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Semiologia Obstétrica e Ginecológica Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Guilherme Martinez EPIDEMIOLOGIA Estimativa de casos em 2014: - Geral: 57.120, concentrado nas capitais 19.170 casos e taxa bruta geral 56,09/100.000. Cânceres mais incidentes: mama > colón > colo uterino > pulmão. Incidência em SP = 73,21/100.000. RJ: 96,47/100.000 FATORES DE RISCO PARA O CÂNCER DE MAMA Mulher. Principal: idade. Quanto mais idosa a paciente, mais risco de câncer de mama. O pico de incidência é com 55 porque a população com essa idade é maior do que faixas etárias maiores. Densidade mamária: parte branca (glândula) e parte escura (gordura). Em uma mulher de 35 anos, por exemplo, tem muita glândula, mamografia é muito densa. Já em uma mulher de 80 anos, já terá mais gordura e mamografia será pouco densa. Algumas mulheres têm muitas glândulas, mamografia muito densa, quando já são mais idosas (60, 70 anos), sendo um fator de risco. Fatores de risco mutáveis: deve mudar hábitos. Fatores de risco - controvérsias: amamentação, tabagismo anticoncepcional oral, TH. A gestação diminui quantidade de glândulas, mama torna-se mais gordurosa e menos densa. DIAGNÓSTICO – NÓDULO DE MAMA → Clínica + Imagem + Citologia Clínica de um nódulo benigno: parece uma bolinha de gude a palpação – móvel, regular, tamanho variável, não há alteração na pele. Clínica de um câncer de mama: nódulo duro, irregular, fixo, alteração da pele, mamilo... Exames Imagem: mamografia (RX) é realizada principalmente a partir de 50 anos; idade mínima para realizar câncer de mama é de 30 anos (casos especiais). Ultrassonografia: pode fazer em mulheres mais jovens e mais idosas.. Semiologia Obstétrica e Ginecológica Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Guilherme Martinez Imagem de nódulo benigno: mamografia – bolinha branca. US: imagem hipoecogênica, ou seja, imagem bem redonda cinza, pouca sombra acústica posterior, regular, o maior eixo é paralelo a pele. Imagem de nódulo maligno: nódulo espiculado na mamografia e ultrassom. Punção por agulha fina: nódulo benigo células benignas, nódulo maligno células com atipia. → SENSIBILIDADE DE 100% Se paciente chega com nódulo palpável, a primeira conduta é punção por agulha fina. Se sair líquido: cisto (benigno, BIRADS 2), se não vier líquido e uma secreção serosa (sólido, precisa pedir imagem). Isso é preconizado pelo MS, devido ao maior acesso a citologia do que exame de imagem. Auto exame – INCA 2015: Recomendação quanto ao rastreamento com autoexame das mamas: o Ministério da Saúde recomenda CONTRA o ensino do AEM como método de rastreamento do câncer de mama (recomendação contrária fraca: possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios). COMO EXAMINAR A PACIENTE: Ausência de recomendação: o balanço entre possíveis danos e benefícios é incerto. Passos: → Inspeção estática, inspeção dinâmica, palpação de linfonodos, palpação de axilas, palpação de mamas, expressão. → Inspeção estática: simetria, coloração, feridas, abaulamento, depressão. → Inspeção dinâmica: mulher coloca as mãos na cintura, inclina o corpo pra frente, depois coloca as mãos para cima, depois pede para a paciente puxar a mão contra outra e depois empurrar a mão contra a outra (paciente sentada). → Palpação de linfonodos supra e infraclaviculares (movimento de “tocar piano” com os dedos) e linfonodos axilares. Na axila paciente fica com a mão na cintura (axila esquerda, palpa com a mão direita e axila direita com a mão esquerda), o movimento deve ser de “cavucar”, puxando a gordura da axila. → Deita a paciente na maca, com os braços elevados e com as mãos em baixo do pescoço para realizar palpação da mama. Segura a mama na lateral e com dois dedos palpa da aréola para fora, pressionando a mama contra o músculo peitoral. → Expressão: aperta o complexo mamilar para ver se sai alguma secreção – é opcional. Derrames mamilares suspeitos: hemorrágicos, unilaterais, uniductais e espontâneos (espontâneo não precisa apertar a aréola). RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA – INCA 2015 “A mamografia de rotina é recomendada para mulheres de 50 a 69 anos a cada dois anos. A mamografia nessa faixa etária e a periodicidade bienal são rotinas adotadas na maioria dos países que implantaram o rastreamento organizado do câncer de mama e baseiam-se na evidência cientifica do benefício dessa estratégia na redução de mortalidade nesse grupo e no balanço favorável entre risco e benefícios.” Semiologia Obstétrica e Ginecológica Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Guilherme Martinez Se paciente tiver mãe com câncer de mama: rastreamento anual, 10 anos antes do que a mãe/irmã tiveram câncer. Ex: mãe teve câncer com 45, começa com 35 anualmente. Lembrar que idade mínima para realizar mamografia: 30 anos. SISTEMA BI-RADS Breast Imaging Reporting and Data System → Iniciativa do Colégio Americano de Radiologia → Uniformização de termos → Padronização de lesões de risco → Orientar conduta a ser tomadas • BI-RADS 0: inconclusivo Ponto hiperdenso pode ser qualquer coisa: um cisto de água, um nódulo sólido, um câncer, um tecido mamário que ainda não virou gordura. Essa imagem hiperdensa é inconclusiva. Ao descrever essa imagem hiperdensa: localização, tamanho, regular ou irregular. Conduta do BI-RADS 0: solicitar US, RM ou mamografia amplidada (magnificação). Semiologia Obstétrica e Ginecológica Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Guilherme Martinez Outras duas imagens de US: imagem anecóica (preta): significa que tem água dentro, e tem um reforço branco posterior: significa que é cisto (cisto é BI-RADS 2). Pode ser um nódulo de carne: cinza, não tem reforço. Risco de câncer de BI-RADS 0 é indefinido, dependendo de outro exame para qualificar o risco, portanto BI-RADS 0 é um diagnóstico dinâmico. • BI-RADS 1: sem achados anormais no exame. Conduta: rastreamento normal. • BI-RADS 2: achados sabidamente benignos: -Calcificações grosseiras (necrose gordurosa, redondas, “casca de ovo”, “leite de cálcio”, “pipoca”, “bastonete”, “trilho de trem”)... -Linfono intra-mamário -Lesões na pele, cicatrizes -Cistos, lipomas (mesmo que palpável) -Prótese mamária -Cisto com septos finos -Cistos com conteúdo espesso (2 ou 3). Calcificações grosseiras, esparsas (gordura que vai se transformando em cálcio). Em geral se vê em mamografia. Imagem 1: calcificação vascular (trilho de trem BI-RADS2); 2: Imagem 2: prótese silicone. Semiologia Obstétrica e Ginecológica Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Guilherme Martinez Lipoma (contorno), nódulo de gordura. Imagem 2: mancha branca com centro negro – típico de linfonodo (achado benigno). ✓ Cistos septados ou simples: Imagem de US: Cisto (BI-RADS 2): imagem anecoica com reforço acústico posterior (na mamografia é mancha branca BI-RADS 0). Conduta: normal (mamografia de 2 em 2 anos a partir dos 50 anos). Semiologia Obstétrica e Ginecológica Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Guilherme Martinez ✓ BI-RADS 3 – achados provavelmente benignos (risco de malignidade inferior a 2%). -Cistos de conteúdo espesso (BI-RADS 2 ou 3) -Nódulo de características benignas (US) -Pós-operatórios recente de câncer de mama -Assimetria focal (involução assimétrica do parênquima). Nódulos de características benignas Nódulo regular: Lembrar que esse nódulo na mamografia é uma imagem hiperdensa de BI-RADS 0, e no US vê que ela é hipoecogênica (cinza), não tem reforço, maior eixo paralelo a pele, regular. É uma lesão com risco muito pequeno de malignidade. Assimetrias globais Nessa imagem, observa-se presença de mancha densa em uma mama e não tem em outra. Isso seria um BI-RADS 0 e é necessário exame para complementar. Ao pedir um US, Semiologia Obstétrica e Ginecológica Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Guilherme Martinez por exemplo, não apresenta nada na mancha branca(BI-RADS 1). Tem essa mancha branca na mamografia e não tem nada no US. Será que posso dar alta para a paciente? Não. Essa mancha branca presente na mamografia e ausente no US: nomeia-se assimetria focal, pois há um parênquima assimétrico nas duas mamas. → Conceito: Imagem hiperdensa vista na mamografia que não tem correspondência em outra imagem. É o principal exemplo de BI-RADS 3 na mamografia. Principal exemplo no US: nódulo regular. Conduta no BI-RADS 3: seguimento com repetição do exame (mamografia e/ou US). Intervalo: 0 – 6 – 12 – 24 meses. Se a lesão cresce mais de 30%, vira BI-RADS 4 – tem que realizar biopsia. Se ficar estável em todo o rastreamento, vira BI-RADS 2 – acompanhamento normal. Isso não vale para o US, pois é realizado bilateral. MMG não é necessariamente bilateral para evitar exposição à radiação. • BI-RADS 4: achados suspeitos para malignidade. a) baixa suspeita b) suspeita intermediária c) alta suspeita Sugere investigação com amostra tecidual – citologia/hispotpatologia. -Microcalcificações pleomórficas agrupadas; -Microcalcificações de distribuição segmentar; -Nódulos com irregularidades de superfície, microlobulações; -Cistos com vegetação parietal (US) -Nódulo intraductal (US) -Nódulo de características benignas palpável. Semiologia Obstétrica e Ginecológica Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Guilherme Martinez • Nódulo de características suspeitas: O nódulo do BI-RADS 4 é um nódulo irregular. Na mamografia: Semiologia Obstétrica e Ginecológica Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Guilherme Martinez Microcalcificações agrupadas de diferentes formas. Na mamografia cistos e nódulos regular e irregular aparecem como mancha hiperdensa. Microcalcificações pleomórficas de BI-RADS 4. • BI-RADS 5: achados altamente suspeito de malignidade (risco > 90%) -Nódulo espiculado -Microcalcificações lineares e ramificadas -Nódulos e distorções associadas a espessamento cutâneo, retração de parênquima e linfadenopatia axilar suspeita. Nódulo espiculado. No US é mais difícil de ver, mas é diferente do nódulo regular. Conduta de BI-RADS 4 e 5: REALIZAR BIÓPISIA. Semiologia Obstétrica e Ginecológica Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Guilherme Martinez • BI-RADS 6: tumor previamente biopsiado. -Acompanhamento à resposta neoadjuvante. -Programação pré-operatória MÉTODOS DIAGNÓSTICOS PARA LESÕES DE MAMA • Citologia (PAAF) • CORE BIOPSY (agulHa grossa) • MAMOTOMIA • BIÓPSIA CIRÚRGICA ▪PAAF (Punção aspirativa por agulha fina) ou PBA (punção biópsia aspirativa): Utilizada para 3 situações: exames de imagem não disponíveis; cistos mamários granges (retira o líquido excessivo, não precisa enviar para biópisia); lesões sólidas (nódulos) muito pequenos < 5mm. → Baixo custo, fácil execução, pouco invasivo, possui algumas limitações, sensibilidade de 80% e especificidade. ▪Core bioposy (por agulha grossa): Indicada para tudo: calcificação, nódulo sólido. Só não faz para lesões muito pequenas (< 5mm) ou próximas do músculo peitoral e prótese. → Possibilidade de amostragem histopatológica; pode ser feita auxiliada por USS e MMG; maior acurácia que a PAAF; indicações clássicas (para todo tipo de lesão). Semiologia Obstétrica e Ginecológica Pamela Barbieri – T23 – FMBM Prof. Dr. Guilherme Martinez ▪Mamotomia: Conceito: sistema de biópsia a vácuo, que adquite fragmentos maiores. Indicada para lesões pequenas e próximas a musculatura, mas dá para fazer para TUDO. Vantagem sobre a CB: pode ser utilizada perto do músculo, deixa “clip metálico” – útil em lesões pequenas. Desvantagem: muito cara. ▪Biópsia cirúrgica esteriotáxica: É a remoção de uma lesão através da marcação com um arpão guiado por US ou mamografia. Método mais invasivo e de alto custo. Possibilita retirada da lesão com margens de segurança. Indicações principais: para quando se quer retirar lesão ou quando não se pode outro método Outros métodos: só pode fazer diagnóstico de calcificação tirando pedaço. Supondo que tem uma calcificação muito pequena, perto da prótese ou do musculo: faz a biópsia cirúrgica. Casos clínicos de mama: Caso clínico1: lesão palpável em que não se tem exame de imagem – faz-se PAAF Caso 2: lesão palpável em que o exame é uma imagem anecoica – cisto, BI-RADS 2. Caso 3: lesão palpável em que o exame é uma imagem hipoecogênica – nódulo sólido, se for irregular – BI-RADS 4, faz- se biópsia.
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