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Compilado por Gilberto Solomone & Silvestre Manhique Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique PLANO TEMÁTICO DA DISCIPLINA Curso: Licenciaturas em Gestão e Contabilidade e Auditoria Disciplina: Gestão Estratégica PARTE III -FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA .............. .............. III.5.DIVERSIFICAÇÃO III.5.1. Natureza da estratégia de diversificação III.5.2. Benefícios, custos e riscos III.5.3. Evolução da estratégia de diversificação Leitura recomendada: • FREIRE, Adriano (1997), ESTRATÉGIA -Sucesso em Portugal, Lisboa: Editorial Verbo, p. 357-369 e 384-387 DIVERSIFICAÇÃO Após expandir o negócio base desenvolvendo a matriz produtos-mercados e variando o grau de integração vertical, a empresa poderá procurar explorar novas áreas de actuação através da entrada em indústrias distintas (diversificação). - Relacionada com o negócio base - Não relacionada com nenhuma das actividades realizadas anteriormente Entrada em novas indústrias distintas, com naturezas competitivas distintas: . Diferente atractividade estrutural . Diferentes factores críticos de sucesso Nota: Sobretudo no caso de introdução de produtos relacionados com o negócio base, nem sempre é fácil distinguir entre a diversificação e a expansão da matriz de produtos-mercados com produtos complementares. Razões básicas para a diversificação a. Capitalizar nas suas competências centrais Explorar as fontes de vantagem competitiva da empresa em mais de um negócio. (Ex: Honda -motorizadas/carros: motores de combustão ) b. Aumentar o poder negocial Impor condições menos favoráveis aos fornecedores e/ou clientes. (Ex: Sony -Discos/Filmes) Compilado por Gilberto Solomone & Silvestre Manhique c. Partilhar custos Economias de gama. (Ex: 3M - distribuição diversos produtos) d. Balancear recursos financeiros Entrar em negócios com padrões de fluxo de caixa diferentes (Ex: Cort. Amorim -Rolhas/Aglomerados cortiça pª habitação) e. Manter o crescimento Entrar em novos negócios de elevado potencial de crescimento para compensar a estagnação do negócio base. (Ex: Toyota - casas pré-fabricadas) f. Reduzir o risco Diminuir a variabilidade das receitas através da actuação em negócios contra cíclicos. (Ex: Sonae - transformação de madeira/grandes superfícies)As várias modalidades de diversificação podem ser enquadradas de acordo com a tecnologia adoptada (relação tecnológica) e a natureza do uso dos produtos ou serviços comercializados (relação comercial). Matriz de Diversificação Uso Uso actual Novo uso Tecnologia Sem relação comercial Com relação comercial Tecnologia actual Produto melhorado Diversificação com sinergias tecnológicas Diversificação com sinergias comerciais e tecnológicas Nova tecnologia Produto substituto Diversificação sem sinergias Diversificação com sinergias comerciais Atenção: não são novos negócios! Produto melhorado: a empresa limita-se a introduzir novos produtos para os mesmos usos com as tecnologias que já domina. Por exemplo, as diferentes versões de leites da empresa de Lacticínios Lacticoop contribuem para a expansão da sua matriz de produtos-mercados, mas não constituem diversificações, uma vez que não induzem a entrada em novos negócios. Produto substituto: a empresa introduz novos produtos com tecnologias inovadoras, que substituem os anteriores na satisfação de necessidades idênticas. Por exemplo, a empresa discográfica Polygram passou a produzir e vender discos compactos em substituição dos discos de vinil, sem ter diversificado por isso as suas actividades para novos negócios.Diversificação com sinergias comerciais: os produtos ou serviços dos novos negócios da empresa relacionam-se com os Compilado por Gilberto Solomone & Silvestre Manhique actuais produtos da empresa do ponto de vista comercial, mas não apresentam similaridades tecnológicas. Por exemplo, a diversificação da multinacional japonesa Kao dos produtos de higiene pessoal para os produtos de cosmética diária beneficia de elevadas sinergias comerciais na distribuição, uma vez que ambos os tipos de artigos são vendidos nos mesmos estabelecimentos de retalho. Diversificação com sinergias tecnológicas: os produtos ou serviços dos novos negócios da empresa relacionam-se com os actuais produtos da empresa do ponto de vista tecnológico, mas não apresentam similaridades comerciais. Por exemplo, com base no domínio da tecnologia da seda, a empresa nipónica Kanebo diversificou progressivamente dos têxteis para os produtos alimentares, cosmética e mesmo produtos farmacêuticos. Diversificação com sinergias comerciais e tecnológicas: os produtos ou serviços dos novos negócios da empresa relacionam-se com os actuais produtos da empresa tanto tecnológica, como comercialmente. Por exemplo, a empresa de produtos alimentares Effem, fabricante de chocolates Mars, optou por diversificar para o sector dos gelados, onde beneficiou do seu conhecimento dos processos de tratamento dos ingredientes básicos de ambos os produtos e da elevada notoriedade da marca Mars. Diversificação sem sinergias: os produtos ou serviços dos novos negócios da empresa não estão relacionados com os actuais produtos da empresa. Por exemplo, a empresa de bebidas alcoólicas Seagram diversificou para a indústria cinematográfica através da aquisição de 80% do capital da organização norte-americana MCA. Desta forma, a Seagram aplicou os seus recursos financeiros excedentários num negócio que lhe proporciona retornos complementares aos da actividade base. A diversificação para um novo sector de actividade tem maior probabilidade de ser bem sucedida, se: A nova indústria estiver em desequilíbrio (oferta/procura) (Sectores emergentes ou em rápido crescimento) A empresa beneficiar de menores custos de entrada. Sólida reputação (Ex: Grupo Balsemão - semanários/televisão) . Grande poder económico (Ex: Toyota -carros/semicondutores) . Posse de activos ou competências adequadas ao novo negócio (Ex: Disney - filmes/parques de diversão) A retaliação esperada for fraca (Ex: Canon/Xerox; Swatch/Daimler Benz) Existirem competências que influenciam a evolução estrutural da indústria para onde se diversifica (Entrada com tecnologias mais avançadas) (Ex: Nintendo -jogos de mesa ⇒sistemas de jogos em vídeo) Compilado por Gilberto Solomone & Silvestre Manhique A entrada no novo negócio fortalecer a posição da empresa noutras indústrias (Ex: Benetton -têxtil ⇒relógios/óculos de sol, etc.) Benefícios, Custos e Riscos da diversificação Os Benefícios da diversificação variam de acordo com a modalidade adoptada: Diversificação relacionada Aproveitamento de sinergias comerciais e/ou tecnológicas Acesso a novos mercados relacionados Colocação de recursos humanos excedentários Diversificação não relacionada Exploração de sinergias financeiras Os Custos e Riscos genéricos da diversificação incluem: Investimento de entrada no novo negócio Impacto da retaliação esperada dos concorrentes Investimento na marca, tecnologia, etc. do novo negócio Menor atenção ao negócio base Na diversificação não relacionada há ainda o risco da empresa dispersar os seus recursos e perder competitividade. A avaliação global da diversificação resulta da comparação dos benefícios potenciais com os custos e riscos envolvidos. Evolução da estratégia de diversificação • A evolução da entrada em novos negócios deve ser gerida com cuidado para evitar um excesso de diversificação. • Na medida do possível, a empresa deve optar por um padrão de diversificação sequencial, com metas intercalares predefinidas • »Menor risco »Menor investimento inicial »Acumulação gradual de novas competências • A estratégia de diversificação deve estar alinhada com a evolução do ciclo de vida da indústria onde opera. Entrada num novo negocioManutenção da Especialização No negocio Diversificação relacionada Manutenção da Especialização No negocio Diversificação Relacionada Diversificação não relacionada Manutenção da Especialização No negocio Diversificação não relacionada Compilado por Gilberto Solomone & Silvestre Manhique Evolução da estratégia de diversificação A diversificação relacionada é mais frequente nas fases de crescimento e maturidade do ciclo de vida da indústria base, enquanto a diversificação não relacionada é mais adoptada nas fases de maturidade e declínio. Quando a empresa diversifica em excesso, é aconselhável a recentragem das actividades nos sectores críticos para o seu desenvolvimento estratégico. Reduzindo os investimentos nos novos negócios Por exemplo, a Nissan, nos anos 90, decidiu suspender vários planos de investimento no sector da aeronáutica espacial. Reforçando os recursos no negócio central Por exemplo, a empresa finlandesa Nokia, alienou o seu negócio de electrónica de consumo, para aplicar recursos financeiros necessários à expansão das actividades no sector em rápido crescimento das telecomunicações. Em 2008 a Nokia está a vender o seu negócio informático (SW e HW), para se concentrar no negócio dos telemóveis. Desinvestindo das áreas de negócio sem potencial sinergético Por exemplo, o grupo português Interfina alienou sucessivamente as suas participações nos sectores da banca, seguros e hotelaria, por ter verificado que o seu negócio principal, a construção civil, estava a ser negativamente afectada pela excessiva diversificação não relacionada. Em alternativa, a recentragem das actividades pode envolver o abandono da indústria de origem e a concentração dos recursos no novo negócio. (Ex: Intel -memórias DRAM ⇒microprocessadores) A diversificação deve ser sempre flexível, adequando-se às tendências dos vários mercados em que a empresa actua e à evolução das suas capacidades e competências
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