto no artigo 59 do Código Penal “as penas devem ser necessárias e suficientes à reprovação e prevenção do crime”, neste sentido, possuímos a teoria absoluta, visando a retribuição muito bem esclarecida por Roxin ao citar que a teoria da retribuição não encontra o sentido da pena na perspectiva de algum fim socialmente útil, senão em que mediante a imposição de um mal com caráter retributivo.
Tem-se ainda, o pensamento que a pena serve única e exclusivamente para retirar, ao menos momentaneamente, o indivíduo da sociedade buscando evitar que ele volte a delinquir. No tocante ao caráter preventivo, possuímos quatro aspectos muito bem trazidos por Guilherme de Souza (NUCCI, 2014, p. 337):
“a)geral negativo, significando o poder intimidativo que ela representa a toda a sociedade, destinatária da norma penal; b) geral positivo, demonstrando e reafirmando a existência e eficiência do Direito Penal; c) especial negativo, significando a intimidação ao autor do delito para que não torne a agir do mesmo modo, recolhendo-o ao cárcere, quando necessário e evitando a prática de outras infrações penais; d) especial positivo, que consiste na proposta de ressocialização do condenado, para que volte ao convívio social, quando finalizada a pena ou quando, por benefícios, a liberdade seja antecipada.”
É visível que, tendo em vista as diversas dificuldades encontradas pelo estado algumas características estão prejudicadas atualmente tendo em vista as diversas falhas no sistema penal, principalmente o caráter reeducativo da pena previsto a lei de execuções penais[footnoteRef:5]. Sendo assim, é gritante que a pena muitas vezes acaba funcionando apenas com a finalidade de retribuição, imposta ao autor do fato. [5: Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.] 
O que se busca, em teoria no nosso atual código penal em artigo anteriormente citado é a busca pela prevenção e retribuição, acalmando os ânimos da sociedade e prevenindo o cometimento da sociedade, porém, denota-se diversas discussões e críticas sobre ambos os posicionamentos.
	
1.2.2 Determinação da pena
O sistema punitivo de todo e qualquer estado, funciona de maneira seletiva, separando parte de indivíduos marginalizados para manter a outra parte em estado de paz, sendo assim, cumpre função simbólica de punição. Para tanto é calculado o quantum de pena, a pena restritiva de liberdade tem seus limites fixados no artigo 53 do Código Penal vigente, porém mesmo que não estejam as penas restritivas de direito previstas na parte especial, irão sim, substituir a privativa de liberdade em eventuais casos.
A individualização é prevista no artigo 59 do dispositivo citado acima, sendo assim cabe ao juiz analisar cada quesito e preenche-los se assim se dizer necessário. Adota-se também por nosso sistema a cominação da pena multa, sendo valor pecuniário estipulado (Artigo 49[footnoteRef:6] do Código Penal). Como traz explicado por Prado (2005, p. 683) o número de dias-multa exprime o conteúdo de injusto e de culpabilidade da ação, já a estipulação do montante pecuniário de cada dia-multa serve exclusivamente para ajustar a pena à respectiva capacidade de relação econômica do sentenciado. O cálculo será feito em três fases distintas [6: A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de dez e, no máximo, de trezentos e sessenta dias-multa.] 
1.3 Princípios fundamentais do Direito Penal
O direito penal contemporâneo é composto por múltiplos princípios fundamentais, estes, criados ao longo dos anos como noções básicas e essências para a interpretação da norma, entre eles. Além do exposto, cabe ressaltar, nas palavras de Nucci, que existem os princípios advindos da Constituição Federal do Brasil, sendo denominados constitucionais servindo como orientadores para a legislação ordinária, servindo o cidadão e estabelecendo critérios de integração do texto constitucional (2014, página 19). Neste sentido, possuímos os princípios constitucionais explícitos que dizem respeito à atuação do estado.
Ao estudarmos o Direito Penal, nota-se que a lei é o pressuposto das infrações e das sanções, sendo assim, se tornou necessário seguir caminhos básicospara sua criação, a lei então nasce da pretensão punitiva por parte do Estado, sendo assim, com caminhos pré-estabelecidos, seguimos os princípios primordiais do regramento penal. 
Assim sendo, um grande princípio a ser apontado é o da Legalidade, também conhecido como princípio da Reserva Legal, esse, defende a tese de que nenhuma ato pode ser visto como crime e nenhuma pena pode ser aplicada, sem antes existir uma lei para tanto, este princípio visa garantir ao homem fazer tudo o que bem entender, mas de modo limitado por lei, permitindo que o indivíduo tenha a certeza de que não será penalizado por condutas lícitas, ou seja, afasta eventual punição indevida por parte dos aplicadores da norma, estipulando a conduta atípica de forma mais concreta possível (nullun crimen, nulla poena sine lege).
Trazido este na palavras do artigo 5º da Carta Magna[footnoteRef:7], e também no artigo primeiro do Código Penal, é também acompanhado se preencher o requisito da Anterioridade, princípio esse que enfatiza que o crime e sua pena devem ser criados anteriormente à data do fato. [7: Constituição Federal de 1988, artigo 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.] 
Para Bitencourt, o princípio da Legalidade ou da Reserva legal, representa a garantia política de que nenhuma pessoa poderá ser submetida ao poder punitivo do estado, necessitando de leis formais que sejam fruto do consenso do povo, com base na democracia. Não admitindo desvios, e seguindo parâmetros de exigência (2015, pág 53). 
Este princípio carrega funções fundamentais com ele, como a proibição da retroatividade da lei penal, que define que só haverá crime com se houver lei anterior definindo-o, respeitando o tempus regit actum, definindo como exceção que somente poderá retroagir se em benefício deste, seguindo a regra de que irretroativade, deste respondendo o autor do fato pela lei vigente na época do fato. 
Além disso, defende que a lei não pode contemplar conceitos vagos ou imprecisos, devendo ser taxativa, descartando a possibilidade de analogia in malan partem como cita QUEIROZ:
	
O princípio da reserva legal implica a máxima determinação e taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Poder Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipos penais com a máxima precisão de seus elementos, bem como ao Judiciário que as interprete restritivamente, de modo preservar a efetividade do princípio.
O agente deve saber qual conduta estará praticando, não deixando lacunas ao intérprete da lei das quais possam possibilitar uma abertura para a imparcialidade. 
O princípio da extra-atividade da Lei Penal, prevê quem mesmo depois de revogada, pode continuar a regular fatos ocorridos durante a sua vigência ou retroagir para alcançar aqueles que ocorreram antes da sua vigência. 
Diante disso, é claro que visa que a lei penal só retroagirá para beneficiar o réu[footnoteRef:8]. Não obstante, a lei nova que, de qualquer modo, favoreça o acusado, mesmo depois do trânsito em julgado[footnoteRef:9] deve ser aplicada ao crime imputado, fugindo da regra geral que leva em conta a lei vigente no momento da ação. [8: Constituição Federal de 1988, artigo 5º XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.] [9: Trânsito em julgado é uma expressão usada para uma decisão ou acórdão judicial da qual não se pode mais recorrer, seja porque já passou por todos os recursos possíveis, seja porque o prazo para recorrer terminou ou por acordo homologado por sentença entre as partes. Daí em diante a obrigação se torna irrecorrível e certa.
] 
Para darmos uma limitação pouco genérica à proteção do estado, seguimos o Princípio da Intervenção Mínima, estipula que o estado só irá ater-se aos bens mais importantes e necessários à vida em sociedade, tendo uma visão entre as condutas que mais merecem proteção do estado, devendo intervir quando a afronta for realmente relevante ao bem, devendo às outras áreas a preocupação com ataques de menor potencial ofensivo. De modo que, é importante destacarmos, no passado, haviam direitos que detinham maior importância, mas hoje com a evolução da sociedade já podem ser satisfatoriamente protegidos pelos demais ramos do ordenamento jurídico contemporâneo. Desse modo, podemos concluir de acordo com André Copetti:
Sendo o direito penal o mais violento instrumento normativo de regulação social, particularmente por atingir, pela aplicação das penas privativas de liberdade, o direito de ir e vir dos cidadãos, deve ser ele minimamente utilizado. Numa perspectiva político-jurídica, deve-se dar preferência a todos os modos extrapenais de solução de conflitos. A repressão penal deve ser o último instrumento utilizado, quando já não houver mais alternativas disponíveis.
Sendo assim, o estado não pode interferir demasiadamente na vida do particular, criado principalmente para conter eventuais abusos por parte do mesmo, prevê ainda que o ultima ratio, só entrará em ação na falta de solução em ramo diverso. Este princípio advém sentido de que o Direito penal é fragmentário e subsidiário, porque cuida apenas de uma parte dos delitos (fragmento) e de forma subsidiário (apenas quando outro ramo não consegue solucionar tal conflito. Destes dois, devemos ressaltar a importância para o presente trabalho, tendo em vista as dificuldades enfrentadas para este ser mantido nos últimos tempos como uma última ratio, nas palavras do Nucci:
[...] significa que o direito penal não deve interferir em demasia na vida do indivíduo, retirando-lhe autonomia e liberdade. Afinal, a lei penal não deve ser vista como a primeira opção (prima ratio) do legislador para compor conflitos existentes em sociedade, os quais, pelo atual estágio de desenvolvimento moral e ético da humanidade, sempre estarão presentes.” (2014, p. 25)
Já aos princípios que abordam o indivíduo é primordial discorrermos sobre a Dignidade da pessoa humana, frisa que o direito penal deve preocupar-se com o bem estar da coletividade, bem como, para este trabalho ressaltamos o tratamento com os apenados, prevendo que devem tratar todos como humanos, motivo este que leva a Constituição Federal Brasileira prever penas que não são adequadas aos princípios de humanidade, nas palavras de Nucci, são elas: 
a) A de morte (exceção feita à época de guerra declarada, conforme previsão dos casos feita no Código Penal Militar); de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis (art. 5.º, XLVII), bem como que deverá ser assegurado o respeito à integridade física e moral do preso (art. 5.º, XLIX). Na realidade, há uma redação imprecisa, pois as penas cruéis constituem o gênero do qual são espécies as demais (pena de morte, prisão perpétua, banimento, trabalho forçado). Logo, na alínea e, onde se lê cruéis, devemos incluir as penas corporais, que implicam em castigos físicos. (2014, pag 21-22)
Sendo assim, deve se compreender que este princípio compreende todos os demais valores defendidos pela constituição federal, não descaracterizando o homem como pessoa, sendo defendido por Beccaria[footnoteRef:10], em sua obra delitos e das penas que não há liberdade onde as leis permitem que, em certos momentos o homem passe a ser considerado coisa, pelo delito cometido. [10: BECCARIA, Delitos e das penas, XXVII, pag 316.] 
Dos princípios referentes ao indivíduo possuímos a Personalidade ou da responsabilidade pessoal, considerado um princípio do direito penal moderno, possui caráter pessoal em relação à pena, afastando a possibilidade de ultrapassar a pena, em matéria penal para terceiros, destaca-se a possibilidade de entregar outro alguém para o cumprimento da sanção algo totalmente impossível perante a lei, o que náo acontecia na época da escravidão, onde os servos podiam ser castigados no lugar de seus senhoras.
 Além deste, o nosso ordenamento trata ainda da individualização da pena, previsto no artigo 5, XLVI da Constituição Federal, leva em conta não só a norma penal, mas seus aspectos subjetivos e objetivos do crime. Assim, busca fixarde maneira individualizada a sanção, de maneira correspondente as atitudes efetuadas para a prática da infração penal, sendo assim, leva em conta quesitos referentes de indivíduo para indivíduo, dos quais serão estudados em momento oportuno.
Por fim, dentre os princípios escolhidos para abordarmos neste capítulo, precisamos citar o da Insignificância ou da criminalidade de bagatela, esse aborda as questões que são socialmente adequadas, excluindo algumas atitudes da parcela do “fragmento”, citado anteriormente. Para Bittencourt:
Além da necessidade de existir um modelo abstrato que preveja com perfeição a conduta praticada pelo agente, é preciso que, para que ocorra essa adequação, isto é, para que a conduta do agente se amolde com perfeição ao tipo penal, seja levada em consideração a relevância do bem que está sendo objeto de proteção. Quando o legislador penal chamou a si a responsabilidade de tutelar determinados bens – por exemplo, a integridade corporal e o patrimônio –, não quis abarcar toda e qualquer lesão corporal sofrida pela vítima ou mesmo todo e qualquer tipo de patrimônio, não importando o seu valor.
Prevê nele, que o juiz e tribunais não devem se prender às questões irrelevantes, descartando a possibilidade do estado intervir em qualquer problema ocorrido na sociedade. Quando se torna algo insignificante para o mundo do Direito Penal, o fato tornou atípico de acordo com Masson, porque mesmo sendo típico formalmente (juízo de adequação entre o fato praticado e o modelo de crime descrito na norma penal), porém, ocorre a falta de tipicidade Material, que caracteriza-se pela lesão ou perigo desta, ao bem jurídico.
Sua aplicação é rotineira em decisões, quando preenchidos os requisitos mínimos para sua aplicação, que são: I- mínima ofensividade da conduta; II- ausência de periculosidade social; III- reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; IV-Inexpressividade da lesão jurídica.
Há também requisitos subjetivos levados em conta na hora de sua aplicação como a reincidência[footnoteRef:11] (da qual há discussões), os casos de criminosos habituais[footnoteRef:12] e os militares[footnoteRef:13]. [11: Significa voltar a praticar um delito havendo sido anteriormente condenado por outro.] [12: Trata-se do criminoso que faz de seu meio de vida a atividade criminosa.] [13: Veda-se em âmbito militar qualquer conduta, mesmo que insignificante em outros casos.] 
2. Tipos de Pena, Criminologia e Vitimologia
2.1 Tipos Penas
Para tratar das medidas adotadas pelo Brasil na redução da criminalidade, faz-se extremamente necessário o estudo das penas impostas pelo Estado, isso porque, muitas mudanças em busca da redução da criminalidade derivam da mudança na sanção penal, ou seja, seu tempo, regime, ou formas.
A pena, como abordado anteriormente, trata-se de uma consequência imposta pelo Estado frente ao delinquente que pratica uma infração penal, no entanto como a história do início das penas macula suas diretrizes de aplicação, o estado passou a elencar os principais moldes no Código Penal Brasileiro e na Constituição Federal da República do Brasil por meio de artigos, ou até mesmo princípios expressos ou implícitos
De forma que, tendo em vista a forma que a pena era imposta na antiguidade, como já visto, buscou-se no nosso ordenamento jurídico, o devido processo legal, sendo defeso com força constitucional que alguns tipos de pena fossem impostas aos condenados, afastando amputações, morte, escravidão, como bem mostra seu inciso XLVII do art. 5º, da Constituição Federal[footnoteRef:14]. [14: XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis;] 
Da mesma forma, elenca os tipos de penas cabíveis ao delito, elencados no artigo 32 do Código Penal[footnoteRef:15], que são: as Privativas de liberdade, Restritivas de Direitos e Multa. Além disso, cabe ressaltar que podem serem aplicadas nas seguintes condições: a) isoladamente: cominação única de uma pena; b) cumulativamente duas espécies (ex.: reclusão e multa); c) paralelamente: cominado de forma alternada, reclusão ou detenção; d) alternativamente a lei coloca duas opções à disposição (Ex.: multa ou detenção) (MASSON, 2018. P.595). [15:  Art. 32 - As penas são: I - privativas de liberdade; II - restritivas de direitos; III - de multa.
] 
2.1.1 Penas Privativas de Liberdade 
Como o próprio nome já diz, essa modalidade retira do réu o direito de locomoção, no todo ou em parte. No nosso Direito Penal Brasileiro possuímos duas espécies previstas em seu artigo 33[footnoteRef:16], caput: detenção e reclusão. Das quais são inerentes aos crimes, e em relação as contravenções temos o artigo [16: Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.] 
Quinto[footnoteRef:17] da Lei das Contravenções Penais: prisão simples. [17: Art. 5º As penas principais são: I – prisão simples. II – multa.] 
	Visto isso, interessa-nos abordar cada uma delas, porém, tendo que a pena poderá ser cumprida em três modalidades de regime (aberto, semiaberto, fechado) os veremos antecipadamente:
No que concerne o regime aberto, esse foi adotado visando a autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, nesse regime ocorre o recolhimento noturno à casa do albergado, ou estabelecimento análogo, desenvolvendo atividades laborais externas durante o dia (sendo aceito, inclusive, a forma autônoma). Nos dias de folga porém, o preso deverá ficar recolhido, como bem aborda Cléber:
 A pena é cumprida na Casa do Albergado, cujo prédio necessita situar-se em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos, e caracteriza-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga. Em cada região haverá, pelo menos, uma casa do albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos para acomodar o presos, local adequado para cursos e palestras. (MASSON, 2018, p. 664)
Além disso, para que o preso consiga tal benesse terá que trabalhar ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente, há também os casos em que o preso poderá remir pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional. 
No tocante ao regime semiaberto, tem-se que o preso ficará sujeito ao trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou em estabelecimento similar. Como bem traz Cléber: 
Se o condenado ao regime semiaberto, em face da ausência de vaga em colônia agrícola ou industrial, cumpre a pena em estabelecimento adequado, em local destinado exclusivamente aos presos do regime intermediário e com direito a todos os beneficias a este inerentes, não há falar em constrangimentos ilegal e inserção do reeducando no regime aberto ou em prisão domiciliar. (NUCCI, 2018, p.663)
Diante do exposto, podemos ressaltar que a medida foi tomada devido as faltas de vagas nos estabelecimentos adequados previstos no nosso artigo 91 da LEP[footnoteRef:18]. Ademais, é admissível o trabalho externo, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou até superior, pode-se ainda remir pela frequência a curso de ensino regular ou educação profissional (GRECO, 2014, p. 503). [18: Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao cumprimento da pena em regime semi-aberto.] 
E por fim, tem-se o cumprimento em regime fechado, aonde o réu após ser condenado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com a individualização da execução. Nessa regime, mesmo que mais gravoso, possui o preso direito ao trabalho aonde fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. 
Quanto ao trabalho nesse regime temos o inciso II do art. 41 da Lei de Execução Penal, sendo assim, como é dever da administração fornecer meios de trabalhoao preso, em caso de não fazê-lo, terá o preso direito à remição de pena[footnoteRef:19] (GRECO, 2014, p. 501). Ademais, como muito bem traz Rogério em relação ao trecho que diz respeito ao trabalho externo: [19: A cada três dias trabalhados, o preso terá um dia de pena remida.] 
O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviços ou obras públicas realizadas por órgãos da administração direta e indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina (art. 36 da Lei de Execuções Penais)
Por fim, cabe destacar que existem disposições diferentes em relação aos estabelecimento penais de segurança máxima, das quais não abordaremos no presente trabalho, mas necessitam de atenção pelo grau de periculosidade dos réus que lá se encontram.
Outrossim, o reincidente ira iniciar o regime fechado em caso de pena superior aos 4 anos, de outra forma que o o primário cuja pena seja superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado, enquanto o que condenado por pena superior aos 4 (quatro) anos e não excedendo os 08 anos poderá cumpri-la em regime semiaberto. Por fim, o primário com pena inferior aos 04 (quatro) nãos irá cumpri-la em regime aberto. (MASSON, 2018, p. 612).
Por fim, destaca-se que as penas serão cumpridas das mais gravosas até as mais brandas, ou seja, primeiro reclusão, segundo detenção (se houver). Embora que nos casos de crime hediondo está presente a regra trazida por Guilherme:
Por outro lado, havendo penas impostas pela prática de crimes hediondos, devem estas ser cumpridas em primeiro lugar, até pelo fato de serem as que elevam o prazo para a progressão de regime, bem como estipulam prazo maior para a obtenção do livramento condicional. (NUCCI, 2014, p.345)
Sendo esses os regimes do cumprimento de pena das penas privativas de liberdade deve-se partir a cada um deles propriamente ditos, a começar pela reclusão, da qual como bem traz o artigo 33 do Código Penal Brasileiro, caput, primeira parte. Definindo para essa modalidade todos os regimes possíveis (aberto, semiaberto, fechado).No mesmo sentido a pena de detenção poderá ser cumprida em regime semiaberto e aberto, trazendo que o sistema prisional em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar, ou ainda casa de albergado ou estabelecimento adequado (ANDREUCCI, 2009, p.103). 
Por outro lado, de forma mais branda temos a prisão simples, relativa aas contrações penais, da qual não traz um rigor penitenciário, consequentemente em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum em regime semiaberto ou aberto como disposto no artigo 6
º da Lei de contravenções Penais[footnoteRef:20]. [20: Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto. ] 
2.1.2 Pena de multa
Além das penas expostas, possui nosso ordenamento a pena prevista de multa, da qual vale tanto para os crimes como para as contravenções, é considerada uma sanção penal de cunho patrimonial, consistente no pagamento de determinado valor em dinheiro em favor do Fundo Penitenciário[footnoteRef:21]. [21: Fundo Penitenciário Nacional formado por recursos decorrentes das penas de multa aplicadas em sentenças condenatórias transitadas em julgado.] 
O critério adotado para definir seu valor é baseado no sistema de dias-multa, como discorre Cléber:
O Código Penal adota, por forca do artigo segundo da Lei 7.209/1994- Reforma da Parte Geral do Código Penal -, o critério dia-multa, pelo qual o preceito secundário de cada tipo penal se limita a cominar a pena de multa, sem indicar seu valor, o qual deve ser calculado com base nos critérios previstos no artigo 49 do Código Penal. (MASSON, 2018, p.797)
Logo, para sabermos qual o valor da pena, será analisado o Sistema Bifásico, o primeiro passo será estabelecer o número de dia-multa, entre no mínimo 10 (dez) e o máximo de 360 (trezentos e sessenta), como prevê a parte final do artigo 49 do Código Penal.
	Assim como a pena privativa de liberdade, o magistrado leva em conta as circunstancias do artigo 59, caput. Assim, logo após estabelecer a quantia obedecerá o valor de cada dia-multa, não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente na época do fato, nem superior a cinco vezes esse salário, valor este que levará em consideração a situação econômica do réu. 
Embora o valor seja calculado no máximo previsto em lei, o juiz, com base no artigo 60[footnoteRef:22] do Código Penal, poderá aumentar o valor até o seu triplo, se considerar ineficaz a pena comida, ainda que em seu máximo (GRECO, 2014, p.559). [22: Art. 60, § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. 
] 
2.1.3 Penas Restritivas de Direitos
É notório que através dos tempos, se buscou formas mais justas na forma da aplicação penal, sendo assim, por mais que ao longo da história a civilização tentou repelir o delito, de forma cruel inúmeras vezes, não foram capazes de reduzir de maneira eficaz a criminalidade. 
Sendo assim, o ordenamento jurídico Brasileiro passou a prever penas restritivas de direito, das quais substituem a prisão, apesar de pensamentos diversos, possuem uma solução parcial relativo ao cometimento da infração Penal. Como bem defende Cléber (MASSON, 2018, p. 755):
As penas restritivas de direitos são também chamadas de “penas alternativas”, pois têm o propósito de evitar a desnecessária imposição de pena privativa de liberdade nas situações expressamente indicadas em Lei, relativas a indivíduos dotados de condições pessoais favoráveis e envolvidos na pratica de infrações penais de reduzida gravidade.
 Suas espécies são previstas no artigo 43 do Código Penal Brasileiro[footnoteRef:23], duas características são: A) substitutivas, pois afastam a pena privativa de liberdade (de curta duração); B) a pena substituída deve ser igual ou menos a 4 anos, ou resultante de crime culposo; C) o crime não poderá ter disso cometido com grave ameaça a pessoa ou com violência; D) O réu não poderá ser reincidente em crime doloso; E) Será ainda analisado os elementos subjetivos do condenado, afim de indicar se a pena operada será suficiente (ANDREUCCI, 2009, p. 108). [23: Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I - prestação pecuniária; II - perda de bens e valores; III - limitação de fim de semana. IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; V - interdição temporária de direitos; VI - limitação de fim de semana. ] 
Diante do exposto, temos as penas propriamente ditas, em primeiro, temos a pena de Prestação pecuniária, da qual consiste no pagamento à vítima (pode consistir em dinheiro, ou de outra natureza como: Cesta básica, medicamentos, etc), a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de valor fixado pelo juiz, com base no artigo 45 do Estatuto repressivo. Seu valor será fixado de um salário mínimo até o máximo de 360 salários mínimos.
Além dessa, possui o Código Penal a previsão da perda de bens e valores pertencentes ao condenado, de forma que o artigo 5º, inciso XLVI, alínea “b”, da Constituição Federal a elenca, além disso é regulada pela legislação nacional infraconstitucional, em seu artigo 45, § 3º do Código Penal, no qual cumpre seu papel ao dispor que a perda dos bens e valores do condenado será em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
De outra sorte, tem-se a prestação de serviços à comunidade ou a entidade públicas, onde é cabível nas condenações com pena privativa de liberdade superior a seis meses, como bem traz o artigo 46, caput do Código Penal[footnoteRef:24]. Nesse sentido, verifica-se o que traz Cezar Roberto: [24: Art. 46- A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade] 
A doutrina tem conceituado a prestação de serviços à comunidadecomo o “dever de prestar determinada quantidade de horas de trabalho não remunerado e útil para a comunidade durante o tempo livre, em benefício de pessoas necessitadas ou para fins comunitários” [...]. (BITENCOURT, 2006, p.137) 
Essa pena, embora tenha caráter de restrição de direito traz consigo uma certa privação de liberdade, isso porque, o condenado irá ficar dedicado a tarefa imposta, logo, será confinado em local destinado ao trabalho durante o período de cumprimento. Cabe ressaltar que nessa modalidade, assim como as outras, as tarefas são atribuídas conforme aptidão do condenado, evitando pena esdrúxula, ademais irão ser cumpridas na razão de uma hora de tarefa por dia de condenação[footnoteRef:25], evitando-se o prejuízo a jordana normal de trabalho. [25: Código Penal, Artigo 46, § 3º- As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.] 
De outra maneira, possui-se como no quinta pena a interdição temporária de direitos, elencadas no artigo 47 do Código Penal Brasileiro, que traz as restrições, em primeiro lugar, elencada no artigo, temos a proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo: nesse caso, procurou-se englobar atividades relacionadas à vida pública do condenado, uma vez que relaciona-se com o cargo ou função do condenado ou atividade pública, bem como mandado eletivo.
Na sequência, tem-se a Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público: refere-se à vida privada de atuação do condenado, da qual depende de habilitação especial, licença ou autorização do poder público, como bem traz Cléber (MASSON, 2018, p. 791), o condenado será impedido, durante o tempo da pena, de desempenhar a profissão, ofício ou atividade.
Além do exposto, temos a Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo, que nesse caso, a pena é aplicada aos crimes culposos de trânsito, elencados na Lei 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro);
Na sequência, se expõe a Proibição de frequentar determinados lugares: Assim, como a prestação de serviços à comunidade, essa pena é encarada como uma restrição de liberdade, pois o direito da liberdade de locomoção é diretamente atingido;
Ademais, tem-se a Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos, nessa modalidade, diz respeito a diversos delitos em relação as funções de cargos públicos, pela ausência de lisura e idoneidade.
	Por fim, mas não menos importante, tem-se a pena restritiva de direito Limitação de fim de semana, originada na Alemanha, e regulada pelo Código Penal em seu artigo 48[footnoteRef:26], essa pena, terá seu cumprimento na casa do albergado, ou estabelecimento similar (separado dos demais estabelecimentos) porém, nunca em presídio, pois iria caracterizar pena mais gravosa. Contará com aposentos, e ainda local para cursos e palestras (MASSON, 2018, p.794). [26: Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.] 
2.2 Criminologia e Direito Penal
2.2.1 Criminologia como ciência do delito
Etimologicamente, a palavra criminologia deriva de crimino, crime em latim e do grego `logos`, tratado ou estudo, ou seja decorre do estudo e explicação do delito, meios formais e informais que a sociedade utiliza para lidar com o crime e atos desviantes (SHECAIRA, 2013, p. 35), é isso em regra que compõe o norte dessa ciência, que é em suma o conjunto de conhecimentos acerca do delito como fenômeno social, englobando a criação de leis e suas reações, a extensão do delito e a ciência do delito e do delinquente levando em conta os elementos individuais e sociais. 
Seu estudo não só visa as causas dos delito estabelecendo linhas de pesquisa em busca da explicação para o cometimento do delito, mas também em localizar formas de coibir o fenômeno delitivo, tendo assim uma explicação razoável para o cometimento dele em cada sociedade. 
Outrossim, visa formas de responder aos delinquentes de maneira efetiva, buscando maneiras de impor a sanção, como as medidas preventivas, penas, ou até tratamentos. Ademais, o estudo científico do delito e sua medida de extensão conforme o período de tempo, país ou região, e, por último, é influente na criação das leis, por óbvio, por estudar o comportamento também traz consigo medidas auxiliadores nas leis, principalmente as penais (PRADO, 2017, p. 21).
Como qualquer outra área da ciência, a criminologia evoluiu sua área de atuação, isso porque, em seus primórdios ela se preocupava apenas com o estudo do crime também do delinquente. Sua forma de estudo baseou-se uma ciência empírica –baseada na observação e na experiência-, além de possuir diversas disciplinas auxiliando no estudo do delito, condutas, e da vítima. 
Como bem aborda o autor Christiano:
Percebe-se que tal método é experimental, pois, diferentemente das ciências exatas, o estudioso da Criminologia não irá encontrar respostas prontas para a analise de seu objetivo, devendo observar os fenômenos sociais que norteiam a criminalidade e, com base nisso, encontrar uma solução para o caso concreto. (GONZAGA, 2018, p.17)
Além do exposto, possuímos ainda o método indutivo, aonde analisa-se observa, para depois encontrar uma regra ao caso, variando de um para o outro. Além disso, possui uma forma interdisciplinar de pesquisa, sendo mais fácil de compreender a realidade.
De acordo com o que apresenta Nestor:
“A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico. Observando em minúcias o delito, a criminologia usa, portanto, métodos científicos em seus estudos”. (PENTEADO FILHO, pag. 25, 2013)
Consequentemente, com a junção de múltiplas áreas de atuação e pesquisa, contempla um vasto conhecimento acerca dos objetos de estudo, não se prendendo apenas em um ponto específico, e sim na amplitude de técnicas que visam conjuntamente a prevenção e interferência na atuação delituosa do delinquente.
2.2.2 Escolas Criminológicas: Clássica e Positivista:
Embora não tenhamos uma unanimidade doutrinária acerca do surgimento da criminologia, podemos dizer que no plano contemporâneo o seu surgimento decorreu da longa evolução marcada pelo conflito entre as Escolas. Isso porque, embora seja autônoma há pouco tempo, carrega um grande passo pré-científico por assim dizer (PENTEADO FILHO, 2013, p. 28). 
É claro que na Antiguidade já se visualizava discussões sobre crimes e criminosos, como se vê nos estudos dos grandes pensadores da Grécia antiga, como Sócrates, Aristóteles e Platão, embora não houvesse algo sistematizado acerca da criminalidade que se pudesse chamar de Escola, ou marco teórico (GONZAGA, 2018, p.41) assunto do qual era tratado por experimentos de punição desenvolvidos ao longo do tempo e em livros, porém nada trazia um estudo amplo e autônomo sobre o assunto. 
Pois bem, para iniciarmos o estudo acerca de algumas escolas da criminologia, das quais foram as responsáveis pelo estudo aprofundado do delito e o motivo de autonomia dessa ciência, começaremos pela chamada Escola Clássica, a qual teve seu aprendizado durante o Iluminismo, momento histórico aonde se imperavam a razão, liberdade e o humanismo. 
A Criminologia Clássica foi a responsável por elaborar uma sistematização acerca da problemática do crime, consequentemente, alcançou seu objetivo de estudo, lhe permitindo ser um ciência reconhecida como autônoma (GONZAGA, 2018, p.41). Sendo assim, por ter um caráterhumanitário, buscou-se uma proporcionalidade nas penas, embora, pois, fosse um delinquente não deixava de ser um humano. Foi ainda, a Escola responsável por uma grande contribuição ao direito penal da atualidade como bem traz Cristiano:
Uma grande contribuição da Escola Clássica é que ela se preocupava com a aplicação da Lei, o que ressalta o princípio da legalidade, pois se cunhou de forma sistematizada a ideia de nullum crimen, nulla poena sine praevia lege (nulo o crime e nula a pena sem lei anterior). (GONZAGA, 2018, p.42)
A partir dessa contribuição, não podemos deixar de destacar ainda os principais pensadores dessa Escola, Cesare Beccaria, conhecido pelo seu livro “Dos delitos e das penas”, e Francesco Carrara, dos quais mesmo possuindo um pensamento distinto muito contribuíram para o estudo.
No tocante a Escola Positivista, tem suas raízes no início do século XIX na Europa buscou as causas da delinquência, ou seja, o que levou as pessoas a cometer tal ato, além de tratar o delito como um fato real e histórico, natural. Logo, buscava o estudo e compreensão, para o exame do delinquente e sua realidade social, identificando a raiz do fenômeno delitivo, para combate-lo de forma eficaz (MOLINA, p. 1992, p.149).
Instigado pelo sentido etiológico, temos Cesare Lombroso, conhecido por alguns como pai da criminologia, o qual ganhou destaque pela sua obra ‘O homem delinquente’, escrito em 1876, que foi responsável por afirmar que certos fatores biológicos deveriam ser levados em consideração para conferir o surgimento do crime e criminoso (GONZAGA, 2018, p.44). 
Lombroso teve como discípulos Enrico Ferri (1856 – 1929) e Rafael Garófalo (1851 – 1934) que foram fundamentais para a evolução do estudo criminológico. Embora sejam da mesmo Escola, possuíam atrás distintas de estudo. A exemplo disso temos que Lombroso atribuiu-se ao fator antropológico, Ferri por sua vez, desacreditava que o crime estava totalmente relacionado aos fatores individuais, e sim, ao fator social, ou seja condições sociológicas do criminoso. Além disso, defendia que a pena, por si só, seria ineficaz quando não precedida por oportunas reformas econômicas e sociais, de acordo com seu apontamento do fato social para o cometimento do delito.[footnoteRef:27] [27: 7OSHIMA, Thais Calde dos Santos. Evolução histórica das escolas criminológica. Disponível em: . Acesso em: 15/06/2019 as 9:18 http://www2.univem.edu.br/jornal/materia.php?id=342 ] 
Por outro lado, Rafael Garofalo por sua vez, ainda de forma empírica, defendia que a ausência desses sentimentos no delinquente o conduziriam ao crime, tal como probidade, e piedade.
Além dessas Escolas escolhidas para serem abordadas nesse trabalho é importante sabermos que não foram as únicas, muito pelo contrário, tivemos outras responsáveis por boas evoluções teóricas e de grande valia para essa ciência como a Escola de Chicago, a de Interacionista ou Labelling Approach, Terza Scuola (ou a Terceira escola), Escola Crítica, entre outras.
2.2.3 Relação da Criminologia com o Direito Penal
O Direito Penal, tem por objetivo o caráter retributivo estatal a fim de controlar a convivência social, além de buscar a ressocialização do delinquente, por outro lado, a Criminologia, no âmbito do desse direito visa analisar as estratégias, prevenções e combate ao crime, buscando uma prevenção mais adequada ao delito e a punição mais eficaz. 
Por outro lado, embora possamos acreditar que direito penal e criminologia são totalmente similares, cumpre-nos apresentar que embora tenham como objeto em comum o estudo do crime, não são iguais, isso porque a criminologia apresenta um campo de estudo ligado a filosofia, sociologia e até antropológica, apresentando assim meios diferentes da esfera jurídica-penal. 
Consubstancia-se naquilo que se pode denominar da vasta visão das ciências criminais, que se integram em um único bloco de conhecimento (SHECAIRA, 2013, p. 37); nas palavras de Penteado Filho, temos ainda a seguinte definição:
O direito penal é ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa uma punição. O direito penal conceitua crime como conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica e culpável (corrente causalista). Por seu turno, a criminologia vê o crime como um problema social, um verdadeiro fenômeno comunitário, abrangendo quatro elementos constitutivos[...] (PENTEADO FILHO, p. 22, 2013)
Ou seja, por um lado se tem a conceituação para aplicação da pena, e por outro notamos um estudo acerca do cometimento do delito, sua origem, ou motivação. 
Para melhor sistematização, o Direito Penal, pode ser definido como uma estrutura de artigos que prescrevem determinadas condutas adotadas pelo legislador como a Parte geral, e outras que estabelecem as condutas com sua sanção. Ou seja, se vê o reflexo do que foi estudado e analisado pela criminologia anteriormente, no estudo do caso concreto, com base nos temas mais relevantes para a sociedade (GONZAGA, 2018, p.33). 
2.3 Vitimologia e Direito Penal
2.3.1 Considerações Gerais acerca da Criminologia
A Vitimologia, etimologicamente deriva do latim “victima, ae da raoz grega logo”, foi empregada pela primeira vez por Benjamin Mandelson, em 1947, durante uma conferência em Bucareste (PIEDADE JUNIOR, 1993, p.78). É considerada uma ciência que tem como objetivo prioritário o estudo do comportamento da vítima, sua gênese, seu desenvolvimento, o estudo do processo de vitimização, criando condições de ordem social para que a vítima consiga exercer condições de regatar o dano sofrido.
A época apontada pelos estudiosos como despontar de interesse pelo estudo dessa ciência foi o período após o fim da Segunda Guerra Mundial, momento de grande sofrimento, o extermínio nos campos de concentração levado à tona, com a constatação das consequências da guerra, fez-se nascer um movimento em busca do amparado dos mais fracos, tendo um caráter de resposta ao ocorrido, do qual atingiu judeus, ciganos, homossexuais, e outros grupos vulneráveis. 
Cabe ressaltar que, não podemos dizer que a época de nascimento da vitimologia foi a supra citado, pois não foram os pesquisadores desse determinado tempo que iniciaram os estudos, nem mesmo os primeiros a procurar preocupações sociais em relação a vítima. 
Destarte, a vitimologia tem por objetivo estudar a personalidade da vítima em um complexo de manifestações, analisando-a sob o ponto de vista biológico, psicológico, econômico e social, de forma a contribuir para o exame do dolo e da culpa entre delinquente e vítima, bem como sua cooperação para a eclosão do crime.[footnoteRef:28] [28: https://aberto.univem.edu.br/bitstream/handle/11077/1174/Monografia%20Danyelle%20Zambon%20da%20Silva%20-%20XLVII%20Turma%20de%20Direito%20UNIVEM%20-%205%c2%baA%20Noturno.pdf?sequence=1&isAllowed=y] 
Ademais, nessa ciência a vítima possui uma responsabilidade frente ao delito, afastando o sentindo comum de que o criminoso é o único culpado frente a infração penal. Tem-se que, embora a necessidade de retribuição do Estado deva ser imposta, não se pode ignorar o papel da vítima
2.3.2 Vitimologia e Direito Penal
	A Vitimologia com a evolução de seus estudos ganhou espaço no Código Penal, visto que, por ser uma ciência de grande importância para apurar detalhes de certos delitos, temos que o Código Penal Brasileiro passou a adorar dispositivos que tratassem acerca da vítima, ficou inclusive elencado como uma das análises na fixação da pena, previsto no artigo 59[footnoteRef:29] do Código Penal Brasileiro, perquirindo de que maneira agiu a vítima em relação ao criminoso (PELLEGRINO, 1987, p. 36). [29: Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime] 
	Ademais, nessa ciência cuida-se da reparação do dano à vítima, no contexto do processo de vitimização, tendo como um dos objetivos areparação do dano causado, como reforça Heitor: 
Nessa linha de comentários sobre a proteção e amparo à vítima, o Código Penal Vigente, em respeitos aos direitos humanos consagrados em nossa Constituição Federal (art. 5º, incisos V e X), prevê certos dispositivos quando do processo de reinserção social do apenado, condicionando sua aplicabilidade a que a vítima de ato típico e ilícito tenha sido ressarcida. (PIEDADE JUNIOR, 1993, p.189)
	Não obstante, importante destacar o papel da vitimologia para demonstrar direito positivo brasileiro, mostrada como uma realidade nos dias atuais sendo nítido seu reconhecimento e a consagração. No campo da política criminal, apresenta várias linhas de pensamento, buscando uma maior relevância no ordenamento jurídica brasileiro, afim de buscar direitos da vítima, assim como dos acusados.
CAPITULO III- Ineficácia do sistema punitivo brasileiro para fins da redução da criminalidade
3.1 Relativização principiológica do Direito Penal
Como já abordado, o direito penal, tem um caráter preventivo e sancionador, punindo condutas que geram, ou ameaçam gerar, uma lesão aos bens jurídicos tutelados pelo direito público. Neste viés, o direito penal caracteriza-se por preocupar-se com assuntos que não são de responsabilidade de outras áreas, como o direito civil, direito do trabalho, entre outros. 
Sendo assim, carrega consigo o caráter de ultima ratio, última esfera cabível a algumas ações humanas, em outras palavras não cabe ao direito penal tutelar proteger todo o bem jurídico, podendo intervir demasiadamente nas relações entre seus membros. Ademais, cabe ressaltar que possui um caráter rígido para o instituição e aprovação de normas penais sancionadoras, isso porque, busca o controle do Estado, garantindo ao indivíduo uma proteção. Como bem traz CAPEZ:
Ao prescrever e castigar qualquer lesão aos deveres ético sociais, o Direito Penal acaba por exercer uma função de formação do juízo ético dos cidadãos, que passam a ter bem delineados quais os valores essenciais para o convívio do homem em sociedade. (2018, CAPEZ Fernando)
	Sendo assim, busca-se tutelar os delitos de dano, que são os que consumam efetiva lesão a um bem, com prejuízo efetivo aos sentidos humanos, além dos crimes de Perigo, que contentam mera probabilidade de haver um dano; e perigo abstrato, quando esta presumido o tipo penal, e por fim o crime de perigo concreto quando o dano precisa ser investigada e provada (NUCCI, 2014).
De acordo com Alejandro, o fim do Estado de bem-estar e de toda dua gama de possibilidades interventivas resultou na incapacidade das agências estatais dirigirem os rumos das sociedade. Outrossim, sem poder enfrentar problemas sociais e econômicos, o Estado faz uso do sistema repressivo penal a fim de legitimar a sua novel ideologia. O menos Estado social é compensado com mais Estado penal (WERLANG, 2018, pag. 106)
Sendo assim, a proliferação de crimes, é abastecida pela insegurança social, compensando a falta de estrutura econômica e social no endurecimento punitivo, conferindo à sanção penal a simulação de tratamento imediato aos variados problemas sociais conhecidos pelo Brasil e sua população.
Por falar de proliferação de crimes, a partir de 1990 o Brasil passou a promover novos tipos penais bem como a majoração de delitos preexistentes, exemplo disso o aumento do homicídio culposo incluído pela Lei n.
o 10.741/2003, o aumento da pena do delito de extorsão mediante sequestro, bem como, majoração do delito de envenenamento de agua potável ou de substancia alimentícia ou medicinal. Sem contar os crime novos como a invasão de dispositivo informático, apropriação indébita previdenciária, novos crimes de finanças públicas, entre outros (WERLANG, 2018, p. 113).
O grande problema de acordo com Alejandro Rayo, é que a ineficácia do Estado na seara social e a intenção de retirar vantagens eleitorais acabam fazendo com que essas legislações já nasçam fadadas ao fracasso, dado o exemplo da Lei de Drogas (11.343 de 2006), a qual trouxe o aumento de diversas penas, elevando o delito de tráfico de drogas, como bem traz o autor:
``[...] o que se viu foi o aumento do cometimento de tal infração, tanto que o número de encarcerados dos pela mercancia de entorpecentes cresceu, vertiginosamente, mesmo após a vigência da novel legislação. Em 2005, antes da edição da Lei n.o 11.343, haviam 31.510 presos pelo delito de tráfico de drogas; em 2006, esse número já saltou para 45.133; em 2010, já passava de 100 mil; e, em 2012, 131.368 pessoas estava atrás das grades por praticarem a mercancia de substâncias entorpecentes.`` (WERLANG, 2018, p. 114)
 Nos dados de 2017, de acordo com a DEPEN, o número chega a 136.149 mil presos, pelo tráfico de drogas e 156.749 mil, no montante da Lei 6.368/76 e Lei 11.343/06.
3.1.1. Relativização do Princípio da Ofensividade (ou lesividade)
Outrossim, cabe a abordagem acerca de princípios propriamente ditos, a exemplo, temos a mitigação do princípio da ofensividade, do qual traz a necessidade de que a norma penal contenha um conteúdo incriminador realmente ofensivo ao bem jurídico, ou seja, do ponto de vista técnico, deve haver uma lesão um ameaça de lesão que seja materialmente concreta, buscando assim a elaboração da norma penal com o constrangimento necessário para o fato.
Isso porque como traz BITTENCOUT, para que haja a tipificação em sentido material, é indispensável, pelo menos, um perigo concreto, real e efetivo de dano a um bem jurídico penalmente protegido. Apenas assim se justifica a intervenção do Estado na repressão penal, por isso, são inconstitucionais todos os crimes de perigo abstrato, pois, no âmbito do Direito Penal de um Estado democrático de direito, apenas se pode admitir infração penal quando há, um verdadeiro real e concreto perigo de lesão a um bem jurídico determinado. Na visão de Fernando:
A função principal da ofensividade é a de limitar a pretensão punitiva estatal, de maneira que não pode haver proibição penal sem um conteúdo ofensivo a bens jurídicos. O legislador deve se abster de formular descrições incapazes de lesar ou, pelo menos, colocar em real perigo o interesse tutelado pela norma. Caso isto ocorra, o tipo deverá ser excluído do ordenamento jurídico por incompatibilidade vertical com o Texto Constitucional (2018, CAPEZ)
Neste viés, vem a calhar análise de alguns crimes tipificados em nosso ordenamento, dos quais podem ser objeto de discussão, servindo assim como alicerce para a abordagem de crimes demasiadamente tipificados pelo Estado, em busca de uma redução da criminalidade, visto que em muitos casos as medidas administrativas são suficientes para evitar certas condutas.
Nesse caminho, como já visto, os crimes de perigo possuem seu aspecto de perigo concreto e abstrato, a exemplo do primeiro, possuímos o artigo 309 do Código de Transito Brasileiro[footnoteRef:30], que sanciona a conduta de dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para dirigir ou habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano. De forma que o perigo necessitaria ser comprovado, possuindo assim uma presunção relativa (juris tantum). [30: Lei 9.503/97 | Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997] 
Em se tratando de perigo abstrato, o perigo é automaticamente presumido, bastando que seja preenchido os requisitos previsto no tipo penal, sem a necessidade de outro desfecho. Possui esse caráter o ato de dirigir embriagado, o porte ilegal de armas, presume-se o crime de forma absoluta (juris et de jure).
Sendo assim, em se tratando de crimes abstratos, há em grande abundância no Código de Transito, a começar pelo 310, aonde é tipificado o ato de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança. Ou seja, pune-se com uma pena de detenção a pessoa, que permite, confia ou entrega,não necessitando que a pessoa que conduzirá o veículo, pratique ato lesivo a algum bem tutelado.
Pois bem, embora algumas medidas tomadas no aumento da sanção penal tenham sido eficazes, como é o caso do artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro[footnoteRef:31], aonde o legislador determinou que a conduta coloca potencialmente o bem jurídico em perigo, sendo apta à produção de lesão (tratando, inclusive, o delito com pena mais gravosa que o próprio crime de lesão corporal culposa do artigo 303 do Código de Transito Brasileiro[footnoteRef:32]), de forma não condizente com a Fragmentalidade do Direito Penal impor penas em ações como essa, inclusive em relação ao artigo 310[footnoteRef:33], em muitos casos do artigo 309, que pune a conduta de gerar perigo de dano com veículo automotor sem a devida permissão para dirigir ou habilitação, bem como com o direito de dirigir cassado, e ainda tantos outros crimes tipificados pelo nosso ordenamento. [31: Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência. Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.] [32: Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.] [33: Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança] 
Nesse seguimento, embora a tipificação seja feita buscando evitar o cometimento das condutas, deixam de analisar a potencial lesividade aos bens, logo, abre-se mão do caráter fragmentário do Direito penal, quebrando o que se entende por última solução cabível ao ato por parte da legislação brasileira.
3.1.2 Relativização do Princípio da Legalidade
Em outro contexto, tem-se a recente decisão do Supremo Tribunal Federal, que por maioria absoluta, entendeu que o poder legislativo, ou melhor dizendo, o Congresso Nacional está sob omissão inconstitucional diante da falta de edição de Lei que criminalize atos de homofobia e transfobia, logo, diante da (ADO) 26 e do mandando de Injunção (MI) 4733, os ministros votaram pela aprovação no enquadramento da homofobia e da transfobia definidos na Lei 7.716/1989 até que o Congresso Nacional edite lei sobre atos atentatórios a direitos fundamentais dos integrantes da comunidade LGBT. 
Em contraponto, embora o Supremo busque uma punição para os delitos, necessita-se analisar a Legalidade da qual a decisão está adstrita, isso pois, não há como haver punição penal por conduta que não advém de Lei, ferindo assim o já mencionado princípio da Reserva Legal (Legalidade), como bem trouxe Ricardo Lewandowski durante a votação. Por mais que a decisão busque uma segurança jurídica as vítimas da comunidade LGBT, a decisão afronta princípios do Direito Penal, não mantendo uma segurança jurídica, e muito menos a harmonização do poderes, ferindo o caráter legislativo na elaboração das normas. Podendo ser taxado como uma analogia in malam partem, criminalizar conduta não prevista em Lei, abrindo precedentes para decisões futuras do Supremo Tribunal Federal.
De acordo com Rogério, é por meio da Lei que se assegura ao cidadão o direito de não ser punido se não houver uma previsão legal criando o tipo penal, ou seja, definindo as condutas proibidas (comissas ou omissivas), ou sob ameaça de lesão. Neste viés, uma das funções do princípio é proibir o emprego de analogia para criar, fundamentar ou majorar penas, sendo assim, a decisão estaria equiparando assunto não defeso por Lei (GRECO, 2014, p. ).
3.1.3 Relativização do Princípio da Intervenção mínima 
Por fim, se vale ressaltar que o Estado democrático de direito deve, ou ao menos deveria, respeitar a intervenção mínima, mantendo o caráter subsidiário frente aos demais ramos do ordenamento jurídico. Ou seja, deveria buscar a eficiência de aplicação de outras normas jurídicas como meio de repressão/prevenção. 
Isso porque, como bem traz Rogério, as vertentes do princípio da intervenção mínima são duas faces da mesma moeda, se de um lado temos a intenção do legislados em zelar pelos bens mais importantes e necessários ao convívio em sociedade, por outro, temos a retirada da proteção penal sobre aqueles bens que gozavam importância, mas que atualmente perderam a necessidade de serem tutelados pelo direito pena.
Por fim, em relação à relativização, é de grande valia o que citou Rayo:
[...] no momento em que se verídica a proliferação de leis (e sua aplicação) sem o devido respeito aos princípios fundamentais do Direito Penal e a relativização de direitos e garantias fundamentais do indivíduo, adentra-se em um caminho perigoso que pode culminar com a adoção indiscriminada, da terceira velocidade do Direito Penal (direito penal do inimigo). E o problema é que ainda pode agravar o quadro, e que, como são as populações mais débeis que são os alvos preferenciais do distema repressivo, sobre ela também recairá (se é que já não recaiu) o fardo de dofrer as consequências de relativização de princípios tao caros a um pretenso Estado democrático de Direito. (WERLANG, 2018, p. 120)
Encarceramento em Massa
É notório que a pena de prisão não cumpre com sua função reintegrante, isso porque, embora tente manter um caráter reeducativo, só funciona nos dias atuais como um meio de custódia, evitando que o preso cometa novos delitos na sociedade livre, por assim dizer. Porém, o próprio cárcere expõe seus membros aos crimes de tráfico de drogas, assassinatos, estupros, entre outros tantas tipificações penais que se encontra por dentro das grades, afastando a possibilidade de um retorno benéfico ao convívio social. 
Sendo assim, conclui-se que embora Cesare Beccaria tenha muito acrescentado com seu trabalho, em seu livro já citado, aonde defendia que não seriam as durezas das penas que coibiriam os delitos, mas a certeza de uma aplicação, não é o que se tem na realidade do cárcere brasileiro, nem a realidade que vemos em um futuro próximo. 
De certa forma, nota-se uma preocupação de vingança pública, ou seja, uma vingança por parte do próprio Estado, que por mais que não decorra de uma justiça com as próprias mãos, como existia em tempos remotos, ainda há uma necessidade muito maior em horrorizar o apenado do que reintegrá-lo na sociedade, isso porque, busca-se afastá-lo por um tempo do convívio social, e tenta-se ressocializar o apenado(a) expondo às condições degradantes do cárcere, tendo como esperança social que o castigo para seu delito afaste-o da vontade de retornar à instituição penal.
Na mesma senda, a aproximação com o fenômeno de encarceramento brasileiro e, sobretudo, a sua qualificação “em massa“, a primeira pergunta que deve ser respondida é `` quanto prendemos``(PIMENTA. 2018). Portanto, para se discorrer acerca do assunto é de extrema valia abordar as taxas relacionadas ao cárcere, tendo como análise o número de dados do Sistema Prisional Brasileiro
Sendo assim, de acordo com os dados do levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, entre os anos de 2017, o brasil registrou cerca de 350 pessoas aprisionadas para cada cem mil habitantes, sendo que, a taxa entre o ano de 2000 e 2017 aumentou mais de 150% em todo Brasil, conforme dados do Infopen de junho 2017, segue o gráfico:
Por outro lado, ainda temos a relação de tipo de regime prisional ao qual o custodiado está submetido, levantamento Nacional de Informações Penitenciárias - Infopen, Junho /2017, aonde o número de presos sem condenações chega em 3.29%. conforme dados do Infopen de junho 2017, segue o gráfico:
No mesmo sentido, Victor Martins, destaca uma comparação do número da população carcerária

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