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DELTA PR - PARTE III

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@DeltaCaveira10 
 
LEGISLAÇÃO BIZURADA 
 
 
 
DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 
PARANÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PÓS EDITAL 
 
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PARTE III 
 
SUMÁRIO 
Dia 15 
- CP (art. 312 - 327) 
- CPP (art. 647 - 667) 
- Lei 8.069/90 - Crimes do Eca 
- CC (art. 212 - 232) 
3 
Dia 16 
- CP (art. 328 - 359-H) 
- Lei 9.605/98 - Crimes Ambientais (art. 1º - 28) 
- Lei 8.987/95 - Serviços Públicos 
- CC (art. 927 - 954) 
32 
Dia 17 
- Lei 7.210/84 - LEP (art. 1º - 27) 
- Lei 9.605/98 - Crimes Ambientais (art. 29 - 69-A) 
- CC (art. 1.196 - 1.224) 
- Declaração Universal de Direitos Humanos 
74 
Dia 18 
- Lei 7.210/84 - LEP (art. 28 - 60) 
- Lei 9.099/95 - Juizados Especiais Criminais / Lei 10.259/01 
- CC (art. 1.228 - 1.244) 
- Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas 
ou Degradantes (1984) 
94 
Dia 19 
- Lei 7.210/84 - LEP (art. 61 - 104) 
- Lei 10.741/03 - Crimes contra o Idoso 
- Lei 8.078/90 - Crimes contra o Consumidor 
- CC (art. 1.245 - 1.259) 
131 
Dia 20 
- Lei 7.210/84 - LEP (art. 105 - 170) 
- Lei 12.037/09 - Identificação Criminal 
- Lei 1.521/51 - Crimes contra a Economia Popular 
- CC (art. 1.260 - 1.276) 
147 
Dia 21 
- Lei 7.210/84 - LEP (art. 171 - 203) 
- Decreto-Lei 3.688-41 – Contravenções Penais (Parte Geral) 
- Lei 4.737/65 - Crimes Eleitorais 
178 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIA 15 
💀 CP (art. 312 - 327) 
💀 CPP (art. 647 - 667) 
💀 Lei 8.069/90 - Crimes do Eca 
💀 CC (art. 212 - 232) 
 
CÓDIGO PENAL (art. 312 - 327) 
 
TÍTULO XI 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
CAPÍTULO I 
DOS CRIMES PRATICADOS 
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
 
CRIME FUNCIONAL (DELICTA IN OFFICIO) 
É aquele cometido por funcionário público. 
PRÓPRIO IMPRÓPRIO 
É aquele que afastada a qualidade de funcionário 
público, o fato será atípico. 
Ex.: Prevaricação (art. 319, CP). 
Aquele que afastada a qualidade de funcionário público, o 
fato poderá configurar outro crime. 
Ex.: Peculato (art. 312, CP). Poderá caracterizar Furto (art. 
155, CP). 
 
- Súmula nº 599, STJ: “O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública.” 
 
Peculato 
PECULATO – ESPÉCIES 
Apropriação ou Próprio 
(art. 312, caput) 
O agente apropria-se de dinheiro, valor ou bem móvel de que tem a posse. 
Desvio ou Próprio 
(art. 312, caput) 
O agente desvia dinheiro, valor ou bem móvel de que tem a posse. 
Furto ou Impróprio 
(art. 312, § 1°) 
O agente subtraí ou concorre dolosamente para a subtração de dinheiro, valor 
ou bem móvel de que não tem a posse. 
Culposo 
(art. 312, §2°) 
O agente concorre culposamente para o crime de outrem, tendo ou não a posse 
de dinheiro, valor ou bem móvel. 
Estelionato ou Mediante Erro 
de Outrem 
(art. 313) 
O agente apropria-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do 
cargo, recebeu por erro de outrem, de onde tem a posse. 
Eletrônico ou Inserção de 
Dados Falsos 
(art. 313-A) 
O agente modifica indevidamente os dados dos sistemas informatizados da 
Administração Pública, de que tem acesso ao sistema. 
Eletrônico ou Modificaçaõ de 
Sistema 
(art. 313-B) 
O agente modifica indevidamente o próprio sistema de informações ou 
programa de informática, de que não tem acesso ao sistema. 
Malservação 
(doutrina) 
O agente apropria-se de dinheiro, valor ou bem móvel pertencente a particular. 
 
Art. 312 - APROPRIAR-SE (PECULATO-APROPRIAÇÃO) o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer 
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou DESVIÁ-LO (PECULATO-
DESVIO), em proveito próprio ou alheio: (PECULATO PRÓPRIO) 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, E multa. 
 
 
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#INFO 
- Pratica o crime de peculato-desvio o Governador que determina que os valores descontados dos 
contracheques dos servidores para pagamento de empréstimo consignado não sejam repassados ao banco, 
mas sim utilizados para quitação de dívidas do Estado. 
O administrador que desconta valores da folha de pagamento dos servidores públicos para quitação de 
empréstimo consignado e não os repassa a instituição financeira pratica peculato-desvio, sendo desnecessária a 
demonstração de obtenção de proveito próprio ou alheio, bastando a mera vontade de realizar o núcleo do tipo. 
Peculato-desvio é crime formal para cuja consumação não se exige que o agente público ou terceiro obtenha 
vantagem indevida mediante prática criminosa, bastando a destinação diversa daquela que deveria ter o dinheiro. 
Caso concreto: diversos servidores estaduais possuíam empréstimos consignados. Assim, todos os meses a 
Administração Pública estadual fazia o desconto das parcelas do empréstimo da remuneração dos servidores e 
repassava a quantia ao banco que concedeu o mútuo. Ocorre que o Governador do Estado determinou ao 
Secretário de Planejamento que continuasse a descontar mensalmente os valores do empréstimo consignado, no 
entanto, não mais os repassasse ao banco, utilizando essa quantia para pagamento das dívidas do Estado. Esta 
conduta configurou o crime de peculato-desvio (art. 312 do CP), gerando a condenação do Govenador, com a 
determinação, inclusive, de perda do cargo (art. 92, I, do CP). 
STJ. Corte Especial. APn 814-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min. João Otávio de 
Noronha, julgado em 06/11/2019 (Info 664). 
 
- NÃO se admite princípio da insignificância para o crime de peculato. 
É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de não ser possível a aplicação do princípio da insignificância ao 
crime de peculato e aos demais delitos contra Administração Pública, pois o bem jurídico tutelado pelo tipo penal 
incriminador é a moralidade administrativa, insuscetível de valoração econômica. 
(HC 310.458/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, 5ª TURMA, j. em 06/10/2016, DJe 26/10/2016). 
 
- Empréstimos consignados retidos pelo Município e dinheiro utilizado para pagamento de despesas da 
Administração, sem repasse ao banco mutuante. 
Diversos servidores municipais tinham empréstimos consignados cujos valores eram descontados da folha de 
pagamento. O Prefeito ordenou que fosse feita a retenção, mas que tais valores não fossem repassados à 
instituição e sim gastos com o pagamento de despesas do Município. Isso foi feito no último ano do mandato do 
Prefeito, quando não havia mais recursos para pagar o banco, o que só foi feito no mandato seguinte. 
O STF entendeu que, nesta situação, restou configurada a prática de dois delitos: arts. 312 e 359-C do Código 
Penal. 
STF. 1ª Turma. AP 916/AP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/5/2016 (Info 826). 
 
- Depositário judicial que vende os bens não pratica peculato. 
O depositário judicial que vende os bens sob sua guarda não comete o crime de peculato (art. 312 do CP). 
O crime de peculato exige, para a sua consumação, que o funcionário público se aproprie de dinheiro, valor ou 
outro bem móvel em virtude do “cargo”. 
Depositário judicial não é funcionário público para fins penais, porque não ocupa cargo público, mas a ele é 
atribuído um munus, pelo juízo, em razão do fato de que determinados bens ficam sob sua guarda e zelo. 
STJ. 6ª Turma. HC 402.949-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018 (Info 623). 
Obs.: vale ressaltar que o STJ decidiu apenas que a conduta do depositário judicial que vende os bens sob sua 
guarda não comete o crime de peculato, pois não é funcionário público e não ocupa cargo público. No entanto, a 
depender das peculiaridades do caso concreto, a conduta pode configurar, em tese, os tipos penais dos arts. 168, 
§ 1º, II, 171 ou 179 do Código Penal. 
§ 1º - APLICA-SE a mesma pena, se o funcionário público, embora NÃO TENDO a posse do dinheiro, valor ou 
bem, o SUBTRAI, ou CONCORRE para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, VALENDO-SEde 
facilidade que lhe PROPORCIONA a QUALIDADE DE FUNCIONÁRIO. (PECULATO-FURTO OU IMPRÓPRIO) 
Peculato culposo 
§ 2º - Se o funcionário CONCORRE culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo; 
 
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Obs.: Peculato culposo é o ÚNICO crime culposo contra a Administração Pública. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior (PECULATO CULPOSO), A REPARAÇÃO DO DANO, se precede à sentença 
irrecorrível, EXTINGUE A PUNIBILIDADE; se lhe é posterior, REDUZ DE METADE A PENA IMPOSTA. 
PECULATO CULPOSO – REPARAÇÃO DO DANO 
ANTES da sentença transitada em julgado APÓS a sentença transitada em julgado 
Extinção da Punibilidade Diminuição pela metade da pena imposta 
 
Peculato mediante erro de outrem 
Art. 313 - APROPRIAR-SE de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por ERRO DE 
OUTREM: (PECULATO-ESTELIONATO) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, E multa. 
- Cabe suspensão condicional do processo; 
 
Inserção de dados falsos em sistema de informações 
Art. 313-A. INSERIR ou FACILITAR, o funcionário autorizado, A INSERÇÃO de dados falsos, alterar ou excluir 
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública COM 
O FIM de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, E multa. 
 
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações 
Art. 313-B. MODIFICAR ou ALTERAR, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática SEM 
AUTORIZAÇÃO OU SOLICITAÇÃO de autoridade competente: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, E multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
Parágrafo único. As penas são AUMENTADAS de um terço até a metade SE DA modificação ou alteração resulta 
dano para a Administração Pública ou para o administrado. 
 
PECULATO ELETRÔNICO 
Crime 
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM 
SISTEMA DE INFORMAÇÕES 
(Art. 313-A, CP) 
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO 
AUTORIZADA DE SISTEMA DE 
INFORMAÇÕES 
(Art. 313-B, CP) 
Sujeito Ativo 
Funcionário público autorizado 
(crime próprio) 
Funcionário público em sentido amplo - não 
precisa ser autorizado 
(crime próprio) 
Sujeito Passivo 
Primário  Estado; 
Secundário  Pessoa eventualmente 
prejudicada pelo comportamento do 
agente. 
Primário  Estado; 
Secundário  Pessoa eventualmente 
prejudicada pelo comportamento do agente. 
Objeto Jurídico 
Administração Pública, mais 
especificamente a guarda de 
dados nos sistemas informatizados ou 
banco de dados. 
Administração Pública, mais especificamente 
seus 
sistemas de informações ou programas de 
informática. 
Conduta 
Inserir ou facilitar a inserção de dados 
falsos; 
Alterar ou excluir indevidamente dados 
corretos. 
 
Nos sistemas informatizados ou bancos 
de dados. 
Modificar ou alterar 
 
Sistema de informações ou pragrama de 
informática. 
 
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Voluntariedade 
Dolo + fim específico de obter 
vantagem indevida para si ou para 
outrem ou causar dano 
Dolo (não se exige fim específico) 
Consumação 
Prática de qualquer núcleo do tipo (crime 
formal), dispensando a obtenção da 
vantagem ou provocação do dano. 
Prática de qualquer núcleo do tipo (crime 
formal). 
Resultando dano (caso ocorra), a pena é 
aumentada de 1/3 até 1/2. 
Tentativa Sim, é possível Sim, é possível 
Pena Reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. 
Detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa. 
(Impo: aplica-se a Lei nº 9.099/95) 
Ação Penal Pública incondicionada Pública incondicionada 
 
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 
Art. 314 - EXTRAVIAR livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; SONEGÁ-
LO ou INUTILIZÁ-LO, total ou parcialmente: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
Art. 315 - DAR às verbas ou rendas públicas APLICAÇÃO DIVERSA da estabelecida em lei: 
Pena - detenção, de um a três meses, OU multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Concussão 
Art. 316 - EXIGIR, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, AINDA QUE FORA DA FUNÇÃO ou ANTES 
DE ASSUMI-LA, mas em razão dela, VANTAGEM INDEVIDA: 
#PACOTEANTICRIME (Lei nº 13.964/2019) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, E multa. 
 
CONCUSSÃO – AUMENTO DA PENA 
ANTES DA LEI Nº 13.964/19 DEPOIS DA LEI Nº 13.964/19 
Reclusão, de 2 a 8 anos 
Reclusão, de 2 a 12 anos 
Novatio legis in pejus/ Lex gravior (não retroage) 
 
#INFO 
- Aumento da pena-base pelo fato de a concussão ter sido praticada por policial. 
É legítima a utilização da condição pessoal de policial civil como circunstância judicial desfavorável para fins de 
exasperação da pena-base aplicada a acusado pela prática do crime de concussão. 
Aquele que está investido de parcela de autoridade pública — como é o caso de um juiz, um membro do Ministério 
Público ou uma autoridade policial — deve ser avaliado, no desempenho da sua função, com maior rigor do que 
as demais pessoas não ocupantes de tais cargos. 
STF. 1ª Turma. HC 132990/PE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 
16/8/2016 (Info 835). 
 
- "Lucro fácil" e “cobiça” não podem ser usados como argumentos para aumentar a pena da concussão e 
da corrupção passiva. 
A obtenção de lucro fácil e a cobiça constituem elementares dos tipos de concussão e corrupção passiva (arts. 
316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las para aumentar a pena-base alegando que os “motivos do crime” 
(circunstância judicial do art. 59 do CP) seriam desfavoráveis. 
STJ. 3ª Seção. EDv nos EREsp 1.196.136-RO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 24/5/2017 (Info 608). 
 
 
 
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- Momento da consumação e flagrante delito. 
No crime de concussão, a situação de flagrante delito configura-se no momento da exigência da vantagem 
indevida (e não no instante da entrega). Isso porque a concussão é crime FORMAL, que se consuma com a 
exigência da vantagem indevida. Assim, a entrega da vantagem indevida representa mero exaurimento do crime 
que já se consumou anteriormente. 
Ex: funcionário público exige, em razão de sua função, vantagem indevida da vítima; dois dias depois, quando a 
vítima entrega a quantia exigida, não há mais situação de flagrância considerando que o crime se consumou no 
momento da exigência, ou seja, dois dias antes. 
STJ. 5ª Turma. HC 266.460-ES, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/6/2015 (Info 564). 
 
Excesso de exação 
§ 1º - Se o funcionário EXIGE tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber INDEVIDO, ou, QUANDO 
DEVIDO, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, E multa. 
§ 2º - Se o funcionário DESVIA, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher 
aos cofres públicos: (forma qualificada) 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, E multa. 
 
Corrupção passiva 
Art. 317 - SOLICITAR ou RECEBER, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, AINDA QUE FORA DA 
FUNÇÃO ou ANTES DE ASSUMI-LA, mas em razão dela, VANTAGEM INDEVIDA, ou ACEITAR PROMESSA de tal 
vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, E multa. 
Obs.: É possível, segundo entendimento doutrinário predominante, a ocorrência do crime de corrupção ativa sem 
que exista simultaneamente o cometimento da corrupção passiva, pois as condutas são independentes. 
 
#INFO 
- Deputado Federal que recebe propina para apoiar permanência de diretor de estatal comete crime de 
corrupção passiva. 
É possível que se configure o crime de corrupção passiva (art. 317 do CP) na conduta de Deputado Federal(líder 
do seu partido) que receba vantagem indevida para dar sustentação política e apoiar a permanência de 
determinada pessoa no cargo de Presidente de empresa pública federal. 
STF. 1ª Turma. Inq 3515/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/10/2019 (Info 955). 
 
- O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a vantagem indevida esteja relacionada com atos 
que formalmente não se inserem nas atribuições do funcionário público. 
O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a solicitação ou recebimento de vantagem indevida, ou a 
aceitação da promessa de tal vantagem, esteja relacionada com atos que formalmente não se inserem nas 
atribuições do funcionário público, mas que, em razão da função pública, materialmente implicam alguma forma 
de facilitação da prática da conduta almejada. 
Ao contrário do que ocorre no crime de corrupção ativa, o tipo penal de corrupção passiva não exige a 
comprovação de que a vantagem indevida solicitada, recebida ou aceita pelo funcionário público esteja 
causalmente vinculada à prática, omissão ou retardamento de “ato de ofício”. 
A expressão “ato de ofício” aparece apenas no caput do art. 333 do CP, como um elemento normativo do tipo de 
corrupção ativa, e não no caput do art. 317 do CP, como um elemento normativo do tipo de corrupção passiva. 
Ao contrário, no que se refere a este último delito, a expressão “ato de ofício” figura apenas na majorante do art. 
317, § 1.º, do CP e na modalidade privilegiada do § 2.º do mesmo dispositivo. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1745410-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Laurita Vaz, julgado em 
02/10/2018 (Info 635). 
 
- Pratica corrupção passiva o Deputado que concede apoio político à permanência de Diretor da Petrobrás 
em troca do recebimento de propina. 
Determinado Deputado Federal integrava a cúpula de um partido de sustentação do governo federal. 
 
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Como importante figura partidária, ele exercia pressão política junto à Presidência da República a fim de que Paulo 
Roberto Costa fosse mantido como Diretor de Abastecimento da Petrobrás. 
Como “contraprestação” por esse apoio, o Deputado recebia dinheiro do referido Diretor, quantia essa oriunda de 
contratos ilegais celebrados pela Petrobrás. 
O STF entendeu que esta conduta se enquadra no crime de corrupção passiva (art. 317 do CP). 
STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info 904). 
 
- Aumento da pena-base pelo fato de a corrupção passiva ter sido praticada por Promotor de Justiça. 
O fato de o crime de corrupção passiva ter sido praticado por Promotor de Justiça no exercício de suas atribuições 
institucionais pode configurar circunstância judicial desfavorável na dosimetria da pena. Isso porque esse fato 
revela maior grau de reprovabilidade da conduta, a justificar o reconhecimento da acentuada culpabilidade, dadas 
as específicas atribuições do promotor de justiça, as quais são distintas e incomuns se equiparadas aos demais 
servidores públicos “latu sensu”. 
STJ. 5ª Turma. REsp 1.251.621-AM, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/10/2014 (Info 552). 
§ 1º - A pena é AUMENTADA de um terço, se, em CONSEQÜÊNCIA DA VANTAGEM OU PROMESSA, o 
funcionário RETARDA ou DEIXA DE PRATICAR qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
§ 2º - Se o funcionário PRATICA, DEIXA DE PRATICAR ou RETARDA ato de ofício, com infração de dever 
funcional, CEDENDO a pedido ou influência de outrem: (CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA) 
Pena - detenção, de três meses a um ano, OU multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
#NÃOCONFUNDA: 
PREVARICAÇÃO 
(Art. 319) 
CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA 
(Art. 317, § 2º) 
Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de 
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, 
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. 
Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda 
ato de ofício, com infração de dever funcional, 
cedendo a pedido ou influência de outrem. 
Há satisfação de sentimento ou interesse pessoal 
(motivação). 
Não há satisfação de sentimento ou interesse pessoal. 
Não há pedido ou influência de outrem. Há pedido ou influência de outrem (motivação) 
Pena  Detenção, de três meses a um ano, E multa. Pena  Detenção, de três meses a um ano, OU multa. 
Ex.: Policial que não multa motorista quando vê que 
este usa camisa do Flamengo, mesmo time de coração 
do Policial (satisfez sentimento ou interesse pessoal). 
Ex.: Policial que não multa motorista que implora para 
que não seja multado (cedeu a pedido ou influência de 
outrem). 
 
Facilitação de contrabando ou descaminho 
Art. 318 - FACILITAR, com infração de dever funcional, a PRÁTICA de contrabando ou descaminho (art. 334): 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, E multa. 
 
Prevaricação 
Art. 319 - RETARDAR ou DEIXAR DE PRATICAR, indevidamente, ato de ofício, ou PRATICÁ-LO contra 
disposição expressa de lei, para SATISFAZER INTERESSE OU SENTIMENTO PESSOAL: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, E multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Art. 319-A. DEIXAR o Diretor de Penitenciária E/OU agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso 
o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o 
ambiente externo: (PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA) 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
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- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Condescendência criminosa 
Art. 320 - DEIXAR o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no 
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade 
competente: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, OU multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Advocacia administrativa 
Art. 321 - PATROCINAR, direta ou indiretamente, INTERESSE PRIVADO perante a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 
VALENDO-SE da qualidade de funcionário: 
Pena - detenção, de um a três meses, OU multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Violência arbitrária 
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. 
Obs.: TACITAMENTE REVOGADO pela Lei nº 4.898/65 (Lei de crimes de abuso de autoridade), que foi revogada 
pela nova lei de abuso de autoridade. 
 
Abandono de função 
Art. 323 - ABANDONAR cargo público, fora dos casos permitidos em lei: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, OU multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, E multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: 
Pena - detenção, de um a três anos, E multa. 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-
la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, OU multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Violação de sigilo funcional 
Art. 325 - REVELAR fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou 
FACILITAR-LHE A REVELAÇÃO: 
Pena - detenção,de seis meses a dois anos, OU multa, se o fato não constitui crime mais grave. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95; 
 
10 
 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso 
de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; 
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
§ 2o Se da ação ou omissão RESULTA DANO à Administração Pública ou a outrem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, E multa. 
 
Violação do sigilo de proposta de concorrência 
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: 
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Obs.: TACITAMENTE REVOGADO pelo art. 94 da Lei 8666/93 – Lei de Licitações, que tem uma redação mais 
abrangente, punindo com detenção, de 2 a 3 anos, e multa, qualquer devassa em sigilo envolvendo procedimento. 
 
Funcionário público 
Art. 327 - CONSIDERA-SE FUNCIONÁRIO PÚBLICO, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou 
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - EQUIPARA-SE a FUNCIONÁRIO PÚBLICO quem exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução 
de atividade TÍPICA da Administração Pública. 
 
#INFO 
 SÃO CONSIDERADOS “FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS” PARA FINS PENAIS: 
 
Diretor de organização social 
- Diretor de organização social é considerado funcionário público por equiparação para fins penais. 
O diretor de organização social pode ser considerado funcionário público por equiparação para fins penais (art. 
327, § 1º do CP). Isso porque as organizações sociais que celebram contratos de gestão com o Poder Público 
devem ser consideradas “entidades paraestatais”, nos termos do art. 327, § 1º do CP. 
STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915). 
 
Administrador de Loteria 
- Administrador de Loteria é funcionário público para fins penais. 
Administrador de Loteria é equiparado a funcionário público para fins penais porque a Loteria executa atividade 
típica da Administração Pública que lhe foi delegada por regime de permissão. 
STJ. 5ª Turma. AREsp 679.651/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/09/2018. 
 
Advogado dativo 
- Advogado que atua como advogado dativo, por força de convênio com o Poder Público, é funcionário 
público para fins penais. 
O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma remunerada em defesa 
dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistência judiciária gratuita, enquadra-se no conceito de 
funcionário público para fins penais. Sendo equiparado a funcionário público, é possível que responda por 
corrupção passiva (art. 312 do CP). 
STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579). 
 
Médico de hospital particular credenciado/conveniado ao SUS 
- Médico de hospital particular credenciado/conveniado ao SUS (após a Lei 9.983/2000) é funcionário para 
fins penais. 
Depois da Lei nº 9.983/2000, que alterou o § 1º do art. 327 do CP, o médico credenciado ao SUS pode ser 
equiparado a funcionário público para efeitos penais. 
Vale ressaltar, no entanto, que a Lei nº 9.983/2000 não pode retroceder alcançar situações praticadas antes de sua 
vigência. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1101423/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/11/2012. 
 
11 
 
Estagiário de órgão ou entidade públicos 
- Estagiário é funcionário pública para fins penais. 
Estagiário de órgão público que, valendo-se das prerrogativas de sua função, apropria-se de valores subtraídos 
do programa bolsa-família subsume-se perfeitamente ao tipo penal descrito no art. 312, § 1º, do Código Penal 
(peculato-furto), porquanto estagiário de empresa pública ou de entidades congêneres se equipara, para fins 
penais, a servidor ou funcionário público, em decorrência do disposto no art. 327, § 1º, do Código Penal. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1303748/AC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 25/06/2012. 
 
 
 NÃO SÃO CONSIDERADOS “FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS” PARA FINS PENAIS: 
 
Depositário judicial 
- Depositário judicial NÃO é considerado funcionário público para fins penais. 
Depositário judicial não é funcionário público para fins penais, porque não ocupa cargo público, mas a ele é 
atribuído um munus, pelo juízo, em razão do fato de que determinados bens ficam sob sua guarda e zelo. 
STJ. 6ª Turma. HC 402.949-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018 (Info 623). 
 
§ 2º - A pena será AUMENTADA da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. 
#INFO 
- Causa de aumento do art. 327, § 2º, do CP não se aplica para autarquias. 
A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal não pode ser aplicada aos dirigentes de 
autarquias (ex: a maioria dos Detrans) porque esse dispositivo menciona apenas órgãos, sociedades de economia 
mista, empresas públicas e fundações. 
STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/9/2019 (Info 950). 
 
- O simples fato de o réu exercer mandato eletivo não é suficiente para a causa de aumento do art. 327, § 
2", do CP. 
O simples fato de o réu exercer um mandato popular não é suficiente para fazer incidir a causa de aumento do art. 
327, § 2", do CP. É necessário que ele ocupe uma posição de superior hierárquico (o STF chamou de "imposição 
hierárquica"). 
STF. Plenário. lnq 3983/0F, Rel. Min. Teori Zavascki, julgodo em 02 e 03/03/2016 (Info 816). 
 
- Causa de aumento do§ 2" do art. 327 aplica-se ao Chefe do Executivo. 
A causa de aumento de pena prevista no § 2º do art. 327 do CP aplica-se ao Chefe do Poder Executivo (ex.: 
Governador do Estado) e aos demais agentes políticos. 
STF. Plenário. lnq 2606/MT, Rel. Min. Luiz Fux. julgado em 4/9/2014 (Info 757). 
 
- Causa de aumento do§ 2" do art. 327 aplica-se aos agentes políticos. 
A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal é aplicada aos agentes detentores de mandato 
eletivo (agentes políticos). 
STF. 2ª Turma. RHC 110513/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 29/5/2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (art. 647 - 667) 
 
CAPÍTULO X 
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO 
Art. 647. Dar-se-á HABEAS CORPUS sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou 
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, SALVO nos casos de punição disciplinar. 
 
Art. 648. A coação CONSIDERAR-SE-Á ilegal: 
I - quando não houver justa causa; 
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; 
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; 
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; 
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; 
VI - quando o processo for manifestamente nulo; 
VII - quando extinta a punibilidade. 
 
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar imediatamente a ordem impetrada, 
nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora. 
 
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas corpus: 
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art. 101, I, g, da Constituição; 
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência ou coação forem atribuídos aos governadores ou 
interventores dos Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aoschefes de 
Polícia. 
§ 1o A competência do juiz CESSARÁ sempre que a violência ou coação PROVIER de autoridade judiciária de 
IGUAL OU SUPERIOR jurisdição. 
§ 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou 
valor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se 
o pedido for acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o 
prazo legal. 
 
Art. 651. A concessão do habeas corpus NÃO OBSTARÁ, NEM PORÁ termo ao processo, desde que este não 
esteja em conflito com os fundamentos daquela. 
 
Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será renovado. 
 
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, será condenada nas custas a autoridade 
que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver determinado a coação. 
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia das peças necessárias para ser 
promovida a responsabilidade da autoridade. 
 
Art. 654. O habeas corpus PODERÁ SER IMPETRADO por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem 
como pelo Ministério Público. 
§ 1o A petição de habeas corpus CONTERÁ: 
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, 
coação ou ameaça; 
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda 
o seu temor; 
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação 
das respectivas residências. 
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso 
de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. 
 
 
13 
 
Observações: 
1. Para a impetração do HC não é necessária capacidade postulatória, podendo qualquer pessoa fazê-lo, inclusive 
o próprio paciente; 
2. Pode ser impetrado por pessoa jurídica em favor de pessoa natural; 
3. Pessoa jurídica não pode ser paciente em HC. 
 
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou policial que 
embaraçar ou procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus, as informações sobre a causa da prisão, a 
condução e apresentação do paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos mil-réis a um conto de 
réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As multas serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas 
corpus, salvo quando se tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou ao 
Tribunal de Apelação impor as multas. 
 
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará 
que este Ihe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar. 
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão contra o detentor, que será 
processado na forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em juízo. 
 
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua apresentação, salvo: 
I - grave enfermidade do paciente; 
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção; 
III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal. 
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se este não puder ser apresentado 
por motivo de doença. 
 
Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente estiver preso. 
 
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido. 
 
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 
(vinte e quatro) horas. 
§ 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, SALVO se por outro motivo dever ser 
mantido na prisão. 
§ 2o Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará 
que cesse imediatamente o constrangimento. 
§ 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor 
desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem 
anexados aos do inquérito policial ou aos do processo judicial. 
§ 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao 
paciente salvo-conduto assinado pelo juiz. HC Preventivo 
§ 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua 
disposição, a fim de juntar-se aos autos do processo. 
§ 6o Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, 
o alvará de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as formalidades estabelecidas no art. 289, 
parágrafo único, in fine, ou por via postal. 
 
Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de Apelação, a petição de habeas corpus será apresentada 
ao secretário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da turma, que estiver 
reunida, ou primeiro tiver de reunir-se. 
 
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o, o presidente, se necessário, requisitará da autoridade 
indicada como coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente mandará 
preenchê-lo, logo que Ihe for apresentada a petição. 
 
 
14 
 
Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente entender que o habeas corpus deva 
ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere a respeito. 
 
Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas corpus será julgado na primeira sessão, podendo, 
entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte. 
Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presidente não tiver 
tomado parte na votação, proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável 
ao paciente. 
 
Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, será 
dirigida, por ofício ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que exercer ou ameaçar exercer o 
constrangimento. 
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine. 
 
Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas complementares para o processo e 
julgamento do pedido de habeas corpus de sua competência originária. 
 
Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de competência originária do Supremo Tribunal Federal, 
bem como nos de recurso das decisões de última ou única instância, DENEGATÓRIAS de habeas corpus, 
observar-se-á, no que Ihes for aplicável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o regimento interno do tribunal 
estabelecer as regras complementares. 
 
SÚMULAS SOBRE HABEAS CORPUS 
- Súmula nº 208, STF: “O assistente do Ministério Público não pode recorrer, extraordinariamente, de decisão 
concessiva de habeas corpus.” 
 
- Súmula nº 344, STF: “Sentença de primeira instância concessiva de habeas corpus, em caso de crime praticado 
em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, está sujeita a recurso ex officio.” 
 
- Súmula nº 395, STF: “Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das 
custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.” 
 
- Súmula nº 431, STF: “É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação, oupublicação da pauta, salvo em habeas corpus.” 
 
- Súmula nº 606, STF: “Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do 
plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.” 
 
- Súmula nº 691, STF: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra 
decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.” 
 
- Súmula nº 692, STF: “Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado 
em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.” 
 
- Súmula nº 693, STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a 
processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.” 
 
- Súmula nº 694, STF: “Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda 
de patente ou de função pública.” 
 
- Súmula nº 695, STF: “Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.” 
 
 
 
 
15 
 
JURISPRUDÊNCIA EM TESES Nº 36 DO STJ - HABEAS CORPUS 
1) O STJ não admite que o remédio constitucional seja utilizado em substituição ao recurso próprio (apelação, 
agravo em execução, recurso especial), tampouco à revisão criminal, ressalvadas as situações em que, à vista da 
flagrante ilegalidade do ato apontado como coator, em prejuízo da liberdade da paciente, seja cogente a 
concessão, de ofício, da ordem de habeas corpus. 
2) O conhecimento do habeas corpus pressupõe prova pré-constituída do direito alegado, devendo a parte 
demonstrar de maneira inequívoca a pretensão deduzida e a existência do evidente constrangimento ilegal. 
3) O trancamento da ação penal pela via do habeas corpus é medida excepcional, admissível apenas quando 
demonstrada a falta de justa causa (materialidade do crime e indícios de autoria), a atipicidade da conduta ou 
a extinção da punibilidade. 
4) O reexame da dosimetria da pena em sede de habeas corpus somente é possível quando evidenciada 
flagrante ilegalidade e não demandar análise do conjunto probatório. 
5) O habeas corpus é ação de rito célere e de cognição sumária, não se prestando a analisar alegações relativas 
à absolvição que demandam o revolvimento de provas. 
6) É incabível a impetração de habeas corpus para afastar penas acessórias de perda de cargo público ou 
graduação de militar imposta em sentença penal condenatória, por não existir lesão ou ameaça ao direito de 
locomoção. 
7) O habeas corpus não é a via adequada para o exame aprofundado de provas a fim de averiguar a condição 
econômica do devedor, a necessidade do credor e o eventual excesso do valor dos alimentos, admitindo-se nos 
casos de flagrante ilegalidade da prisão civil. 
8) Não obstante o disposto no art. 142, § 2º, da CF, admite-se habeas corpus contra punições disciplinares militares 
para análise da regularidade formal do procedimento administrativo ou de manifesta teratologia. 
9) A ausência de assinatura do impetrante ou de alguém a seu rogo na inicial de habeas corpus inviabiliza o seu 
conhecimento, conforme o art. 654. § 1º, “c”, do CPP. 
10) É cabível habeas corpus preventivo quando há fundado receio de ocorrência de ofensa iminente à liberdade 
de locomoção. 
11) Não cabe habeas corpus contra decisão que denega liminar, salvo em hipóteses excepcionais, quando 
demonstrada flagrante ilegalidade ou teratologia da decisão impugnada, sob pena de indevida supressão de 
instância, nos termos da Súmula 691/STF. 
12) O julgamento do mérito do habeas corpus resulta na perda do objeto daquele impetrado na instância 
superior, na qual é impugnada decisão indeferitória da liminar. 
13) Compete aos Tribunais de Justiça ou aos Tribunais Regionais Federais o julgamento dos pedidos de habeas 
corpus quando a autoridade coatora for Turma Recursal dos Juizados Especiais. 
14) A jurisprudência do STJ admite a reiteração do pedido formulado em habeas corpus com base em fatos ou 
fundamentos novos. 
15) O agravo interno não é cabível contra decisão que defere ou indefere pedido de liminar em habeas corpus. 
16) O habeas corpus não é via idônea para discussão da pena de multa ou prestação pecuniária, ante a ausência 
de ameaça ou violação à liberdade de locomoção. 
17) O habeas corpus não pode ser impetrado em favor de pessoa jurídica, pois o writ tem por objetivo 
salvaguardar a liberdade de locomoção. 
18) A jurisprudência tem excepcionado o entendimento de que o habeas corpus não seria adequado para 
discutir questões relativas à guarda e adoção de crianças e adolescentes. 
 
#INFO 
JURISPRUDÊNCIA SOBRE HC 
- A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o 
trancamento da ação penal? 
A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o 
trancamento da ação penal? Com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava pendente 
fica prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim? 
 
• STJ: SIM. Fica prejudicado. 
A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o 
trancamento da ação penal. 
 
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A transação penal é um instituto que, por natureza e como regra, ocorre na fase pré-processual. Seu objetivo é 
impedir a instauração da persecutio criminis in iudicio (persecução penal em juízo). 
Se a transação penal foi aceita, isso significa que não existe ação penal em curso. Como não existe ação penal em 
curso, não se pode falar em habeas corpus para trancar a ação penal. Ela, repito, não existe. 
Logo, não se revela viável, após a celebração do acordo, pretender discutir em ação autônoma (HC) a existência 
de justa causa para ação penal. Trata-se de decorrência lógica, pois não há ação penal instaurada que se possa 
trancar. 
STJ. 6ª Turma. HC 495.148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 657). 
 
• STF: NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus. 
A realização de acordo de transação penal não enseja a perda de objeto de habeas corpus anteriormente 
impetrado. 
A aceitação do acordo de transação penal não impede o exame de habeas corpus para questionar a legitimidade 
da persecução penal. 
Embora o sistema negocial possa trazer aprimoramentos positivos em casos de delitos de menor gravidade, a 
barganha no processo penal pode levar a riscos consideráveis aos direitos fundamentais do acusado. Assim, o 
controle judicial é fundamental para a proteção efetiva dos direitos fundamentais do imputado e para evitar 
possíveis abusos que comprometam a decisão voluntária de aceitar a transação. 
Não há qualquer disposição em lei que imponha a desistência de recursos ou ações em andamento ou determine 
a renúncia ao direito de acesso à Justiça. 
STF. 2ª Turma. HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/12/2019 (Info 964). 
 
- A superveniência da sentença condenatória faz com que o habeas corpus impetrado anteriormente fique 
prejudicado. 
A superveniência de sentença condenatória que mantém a prisão preventiva prejudica a análise do habeas corpus 
que havia sido impetrado contra o título originário da custódia. 
Se, após o habeas corpus ser impetrado contra a prisão preventiva, o juiz ou Tribunal prolata sentença/acórdão 
condenatório e mantém a prisão anteriormente decretada, haverá uma alteração do título prisional e, portanto, o 
habeas corpus impetrado contra prisão antes do julgamento não deverá ser conhecido. 
STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897). 
 
- Não cabe HC contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva de investigado ou réu. 
Não cabe habeas corpus contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva de investigado ou réu. 
Aplica-se, aqui, por analogia, o entendimento exposto no enunciado606 da Súmula do STF. 
Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plenário, 
proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. 
STF. Plenário. HC 162285 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/12/2019 (Info 964). 
 
- Não cabe habeas corpus para discutir se foi correta ou não a fixação da competência e se existe conexão 
entre os crimes. 
O habeas corpus não é sede processual adequada para discussão sobre a correta fixação da competência, bem 
como sobre a existência de transnacionalidade do delito imputado. 
STF. 1ª Turma. HC 151881 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2019 (Info 959). 
 
- Não cabe recurso contra a decisão do Ministro Relator que, motivadamente, defere ou indefere liminar 
em HC. 
Não se admite agravo regimental contra decisão do Ministro Relator que, motivadamente, defere ou indefere 
liminar em habeas corpus. 
STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018 (Info 914). 
 
- Não cabe HC para obter direito à visita íntima. 
O habeas corpus não é o meio adequado para se buscar o reconhecimento do direito a visitas íntimas. Isso porque 
não está envolvido no caso o direito de ir e vir. 
STF. 1ª Turma. HC 138286, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/12/2017 (Info 887). 
 
17 
 
 
- HC não é meio processual adequado para se discutir direito de visita a preso. 
Não cabe habeas corpus contra decisão que negou direito de familiar de preso internado em unidade prisional de 
com ele ter encontro direto, autorizando apenas a visita por meio do parlatório. 
STF. 2ª Turma. HC 133305/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/5/2016 (Info 827). 
STF. 2ª Turma. HC 127685/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/6/2015 (Info 792). 
 
- Não cabimento de HC contra ato de Ministro do STF. 
Não cabe habeas corpus se a impetração for ajuizada em face de decisões monocráticas proferidas por Ministro 
do Supremo Tribunal Federal. 
STF. Plenário. HC 115787/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, j. 18/5/2017 (Info 865). 
 
- Não cabe de habeas corpus contra decisão monocrática de Ministro do STJ. 
Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do Ministro do STJ que não conhece 
ou denega habeas corpus que havia sido interposto naquele Tribunal. É necessário que primeiro o impetrante 
exaure (esgote), no tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias recursais ainda cabíveis (no caso, o agravo regimental). 
Exceção: essa regra pode ser afastada em casos excepcionais, quando a decisão atacada se mostrar teratológica, 
flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF 
poderia conceder de ofício o habeas corpus. 
STF. 1ª Turma. HC 139612/MG, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/4/2017 (Info 862). 
 
- É possível a impetração de habeas corpus coletivo. 
O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. 
O habeas corpus se presta a salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de ir e vir, quer 
pessoal, quer de um grupo determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, 
individual ou coletivo. 
A ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a tradição jurídica nacional de conferir 
a maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus). 
Apesar de não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos legais que, 
indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580, ambos 
do CPP. 
O art. 654, § 2º estabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus de ofício. O art. 
580 do CPP, por sua vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas corpus seja estendida para 
todos que se encontram na mesma situação. 
Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais podem estender para todos que se encontrem na mesma situação a 
ordem de habeas corpus concedida individualmente em favor de uma pessoa. 
Existem mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16 mil juízes, exigindo 
do STF que prestigie remédios processuais de natureza coletiva com o objetivo de emprestar a máxima eficácia ao 
mandamento constitucional da razoável duração do processo e ao princípio universal da efetividade da prestação 
jurisdicional. 
Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o art. 12 da Lei nº 
13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção coletivo. 
Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo: 
1) o Ministério Público; 
2) o partido político com representação no Congresso Nacional; 
3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo 
menos 1 (um) ano; 
4) a Defensoria Pública. 
STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891). 
 
- Cabe habeas corpus para questionar a decisão do magistrado que não permite que os réus delatados 
apresentem alegações finais somente após os réus colaboradores. 
 
18 
 
Cabe habeas corpus mesmo nas hipóteses que não envolvem risco imediato de prisão, como na análise da licitude 
de determinada prova ou no pedido para que a defesa apresente por último as alegações finais, se houver a 
possibilidade de condenação do paciente. Isso porque neste caso a discussão envolve liberdade de ir e vir. 
STF. 2ª Turma. HC 157627 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgado em 27/8/2019 (Info 949). 
 
- É cabível habeas corpus para questionar a imposição de medidas cautelares diversas da prisão. 
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da prisão. 
STF. 2ª Turma. HC 147426/AP e HC 147303/AP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. em 18/12/2017 (Info 888). 
 
- Cabimento de HC para análise de afastamento de cargo de prefeito. 
É cabível impetração de habeas corpus para que seja analisada a legalidade de decisão que determina o 
afastamento de prefeito do cargo, quando a medida for imposta conjuntamente com a prisão. 
STJ. 5ª Turma. HC 312.016-SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/4/2015 (Info 561). 
 
 
CRIMES DO ECA – LEI 8.069/90 
 
Seção V 
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente 
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade 
JUDICIÁRIA. 
 
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade 
POLICIAL competente. 
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de 
ato infracional praticado em CO-AUTORIA COM MAIOR, PREVALECERÁ a atribuição da repartição 
especializada, que, após as providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial 
própria. 
 
ADOLESCENTE APREENDIDO 
Por ordem judicial Em flagrante 
Encaminhado à autoridade JUDICIÁRIA Encaminhado à autoridade POLICIAL 
 
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a 
autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá: 
I - lavrar auto de apreensão (AAF), ouvidos as testemunhas e o adolescente; 
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; 
III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração. 
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto PODERÁ SER SUBSTITUÍDA por boletim 
de ocorrência circunstanciada. 
 
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela 
autoridade policial,sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do 
Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela 
gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia 
de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública. 
 
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao 
representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. 
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de 
atendimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas. 
 
19 
 
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À 
falta de repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da 
destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior (24h). 
 
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhará imediatamente ao representante do 
Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. 
 
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de participação de adolescente na prática de ato 
infracional, a autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público relatório das investigações 
e demais documentos. 
 
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional NÃO PODERÁ ser conduzido ou transportado 
em COMPARTIMENTO FECHADO DE VEÍCULO POLICIAL, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que 
impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. 
 
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de 
apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação 
sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de 
seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. 
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público notificará os pais ou 
responsável para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias civil e militar. 
 
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, o representante do Ministério Público poderá: 
I - promover o arquivamento dos autos; 
II - conceder a remissão; 
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educativa. 
 
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a remissão pelo representante do Ministério Público, 
mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária 
para homologação. 
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o 
cumprimento da medida. 
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante 
despacho fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público para 
apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada a 
homologar. 
 
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público não promover o arquivamento ou conceder 
a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação 
da medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada. 
§ 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato 
infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária 
instalada pela autoridade judiciária. 
§ 2º A representação INDEPENDE de prova pré-constituída da autoria e materialidade. 
 
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, estando o adolescente internado 
provisoriamente, será de quarenta e cinco dias. 
 
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente, 
decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, observado o disposto no art. 108 e 
parágrafo. 
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da representação, e notificados a 
comparecer à audiência, acompanhados de advogado. 
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. 
 
20 
 
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, 
determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação. 
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou 
responsável. 
 
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em 
estabelecimento prisional. 
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser 
imediatamente transferido para a localidade mais próxima. 
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, desde 
que em seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinc 
dias, sob pena de responsabilidade. 
 
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos 
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado. 
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, 
proferindo decisão. 
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de internação ou colocação em regime de semiliberdade, 
a autoridade judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado constituído, nomeará defensor, 
designando, desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a realização de diligências e estudo do 
caso. 
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo de três dias contado da audiência de apresentação, 
oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. 
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas 
as diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada a palavra ao representante do Ministério 
Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a 
critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão. 
 
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, 
a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução coercitiva. 
 
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase 
do procedimento, ANTES DA SENTENÇA. 
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que reconheça na sentença: 
I - estar provada a inexistência do fato; 
II - não haver prova da existência do fato; 
III - não constituir o fato ato infracional; 
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional. 
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescente internado, será imediatamente colocado em 
liberdade. 
 
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de internação ou regime de semi-liberdade será feita: 
I - ao adolescente e ao seu defensor; 
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou responsável, sem prejuízo do defensor. 
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-áunicamente na pessoa do defensor. 
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. 
- Súmula nº 338, STJ: “A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.” 
 
- Súmula nº 605, STJ: “A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem 
na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a 
idade de 21 anos.” 
 
 
 
 
21 
 
#INFO 
- Cumprimento imediato da internação fixada na sentença ainda que tenha havido recurso. 
É possível que o adolescente infrator inicie o imediato cumprimento da medida socioeducativa de internação que 
lhe foi imposta na sentença, mesmo que ele tenha interposto recurso de apelação e esteja aguardando seu 
julgamento. 
Esse imediato cumprimento da medida é cabível ainda que durante todo o processo não tenha sido imposta 
internação provisória ao adolescente, ou seja, mesmo que ele tenha permanecido em liberdade durante a 
tramitação da ação socioeducativa. 
Em uma linguagem mais simples, o adolescente infrator, em regra, não tem direito de aguardar em liberdade o 
julgamento da apelação interposta contra a sentença que lhe impôs a medida de internação. 
STJ. 3ª Seção. HC 346.380-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 13/4/2016 (Info 583). 
 
Seção V-A 
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e 
de Adolescente” 
 
INFILTRAÇÃO DE AGENTES 
Lei de Drogas 
(art. 53, I) 
Lei de Organizações 
Criminosas 
(arts. 10 a 14) 
ECA 
(arts. 190-A a 190-E) 
Lei de Lavagem de 
Dinheiro 
(art. 1º, § 6º) 
#Pacoteanticrime 
• Crimes: Tráfico de 
drogas 
• Crimes: Organizações 
criminosas 
• Crimes: arts. 240, 241, 241-
A, 241-B, 241-C e 241-D do 
ECA; e arts. 154-A, 218, 218-
A e 218-B do CP 
• Crimes: Lavagem de 
dinheiro 
• Não prevê prazo 
máximo; 
• Prazo: 6 meses 
(podendo ser 
sucessivamente 
prorrogada); 
• Prazo: 90 dias 
(sendo permitidas renovações, 
mas o prazo total da infiltração 
não poderá exceder 720 dias); 
• Não prevê prazo 
máximo; 
• Não disciplina 
procedimento a ser 
adotado. 
• Só poderá ser adotada se 
a prova não puder ser 
produzida por outros meios 
disponíveis (ultima ratio). 
• Só poderá ser adotada se a 
prova não puder ser produzida 
por outros meios disponíveis 
(ultima ratio); 
• Não disciplina 
procedimento a ser 
adotado. 
– 
É cabível a infração policial 
virtual 
(incluído pelo pacote 
anticrime) 
• A infiltração de agentes 
ocorre apenas na internet. 
– 
 
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na INTERNET com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei 
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes regras: 
I – será precedida de autorização judicial devidamente circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites 
da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; 
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou representação de delegado de polícia e conterá a 
demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas 
investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas 
pessoas; 
III – NÃO PODERÁ EXCEDER o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o 
TOTAL NÃO EXCEDA a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da 
autoridade judicial. 
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais da operação de infiltração 
antes do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo. 
 
22 
 
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo, consideram-se: 
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de 
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; 
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou 
autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso tenha sido 
atribuído no momento da conexão. 
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet NÃO SERÁ ADMITIDA se a prova puder ser obtida por outros 
meios. (ultima ratio) 
 
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela 
autorização da medida, que zelará por seu sigilo. 
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério 
Público e ao delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das investigações. 
 
Art. 190-C. NÃO COMETE CRIME o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher indícios 
de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 
154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). 
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação responderá 
pelos excessos praticados. 
 
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante 
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessárias à efetividade da identidade 
fictícia criada. 
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Seção será numerado e tombado em livro específico. 
 
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão ser 
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório 
circunstanciado. 
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados 
e apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a preservação da 
identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. 
 
INFILTRAÇÃO DE AGENTE DE POLÍCIA NA INTERNET PARA INVESTIGAÇÃO DE CRIMES CONTRA A 
DIGNIDADE SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES – ARTS. 190-A a 190-E do ECA 
Crimes Cabíveis 
ECA CP 
1) Produzir, filmar, registrar etc. cena de sexo 
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou 
adolescente (art. 240); 
2) Vender vídeo que contenha cena de sexo 
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou 
adolescente (art. 241); 
3) Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir etc. 
fotografia ou vídeo que contenha cena de sexo 
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou 
adolescente (art. 241-A); 
4) Adquirir, possuir ou armazenar fotografia ou 
vídeo que contenha cena de sexo explícito ou 
pornográfica envolvendo criança ou adolescente 
(art. 241-B); 
5) Simular a participação de criança ou 
adolescente em cena de sexo explícito ou 
pornográfica por meio de adulteração de 
fotografia ou vídeo (art. 241-C); 
7) Invadir dispositivo informático alheio 
(art. 154-A); 
8) Estupro de vulnerável (art. 217-A); 
9) Corrupção de menores (art. 218); 
10) Satisfação de lascívia mediante 
presença de criança ou adolescente (art. 
218-A); 
11) Favorecimento da prostituição de 
criança, adolescente ou vulnerável (art. 
218-B). 
 
 
23 
 
6) Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por 
qualquer meio de comunicação, criança, com o 
fim de com ela praticar ato libidinoso (art. 241-D); 
Autorização 
Judicial 
Circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da infiltração, OUVIDO o 
Ministério Público. 
Prova Subsidiária Ultimaratio. Não será admitida se for possível a obtenção da prova por outro meio; 
Legitimados 
Requerimento do Ministério Público; ou 
Representação do Delegado de Polícia. 
Requisitos do 
Pedido 
a) Necessidade da medida; 
b) Alcances das tarefas dos policiais; 
c) Nome ou apelido das pessoas investigadas; e, quando possível, 
d) Dados de conexão ou cadastrais que permitem a identificação dessas pessoas. 
Prazo 
90 dias (sem prejuízo de eventuais prorrogações, que também deverão ser precedidas de 
autorização judicial); 
Total não pode exceder 720 dias. 
Requerimento de 
Relatórios 
Parciais 
Poderão ser requisitado relatórios parciais antes do término do prazo da medida, pelo Juiz e 
Ministério Público. 
Sigilo 
Acesso apenas ao Juiz, Ministério Público e Delegado de Polícia 
(antes da conclusão da operação). 
Excludente de 
Responsabilidade 
Penal 
Não comete crime o agente policial. 
Medidas para 
ocultar a 
identidade falsa 
do Policial 
O policial será obrigado a adotar uma identidade falsa. O juiz poderá determinar aos órgãos 
de registro e cadastro público que incluam nos seus bancos de dados as informações 
necessárias para efetivar a identidade fictícia criada. Tal inclusão deverá ser feita por meio 
de procedimento sigiloso numerado e tombado em livro específico. 
 
Título VII 
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas 
 
Capítulo I 
Dos Crimes 
 
Seção I 
Disposições Gerais 
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem 
prejuízo do disposto na legislação penal. 
 
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao 
processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. 
 
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA 
 
Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com 
abuso de autoridade, são CONDICIONADOS à ocorrência de reincidência. (Lei nº 13.869/2019) 
Art. 92 - São também EFEITOS DA CONDENAÇÃO: (ESPECÍFICOS – NÃO AUTOMÁTICOS) 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
 
24 
 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com 
abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. 
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, nesse caso, INDEPENDERÁ da pena aplicada na 
reincidência. (Lei nº 13.869/2019) 
 
Seção II 
Dos Crimes em Espécie 
Art. 228. DEIXAR o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante 
de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de 
fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde 
constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95 (Competência: JECRIM); 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
Parágrafo único. Se o crime é CULPOSO: 
Pena - detenção de dois a seis meses, OU multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95 (Competência: JECRIM); 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Art. 229. DEIXAR o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de 
identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como DEIXAR de proceder aos 
exames referidos no art. 10 desta Lei: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95 (Competência: JECRIM); 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
Parágrafo único. Se o crime é CULPOSO: 
Pena - detenção de dois a seis meses, OU multa. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95 (Competência: JECRIM); 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Art. 230. PRIVAR a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em 
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95 (Competência: JECRIM); 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão SEM OBSERVÂNCIA das formalidades 
legais. 
 
Art. 231. DEIXAR a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata 
comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95 (Competência: JECRIM); 
- Cabe suspensão condicional do processo; 
Obs.: Crime próprio - Somente a autoridade policial responsável pela apreensão. 
 
Art. 232. SUBMETER criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a 
constrangimento: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95 (Competência: JECRIM); 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
 
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Art. 234. DEIXAR a autoridade competente, SEM JUSTA CAUSA, de ordenar a imediata liberação de criança ou 
adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95 (Competência: JECRIM); 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Art. 235. DESCUMPRIR, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de ADOLESCENTE privado de 
liberdade: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95 (Competência: JECRIM); 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
Obs.: Apenas adolescente! 
 
Art. 236. IMPEDIR ou EMBARAÇAR a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou 
representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
- IMPO: aplica-se a Lei nº 9.099/95 (Competência: JECRIM); 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
 
Art. 237. SUBTRAIR criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem 
judicial, com o fim de colocação em lar substituto: 
Pena - reclusão de dois a seis anos, E multa. 
Obs.: É necessária o especial fim de agir de colocar a criança ou adolescente em LAR SUBSTITUTO; Se não houver 
esse elemento subjetivo específico, será o delito de subtração de incapazes (art. 236, do CP). 
 
Art. 238. PROMETER ou EFETIVAR a ENTREGA de filho ou pupilo a TERCEIRO, mediante paga ou recompensa: 
Pena - reclusão de um a quatro anos, E multa. 
- Cabe suspensão condicional do processo. 
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa. 
 
Art. 239. PROMOVER ou AUXILIAR a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o 
exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: 
Pena - reclusão de quatro a seis anos, E multa. 
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência. 
 
Art. 240. PRODUZIR, REPRODUZIR, DIRIGIR, FOTOGRAFAR, FILMAR ou REGISTRAR, por qualquer meio, cena 
de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, E multa. 
#INFO 
- O delito do art. 240 do ECA é classificado como crime formal, comum, de subjetividade passiva própria, 
consistente em tipo misto alternativo. 
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou 
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (...) 
• Crime formal (consumação antecipada): o delito

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