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OTITE AGUDA EXTERNA. 1. INTRODUÇÃO. · A otite aguda externa é a inflamação da orelha externa, composta pelo pavilhão auricular e o conduto auditivo externo, devido a infecção. · A infecção é geralmente causada por bactérias, como Pseudomonas, Stafilococos e Streptococos. No entanto, alguns casos também podem ser causados por vírus (herpes zoster, miringite bolhosa) e fungos (aspergilos e cândida). · Tipos de otites externas: otite aguda externa difusa, otite externa localizada, miringite bolhosa, oite externa fúngica, otite externa maligna. · A otite aguda externa bacteriana pode ser difusa (mais comum no verão, quando há contato com água) ou localizada (mais causada por Stafilo). · Fatores predisponentes: Exposição a água, pois sai a camada lipídica protetora. Corpo estranho. Doença dermatológica associada. Cera impactada. Uso abusivo de gotas otológicas com corticoide ou antibiótico, pois causa alteração na flora. 2. ANATOMIA. · Orelha externa: é formada pelo pavilhão auricular e conduto auditivo externo. · Pavilhão auricular: cartilagem que fornece o formato da orelha. É muito exposta, tem que passar protetor solar. · Conduto auditivo externo: tem 2,5 cm. O 1/3 lateral ou mais externo é cartilaginoso, recoberto por pele com folículos pilosos, glândulas sebáceas e ceruminosas. Os 2/3 mediais ou mais internos tem uma pele fina junto ao periósteo, isto é, quanto mais próximo a membrana timpânica, mais fina a pele do conduto auditivo. Como há glândulas, há produção de cera e uma camada lipídica para proteger. As funções do conduto auditivo externo são conduzir o som a orelha média, proteção da membrana timpânica, além de apresentar uma barreira lipídica de proteção e uma flora saprofita (S. auriculares, S. epidermidis, streptococos, enterococos, corynebacterium). · A membrana timpânica é o limite da orelha externa e orelha média. Amplia a onda sonora, impacto maior nos ossos que conduzem o som. O liquido dentro da cóclea vibra no labirinto, transformando o impulso em elétrico. 3. SINTOMAS E DIAGNÓSTICO DA OAE. · O diagnóstico é anamnese + exame físico. · Anamnese: dor, secreção no conduto auditivo, hipoacusia, edema. Quando puxa a orelha tem dor. Pode ter história de exposição a água. Quando tem vontade de arrancar a orelha, com muito prurido, pode ser fungos ou associada a rinite alérgica. Quando tem vesículas e bolhas pode ser viral. Quando há celulite (infecção na pele do conduto auditivo externo e retroauricular) e linfadenopatia pode ter complicações. · Exame físico: eritema e edema na pele. Pode ter otorreia. 4. TRATAMENTO DA OAE. · Otite aguda externa bacteriana: limpeza + antibiótico. Fazer a limpeza do conduto auditivo, remover a cera e restos epiteliais para facilitar aplicação do ATB. Além disso, não molhar o ouvido no banho. O antibiótico de primeira escolha é ciprofloxacino em gotas tópicas, por 7 dias. 5. TIPOS DE OTITE AGUDA EXTERNA. 5.1 OTITE AGUDA EXTERNA BACTERIANA DIFUSA. · Conceitos: · Infecção bacteriana difusa na orelha externa, pode ocorrer por traumas locais pelo cotonete, água ou corpos estranhos. É a otite externa mais comum. · Há uma celulite da pele e do subcutâneo do canal auditivo externo. Isso ocorre por uma quebra na barreira protetora natural do conduto auditivo, com alteração de pH (uso dos cotonetes para remover a cera, água, uso de sabonetes) e é facilitada pela umidade. Por isso, é mais comum no verão e pode estar associada a traumas no conduto auditivo, por exemplo, com hastes de algodão, e exposição a água. · A bactéria mais comum é Pseudomonas aeruginosa. Outras bactérias comuns são S. epidermidis e S. aureus. · Como a principal bactéria é Pseudomonas aeruginosa, não adianta dar amoxicilina como na otite média aguda. Usar ciprofloxacino. · Sintomas: · No início dos sintomas, há prurido e edema (pré inflamatório). Após há otalgia e otorreia clara (inflamação aguda). Quando há inflamação crônica, a dor diminui, há mais prurido e secreção, a pele fica hipertrofiada e podem ocorrer agudizações. Pode ter hipoacusia e plenitude auricular. No exame físico, há dor a mobilização do tragos e do pavilhão auricular, hiperemia e edema. · Classificação e tratamento: · Limpeza, analgesia, ATB tópico (quinolonas). · Otite aguda externa difusa tipo 1: tem edema e hiperemia. Tratar com gotas otológicas + orientações de limpeza. · Otite aguda externa difusa tipo 2: tem descamação da pele do conduto auditivo. Tratar com gotas otológicas + orientações de limpeza + AINES. · Otite aguda externa difusa tipo 3: muito edema, a entrada deveria ser redondinha e está quase fechada. Tratar com ATB sistêmico (ciporfloxacino, cefalexina) + corticoide sistêmico. · Gotas otológicas: Otosporin, composto de polimixina B + neomicina + hidrocortisona. Preparações com ciprofloxacino, 2x ao dia. 5.2 OTITE AGUDA EXTERNA BACTERIANA LOCALIZADA OU FURUNCULOSE. · Conceitos: a furunculose é a inflamação dos folículos pilosos da parte cartilaginosa do conduto auditivo externo. É uma infecção bacteriana, causada por S. aureus. · Sintomas: dor e edema. · Tratamento: drenar abscesso, curativo com pomada e ATB sistêmico. 5.3 OTITE AGUDA EXTERNA FÚNGICA: OTOMICOSE. · Conceitos: é a infecção fúngica do canal auditivo externo. Os fatores de risco são uso de gotas otológicas que alteram a flora, diabetes, cirurgia otológica e imunossuprimidos. · Os principais fungos são aspergilos e cândida. · Sintomas: prurido, hiperemia. · Tratamento: antifúngicos tópicos, como clotrimazol e miconazol para aspergilos e nistatina para cândida. · Prevenção: acidificar o meio com ácido acético 1,5%. 5.4 OTITE AGUDA EXTERNA VIRAL POR HERPES ZOSTER. · Conceitos: quando há reativação do vírus da varicela (herpes zoster), mais comum após os 60 anos, pode ocorrer perda auditiva e paralisia facial. · Sintomas: erupção de vesículas, apenas em um dos ouvidos, seguindo dermatomos, com formação de crostas e dor intensa. · Tratamento: analgésicos, corticoides sistêmicos e antivirais, como aciclovir. 5.5 OTITE AGUDA EXTERNA VIRAL: MIRINGITE BOLHOSA. · Conceitos: infecção viral da camada lateral da membrana timpânica e o conduto auditivo. Está associada a infecção de vias aéreas superiores. Mais comum no inverno. · Sintomas: dor intensa súbita, zumbido, plenitude. Após, otorragia e melhora da dor. No exame físico, há uma bolha serosa sobre a membrana timpânica. · Tratamento: analgesia. Pode perfurar a bolha para diminuir dor, mas há risco de infecção bacteriana secundaria. 5.6 OTITE EXTERNA MALIGNA OU NECROSANTE. · Conceitos: inicia com uma infecção bacteriana da pele e conduto auditivo externo, geralmente por Pseudomonas aeruginosa. Começa a acometer o periósteo, pois altera a microvascularização, e invade estruturas adjacentes, causando sepse. É mais comum em idosos e diabéticos. · Suspeitar de uma otite aguda externa bacteriana com ausência de resposta ao tratamento em idosos e diabéticos. · Sintomas: otorreia purulenta e com odor, otalgia pouco resposiva a analgésicos. · Complicação: neuropatias cranianas, meningite, abscesso e trombose venosa. · Diagnóstico: · Cultura da secreção. · Cintilografia por tecnécio: aumento da atividade dos osteoblastos e osteoclastos. Faz o diagnostico da infecção do periósteo. · Cintilografia por galio: atividade inflamatória. Usar para monitorar a resposta ao tratamento. Repetir a cada 4 semanas até normalizar. · TC de ossos temporais: avaliar a gravidade da doença. · Tratamento: controle glicêmico, ATB ciprofloxacino 6 a 8 semanas. · Avaliação da cura: melhora clínica, normalização da otoscopia, diminuição do VHS e cintilografia normal.
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