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Anatomia e Doenças da Orelha Externa Prof. Samuel Lopes Benites Otorrinolaringologista Anatomia da Orelha Externa Constituição: Pavilhão auricular Conduto Auditivo Externo Pavilhão Auricular Conduto Auditivo Externo -1/3 externo: Cartilagem Unidade apopilossebácea -2/3 internos: ósseo Ausência de pêlos e outros anexos Mecanismos de defesa do CAE Tragus e cartilagem da concha Pêlos Istmo (junção das porções cartilaginosa e óssea) Cerume: pH ácido Hidrofóbico proteção física Migração Epitelial Otalgias Primária Otites externas Otites médias Secundária ATM Cervical / faríngea (neoplasias) Otites Externas Conceito: Inflamação ou infecção do Conduto Auditivo Externo (CAE) e/ou pavilhão auricular Otites Externas Fatores Predisponentes ▪Ausência de cerúmen ▪Traumatismos ▪Supurações da orelha média Otites Externas Fatores Predisponentes ▪Queimaduras ▪Corpos estranhos ▪Lavagens repetidas ▪Alterações de temperatura e umidade do ambiente ▪Banhos de imersão Otite Externa Difusa Aguda Quadro Clínico - Sintomas ▪ Prurido ▪ Dor intensa irradiada para região temporal e mandibular → dor à mastigação ▪ Sensibilidade à palpação e manipulação ▪ Perda auditiva condutiva e plenitude auricular Edema e hiperemia difusa do MAE *Pode chegar a obstruir completamente a luz do meato Associação com banhos de imersão Otite Externa Difusa Aguda Quadro Clínico – Sinais ▪Hiperemia do Conduto ▪Estenose ▪Otorréia purulenta ▪Falsas membranas e lesões crostosas ▪Nos quadros mais avançados, febre e linfonodomegalia Otite Externa Difusa Aguda ... Otite Externa Difusa Aguda Agentes Etiologicos Pseudomonas aeruginosa (50%) Staphylococcus aureus (20-30%) Descamação do epitélio, eritema e diminuição da secreção ceruminosa Causas Retenção de água no MAE Corpos estranhos Corrimento purulento crônico de uma OMA Ferimentos e escoriações do epitélio Otite Externa Difusa Aguda Complicações ▪Abscesso periauricular ▪Pericondrite Otite Externa Difusa Aguda Tratamento ▪ Cuidados locais Limpeza atraumática do CAE ▪ Analgesia Anti-inflamatórios não-hormonais, corticóides ▪ Antibioticoterapia Tópica Sistêmica Otite Externa Aguda Localizada Furunculo de CAE Localizada no 1/3 externo do MAE, onde há glândulas sebáceas e folículos pilosos Etiologia Staphylococcus aureus Quadro Clínico -Otalgia intensa e aguda, prurido e eventual hipoacusia decorrente de obstrução do conduto -Edema, hiperemia do MAE e possível ponto de flutuação. Comum a reinfecção Otite Externa Aguda Localizada Otite Externa Aguda Localizada Tratamento ▪ Limpeza cuidadosa e delicada ▪ Curativo local com creme/pomada contendo antibióticos associados a corticosteróides ▪ Antibióticos por via sistêmica ▪ Analgésicos, anti-inflamatórios ▪Drenagem Otite Externa Crônica Doença de etiologia mista (Infecção x Hipersensibilidade) Etiologia Culturas são negativas ou com flora não patogênica Quadro Clínico -Prurido intenso, desconforto leve e hipoacusia. -Geralmente indolor -Asteatose do MAE, com pele seca e hipertrófica com estenose parcial Otorréia mucopurulenta pode ser observada nas agudizações Otite Externa Crônica Otite Externa Crônica Tratamento ▪ Objetivo: restaurar a pele normal do MAE e promover a produção de cerúmen ▪ Local Agentes ceratolíticos (como ácido salicílico a 2%) com corticóide Curativo: remoção dos debris ▪ Anti-histamínicos → controle do prurido ▪ Antibióticos → agudizações Otite Externa Necrosante/Maligna Infecção grave da orelha externa e base de crânio tipicamente vista em diabéticos, idosos e imunocomprometidos Epidemiologia -Pacientes imunocomprometidos, principalmente diabéticos (90%) -Pacientes com HIV/AIDS -Taxa de mortalidade é elevada Otite Externa Necrosante/Maligna Microbiologia -Pseudomonas aeruginosa Odor fétido característico Afinidade por vasos (angeíte necrotizante) Trombose com isquemia distal, liberando toxinas e enzimas proteolíticas Necrose tissular -Aspergillus Evolui tipicamente a partir de infecção na orelha média ou mastóide Otite Externa Necrosante/Maligna Fisiopatologia Diabetes Macro e microangiopatia. Progressão MAE, invade osso temporal pela junção ósteo-cartilaginosa, causa osteíte ou osteomielite de onde segue até a mastóide, podendo progredir para ossos da base do crânio. Otite Externa Necrosante/Maligna Quadro clínico ▪Início insidioso semelhante a OE difusa ▪Otalgia fora de proporção ▪Tecido de granulação no assoalho do MAE próximo à junção ósseo- cartilaginosa ▪Edema do tecido celular adjacente ao MAE ▪Linfadenopatia ▪Trismo ▪Contratura dolorosa dos masseteres ▪ Paralisia facial periférica ▪Mal prognóstico Otite Externa Necrosante/Maligna Otite Externa Necrosante/Maligna Diagnóstico ▪Hemograma ▪Bacteriologia e cultura da otorréia ▪Glicemia ▪VHS (sempre elevado) ▪Exames de imagem ▪Biópsia do tecido de granulação Otite Externa Necrosante/Maligna Tratamento ▪ Controle efetivo das condições gerais e locorregionais do paciente ▪ Debridamento local extenso ▪Antibioticoterapia endovenosa Tempo de tratamento varia de 6 a 9 semanas Otite Externa Necrosante/Maligna Complicações ▪ Paralisia facial periférica ▪ Síndrome do forame jugular que consiste na paralisia dos IX, X e XI pares que se manifesta com rouquidão, disfagia, aspiração e alterações respiratórias; ▪ Outras: trombose do seio sigmóide, meningite, abscessos cerebrais, neurite óptica, artrite séptica da ATM, sepse e morte. Otite Externa Fúngica Quadro Clínico ▪Isolada: poucos sintomas, lenta e indolor no início, porém com prurido muitas vezes intenso; ▪ Associada à infecção bacteriana: prurido, otalgia intensa, secreção abundante e grande desconforto; ▪ Otoscopia observa-se a presença de fungos de coloração negra, acinzentada, verde escuro, amarelada ou branca, com debris celulares no MAE. ▪Pode cursar com perfuração da MT de fora para dentro ▪Infecção da caixa do tímpano Otite Externa Fúngica ▪Etiologia ▪Aspergillus niger (colônia enegrecida), A. flavus (amarelada) ; ▪C. albicans (esbranquiçada); Otite Externa Fúngica Tratamento ▪Limpeza cuidadosa do meato acústico externo ▪ Acidificação do ambiente local ▪ Antifúngicos tópicos ▪ Antifúngicos sistêmicos não são eficazes Pericondrite ▪Etiologia ▪Pseudomonas aeruginosa ▪Complicação de infecções ▪Trauma ▪Queimaduras e geladuras Pericondrite Quadro clínico ▪ Dor que se torna rapidamente intensa ▪Irradia para cervical e temporal ▪Supuração, por vezes, azul-esverdeada ▪ Pavilhão: calor local, flutuação, eritema, endurecimento com demarcação do lóbulo ▪ Pericondrite: derrame subpericôndrico que suprime o aporte nutricional ▪Deformações cicatriciais mais ou menos intensas do pavilhão Pericondrite Pericondrite Tratamento ▪ Profilaxia ▪ Antibioticoterapia de amplo espectro (ciprofloxacina e ceftazidima) ▪ Abscesso subpericondrial flutuante requer imediata incisão e drenagem ▪ Evidência de necrose da cartilagem: debridamento ▪ Cicatrização por segunda intenção ▪ Deve ser feita analgesia vigorosa Erisipela do Pavilhão ▪Habitualmente causada por estreptococos beta-hemolíticos ▪ Secundária a otite externa ou trauma Quadro clínico ▪ Edema, calor, dor no pavilhão com borda de inflamação bem definida ▪Aspecto de casca de laranja ▪Propagação para regiões vizinhas na face ▪Elevação de temperatura (39, 40C), calafrios e pulso rápido Erisipela do Pavilhão Tratamento ▪ Penicilinas ▪Procaína ou benzatina Otite Externa com Granulação Doença inflamatória do 1/3 interno do CAE, incluindo a MT; CAE com secreção purulenta, escamosa e cremosa; QC: hipoacusia e prurido leve; EF: placas granulosas sésseis ou massa granulosa Pedunculada; Otite Externa com Granulação Tratamento: - Cauterização do granulação com ATA 70%; - ATB tópico; - Curativosseriados. Otite Externa Eczematosa Condições dermatológicas que afetam a OE,sendo o PRURIDO a manifestação mais comum; EF: Eritema, edema, descamação, crostas,vesículas ou fissuras na pele do CAE; Alteração crônica com prurido intenso; Tto: CE tópico. Otite Externa Herpética Síndrome de Ramsay - Hunt: -Paralisia facial periférica -lesões cutâneas com vesiculas no território inervado pelo VII par -PANS -vertigem Otite Externa Herpética TRATAMENTO Limpeza; ATB tópico (p/ evitar infecção secundária); Antivirais precocemente: Valaciclovir, Famciclovir, Aciclovir (1-4g/dia); Corticosteróides sistêmicos: < incidência deneuralgia pós-herpética. Agenesia / Estenose de CAE Tratamento cirúrgico Recidivas freqüentes Osteoma de CAE Tratamento cirúrgico – remoção. Orelha externa. Oto-hematoma. Referencias Bibliográficas Tratado de Otorrinolaringologia da ABORL-CCF vol. II Otorrinolaringologia Princípios e Prática 2ª Edição Autor: Sady Selaimen da Costa e Colaboradores Editora:Artmed http://loja.grupoa.com.br/autor/sady-selaimen-da-costa.aspx