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RESUMO DAS CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM REFORMULADA

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CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM 
Tânia Maranesi
Texto de Resumo de autoria adaptado do artigo de FERNANDES*
O ensino de Língua Portuguesa nas últimas décadas tem sido alvo de vários estudos realizados por pesquisadores e professores da área de linguagem. As pesquisas buscam resposta para compreenderem quais práticas possibilitam o sucesso ou o fracasso escolar dos alunos na aquisição do conhecimento. Destacam-se, entre esses estudos, vastos e complexos temas - oriundos dos problemas detectados nesta área-, como, por exemplo: evasão escolar, causas das reprovações na disciplina, dificuldades de aprendizagem dos alunos no uso da língua escrita, produção de textos orais e escritos, leitura, interpretação, gramática, análise de livro didático, língua padrão, variedades linguísticas, relação professor-aluno, programas de ensino, metodologias de ensino, formação do professor, modelo tradicional de ensino, concepções de língua/linguagem, entre tantos outros
Deste modo a compreensão do ensino de Língua Portuguesa possibilitará, aos educadores a realização de escolhas e estratégias para que os alunos construam conhecimento sobre o uso da língua em seu contexto social. pois conforme afirma Geraldi (1997a) toda e qualquer metodologia de ensino articula uma opção política com os mecanismos utilizados em sala de aula. E esta opção envolve uma teoria de compreensão da realidade, por meio de uma concepção de linguagem que dá resposta ao para que ensinamos o que ensinamos e como ensinamos.
A partir desses pressupostos, é primordial que o professor, preocupado em implantar melhorias no ensino de Português em face dos objetivos pertinentes a esse ensino, saiba refletir sobre os diferentes modos de se ensinar a língua portuguesa; saiba analisar, à luz de uma teoria linguística, as diversas metodologias que se instauram em sala de aula; conheça os elementos que dão forma à sua prática pedagógica; e, principalmente, esteja consciente de que a sua opção metodológica para realizar e estruturar o ensino de Língua Portuguesa, em sala de aula, tem relação direta com a sua concepção de língua/linguagem
Concepções de linguagem:
1) linguagem como expressão do pensamento; 
2) linguagem como meio objetivo para a comunicação; 
3) linguagem como processo de interação verbal.
PRIMEIRA LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO DO PENSAMENTO
Esta primeira tendência busca explicar a linguagem a partir das condições de vida psíquica individual do sujeito falante.
Apoia-se na enunciação monológica como ponto de partida para sua reflexão a respeito da linguagem e a apresenta como ato puramente individual, isto é, a enunciação se forma no psiquismo do indivíduo, exteriorizando-se, objetivamente, para outro com a ajuda de algum código de signos exteriores.
A expressão, ou seja, a linguagem se constrói no interior, sendo sua exteriorização apenas uma tradução. É a atividade mental que organiza a expressão, modelando e determinando sua orientação.
Dessa forma, a língua é vista como produto acabado, sistema estável (léxico, gramática, fonética) apresenta-se como depósito inerte. Isso significa que para os teóricos dessa tendência, a linguagem é uma faculdade divina. O homem já nasce com a capacidade de exteriorizar seu pensamento que é gerado no seu psiquismo. De sua capacidade de organizar o pensamento, dependerá sua exteriorização. Se o homem não consegue uma organização lógica para seu pensamento, sua linguagem estará afetada, isto é, desarticulada, desorganizada. 
Portanto, isso equivale dizer que se ele não consegue se expressar com logicidade é porque não é capaz de pensar. Assim, presume-se que há regras a serem seguidas para se alcançar a organização lógica do pensamento, e, consequentemente da linguagem. A linguagem como expressão do pensamento refere aos estudos tradicionais que acreditam que as pessoas que não conseguem se expressar não pensam.
Sintetizando:
Nisto vemos a tradição grega. A expressão é produzida no interior da mente dos indivíduos e a língua é considerada a tradução do pensamento. Segundo essa ideia, se há organização do pensamento, deve haver uma sistematização e clareza por parte dos falantes.
Implicações Pedagógicas: A prática está direcionada ao ensino tradicional da gramática e da ortografia. Tal proposta foi até a década de 60.
SEGUNDA: LINGUAGEM COMO MEIO OBJETIVO PARA A COMUNICAÇÃO
O centro organizador de todos os fatos da língua para essa tendência situa-se no sistema linguístico, a saber: o sistema de formas fonéticas, gramaticais e lexicais da língua.
A língua é considerada como um aspecto imóvel, onde cada enunciação é única e não reiterável, mas em cada enunciação encontram-se elementos idênticos aos de outras enunciações no seio de um determinado grupo de locutores.
Nessa tendência o sistema linguístico é percebido como um fato objetivo externo à consciência individual e independente desta. 
A linguagem é vista historicamente como um código. Relação com a teoria da comunicação. A língua não é o objeto central, mas a mensagem.
Imagem 1: Esquema de Comunicação de Jakcobson
Desta maneira, a língua é um sistema estável, imutável, de formas linguísticas submetidas à norma fornecida tal qual a consciência individual. As leis da língua são essencialmente leis linguísticas específicas, que estabelecem ligações entre os signos linguísticos no interior de um sistema fechado.
Podemos afirmar que também essa tendência está voltada para o estudo da enunciação monológica isolada, reduzindo-se às relações imanentes no interior do terreno da enunciação.
Todos os problemas advindos das questões externas da enunciação ficam excluídos no estudo dessa tendência, quer vai além dos elementos constitutivos da enunciação monológica. Seu alcance máximo é a fase complexa (o período).
Dessa forma, a linguagem como instrumento de comunicação vê a língua como código, (conjunto de signos que se combinam, segundo regras) capaz de transmitir ao receptor uma mensagem, isso quer dizer que é necessário que os envolvidos no ato manipulem os sinais do código de forma comum, preestabelecida.
Então, existem regras que devem ser perseguidas pelo falante –ouvinte para que se estabeleça a comunicação. Essas regras serão resgatadas pela gramática.
Importantes nomes fundamentaram os estudos da linguagem nessa concepção, como os de Ferdinand de Saussure (fundador do Estruturalismo, no início deste século) e de Noam Chomsky (linguista americano que conduziu a gramática gerativo-transformacional)
Implicações Pedagógicas: Atividades mecânicas – Concepção tecnicista de ensino em que o reforço é acentuado, pois a aprendizagem é entendida como processada pela internalização inconsciente de hábitos
TERCEIRA: LINGUAGEM COMO PROCESSO DE INTERAÇÃO VERBAL
Ao contrário das concepções anteriores, esta terceira concepção situa a linguagem como um lugar de interação humana, como o lugar de constituição de relações sociais. Dessa forma, ela representa as correntes e teorias de estudo da língua correspondentes à linguística da enunciação (Linguística Textual, Teoria do Discurso, Análise do Discurso, Análise da Conversação, Semântica Argumentativa e todos os estudos ligados à Pragmática), que colocam no centro da reflexão o sujeito da linguagem, as condições de produção do discurso, o social, as relações de sentido estabelecidas entre os interlocutores, a dialogia, a argumentação, a intenção, a ideologia, a historicidade da linguagem, etc.
A linguagem se faz, pois, pela interação comunicativa mediada pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação e em um contexto sócio histórico e ideológico, sendo que os interlocutores são sujeitos que ocupam lugares sociais. Um de seus principais teóricos é o pensador russo Bakhtin, que questionou as grandes correntes teóricas da linguística contemporânea, que reduziam a linguagem ou a um sistema abstrato de formas (objetivismo abstrato) ou a enunciação monológica isolada (subjetivismo idealista).
Entende essa tendência que a verdadeira substância da linguagem não é constituída por um sistema abstrato de formaslinguísticas, nem pela enunciação monológica, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui, assim, a realidade fundamental da linguagem. 
A comunicação verbal só pode ser explicada e compreendida nas relações da interação concreta e na situação extralinguística, não só a situação imediata, mas também, através dela, o contexto social maio amplo.
Nessa tendência a língua constitui um processo em evolução ininterrupta, que se realiza através da interação verbal social dos locutores. 
Assim, as leis da evolução linguística não são de maneira alguma as leis da psicologia individual, mas também não podem ser divorciadas das atividades dos falantes. As leis da evolução linguística são essencialmente leis sociológicas. E, quanto à estrutura da enunciação, é uma estrutura puramente social. A enunciação como tal só se efetiva entre falantes.
Essa tendência percebe a linguagem como produto histórico-social e, diferentemente da anterior, realça que a fala, como fenômeno social, está sempre ligada às estruturas sociais.
Logo, a linguagem como forma de interação é vista como um lugar de interação humana. Implica numa postura de educar diferenciada uma vez que situa a linguagem como o lugar de constituição de relações sociais, em que os falantes se tornam sujeitos.
Sendo assim, salientamos o modo como se entende a linguagem, pois esse entendimento reflete no modo como se lida com seu ensino nas aulas de língua portuguesa. Por exemplo: se a linguagem é entendida como mera expressão do pensamento, seus adeptos acreditam que o ensino da gramática prioriza o falar e o escrever bem.
Prática; nessa ótica o Gênero discursivo é tomado como objeto de ensino de língua e o texto, como unidade de significação e de ensino elemento integrador, sem artificialidade, nas práticas de leitura e análise linguística e de produção/refacção textual.
RECAPITULANDO AS TRÊS CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM:
→ A primeira concepção vê a linguagem como expressão do pensamento. Para essa concepção as pessoas não se expressam bem porque não pensam.
→ A segunda concepção vê a linguagem como instrumento de comunicação. Nessa concepção a língua é vista como um código, ou seja, como um conjunto de signos que se combinam segundo regras, e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor a um receptor.
→ A terceira concepção vê a linguagem como forma ou processo de interação. Nessa concepção o que o indivíduo faz ao usar a língua não é tão-somente traduzir um pensamento, ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, agir, atuar sobre o interlocutor (ouvinte/leitor). A língua não é mais um sistema, mas um discurso posto entre parceiros em um contexto de produção para construção de sentidos. O objetivo do ensino surge das práticas sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 8. ed. Hucitec: São Paulo, 1997.
GERALDI, J. W. Da redação à produção de textos. In: GERALDI, J. W. & CITELLI, B. Aprender e ensinar com textos de alunos. São Paulo: Cortez, v. 1, 1997b.
KOCH, I. G. V. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1992.
NEDER, Maria Lúcia Cavalli. Concepções de linguagem e o ensino de língua portuguesa. (Letras - IL - UFMT).
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1° e 2° graus. São Paulo, Cortez, 1996.
* FERNANDES, Nohad Mouhanna. Concepções de linguagem e o ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa. Artigo. Inter-estudos. Mestre em Linguística Aplicada - Área de concentração: Ensino Aprendizagem de Língua Materna – UEM/Maringá (PR). Professora de Língua Portuguesa e Linguagem e Argumentação da UNIGRAN-MS
 Fonte: http://www.interletras.com.br/ed_anteriores/n1/inter_estudos/concepcoes.html

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