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Contratos Internacionais

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Direito Internacional 
Público e Privado
Contratos Internacionais
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Marcio Morena Pinto
Revisão Técnica:
Prof. Ms Reinaldo Zychan de Moraes
Prof Ms Fernando Tadeu Marques
Revisão Textual:
Profª. Ms. Vera Lídia de Sá Cicaroni
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• Considerações iniciais
• Definição
• Lei aplicável
Nesta Unidade vamos conhecer um pouco mais sobre 
o comércio internacional e as regras dos contratos de 
comércio internacional
Contratos Internacionais
• Linguagem dos contratos 
• Princípios relacionados aos contratos 
internacionais
• Revisão e rescisão do contrato internacional
• Elementos do contrato internacional
• Contratos de comércio internacional
• Conflito de leis
• Cláusulas
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Unidade: Contratos Internacionais
Contextualização
Nosso país nas últimas décadas se lançou com muito afinco na ampliação do comércio 
internacional, sendo que essa atividade gera milhares de empregos e movimenta vultuosas 
quantias de valores.
Somente no primeiro semestre de 2012 o comércio exterior brasileiro realizou transações de US$ 
227,4 bilhões, sendo US$ 117,2 bilhões em exportações e US$ 110,1 bilhões em importações.
(fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – disponível em http://www.
desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=571. Acesso em 03.Mar.2013).
Somente esses dados já mostram a importância desse assunto e que precisamos conhece-lo 
melhor.
http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php%3Farea%3D5%26menu%3D571
http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php%3Farea%3D5%26menu%3D571
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1. Considerações iniciais
O contrato é o instrumento pelo qual se celebra um acordo de vontades acerca de determinado 
objeto. Nele as partes estipulam regras a que ficam subordinadas, criando, assim, direitos e obrigações.
Com a gradual integração decorrente do livre fluxo de capital, tecnologia, seres humanos e 
ideias, a globalização tornou-se uma realidade pungente no mundo, cujas consequências são 
refletidas nas esferas econômica, política e social, em decorrência da amplitude desse fenômeno. 
Segundo Giddens, as influências econômicas decorrentes da globalização estão, certamente, 
entre as forças propulsoras das mudanças vivenciadas hodiernamente, em especial no sistema 
financeiro global. Para o referido economista, essas mudanças estão impelidas por diversos 
fatores, alguns estruturais, outros mais específicos e históricos, mas todas moldadas pela 
tecnologia e pela difusão cultural, bem como pelas decisões tomadas pelos governos para 
liberalizar e desregulamentar suas economias nacionais.
Nesse sentido, vivemos em uma sociedade globalizada em que as facilidades de comunicação 
e transporte, aliadas à necessidade de expansão dos mercados consumidores, fazem surgir uma 
nova espécie de contrato, de natureza internacional.
É evidente que o Direito Internacional Privado se envolve também com questões afetas ao 
comércio internacional, precisamente as relacionadas aos conflitos de leis no espaço oriundas 
das relações entre pessoas de países diversos. 
Em geral, os mecanismos de solução desses conflitos são as regras referentes aos elementos 
de conexão determinadas pelo Direito Internacional Privado. 
São muitos os contratos internacionais. Podemos citar diversos exemplos de contratos 
internacionais, tais como: transporte marítimo, “know-how”, “franchising”, prestação de 
serviços, “leasing”, transferência de tecnologia, compra e venda etc.
2. Definição
Strenger define contrato internacional de comércio como sendo todas as manifestações bi 
ou plurilaterais da vontade, objetivando relações patrimoniais ou de serviços, cujos elementos 
sejam vinculantes de dois ou mais sistemas jurídicos extraterritoriais, pela força do domicílio, 
nacionalidade, sede principal dos negócios, lugar do contrato, lugar da execução, ou qualquer 
circunstância que exprima um liame indicativo de Direito aplicável. 
Trocando Ideias
Nesta unidade estudaremos os Contratos Internacionais, a lei aplicável, a linguagem característica 
dos contratos internacionais, os princípios relacionados, a forma como ocorre a revisão e a rescisão, 
os seus elementos, as cláusulas e o conflito de leis.
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Unidade: Contratos Internacionais
Um contrato torna-se internacional quando pactuado entre mais de um estado soberano, o 
que traz como consequência ser regido por mais de uma ordem jurídica. É o que se chama de 
elemento de estraneidade, diverso do que ocorre com os contratos internos, regidos apenas pela 
lei de um Estado. 
Para o direito brasileiro, um exemplo relevante de estraneidade é o domicílio das partes 
contratantes. Dessa forma, por exemplo, a compra e venda será considerada contrato internacional 
quando uma das partes for domiciliada no Brasil e a outra na Austrália, independentemente do 
fato de ambas serem de nacionalidade brasileira.
Em Síntese
Conclui-se que não é a nacionalidade da parte celebrante que define a natureza do contrato, 
mas quantas ordens jurídicas incidem dele. Com efeito, quando as partes contratantes tiverem 
nacionalidades diversas ou domicílio em países diferentes, quando o objeto do contrato for entregue 
ou prestado de forma extraterritorial, ou quando os lugares de celebração e execução das obrigações 
contraídas também não coincidirem, estaremos diante dos contratos internacionais empresariais, 
como afirma Strenger. 
3. Lei aplicável
No que se refere à lei que será aplicável aos contratos internacionais, há que se ter em mente 
duas situações. Primeira, quando as partes não estipulam, por meio de uma cláusula, qual a 
lei aplicável em caso de eventuais conflitos (princípio da autonomia da vontade); segunda, 
quando, utilizando dessa prerrogativa, elegem voluntariamente a lei aplicável.
Não indicando as partes a lei aplicável, o contrato reger-se-á pelo princípio da “lex fori”, ou 
seja, a lei a ser aplicada será a lei de onde a ação está sendo demandada.
No Brasil, o sistema aplicado aos contratos internacionais é o “locus regit actum”, conforme 
determina o artigo 9º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em 
que se constituírem.
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4. Linguagem dos contratos 
Muitos são os critérios que disciplinam a linguagem a ser utilizada no contrato. Dessa forma, 
por exemplo, é possível utilizar:
• a língua da legislação incidente sobre aquele contrato; 
• as línguas nacionais das partes contratantes, prevalecendo uma no caso de dúvida quanto 
à interpretação; 
• as línguas nacionais das partes contratantes, em igualdade de condições; utiliza-se uma 
língua para desenvolver o contrato e elege-se outra para o caso de surgirem futuras dúvidas.
Dessa forma, no Código Civil pátrio, nos contratos internacionais, há a previsão de um 
contrato preliminar, mas que não carrega esse nome; possui a nomenclatura de “carta de 
intenção” e presta-se a estipular um compromisso inicial quanto às normas a que as partes se 
submeterão quando da celebração do contrato principal. 
5. Princípios relacionados aos contratos internacionais
São basicamente três os princípios que regem os contratos internacionais: o da 
autonomia da vontade, o da supremacia da ordem pública e o da obrigatoriedade 
da convenção entre as partes.
5.1. Princípio da autonomia da vontade
A autonomia da vontade é uma das regras mais importantes segundo a qual as partes 
contratantes elegem a lei para reger o ato. Já dizia Savigny que, nas relações jurídicas, deveríamos 
procurar a lei que melhor conviesse à sua regulação. Encontraremos dificuldades na sua 
utilização em caráter absoluto, principalmente quando as partes simplesmente não estabelecem 
expressamente a lei para reger o contrato. 
Os defensores do princípio da autonomia da vontade sustentam que, nesse caso, seria 
necessário descobrir a lei a que as partes se submeteram. Assim, não havendo escolhaexpressa, 
caberia ao intérprete descobrir a lei a que as partes se submeteram. Por fim, uma vez descoberta 
a lei, cumpriria investigar também se as partes a respeitaram. 
Contra essa corrente, Niboyet dizia que não devemos construir uma teoria, porque a autonomia 
da vontade não existe, pois seria inadmissível conferir poder às partes na escolha da lei. Dizia, 
ainda, que a autonomia da vontade sofreria uma mitigação conforme fosse subordinada a leis 
imperativas ou facultativas. 
Para os partidários da teoria da autonomia da vontade, a questão da escolha da lei não 
oferece controvérsias, porque a vontade dos contratantes é expressamente estabelecida no 
contrato e a lei preferida dominaria as relações constituídas, obrigando-se, por conseguinte, 
aos seus efeitos jurídicos. 
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Unidade: Contratos Internacionais
O problema ocorreria no caso específico do silêncio das partes a respeito. Mas, mesmo assim, 
insistem na sua aplicação, competindo ao interprete investigar e aplicar a lei que as partes, 
tacitamente, escolheram ou que presumidamente prefeririam. 
Esse critério de aplicação absoluta da autonomia da vontade pode conduzir o intérprete a 
erros e equívocos, trazendo insegurança jurídica. Melhor sorte seria, no silêncio das partes, o 
exame do ato segundo a lei do contrato ou a lei do lugar da execução ou, ainda, a lei do foro, 
sepultando-se, assim, o conflito.
Niboyet foi um defensor da aplicação do princípio da autonomia da vontade mitigada e 
voltada para os direitos disponíveis (leis facultativas, não imperativas). Quanto à sua aplicação em 
direitos indisponíveis, Niboyet afirma que é proibitiva sua aplicação, como, por exemplo, sobre as 
normas do estatuto pessoal - como a capacidade e as relações de família - uma vez que seriam 
obrigatórias as normas que tratam de direitos indisponíveis e, neste domínio, os contratantes não 
teriam liberdade de escolher, expressar tacitamente a lei para reger as relações indicadas. 
A lei do local da obrigação tem aplicação limitada, pois há casos em que a matéria cede à 
aplicação da lei pessoal; por exemplo: a capacidade dos contratantes reger-se-á pela lei pessoal. 
No Brasil, é aplicada a lei do domicílio. Além disso, em matéria de capacidade cede, também, 
para a aplicação da “lex rei sitae” em casos relacionados a bens imóveis. 
 
 Atenção
É importante registrar que o artigo 9º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro não exclui a 
aplicação da autonomia da vontade se ela for admitida pela lei do país onde se constituiu a obrigação. 
Outra observação importante a comentar é que a atual Lei de Introdução às normas do Direito 
Brasileiro não sujeita as obrigações contraídas no Brasil ao império da autonomia da vontade. Por 
outro lado, a obrigação contraída no exterior, mesmo na hipótese da lei do lugar do contrato admitir 
a aplicação da autonomia da vontade, pode se sujeitar ao direito brasileiro, se as partes, de comum 
acordo, escolheram a lei brasileira para reger suas obrigações. Às obrigações decorrentes de atos 
ilícitos aplicam-se as regras do lugar em que ocorreu o ato (ilícito). Nos contratos entre presentes, 
aplica-se a lei do local onde se constituiu a obrigação.
5.2. Princípio da supremacia da ordem pública
A supremacia da ordem pública é outro dos princípios relacionados aos contratos 
internacionais. A concepção da noção do instituto “ordem pública” teve seu início com os 
estudos que procuravam limitar o campo de atuação da legislação estrangeira. 
Na atualidade, a noção que temos de ordem pública é a de barreira, limitando o campo de 
atuação do Direito Internacional Privado no que diz respeito à aplicação da lei estrangeira. 
Basso, em sua obra, diz que é possível chegar a algumas constatações práticas que podem ser 
úteis à analise dos casos concretos:
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I. em nenhum diploma legal encontramos formulado o que vem a ser ‘ordem pública’, isto 
é, o básico e fundamental na filosofia, na política, na moral e na economia do país; 
II. a ordem pública afere-se pela mentalidade e sensibilidade médias de determinada 
sociedade em determinada época; 
III. o intérprete e aplicador da lei não dispõe de uma bússola para distinguir, dentro do 
sistema jurídico de seu país, o que seja fundamental - de ordem pública; 
IV. deve ser rejeitado pelos tribunais o que vier do direito estrangeiro que seja chocante à 
mentalidade e à sensibilidade médias de uma sociedade, em determinada época.
Trocando Ideias
É de se observar que o princípio da ordem pública tem como principal característica a sua própria 
indefinição. A noção de ordem pública não é idêntica em todos os países que constituem a sociedade 
internacional e se altera ao longo do tempo, conforme a evolução dos fenômenos sociais localizados 
em cada região do globo.
No Direito Internacional Privado, a ordem pública impede a aplicação de leis estrangeiras ou 
o reconhecimento de atos realizados no exterior ou, ainda, a execução de sentenças estrangeiras, 
uma vez constatada a possibilidade de haver um resultado incompatível com os princípios 
fundamentais da ordem jurídica interna. 
Assim, o juiz, quando verifica a violação das regras cogentes de seu ordenamento jurídico, 
considerando atentatórias à sua ordem jurídica, moral ou econômica, afasta a lei estrangeira e 
decide o caso conforme a aplicação da “lex fori”. 
A reserva de ordem pública é expressa no Direito Internacional Privado brasileiro, 
conforme disposição contida na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, vazada 
nos seguintes termos: 
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer 
declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem 
a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
A doutrina divide a reserva de ordem pública em reservas gerais e especiais. A reserva 
geral seria a reserva de ordem pública prevista no artigo supra, observada, sempre, 
quando da aplicação do direito estrangeiro a uma relação jurídica de direito privado com 
conexão internacional. 
As específicas seriam aquelas previstas normas cogentes reguladoras de determinadas 
situações específicas, como, por exemplo, o artigo 7º, § 6º, da Lei de Introdução às normas do 
Direito Brasileiro, que dispõe sobre o divórcio realizado no exterior.
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Unidade: Contratos Internacionais
A ordem pública deve ser sempre observada e o que for acordado entre as partes não pode 
contrariar os ditames imperativos do ordenamento jurídico interno (“lex fori”). 
5.3. Princípio da obrigatoriedade da convenção entre as parte
Finalmente, a obrigatoriedade da convenção entre as partes é o terceiro princípio que rege 
os contratos internacionais. A obrigatoriedade da convenção entre as partes, cláusula conhecida 
como “pacta sunt servanda”, é quase uma imposição nos contratos internacionais, que têm por 
fundamento a segurança jurídica dos contratos para que sejam efetivamente cumpridos. 
Seu conteúdo é intocável, fazendo lei entre as partes; pode ser atualizado, mas não nunca 
de forma unilateral entre as partes, e sim em caso de inexecução contratual decorrente de caso 
fortuito e força maior. 
6. Revisão e rescisão do contrato internacional
A cláusula que prevê a revisão dos contratos internacionais denomina-se “hardship clauses”, 
que significa cláusulas de adversidade. É estipulada, especialmente, nos contratos de prazo 
dilatado e sua função é a busca do reequilíbrio da avença durante a execução do contrato, que 
pode se desajustar por conta de fatos supervenientes, imprevisíveis.
Não se confunde com força maior ou caso fortuito, porque, nestes, o acontecimento 
imprevisível torna impossível o cumprimento da obrigação pelas partes. 
Na “hardship clause”, o cumprimento do acordo continua possível, porém com prejuízo 
para uma das partes e ganho exagerado para a outra, o que faz com que o contrato perca 
o seu equilíbrio.
No que tange às clausulas de rescisão de contrato, estas podem prever aextinção da avença 
de maneira unilateral, de forma normal ou ordinária, independentemente de um motivo que a 
justifique; ou de uma forma extraordinária, derivada da verificação de determinados eventos 
previamente estipulados no contrato pelas partes.
Podem-se ainda estipular no contrato a cláusula de confidencialidade e a cláusula penal. Pela 
cláusula de confidencialidade objetiva-se coibir a outra parte de divulgar informações de caráter 
sigiloso com a imposição de sanção no caso de descumprimento.
A cláusula penal não se distancia daquilo que é previsto no nosso Direito Civil: consiste 
na cláusula que estabelece uma sanção pelo descumprimento de uma obrigação contratual. 
Não há uma norma que regule essa matéria; então a preocupação, quando da estipulação 
de seu valor, deve incidir sobre a necessidade de se evitar eventual desproporção entre estes 
e o valor da obrigação.
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7. Elementos do contrato internacional
São eles: 
• capacidade das partes; 
• objeto lícito, possível e suscetível de apreciação econômica; e 
• forma prevista ou não defesa em lei.
8. Contratos de comércio internacional
Os contratos de comércio internacional são regidos pela Convenção de Roma (1980) e 
Convenção de Viena (1980), cujas normas são aplicáveis apenas aos contratos entre as partes 
com sedes em países diversos, não cabendo, por exemplo, aos casos de bens adquiridos por 
leilão, bens destinados a uso pessoal etc.
Diante da dificuldade de se uniformizar as regras relativas aos contratos internacionais, 
foi idealizada a doutrina da autonomia do contrato, com a proposta de se criar um sistema 
independente para o comércio internacional (“ius mercatorum”). 
A “Lex Mercatoria” é o conjunto de normas jurídicas, escritas ou não, que regem as 
relações internacionais do comércio, com um poder normativo independente do direito 
positivo dos Estados. 
Fazem parte dela as regras da Câmara de Comércio Internacional – CCI – estabelecidas para 
efeito de aplicação e interpretação dos termos comerciais: os INCONTERMS (International 
Comercial Terms), que definem os deveres e obrigações assumidos tanto pelo importador 
como pelo exportador. 
A Câmara de Comércio Internacional – CCI preocupa-se com o comércio globalizado, razão 
pela qual mantém atualizada uma série de regras-padrão que são ajustadas conforme a evolução 
tecnológica para permitir interpretações adequadas e precisas a fim de facilitar a condução do 
comércio internacional, definindo as respectivas obrigações das partes, objetivando a redução 
de riscos de complicações legais. 
Assim, não fosse a criação de regras-padrão de estreitamento das relações de comércio, o 
mundo ainda estaria num patamar inferior de desenvolvimento humano, social, cultural, etc. ao 
que apresenta na atualidade. 
O comércio é a mola propulsora do desenvolvimento humano material e intelectual, 
contribuindo para a redução das desigualdades sociais, fomentando as atividades laborais. 
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Unidade: Contratos Internacionais
9. Conflito de leis
Conforme o acordo feito entre as partes, os critérios para saber qual lei deverá ser aplicada 
podem ser determinados pela: 
a) lei do lugar da execução; 
b) lei do lugar da assinatura do contrato; 
c) lei pessoal do devedor; 
d) lei pessoal do credor; 
e) lei escolhida pelas partes. 
A Convenção de Roma estabelece que, quando as partes celebrarem contrato em um 
país para cumprimento neste, as regras contratuais não podem confrontar as leis desse país 
– a essa disposição legal que impede a revogação de lei por regra contratual dá-se o nome 
de disposição imperativa.
10. Cláusulas
Algumas cláusulas denominadas “boiler-plate clauses” ou “cláusulas-padrão” são, geralmente, 
incorporadas aos contratos de Direito Internacional, como nos elucida Amaral:
• Acordo integral (“entire agreement”): disposição contratual que estabelece a 
prevalência do instrumento em questão sobre todos os demais entendimentos anteriores, 
escritos ou orais, havidos entre as partes, relativos ao mesmo objeto;
• Cessão (“assigment”): cláusula que veda a qualquer das partes ceder ou transferir a 
terceiros os direitos e as obrigações decorrentes do contrato, no todo ou em parte, sem a 
prévia autorização por escrito da outra parte;
• Aditamento (“amendment”): cláusula que determina que todos os aditamentos ou 
modificações do contrato em questão deverão ser feitos por escrito, devendo o referido 
instrumento ser assinado pelas partes contratantes;
• Sucessores (“sucessors”): disposição que estabelece que os direitos e as obrigações 
decorrentes do contrato beneficiam e obrigam as partes e seus respectivos sucessores a 
qualquer título.
• Renúncia (“no waiver”): cláusula segundo a qual o não exercício de determinado 
direito previsto no contrato ou em lei não representa a sua renúncia.
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• Independência das disposições (“severability”): disposição contratual que 
determina que a nulidade de determinada cláusula não invalida as demais nem o contrato 
como um todo;
• Idioma (“language”): quando, por determinação legal ou conveniência das partes, o 
contrato internacional for redigido em duas línguas, essa cláusula determina aquela que 
deverá prevalecer; e
• Notificações (“notices”): disposição que estabelece a forma em que serão realizadas 
as notificações, solicitações, exigências e determinações previstas no contrato e, 
eventualmente, o momento em que as mesmas serão consideradas feitas. 
Dentre as cláusulas contratuais, devem ser pactuados, ainda, o costume a ser aplicado, o foro 
de eventual litígio e, se possível, a legislação que incidirá sobre o contrato, que deve estar em 
harmonia com o foro competente. Adequada é também a estipulação da arbitragem, inclusive 
com a aplicação de legislação e árbitros estrangeiros.
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Unidade: Contratos Internacionais
Material Complementar
Nesta aula fizemos referência a dois importantes tratados internacionais que regulam o 
comércio internacional.
Vale a pena conhecer mais sobre eles!
Essas normas estão disponíveis nos seguintes links:
• Convenção de Roma de 1980 sobre a lei aplicável às obrigações contratuais: http://eur-
lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:41998A0126(02):PT:NOT
• Convenção das Nações Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de 
Mercadorias - Convenção de Viena de 1980: http://www.cisg-brasil.net/doc/egrebler2.pdf
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do%3Furi%3DCELEX:41998A0126%2802%29:PT:NOT
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do%3Furi%3DCELEX:41998A0126%2802%29:PT:NOT
http://www.cisg-brasil.net/doc/egrebler2.pdf
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Referências
AMARAL, Carlos Rodrigues do. Direito do Comércio Internacional: aspectos 
fundamentais. São Paulo: Lex Editora, 2004.
ARAÚJO, Luiz Ivani. Curso de direito dos conflitos interespaciais. Rio de Janeiro: 
Forense, 2002. 
BASSO, Maristela. Curso de Direito Internacional Privado. São Paulo: Atlas, 2009. 
BATALHA, Wilson de Souza Campos. Tratado Elementar de Direito Internacional 
Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998.
BOGGIANO, Antonio. Derecho internacional privado. 2. Ed. Buenos Aires: Depalma, 
1983. T.1, p. X.
CASTRO, Amilcar de. Direito Internacional Privado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1977. 
GIDDENS, Anthony. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de 
nós. Rio de Janeiro: Record, 1999. 
MAZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 3. ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2008, 
MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. 13. ed. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2001. 2v.
RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado: teoria e prática. 13. Ed. 
São Paulo: Saraiva, 2010. 
REZEK, Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 12. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2009.
SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento e ACCIOLY, Hildebrando. Direito internacional 
público. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 
STRENGER, Irineu. Direito internacional privado. 6. ed. São Paulo: LTr, 2005. 
________. ContratosInternacionais do comércio. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
1992. 
VALLADÃO, Haroldo. Direito Internacional Privado. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1980. 
vol. I.
18
Unidade: Contratos Internacionais
Anotações
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