Buscar

Apostila_TEORIA GERAL DO DIREITO TRIBUTARIO E PROCESSO TRIBUTARIO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

NOME DA DISCIPLINA
	1
2
	NOME DA DISCIPLINA
	3
TEORIA GERAL DO DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSO TRIBUTÁRIO
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA	3
AULA 1: TRIBUTO E ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS	6
AULA 2: FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO E HERMENÊUTICA TRIBUTÁRIA	14
AULA 3: OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA	22
AULA 4: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.	30
AULA 5: CRÉDITO TRIBUTÁRIO - PARTE I	36
AULA 6: CRÉDITO TRIBUTÁRIO - PARTE II	43
AULA 7: PROCESSO TRIBUTÁRIO - PARTE I	51
AULA 8: PROCESSO TRIBUTÁRIO - PARTE II	58
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Bem-vindo caro Aluno,
É com imensa satisfação e alegria que iniciamos a disciplina Teoria Geral do Direito Tributário e Processo Tributário. 
A Administração Direta, formada pela União, Estados e Municípios, tem o papel de prover os meios necessários para a vida dos indivíduos em sociedade, de forma que serviços de primeira necessidade tais como educação, saúde e segurança sejam executados de maneira satisfatória. Contudo, a manutenção destes serviços requer a aplicação de grandes quantidades de recursos financeiros, sem os quais não seria possível executá-los, visto que o custeio destas atividades é incumbência da própria Administração, em seus três níveis legais. É justamente para obter estes recursos, que o Estado lança mão dos tributos, obrigação pecuniária imposta aos contribuintes, não proveniente de sanção de ato ilícito, devida em função da realização de determinados fatos, previamente previstos em lei.
Neste contexto, estudaremos o Direito Tributário e seus aspectos fundamentais, dentre outros assuntos, veremos o conceito de tributo na doutrina e na lei; as espécies tributárias, fato gerador; as fontes do Direito Tributário, fundamentos, objeto, instituição e extinção; a hermenêutica tributária; obrigação tributária principal, deveres jurídicos instrumentais e obrigações acessórias; responsabilidade tributária; o lançamento e a suspensão da exigibilidade do crédito tributário; extinção, exclusão, isenção e anistia; garantias e privilégios do crédito tributário; como também a Administração Tributária. 
Além disso, estudarem também o Processo Administrativo Tributário e as ações ordinárias em matéria tributária; o Mandado de Segurança em matéria tributária; a Execução Fiscal, os sujeitos do processo; o procedimento judicial e sua instauração, finalizando com as defesas do executado. Estes temas são de extrema importância para aqueles que buscam o sucesso profissional por meio das ciências jurídicas, dentre as quais o Direito Tributário é ramos essencial, cujo domínio deve ser pleno e consistente.
Bons estudos! 
Objetivos: 
· Proporcionar conhecimento dos conceitos, definições, princípios e regras gerais na aplicação das normas tributárias, mediante o estudo crítico e debate da doutrina, jurisprudência e legislação.
· Entender os aspectos práticos e teóricos legais, doutrinários e jurisprudenciais atualizados sobre o Direito Tributário e seus elementos fundamentais.
· Oferecer uma melhor compreensão sobre o processo administrativo tributário, o processo judicial tributário e a aplicabilidade da Lei de Execuções Fiscais.
Bibliografia
Bibliografia básica:
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
ABRAHAM, Marcus. Curso de direito tributário brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
BOTTESINI, Maury Ângelo. Execução fiscal. São Paulo: Atlas, 2018. 
BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 13 mar. 2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 03 mar. 2019.
CALIENDO, Paulo. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2017.
CASSONE, Vittório. Direito tributário. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso direito tributário brasileiro. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
KFOURI JR., Anis. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Lei de execução fiscal: comentários e jurisprudência. 13. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. 
Bibliografia complementar:
BELTRÃO, Irapuã. Curso de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BORBA, Claudio. Direito Tributário. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.
BRITO, Edvaldo. Direito tributário: imposto, tributos sinalagmáticos, contribuições, preços e tarifas, empréstimo compulsório. São Paulo: Atlas, 2015.
BRITO, Edvaldo. Direito tributário e constituição: estudos e pareceres. São Paulo: Atlas, 2016.
BUENO, Júlio Anderson Alves. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2014.
CAPARROZ, Roberto. Direito tributário esquematizado. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 
CARNEIRO, Claudio. Curso de direito tributário e financeiro. 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: fundamentos jurídicos da incidência. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
CHIMENTI, Ricardo Cunha. Direito tributário. 20. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
HARADA, Kiyoshi. Direito Tributário Municipal: Sistema Tributário Municipal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
ICHIHARA, Yoshiaki. Direito Tributário: atualizado até EC 85/15 e LC 149/15. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
MACHADO SEGUNDO, Hugo de Brito. Manual de Direito Tributário. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Curso de direito tributário. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário completo. 9. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
SABBAG, Eduardo. Direito tributário. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.
SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário Essencial. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
YAMASHITA, Douglas. Direito tributário: uma visão sistemática. São Paulo: Atlas, 2014.
AULA 1: TRIBUTO E ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
Para custear as despesas oriundas da manutenção dos serviços básicos oferecidos pelo Estado, tais quais saúde, educação e segurança pública, há de se implementar toda a estrutura necessária para obtenção de receitas, sendo a principal realizada por meio da cobrança de tributos aos contribuintes, os principais beneficiários destes serviços. 
Neste sentido, é importante conhecer os aspectos que envolvem este ato praticado pela Administração Pública, seja qual for o seu nível, federal, estadual ou municipal. Para tanto, estudaremos o conceito de tributo, tanto o apresentado na doutrina, quanto o definido em lei, além disso, estudaremos também as espécies tributárias, e as circunstâncias fáticas que as originam, as quais determinam a destinação dos recursos arrecadados.
Conto com a sua dedicação e esforço nesta empreitada acadêmica, de forma que o entendimento do conteúdo desta aula possa enriquecer ainda mais o seu acervo intelectual, o qual lhe servirá de base para edificar uma carreira próspera e promissora fundamentada nas ciências jurídicas, em especial, sobre o Direito Tributário.
Objetivos
· Conceituar os tributos, fonte de receita proveniente do Direito Tributário.
· Apresentar as espécies tributárias e seus aspectos elementares.
· Definir as circunstâncias fáticas como fato gerador e a destinação dos tributos.
Bibliografia 
Bibliografia básica:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 03 mar. 2019.
_______. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 13 mar. 2019.
_______. Decreto-lei nº 195, de 24 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a cobrança da Contribuição de Melhoria. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0195.htm. Acesso em 10 de Abr. 2019.
BORBA, Claudio. Direito Tributário. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.
Bibliografia complementar:
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
CASSONE, Vittório. Direito tributário. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso direito tributário brasileiro. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
KFOURI JR., Anis. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
TRIBUTO E ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
1.1 O Conceito de Tributo
Toda vez que utilizamos algum serviço público, tal qual educação proveniente das universidades federais, ou mesmo assistência médica da rede pública, estamos nos favorecendo de um benefício que teve como contrapartida o pagamento de obrigação pecuniária decorrente de algum fato preestabelecido em lei. Esta obrigação paga ao ente público tem a finalidade de custear as despesas decorrentes da prestação e manutenção destes serviços, sem os quais a população não conseguiria alcançar um mínimo de dignidade em meio a vida em sociedade. É justamente para garantir esta fonte de receita, na qual os contribuintes estabelecem uma relação jurídica com o Estado, o qual atua sob o poder da lei, que são instituídos os tributos, como também todo um sistema de leis e procedimentos que garantem sua legalidade.
Para iniciarmos nosso estudo sobre os tributos, nada mais oportuno do que apresentar o seu conceito sob o ponto de vista de alguns doutrinadores, estudiosos que se debruçaram sobre o tema a fim de trazer maior esclarecimento do assunto. Neste sentido, Cassone (2017, p. 44) nos comtempla com uma definição interessante, extraída de um julgado de nossa Suprema Corte, o qual, em termos jurídicos, tributo se define “no constituir de uma obrigação que a lei impõe às pessoas, de entregar uma certa importância em dinheiro ao Estado”. Partindo desta premissa, Coêlho (2018, p. 298) define tributo como “toda prestação pecuniária em favor do Estado ou de pessoa por ele indicada, tendo por causa um fato lícito, previsto em lei, instituidor de relação jurídica”.
Estas definições, aqui apresentadas, foram formuladas a partir da definição trazida pela própria lei, que determina o conceito legal de tributo, positivado no Art. 3º do Código Tributário Nacional. Segundo o CTN, “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966). Para um melhor entendimento, vamos dissecar a definição legal de tributo, analisando os termos empregados pelo legislador, quando buscou caracterizar este instrumento de arrecadação utilizado pelo Estado como fonte de receita para custeio dos serviços públicos.
Em sua parte inicial, o conceito legal de tributo traz a indicação da sentença: “prestação pecuniária compulsória”, isto nada mais é do que a própria essência do tributo, que se materializa a medida que o contribuinte realiza um fato passível de tributação, nos termos da lei. O termo “prestação” se refere ao montante, valor líquido, certo e determinável que o contribuinte deve entregar aos cofres públicos, em decorrência da constituição do crédito tributário. Por sua vez, a palavra “pecuniária”, está relacionada a dinheiro, pois o tributo deve ser expresso em termos de valor monetário. Por fim, o termo “compulsória” que finaliza esta sentença, faz referencia a obrigatoriedade da prestação, visto que a mesma não depende da vontade do contribuinte, não possuindo caráter voluntário.
Outro fragmento do conceito legal de tributo que merece destaque é a sentença: “que não constitua sanção de ato ilícito”, nestes termos o legislador quis esclarecer que todo tributo deve necessariamente se originar a partir de um ato lícito. Caso a receita auferida pelo ente público seja proveniente de ato ilícito, esta não será produto de um tributo, e sim, de uma penalidade. Neste contexto, as receitas provenientes de fatos ilícitos são decorrentes de multas ou de obrigações de indenizar, sendo aquela constituída por sanção aflitiva, ou seja, imposta pelo Estado ao autor de infração penal, e esta, decorrente de reparação patrimonial por quem causou prejuízo a outrem. Portanto, o tributo não é sanção, nem reparação, e sim uma obrigação pecuniária legal proveniente de ato lícito.
Além disso, vale destacar o seguinte fragmento: “instituída em lei”, este trecho está diretamente ligado ao Princípio da Legalidade Tributária, o qual encontra sua fundamentação legal tanto na Constituição Federal, quanto no Código Tributário Nacional. Na CF o referido princípio se materializa na redação do Art. 150, I, o qual determina que “sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça” (BRASIL, 1988). Da mesma forma, o CTN traz nos dizeres de seu Art. 97 as diretrizes que norteia o princípio em tela, quando determina que “somente a lei pode estabelecer a instituição de tributos, ou a sua extinção” (BRASIL, 1966).
Para encerrar, cabe ainda destacar o trecho final do conceito legal de tributo, definido na Art. 3º do CTN, este referente à seguinte sentença: “cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Estes dizeres estão relacionados à competência privativa da autoridade administrativa para constituir o crédito tributário, como também exercer as demais atribuições definidas na lei complementar, nos termos do Art. 142 do CTN. Estes são os aspectos relacionados ao conceito de tributo, tanto apresentado pela doutrina, quanto trazido pela legislação vigente. A seguir estudaremos as espécies tributárias e seus aspectos elementares.
1.2 As Espécies Tributárias
Agora que já compreendemos o que é tributo, é importante entender que ele representa o gênero no qual os impostos, as taxas e contribuições de melhoria, correspondem a cada uma de suas espécies. Esta determinação encontra seu fundamento legal nos termos do Art. 145 da CF, o qual determina que os entes públicos da Administração Direta poderão instituir impostos, taxas e contribuições de melhoria (BRASIL, 1988). Do mesmo modo, o CTN traz em seu Art. 5º determinação análoga, elencando os referidos tributos, citados na Constituição, como espécies tributárias. Contudo, a própria Constituição, faz referência aos empréstimos compulsórios e as contribuições parafiscais, nos termos dos Art. 148 e 149 da CF, respectivamente, fato que segundo Borba (2019), fazem destes institutos tributos em espécie.
Estes são os aspectos relacionados a fundamentação legal das espécies tributárias, as quais passaremos a analisar uma a uma, de forma detalhada, iniciando pelos impostos conforme veremos a seguir.
 
1.3 Os Impostos
Além de ser classificado como espécie de tributo, nos termos do art. 145, I da CF, o imposto apresenta sua definição legal positivada no Art. 16 do CTN, o qual determina que “imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte” (BRASIL, 1966). Ele pode ser considerado a mais importante e significativa espécie de tributo, tendo como característica principal a exigência de obrigação pecuniária compulsória dos contribuintes a partir da ocorrência de fatos especificados em lei. Além disso, a própria lei lhe atribui o caráter pessoal e devem ser calculados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte, conforme determina o Art. 145, § 1º da CF.
Os impostos, nos termos danossa Carta Magna, podem ser nominados, da forma como dispõem os Art. 145, I, 153, 155 e 156 da CF. como também podem ser residuais, nos termos do Art. 154, I da CF, por fim, podem ser extraordinários de guerra, conforme dispõe o Art. 154, III de nossa Constituição Federal. Por sua vez, o CTN apresenta um rol dos impostos que compõem o sistema tributário nacional, vinculando as competências e limitações a cada imposto nele previsto. Desta forma, o referido diploma legal traz a apresentação dos impostos segundo o critério da base econômica, os quais podem incidir sobre o comércio exterior, sobre o patrimônio e renda, e sobre a produção e circulação.
Estes são os aspectos relacionados aos impostos, uma das espécies de tributo cujas taxas também integram a classificação, sobre elas teceremos nossa análise a seguir.
1.4 As Taxas 
Além dos impostos, as taxas também são espécies tributárias que compõem o nosso sistema tributário nacional, em nosso ordenamento jurídico, elas estão descritas tanto na Constituição, quanto no Código Tributário. Na Constituição, as taxas encontram fundamentação legal no Art. 145, II, o qual determina a razão de sua instituição, seja pelo exercício do poder de polícia, ou pela utilização de serviços públicos específicos. Por sua vez, no CTN, adquirem legalidade nos termos do Art. 77, o qual apresenta redação similar ao texto constitucional. O parágrafo único do referido artigo, limita a aplicação desta espécie tributária, à medida que utilizem os mesmos métodos dos impostos, tal qual a mesma base de calculo, ou idêntico fato gerador, impedindo que elas possam promover a bitributação.
O legislador teve o cuidado de definir os termos que determinam a razão da instituição das taxas, neste sentido, trouxe na redação dos Art. 78 e 79 do CTN o conceito de poder de polícia e utilização dos serviços públicos especializados, respectivamente. Segundo Borba (2019), as taxas possuem algumas características distintas, tais quais a submissão ao regime jurídico público tributário e seus princípios, o caráter compulsório, a cobrança pelo uso potencial do serviço, ou não proporcional a utilização. Além disso, as taxas se caracterizam como uma espécie de tributo vinculado, pois o fato gerador está associado a presença da atuação estatal vinculada diretamente ao contribuinte.
Estes são os aspectos principais pertinentes às taxas, vejamos agora outra espécie tributária, as contribuições de melhoria. 
1.5 As Contribuições de Melhoria
Assim como os impostos e as taxas, as contribuições de melhoria são espécies tributárias definidas em nosso ordenamento jurídico nacional. Elas compartilham sua fundamentação legal no mesmo dispositivo que legaliza os demais tributos, ou seja, o Art. 145 da CF e Art. 5º do CTN. Contudo, a lei traz maior detalhamento sobre o referido tributo no Art. 145, I da CF e no Art. 81 do CTN. Nos termos do artigo anteriormente citado, este tributo é instituído “para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado” (BRASIL, 1966, Art. 81). 
Sua regulamentação está descrita nos termos do Art. 82 do CTN, o qual determina dentre outros fatores os requisitos mínimos para a criação da lei que a regulamente. As normas gerais para a instituição da Contribuição de Melhoria estão positivadas no Decreto-Lei n° 195, de 24 de fevereiro de 1967, o qual estabelece dentre outros aspectos seu fato gerador, determinado em seu Art. 1º como o “acréscimo do valor do imóvel localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente por obras públicas” (BRASIL, 1967). Vale ressaltar que o tributo em tela pode ser cobrado a partir do instante em que ocorreu a valorização imobiliária do imóvel, independente da conclusão da obra, nos termos do Art. 9º do Decreto-Lei n° 195 de 1967.
Estes são os aspectos relacionados à Contribuição de Melhoria, última espécie tributária descrita no Art. 145 da CF. Contudo, ainda nos resta analisar os empréstimos compulsórios e as contribuições parafiscais, nos termos dos Art. 148 e 149 da CF.
1.6 Os Empréstimos Compulsórios e as Contribuições Parafiscais
Apesar de não figurarem no rol do Art. 145 da CF, ou mesmo no Art. 5º do CTN, dispositivos legais que determinam as espécies de tributos contidas em nosso sistema tributário nacional, os empréstimos compulsórios e as contribuições parafiscais encontram sua legalidade nos termos dos Art. 148 e 149 da CF, o que lhes atribuem o caráter de tributos em espécie. Os empréstimos compulsórios podem ser instituídos para atender despesas extraordinárias decorrentes de situações extremas, ou mesmo para garantir investimento público urgente e relevante. Por sua vez, as contribuições parafiscais, ou especiais, como classificam alguns autores, são instituídas para atender finalidades econômicas ou sociais (BRASIL, 1988).
Nos termos dos Art. 149 e 149-A da CF, as Contribuições Parafiscais ou Especiais podem ser classificadas em quatro espécies: sociais, de intervenção no domínio econômico, de interesse das categorias profissionais ou econômicas, e de iluminação pública. Com exceção desta última, cuja competência é dos municípios e do Distrito Federal, as demais são de competência exclusiva da União. 
Estes são os aspectos relacionados aos empréstimos compulsórios e as contribuições parafiscais ou especiais. Aqui encerramos o conteúdo da nossa primeira aula da disciplina Teoria Geral do Direito Tributário e Processo Tributário, agradecemos a sua participação.
AULA 2: FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO E HERMENÊUTICA TRIBUTÁRIA
O ordenamento jurídico se baseia em aspectos formais e materiais, os quais constituem toda a dinâmica em torno da qual são garantidas as prerrogativas da lei, que se fundamenta no fato e no direito, para trazer a paz social por meio da aplicação da justiça. O sistema normativo tributário, no qual se incorporam as leis, tratados, convenções e demais elementos jurídicos é proveniente de fontes formais, que por sua vez, também se originam de fontes matérias, tais quais as práticas cotidianas que se revertem em fato gerador vinculado a alguma espécie tributária. 
Muitas das vezes, a adequação do caso concreto a determinação trazida pela norma, não ocorre de forma natural, necessitando de instrumentos legais e métodos legitimados para dirimir as dúvidas, como também suprir as lacunas legais que dificultam a aplicação da lei. Desta forma, o conjunto de institutos, conceitos e formas jurídicas deve expressar seu verdadeiro sentido de forma absolutamente clara, de maneira que sejam evitadas ambiguidades em sua interpretação. 
Neste contexto, além das fontes do Direito Tributário, definidas como fontes materiais e fontes formais, e os aspectos que legitimam desde os atos de instituição, até a extinção dos tributos, estudaremos os métodos de interpretação e integração da legislação tributária, que utilizam a hermenêutica como instrumento para elucidação do verdadeiro sentido das normas, aplicadas a este ramo jurídico. 
OBJETIVOS 
· Conhecer as fontes do Direito Tributário, distinguindo as fontes materiais das fontes formais.
· Apontar os fundamentos que legitimam a legislação tributária, analisando suas características. 
· Entender a dinâmica da interpretação e integração das leis tributárias, por meio da análise da hermenêutica jurídica aplica a este ramo do Direito.
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia básica:
BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 13 mar. 2019.
______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 03 mar. 2019.
______. Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657compilado.htm.Acesso em 10 Abr. 2019. 
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
Bibliografia complementar:
CALIENDO, Paulo. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2017.
KFOURI JR., Anis. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
SABBAG, Eduardo. Direito tributário. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.
FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO E HERMENÊUTICA TRIBUTÁRIA
O Direito Tributário é o ramo das ciências jurídicas que tem por finalidade disciplinar a relação entre o ente público e o contribuinte, firmada por meio da instituição da obrigação pecuniária compulsória, a partir da constituição do crédito tributário. Neste contexto, as normas, proposições e conceitos jurídicos que integram o sistema tributário nacional em seus mais distintos diplomas legais, têm sua origem nas fontes do Direito Tributário. 
Antes de iniciarmos no estudo sobre as fontes do Direito Tributário, vamos conhecer a etimologia do termo que a identifica. Segundo Kfouri Jr. (2018), a palavra “fonte” tem origem no latin fons-fontis, que por sua vez se originou de fundere, palavra que designa o local de onde brota a água. Neste sentido, a expressão “fonte do Direito tributário” denota o ponto de origem da norma tributária. Partindo desta premissa, as fontes do Direito Tributário podem ser classificadas de duas formas: fontes formais, e fontes materiais.
2.1 Fontes Materiais
As fontes matérias do Direito Tributário, também denominadas fontes reais por alguns doutrinadores, estão relacionadas as circunstância fáticas ocorridas no mundo real, as quais incidem sobre a hipótese abstrata definida em lei, originando assim o tributo. Neste contexto, um fato comum passa a ser um fato jurídico, pois se configurou como fato gerador da obrigação tributária. Desta forma, podemos concluir que as fontes materiais representam os fatos acontecidos em concreto, ocasionado em decorrência da prática diária das operações passíveis de tributação.
Segundo Caliendo (2017), as fontes materiais expressam seu caráter voluntário, pois um mero fato real pode se confundir com fontes não positivadas, da mesma forma, são de fonte de inspiração para legisladores e magistrados, a medida que servem de parâmetro para a elaboração de leis e prolação de sentenças. Neste sentido a autor destaca que “não se pode ter em conta apenas o texto da lei, o sentido puramente gramatical, mas para se chegar ao sentido completo é preciso fazer-se a apreciação também do estado de fato” (CALIENDO, 2017, p. 94). Conhecido em que consistem as fontes materiais do Direito Tributário, vamos analisar sua segunda classificação, as fontes formais.
2.2 Fontes Formais
Conforme afirma Kfouri Jr. (2018), o conjunto compostos das normas que regulam o Direito Tributário no âmbito do sistema jurídico nacional representam as fontes formais. Para o autor, elas podem ser classificadas como: fontes formais primárias, secundária, e indiretas. As fontes formais primárias são representadas pelas leis abstratas e gerais, estas estão elencadas no texto de nossa Carta Magna, nos termos do Art. 59 da CF. Quanto às fontes secundárias, estas compreendem as normas tributárias complementares e a jurisprudência. Por fim, as fontes formais indiretas correspondem a própria doutrina, a medida que ela auxilia a elaboração do vocabulário jurídico e noções do Direito.
O Código Tributário Nacional, em específico no Art. 96 deste diploma legal, traz em sua redação a fonte da legislação tributária, sendo esta constituída pelas “leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes” (BRASIL, 1966, Art. 96). No que concerne às leis, Novaes (2018) assevera que estas possuem maior destaque quanto às fontes formais do Direito Tributário, pois somente por seu intermédio é que se pode instituir, extinguir, majorar ou reduzir tributos, e demais determinações, nos termos do Art. 97 do CTN.
No mesmo sentido, os tratados e convenções internacionais representam fontes formais do Direito Tributário à medida que se mostram como uma ferramenta eficaz, em matéria tributária, aplicada sobre tributos que possam incidir no exterior. Sobre este tema, o Art. 98 do CTN legitima os referidos institutos jurídicos como parte integrante da legislação tributária, à medida que estabelece sua aplicabilidade e alcance legal no âmbito do ordenamento jurídico nacional. Este dispositivo legal estabelece a preponderância dos tratados e convenções internacionais em matéria tributária, sobre a legislação interna.
No que se referem aos decretos, estes também constituem as fontes formais da legislação tributária, pois “podem legitimamente definir aspectos essenciais do cumprimento das obrigações tributárias, desde que não afrontem diretamente dispositivo previsto em lei” (CALIENDO, 2017, p. 78). Para encerra, no que concernem as normas complementares que versem sobre tributos e as relações deles decorrentes, estas também compõem a legislação tributária, ampliando as fontes formais do Direito Tributário aos atos normativos, as decisões de órgãos singulares ou colegiados, as práticas reiteradas, e os convênios celebrados entre os entes públicos celebram entre si, conforme determina o Art. 100 do CTN.
 
Estes são os aspectos relacionados às fontes do Direito Tributário, compreender a origem da legalidade atribuída a este ramo jurídico é fundamental para o entendimento da dinâmica que envolve relação firmada entre o ente público e o contribuinte. A seguir estudaremos a dinâmica da interpretação e integração das leis tributárias, por meio da análise da hermenêutica aplicada a este ramo jurídico. Saber interpretar a letra fria da lei nos termos da legislação vigente é fundamental para os operadores do Direito de modo geral.
 
2.3 Hermenêutica Tributária 
O Direito é composto de termos, normas, princípios e institutos diversos, sendo tarefa do intérprete aplicar ao caso concreto a norma jurídica correspondente. Nas ciências jurídicas a interpretação exerce um papel fundamental, a medida que o sentido da norma está voltado à aplicação a determinado dispositivo legal. Neste contexto, a hermenêutica se apresenta como a ciência que se ocupa em estudar os métodos de apreensão de sentido, ou seja, é arte de interpretar. Em termos gerais, ela tem por objeto a determinação do sentido e o alcance das expressões jurídicas. 
Segundo Maximiliano (2017), interpretar é explicar, esclarecer, dar o significado de vocábulo, reproduzir por outras palavras um pensamento exteriorizado, mostrar o sentido verdadeiro de uma expressão. O ato de interpretar deve acima de tudo, encontrar o sentido exato de determinada regra em relação ao conjunto das leis, buscando o verdadeiro sentido intrínseco da expressão. Partindo desta premissa, cada sistema jurídico pode determinar a utilização dos critérios interpretativos, de forma que o intérprete seja capaz de interpretar corretamente a lei.
 
Neste sentido, a interpretação e a integração da norma tributária são atividades indispensáveis, pois o Direito Tributário não se fundamenta sobre um único diploma legal, mas sobre um conjunto institutos, conceitos e formas, que devem alcançar, em cada caso concreto, o verdadeiro significado do ato de tributar, fazendo uso de métodos interpretativos. Pensando nisso, o legislador dedicou um capítulo inteiro no Código Tributário Nacional, destinado a interpretação e integração da legislação tributária, no qual termos, normas e preceitos distintos, na ausência de disposição expressa, podem ser definidos e entendidos, valendo-se de critérios legais.
O Art. 107 do CTN abre o capítulo em comento, determinando de forma implícita a competência exclusiva do mesmo para a interpretação da legislação tributária. Este dispositivo busca resolver os problemas hermenêuticos de conflitosinterpretativos por meio de uma especificidade na interpretação tributária. Da mesma forma, busca integrar a legislação tributária, procurando soluções às eventuais omissões legislativas, pois seria quase impossível ao legislador conseguir exaurir todas as possibilidades relacionadas aos casos concretos.
Seguindo as diretrizes que norteiam à elaboração do capítulo em análise, o qual se destina a regulamentação da interpretação e integração da legislação tributária, o Art. 108 do CTN buscou fazer distinção da fórmula geral para integração das normas do Direito brasileiro, disposta na Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro – LINDB. Conforme determina o Art. 4º da LINDB, “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito” (BRASIL, 1942). 
Diferente disto, o citado artigo do CTN instituiu que, de forma sucessiva e na ordem indicada, a autoridade competente, na ausência de disposição expressa para aplicar a legislação tributária utilize a analogia, os princípios gerais do direito tributário, os princípios gerais do direito público, e a equidade. Segundo Novaes (2018), o Art. 108 do CTN expressa um rol taxativo e sequencial de metodologias utilizadas como forma de integrar a legislação e sanar eventuais omissões.
Partindo para a análise dos mecanismos de interpretação definidos no CTN, entende-se por analogia a aplicação de situações previstas em lei analogicamente aos casos omissos. Por sua vez, os Princípios Gerais de Direito Tributário são diretrizes normativas que dão sentido a finalidade da lei, considerando a legislação tributária, estes compreendem os princípios da legalidade tributária, do não confisco, da irretroatividade e anterioridade anual, por exemplo.
Da mesma forma, os Princípios Gerais de Direito Público são diretrizes especificamente dirigidas a ramos jurídicos autônomos, a exemplo do Direito Penal, com os princípios da presunção de inocência e o devido processo legal, O Direito Constitucional, com o princípio da dignidade da pessoa humana, ou mesmo o Direito Administrativo, com o princípio do desenvolvimento nacional sustentável. Por fim, a equidade, último recurso em termos de integração da legislação tributária, a qual suaviza a dureza das disposições, insinua uma solução mais tolerante, benigna e humana ao preencher as lacunas do Direito.
O mesmo Art. 108 do CTN traz expressa duas limitações impostas ao uso dos mecanismos de integração, ao determinar que “o emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei”, como também, “o emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido”, nos termos do Art. 108, §§ 1º e 2º do CTN, respectivamente (BRASIL, 1966). Este trecho normativo se fundamenta no argumento de que somente a lei pode instituir tributo, conforme preceitua o Art. 97,I do CTN, não podendo a analogia exigir tributo, o mesmo a equidade dispensá-lo.
 
Segundo o entendimento de Sabbag (2019), na busca do sentido da norma, a interpretação pode sofrer variações em decorrência da perspectiva adotada e da metodologia empregada. Neste sentido, apesar da existência dessas diversas metodologias interpretativas, o Código Tributário Nacional empregou em seu texto normativo o método mais apropriado a depender da circunstância analisada. A prova disto reside na redação dos Art. 109 e 110 do CTN, que utilizam como método a interpretação conjunta com ramo do direito privado. 
No mesmo sentido, foi adotada a interpretação literal, a qual considera apenas aquilo escrito, para “as modalidades de suspensão e exclusão do crédito tributário”, a “outorga de isenção” e a “dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias”, nos termos do Art. 111, I, II e III do CTN (BRASIL, 1966). Por fim, também ficou definida a interpretação benigna, nos termos do Art. 112 do CTN, a qual deve favorecer o acusado na interpretação da “lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades” (BRASIL, 1966).
Estes são os aspectos relacionados a interpretação e integração da legislação tributária, processo que faz uso da hermenêutica para encontrar o verdadeiro sentido da lei. Aqui encerramos nossa segunda aula, a qual abordou as fontes do Direito Tributário e a Hermenêutica aplicada e este ramo jurídico, obrigado pela atenção e até nosso próximo encontro. 
AULA 3: OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
O tributo essencialmente se caracteriza pela prestação pecuniária compulsória, expressa em valor monetário, exigida nos termos da lei, não proveniente de ato ilícito, cuja cobrança é realizada por atividade da autoridade administrativa, em função da ocorrência de determinados fatos jurídicos. Em razão de a prestação ter caráter compulsório, e não voluntário, é que o tributo é exigido do contribuinte sob a forma de obrigação tributária. 
De forma ampla, no ordenamento jurídico nacional, a obrigação corresponde a um comportamento sobre o qual o credor tem a prerrogativa de exigir do devedor, o dever de dar, fazer ou não fazer, sob a forma de prestação. Partindo desta premissa, a obrigação tributária designa a ação de prender ou empenhar a vontade do contribuinte para o pagamento do tributo, tendo como respaldo legal a exigência da lei.
Neste contexto, estudaremos a obrigação tributária, instituto jurídico essencial que garante ao Estado, a arrecadação de receita proveniente da cobrança de tributos. Veremos além de toda estrutural normativa que lhe garante legalidade, as teorias que buscam explicar sua legitimidade. Analisaremos as classificações que lhe são atribuídas, seja principal, ou acessória, definindo como obrigação, o fato jurídico que tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, nos termos da lei.
OBJETIVOS 
· Conhecer os aspectos legais que envolvem a obrigação tributária.
· Apresentar o conceito de obrigação tributária e as teorias que explicam sua origem.
· Entender em que consiste a obrigação principal e a obrigação acessória vinculada ao Direito Tributário.
Bibliografia 
Bibliografia básica:
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 03 mar. 2019.
_______. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 13 mar. 2019.
CASSONE, Vittório. Direito tributário. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso direito tributário brasileiro. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
Bibliografia complementar:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 4.ed. São Paulo: Martins fontes, 2000.
NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Nos termos do Art. 3º do CTN, o termo tributo pode ser definido como toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (BRASIL, 1966). Ao invés de facultativo, caso fosse voluntário, este possui o poder coercitivo do Estado, em função de seu caráter compulsório, que o briga o contribuinte a responder pela obrigação de recolher aos cofres públicos a prestação pecuniária, essência do próprio tributo.
Neste contexto, estudaremos os aspectos jurídicos e doutrinários que envolvem a obrigação tributária, de forma que seu entendimento possa aprimorar a compreensão da dinâmica desenvolvida na relação jurídica firmada ente o ente público estatal e contribuinte, sujeito passivo da obrigação tributária.
3.1 O conceito de obrigação tributária.
 
Antes de entrarmos no elemento central deste estudo, a obrigação tributária,é interessante conhecer os aspectos que envolvem o termo “obrigação”, de forma que sua compreensão sirva de base para o entendimento do tema em tela. Segundo Amaro (2016, p. 273), a palavra “obrigação” se origina do termo “obrigatio”, que designa a ação de prender ou empenhar a vontade. De forma ampla, no ordenamento jurídico nacional, a obrigação corresponde a um comportamento que o credor pode exigir do devedor, o dever de dar, fazer ou não fazer, sob a forma de prestação.
Partindo desta premissa, a obrigação tributária se enquadra perfeitamente na concepção de que, de um lado existe a figura do credor, o Estado, na forma de sujeito ativo da relação jurídica, e o devedor, o contribuinte, sujeito passivo desta relação, que se obriga a uma prestação pecuniária decorrente de um ato por ele praticado, originado assim esta obrigação. Desta forma, a obrigação tributária tem esta natureza por ter por objeto o dever de dar, fazer, ou não fazer pertinente a tributo, o que revela sua natureza compulsória.
A doutrina traz diversas definições de obrigação tributária, as quais buscam explicar seu caráter compulsório imposto pela lei, dentre diversos conceitos sobre o elemento em análise, podemos destacar o de Cassone (2018), que afirma que a obrigação tributária é o cerne do Direito Tributário, o qual possui natureza obrigacional, isso em razão de ter como objeto a geração de receita para o Estado, por meio da arrecadação de tributo.
 
Para o autor, obrigação tributária é o “vínculo jurídico que une Fisco e contribuinte, em vista deste ter praticado um fato gerador tributário, devendo pagar àquele certa quantia em dinheiro denominado tributo” (CASSONE, 2018, p. 132). Além deste conceito, podemos destacar o elaborado por Novaes (2018), o qual afirma que “dar-se-á a obrigação tributária quando a hipótese de incidência for praticada no mundo real por algum sujeito passivo, externando o fato gerador, nascendo ao sujeito ativo o poder de exigir o crédito tributário” (NOVAES, 2018, p. 262).
 
Na legislação, a obrigação tributária é definida nos termos do Art. 113 do CTN, que a define como a imposição imposta pela lei que “tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente” (BRASIL, 1966). Esta definição se reporta uma das formas da obrigação tributária, que segundo o dispositivo legal em comento, pode ser principal ou acessória.
 
Neste sentido a obrigação acessória é aquela que “decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos”, nos termos do Art. 113, § 2º do CTN. Esta por sua vez, pode se reverter em obrigação principal no que diz respeito à penalidade pecuniária, caso não seja obedecida.
Conhecidas as definições doutrinárias e o conceito legal de obrigação tributária, vamos conhecer algumas teorias jurídicas que versam sobre este assunto.
3.2 As teorias que fundamentam a obrigação tributária
Conforme destacado, a obrigação tributária se divide em obrigação principal, e obrigação acessória, sendo que esta decorre unicamente da legislação tributária, conforme determina o Art. 113, § 2º do CTN. Por sua vez, a obrigação principal tem sua origem a partir da ocorrência do fato gerador, nos termos do Art. 113, § 1º do mesmo diploma legal (BRASIL, 1966). Segundo Coêlho (2018) para explicar o sentido jurídico dado pelo CTN seu Art. 113, podemos nos valer dos ensinamentos contidos na Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen, no que se referem aos deveres jurídicos.
Para o jurista os deveres jurídicos podem se configurar como autônomos, à medida que decorrem de um acordo de vontades, firmada por meio de um contrato, no qual as partes se obrigam mutuamente por vontade própria. Por outo lado, eles podem se apresentar de forma heterônoma, quando decorre de uma vontade alheia a do devedor, convertida por norma dada por outrem, em regra pelo legislador (KELSEN, 2000). É justamente o fenômeno heteronomia que explica o sentido da obrigação tributária.
Segundo Coêlho (2018, p. 490), no que se refere à ideia de heteronomia, “o fenômeno ocorre tanto no Direito Privado como no Direito Público, pois o obrigado o é não porque quis, mas porque outra vontade o tornou sujeitado a um dado dever”. Em se tratando do Direito Tributário como ramo do Direito Público, o fato está diretamente ligado a obrigação tributária, que em função do princípio da legalidade, somente a lei pode estabelecer tributo, nos termos do Art. 97 do CTN.
 
Além disso, podemos recorrer a Teoria das Obrigações para entender à lógica que fundamenta a obrigação tributária, à medida que esta possui os elementos essenciais que determinam a obrigação. Apesar de pertencer ao ramo do Direito Privado, mais especificamente ao Direito Civil, a Teoria das Obrigações traz respaldo legal a obrigação tributária, isso em razão desta trazer em sua estrutura os elementos análogos a obrigação cível.
Segundo Gonçalves (2018), são três os elementos essenciais que compõem a obrigação: o subjetivo, o objetivo ou material, e o vinculo jurídico. No que concerne ao elemento subjetivo, este corresponde aos sujeitos da relação jurídica, que no caso da obrigação são representados pelo sujeito ativo e o sujeito passivo. 
Por sua vez, no que se refere ao elemento material, este está relacionado à conduta ou ato humano, ou seja, dar, fazer, ou não fazer, convertida na forma de prestação, positiva ou negativa, seja pela “ação ou omissão a que o devedor fica adstrito e que o credor tem o direito de exigir” (GONÇALVES, 2018, p. 41). Por fim, o vinculo jurídico, que corresponde ao elemento que une o sujeito ativo ao sujeito passivo, conferindo a aquele o direito de exigir deste o cumprimento da prestação.
Trazendo esta concepção para o Direito Tributário, temos como elemento subjetivo, o Estado na figura do sujeito ativo da obrigação tributária, e o contribuinte como sujeito passivo. Quanto ao elemento objetivo, a própria prestação pecuniária que representa o tributo, sob a forma da obrigação de dar, neste caso, efetuar o pagamento do tributo devido. Para encerrar, o vinculo jurídico, neste contexto, o fato gerador, que faz nascer à obrigação tributária.
Estes são os aspectos relacionados às teorias que explicam a obrigação tributária. A seguir estudaremos os aspectos sob os quais são configurados a hipótese tributária e o fato gerador, elementos primordiais para a composição da estrutura da obrigação tributária.
3.3 Aspectos que envolvem a obrigação tributária
Para a caracterização da obrigação tributária é primordial a configuração de dois elementos primordiais: a hipótese de incidência e o fato gerador. A hipótese de incidência é a descrição dada pela lei de um fato hipotético, que ao se realizar, dará origem a obrigação tributária. Por sua vez, o fato gerador é a circunstância fática que se encaixa rigorosamente na descrição dada pela lei ao fato hipotético, originando a obrigação tributária. Estes dois elementos são analisados pela doutrina considerando cinco aspectos.
 
Segundo Cassone (2018), para melhor entendimento da obrigação tributária, as hipóteses de incidência e o fato gerador são analisados sob os seguintes aspectos:
· Pessoal;
· Temporal;
· Espacial;
· Material;
· Quantitativo. 
No que se refere ao aspecto pessoal, este tem relação direta com os sujeitos da obrigação tributária, representados pelo sujeito ativo, sujeito passivo ou responsável. O sujeito ativo é representado pela figura do ente público cuja competência seja atribuída para a cobrança do tributo, conforme determina o Art. 119 do CTN. Por sua vez, o sujeito passivo é representado pelo contribuinte, nos termos do Art. 121, I do CTN, que também discrimina como responsável, quando esta condição decorra de disposição expressa de lei, conforme determina o inciso II do mesmo dispositivo legal.
 
Quanto ao aspecto temporal como elemento de análise da hipótese de incidência e do fato gerador, este descreve o exato momento em que se consideraocorrido o fato gerador, conforme determina o Art. 116 do CTN. O referido dispositivo descreve dois momentos diversos para situações distintas, uma para situação de fato, quando verificadas as circunstâncias matérias, e a outra para situação jurídica, quando definitivamente constituída. Estas situações estão descritas nos termos do Art. 116, I e II do CTN, respectivamente.
Por sua vez, em relação ao aspecto espacial, indica o lugar que deve ocorrer o fato gerador, esta tem ligação direta com a competência tributária atribuída ao ente público responsável pela cobrança do tributo. Este local pode ser todo território nacional, quando a competência for da União, a exemplo do fato gerador que caracteriza o imposto de exportação. Da mesma forma, pode ser estadual, quando a hipótese de incidência for atribuída a um tributo de competência estadual, a exemplo do IPVA. Por fim, pode ser municipal, quando a competência for do município, como é o caso do ISS.
Da mesma forma, o aspecto material tomado como critério para a análise da hipótese de incidência e o fato gerador, esta relacionado ao núcleo destes elementos, ou seja, o verbo determinado em lei que descreve a ação do sujeito passivo. Podemos citar como exemplo o núcleo do fato gerador do imposto de exportação, conforme determina a lei é à saída da mercadoria do território aduaneiro, conforme estabelece o Art. 213 do Decreto 6.759 de 2009. Desta forma, o verbo sair determina o núcleo do fato gerador do imposto de exportação, se caracterizando como o aspecto material para análise deste elemento.
 
Por fim, quanto ao aspecto quantitativo, este está relacionado a base da calculo e a alíquota, parâmetros que determinam a valor a ser cobrado pelo tributo. Estes só podem ser estabelecidos mediante lei, conforme determina o Art. 97, IV do CTN. Estes são os aspectos relacionados aos critérios de análise da hipótese de incidência e do fato gerador, elementos que compõem a obrigação tributária. Aqui encerramos o conteúdo desta aula, a qual trouxe a seu conhecimento os aspectos jurídicos e doutrinários que circundam a obrigação tributária, obrigado pela atenção e até o nosso próximo encontro.
AULA 4: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.
O sujeito passivo da obrigação tributária repousa na figura do contribuinte, que nos termos da lei “é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária” (BRASIL, 1966, Art. 121). Este por sua vez, é visto pela lei desta forma, em função de possuir relação pessoal e direta com a hipótese de incidência que deu origem ao fato gerador. Contudo, nem sempre é fácil para a Fazenda Pública atuar diretamente sobre o contribuinte, de modo que a lei criou a figura do “responsável”, que serve como elemento de colaboração para a cobrança dos tributos.
Para não perder a garantia de recebimento da prestação pecuniária devida em decorrência obrigação imposta ao contribuinte, a responsabilidade pelo crédito tributário pode ser atribuída a terceira pessoa, desde que esta esteja vinculada ao fato gerador que deu origem a obrigação. Esta terceira pessoa pode ter o vinculo jurídico caracterizado de várias formas, o que constitui a responsabilidade tributária e suas classificações.
Neste contexto, estudaremos em que consiste a atribuição legal de responsável pela obrigação tributária, imposta a uma terceira pessoa, que em certos casos, ao menos chegou a praticar o ato constituído como fato gerador que origina a referida prestação. Desta forma, analisaremos dentre outros aspectos relacionados a responsabilidade tributária, os fundamentos legais que a constituem e as diversas classificações determinadas pela legislação tributária em vigor. 
OBJETIVOS 
· Entender os aspectos relacionados à responsabilidade tributária.
· Conhecer as espécies de responsabilidade tributária.
· Identificar os aspectos jurídicos que definem a responsabilidade tributária.
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia básica:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 03 mar. 2019.
_______. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 13 mar. 2019.
_______. Lei complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá outras providências. (LEI KANDIR). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp87.htm. Acesso em: 04 Abr. 2019.
Bibliografia complementar:
BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. 
KFOURI JR., Anis. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.
A principal função dos tributos é arrecadar recursos financeiros para os entes da Administração Pública, estejam no âmbito federal, estadual ou municipal. Por ser uma prestação pecuniária compulsória, os tributos possuem o caráter impositivo, respaldado na lei e sustentado por toda estrutura que envolve o sistema de tributação nacional. Uma das figuras centrais neste contexto é o contribuinte, que tem a obrigação legal de pagar o tributo ou penalidade pecuniária.
Entretanto, em razão da dificuldade do ente público, na figura do sujeito ativo da relação jurídica que envolve a tributação, em atuar de forma efetiva sobre o sujeito passivo, na figura do contribuinte, a lei instituiu outro elemento a este equiparado, respondendo perante a lei como responsável. Assim nasce a responsabilidade tributária, elemento jurídico pertencente a legislação tributária, tema do nosso estudo.
4.1 Aspectos introdutórios sobre a responsabilidade tributária
A responsabilidade tributária encontra sua fundamentação legal no Art. 128 do CTN, o qual determina que de forma expressa, a responsabilidade pelo crédito tributário pode ser atribuída a terceira pessoa, desde que esta esteja vinculada ao fato gerador que deu origem a obrigação tributária, conforme os termos da lei. Além disso, o dispositivo legal acima mencionado também estabelece que, uma vez atribuída a responsabilidade a terceira pessoa, o contribuinte será excluído desta, ou responderá de forma supletiva pelo cumprimento da obrigação, seja total ou parcialmente (BRASIL, 1966).
A partir do enunciado do Art. 128 do CTN, o qual define a obrigação tributária, a doutrina estabeleceu duas grandes modalidades de responsabilidade. Segundo Novaes (2018), a partir da permanência ou extinção do contribuinte da relação jurídica estabelecia a partir da obrigação tributária, a responsabilidade tributária pode se apresentar em um contexto mais amplo como: responsabilidade por transferência, ou responsabilidade por substituição.
Para melhor compreensão do assunto, vamos estudar inicialmente a responsabilidade por transferência, e em seguida, a responsabilidade por substituição.
4.2 A responsabilidade por transferência
Na modalidade de responsabilidade tributária por transferência, a obrigação tem origem com o próprio contribuinte, devedor do tributo, porém, num momento posterior, ocorrido algum evento jurídico esta mesma obrigação será transferida a terceira pessoa, nos termos da lei. A responsabilidade tributária por transferência é representada por três espécies distintas: a solidariedade, a sucessão, e de terceiros.
No que concerna a solidariedade como espécie de responsabilidade tributária por transferência, esta apresenta sua fundamentação legal nos termos do Art. 124 do CTN. Neste dispositivo legal fica determinado que são solidariamente responsáveis pela obrigação tributária as pessoas que tenham interesse na situação na qual esta ocorreu, como também as pessoas designadas pela lei (BRASIL, 1966).
Quanto à sucessão, espéciede responsabilidade tributária por transferência, esta encontra sua regulamentação entre o Art. 129 ao Art. 133 do CTN. Por esta modalidade são definidos os responsáveis pelo crédito tributário a depender a situação que o constituiu, podendo ser representado na figura do adquirente ou remitente, o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, como também pelo espólio, nos termos do Art. 131, I, II, e III do CTN, respectivamente.
 Por fim, em relação a última espécie de responsabilidade por transferência, a de terceiros, esta encontra-se descrita nos termos do Art. 134 do CTN. Neste dispositivo são elencados os responsáveis pelo cumprimento da obrigação principal, em caso da impossibilidade de exigência do contribuinte, dentre os quais podemos destacar os pais e tutores, o inventariante, sindico e comissionário, além dos demais definidos nos termos do Art. 134 do CTN e seus incisos.
Conhecidos os aspectos que envolvem a responsabilidade por transferência, vamos então adentrar nos detalhes que envolvem a responsabilidade por substituição.
4.3 A responsabilidade por substituição
A responsabilidade por substituição é a outra grande modalidade de responsabilidade tributária formulada pela doutrina conforme os termos do Art. 128 do CTN, além da responsabilidade por transferência. Segundo Novaes (2018, p. 302), esta modalidade de responsabilidade tributária se caracteriza quando “o encargo para pagamento do tributo recair sobre o terceiro responsável desde a origem da obrigação tributária, sequer chegando o contribuinte a integrar o polo passivo da relação”.
O referido instituto jurídico encontra fundamento legal no Art. 150,§ 7º da CF. Este dispositivo estabelece que “a lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente” (BRASIL, 1988). Além disso, ainda assegura a restituição do valor pago, de forma imediata e preferencial, caso o fato gerador presumido não se realize. 
Segundo Kfouri Jr. (2018, p. 266), a substituição tributária consiste basicamente “na transferência da responsabilidade do contribuinte para terceira pessoa vinculada ao fato gerador, quer na etapa anterior, quer na etapa posterior de produção ou circulação de mercadoria”. Desta maneira, ela pode ser classificada de duas formas: substituição tributária regressiva, e substituição tributária progressiva.
No que concerne à substituição tributária regressiva, também conhecida como “para trás”, nela ocorre um diferimento da tributação, na medida em que a responsabilidade pelo recolhimento é postergada para uma fase subsequente, por meio de terceira pessoa, diferente daquela que praticou o fato gerador. Por sua vez, a forma de substituição tributária progressiva, ou “para frete”, o recolhimento antecipado do tributo se dá sobre uma base estimada pelo sujeito ativo da relação, a partir da presunção de um fato gerador futuro. 
Estas formas de substituição tributária são comumente utilizadas nas operações que envolvem a cobrança do ICMS. O Art. 6º, § 1º da Lei Complementar nº 87 de 1996, que disciplina o referido tributo, determina que “a responsabilidade poderá ser atribuída em relação ao imposto incidente sobre uma ou mais operações ou prestações, sejam antecedentes, concomitantes ou subsequentes” (BRASIL, 1996). 
Este são os aspectos relacionados a responsabilidade tributária por substituição. Vejamos agora mais uma espécie de responsabilidade tributária, a por infrações, descrita no CTN, além da de sucessão, e de terceiro, já analisadas anteriormente.
4.4 A responsabilidade tributária por infrações
 
O Código Tributário Nacional traz em seu texto três modalidades de responsabilidade tributária, quais sejam: por sucessão, nos termos do Art. 129 ao Art. 133; de terceiro, conforme determina o Art. 134 e 135; e por infrações, regulada entre o Art. 136 ao Art. 138 do CTN. As duas primeiras já estudamos no tópico reservado as responsabilidades tributárias por transferência, por esta razão vamos analisar, de forma isolada, apenas a responsabilidade por infrações.
Conforme mencionado, a responsabilidade por infrações é regulada no CTN entre a Art. 136 ao Art. 138, esta modalidade de responsabilidade é atribuída a quem pratica infrações de natureza tributária. Estas infrações são caracterizadas pelo descumprimento do dever de pagar o tributo no prazo estabelecido, como também pela inobservância de preceitos legais apurados em autuações, além das infrações sobre as obrigações acessórias, que se configuram por meio de atos comissivos ou omissivos.
Para o legislador, na elaboração das normas que regem a responsabilidade por infrações, não importa a intenção do agente, saldo disposição em contrário, sendo o dolo irrelevante para configurar a infração tributária. Da mesma forma, a intensidade ou efetivação também recebem o mesmo tratamento, visto que em função da ocorrência do pressuposto de fato da lei, a infração se consuma, em razão de sua natureza formal. Estas condições são estabelecidas no Art. 136 do CTN, que abre a seção que trata do tema em específico.
Quanto à responsabilidade pessoal do agente, esta é definida em três hipóteses: quando a falta cometida seja definida como crime ou contravenção, quando o agente agiu com dolo específico, ou quando os atos do agente são praticados contra quem este está subordinado. Estas situações estão descritas nos termos do Art. 137 do CTN e seus incisos. Desta forma, o CTN se restringe a tratar “apenas das infrações e sanções de natureza tributária, determinando a imputação a quem agiu dolosamente, todas as vezes que o dolo for próprio da espécie” (BALEEIRO, 2018, p. 1159).
Por fim, temos o instituto da denuncia espontânea da infração, definida nos termos do Art. 138 do CTN, a qual exclui a responsabilidade tributária do contribuinte, responsável, ou representante de qualquer deles, pela aplicação do instituto mencionado, ou seja, a confissão. Contudo, a denuncia espontânea, para alcançar seus efeitos, deve ser realizada antes do inicio de qualquer procedimento administrativo, ou mesmo, medida de fiscalização que tenha relação com a infração cometida, conforme determina o Art. 138, § único do CTN.
Estes são os aspectos relacionados a responsabilidade tributária por infrações. Aqui encerramos o conteúdo desta aula, a qual buscou apresentar os aspectos principais relacionados à responsabilidade tributária e suas espécies. Agradecemos pela sua atenção e esperamos você em nosso próximo encontro, bons estudos e até lá.
AULA 5: CRÉDITO TRIBUTÁRIO - PARTE I
A partir da realização de determinado fato no mundo real, nasce no universo jurídico a obrigatoriedade de recolher aos cofres públicos a prestação pecuniária decorrente da tributação definida. Uma vez lançado o tributo sob a responsabilidade do contribuinte, ou terceira pessoa por ele responsável, inicia-se todo o processo de exigibilidade do crédito tributário, nos termos da legislação vigente.
Neste contexto, iniciaremos nossos estudos sobre o crédito tributário, analisando seu o conceito e as teorias que o legitimam no âmbito doutrinário. Neste mesmo panorama, estudaremos também o lançamento tributário, procedimento jurídico que institui o direito do Estado de exigir do contribuinte o pagamento do tributo devido. 
Neste primeiro momento, teremos a oportunidade de conhecer os elementos que integram o conceito atribuído legalmente tanto ao direito estatal, quanto ao procedimento instituidor, além dos tipos definidos por lei. Veremos também os aspectos relacionados à exigibilidade tributária, sem esquecer as modalidades e efeitos de sua suspensão.
OBJETIVOS 
· Compreender os aspectos legais que envolvem o crédito tributário.
· Conhecer o procedimento que o institui e sua classificação legal.
· Entender os elementos que integram a exigibilidade tributária e seus fundamentos legais.
 
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia básica:
BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
BRASIL. Constituiçãoda República Federativa do Brasil. Brasília,1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 03 mar. 2019.
______. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 13 mar. 2019.
BRITO, Edvaldo. Direito tributário: imposto, tributos sinalagmáticos, contribuições, preços e tarifas, empréstimo compulsório. São Paulo: Atlas, 2015.
Bibliografia complementar:
CALIENDO, Paulo. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2017.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 4.ed. São Paulo: Martins fontes, 2000.
NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO - PARTE I
Segundo Brito (2015), o crédito tributário é o núcleo sobre o qual orbitam todos os elementos que compõem a legislação tributária, a exemplo das leis, tratados, convenções e normas que tratam sobre tributos e suas relações. Ele é decorrente do direito que nasce para o ente público, como sujeito ativo de uma relação jurídica, que lhe assegura receber, a partir da realização de um fato gerador, a obrigação pecuniária devida pelo contribuinte. 
Partindo desta premissa, vamos conhecer os aspectos legais que envolvem o crédito tributário e as teorias que o legitima. Analisando a complexidade que circunda esta relação obrigacional, seremos capazes de entender a situação jurídica típica, formada por direitos e deveres, que encontram no crédito tributário a materialização do poder-dever estatal.
5.1 Conceito e teorias que legitimam o crédito tributário
Antes de entramos no aspecto doutrinário que envolve a legitimidade do crédito tributário, vamos conhecer sua definição no entendimento de alguns doutrinadores. Em se tratando da etimologia que envolve o termo crédito, a doutrina traz a origem do vocábulo, sustentando que “a palavra crédito vem do latim creditum, credere, que significa confiança, segurança de alguma coisa” (BALEEIRO, 2018, p. 1169). 
Segundo Novaes (2018, p. 340), “crédito tributário equivale às prestações devidas às fazendas públicas quando determinado sujeito passivo realiza fatos geradores de tributos ou comete penalidades tributárias”. Por sua vez, crédito tributário, segundo a concepção de Baleeiro (2018, p. 1169) corresponde “a denominação dada pelo CTN à obrigação tributária, vista sob o ângulo do sujeito ativo, ou seja, ao direito de crédito da Fazenda Pública, já apurado pelo lançamento e dotado de certeza, liquidez e exigibilidade”. 
A doutrina corrobora a concepção trazida pelo Código Tributário Nacional, que “o crédito é entidade que integra a estrutura interior da relação jurídica obrigacional e assim é porque o crédito é elemento da obrigação” (BRITO, 2015. P. 89). Prova disto é texto trazido no Art. 139 do CTN, que traz as disposições gerais sobre o crédito tributário, nele ficam definidos que este é decorrente da obrigação principal, que por sua vez, é parte da obrigação tributária (BRASIL, 1966).
Certos autores buscam explicar a legitimidade do crédito tributário por meio da teoria de Kelsen (2000), relacionada aos direitos subjetivos. Nela o renomado jurista afirma que a norma cria deveres, dos quais o direito se apresenta como mero reflexo, de forma que, com a ocorrência do fato imponível, só se daria o dever jurídico do sujeito passivo. Fazendo a correlação ao Direito Tributário, é possível afirmar que a norma determina o dever de cumprir a obrigação tributária, cominando sanção em caso de descumprimento (BALEEIRO, 2018).
Desta forma, podemos concluir que a obrigação tributária tem origem com a realização do fato gerador, mas o crédito tributário só se origina a partir do lançamento. A partir desta constatação, devemos prosseguir com nossos estudos, direcionando o foco de nossa atenção para os critérios legais que envolvem o lançamento, justamente o que faremos a seguir.
5.2 O lançamento tributário
A doutrina atribui a lançamento tributário a origem da relação jurídica procedimental, visto que ele torna líquida e certa a prestação pecuniária, objeto da relação jurídica tributária, que faz do crédito tributário algo juridicamente exigível. Para um melhor entendimento a respeito deste procedimento, nada melhor do que apresentarmos seu conceito, conforme o entendimento dos doutrinadores.
Segundo Baleeiro (2018, p. 1179), o lançamento pode ser definido como “a série de atos, de competência vinculada, praticado por agente do Fisco, para verificar a realização do fato gerador em relação a determinado contribuinte, apurando qualitativa e quantitativamente o valor da matéria tributável”. Neste mesmo contexto, para outro estudioso das ciências jurídicas, o lançamento pode ser definido como “uma sucessão de formalidades que se desempenha dentro de um certo período de tempo, objetivando a certeza e a liquidez do crédito tributário existente com a ocorrência presumida do fato gerador” (BRITO, 2015, p. 105). 
No texto constitucional, o lançamento tributário é citado uma única vez, mais especificamente no Art. 146, III, “b”, o qual determina que cabe a lei complementar, estabelecer as normas em matéria tributária, sobre o lançamento, dentre outros critérios (BRASIL, 1988). Atendendo aos ditames constitucionais, a definição legal de lançamento encontra-se positivada nos termos do Art. 142 do CTN, sendo este um procedimento administrativo, inclinado a ”verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível” (BRASIL, 1966).
Conforme o dispositivo legal supracitado, o lançamento além de ser de competência privativa da autoridade administrativa, possui cinco finalidades. Segundo Caliendo (2017, p. 605), são finalidade do lançamento tributário identificadas no texto do dispositivo legal que o fundamenta:
· Verificar a ocorrência do fato gerador;
· Determinar a matéria tributável;
· Calcular o montante do tributo devido;
· Identificar o sujeito passivo;
· Propor a aplicação da penalidade cabível.
Além disso, ele possui dúplice eficácia normativa, pois tanto determina o montante do tributo devido, por meio da liquidação, quanto declara a certeza da obrigação, por intermédio do acertamento. No que se refere à liquidação, esta pode ser observada nos termos do Art. 143 do CTN, que determina no ato do lançamento, a conversão para a moeda nacional. Quanto ao acertamento, este está relacionado à situação de fato ou a situação jurídica que definirá a matéria sobre a qual ocorre o fato gerador, considerando o Art. 116 do CTN.
O CTN classifica o lançamento tributário em três modalidades: de ofício, por declaração, e por homologação. O lançamento de ofício tem previsão legal no Art. 149, I do CTN, o qual determina que este ocorre quando a lei assim o determine. Cabe ressaltar que esta modalidade comporta duas formas de lançamento de ofício: por iniciativa própria, e por revisão. Por iniciativa própria quando não se exige a colaboração do contribuinte. Por revisão quando o dever de colaboração do contribuinte não se efetivou.
Por sua vez, a modalidade de lançamento por declaração tem sua previsão legal positivada no Art. 147 do CTN, o qual determina sua ocorrência a partir da instituição do crédito tributário com base na declaração do contribuinte ou responsável, contendo informações sobre a matéria de fato e prestada a autoridade administrativa (BRASIL, 1966). Esta modalidade ocorre em razão do fisco não possuir as informações necessárias para definir a base de calculo do tributo.
Para encerrar, quanto à modalidade de lançamento por homologação, sua fundamentação repousa nos termos do Art. 150 do CTN, que determina sua ocorrência a medida que a autoridade administrativa homologa o pagamento antecipado do tributo, sujeito a este regime, sem que seja avisada previamente. Este são os aspectos relacionadosao lançamento tributário, a seguir estudaremos a exigibilidade tributária e seus fundamentos legais.
5.3 A exigibilidade tributária e suas causas de suspensão 
A partir da instituição do crédito tributário pela realização do lançamento, o ente público se reveste da prerrogativa de exigir o adimplemento da prestação decorrente da obrigação tributária. Contudo, a exigibilidade do crédito tributário pode ser suspensa em razão de circunstâncias prevista em lei. Estas situações estão descritas nos termos do Art. 151 do CTN. Estão elencadas neste dispositivo legal as seguintes situações:
· Moratória;
· Depósito integral;
· Reclamações e recursos;
· Medida liminar;
· Tutela antecipada;
· Parcelamento.
O instituto da moratória apresenta sua regulamentação entre o Art. 152 ao Art. 155 do CTN, neles estão às condições legais para a concessão deste benefício. Ele pode ser concedido em caráter geral, ou individual, pelo ente público a quem compete a instituição do tributo, desde que autorizado por lei. A lei que conceder a moratória deverá determinar entre outros elementos, o prazo de duração do benefício, as condições da concessão e as garantias fornecidas pelo beneficiário quando em caráter individual, conforme determina o Art. 153 do CTN.
Quanto ao depósito integral do montante como situação que suspende a exigibilidade do crédito tributário, este figura no Art. 151, I do CTN, e se apresenta como exigência legal para garantir a interposição de impugnação, reclamação ou recurso, nos caso em que a lei determinar. Por sua vez, as reclamações e recursos, estão relacionados ao questionamento do lançamento tributário junto à autoridade administrativa, conforme o prazo por ela estabelecido, o que garante a suspensão da exigibilidade do crédito.
Além disso, temos a concessão de liminar em mandado de segurança, como situação que garante a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. O instituto do mandado de segurança tem sua fundamentação legal positivada nos termos do Art. 5º, LXIX da CF, sendo instituído “para proteger direito líquido e certo, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública” (BRASIL, 1988). Desta forma, caso seja concedida liminar por meio deste instrumento jurídico, que conteste a instituição do crédito tributário, esta pode suspender sua exigibilidade.
No que concerne a concessão de tutela antecipada ou mesmo medida liminar em outras espécies de ação judicial, estas também configuram causas de suspensão relacionada ao tema em tela. Elas se apresentam de forma extensiva, afastando a tese restritiva atribuída a liminar concedida por mandado de segurança, nos termos do Art. 151, IV do CTN. Por fim temos o parcelamento, como causa de suspenção da exigibilidade do crédito tributário, ele é uma forma de dilatação do prazo de dívida vencida, concedido pelos entes públicos cuja lei lhes atribui a competência para instituir o tributo. 
Os efeitos da suspenção do crédito tributário em razão das causas elencadas no Art. 151 do CTN podem variar entre o bloqueio de ajuizamento de ação fiscal, a suspensão da contagem do prazo prescricional, e a imposição do cumprimento da obrigação acessória, vinculada ao tributo cuja obrigação principal foi suspensa. Estes são os aspectos relacionados a exigibilidade do crédito tributário, no que se refere a modalidade de suspensão, além dela temos ainda a extinção, a exclusão e as garantias e privilégios do crédito tributário, institutos que estudaremos na próxima aula, obrigado pela atenção e até lá.
AULA 6: CRÉDITO TRIBUTÁRIO - PARTE II
O crédito tributário é decorrente da obrigação que surge a partir de determinados atos praticados no mundo real que são passíveis de tributação. Ocorrido o fato gerador nasce à pretensão do Estado de arrecadar receita por meio do recebimento da prestação pecuniária materializada no tributo, contudo, ela somente se legitima a partir da constituição do crédito, por meio do lançamento. 
Uma vez constituído por meio do lançamento tributário, o crédito a ele correspondente torna-se exigível, visto que a partir de então passou a ser líquido e certo. A lei determina uma série de causas que podem suspender sua exigibilidade, entretanto estas situações não extinguem ou mesmo excluem o crédito tributário, que acima de tudo possui garantias e privilégios em relação a outros valores.
Assim, dando continuidade aos nossos estudos que trazem como foco principal o crédito tributário e seus aspectos legais, estudaremos a partir de agora as modalidades que garantem sua extinção, como também os casos que asseguram sua exclusão, destacando seus efeitos e institutos relacionados. Além disso, conheceremos os aspectos que envolvem as garantias e privilégios usufruídos pelo crédito tributário, em comparação a outros direitos assegurados por lei e a administração tributária como um todo. 
OBJETIVOS 
· Compreender a extinção do crédito tributário, seus efeitos e modalidades.
· Conhecer a exclusão do crédito tributário e os institutos da isenção e anistia.
· Entender as garantias e privilégios relacionados ao crédito tributário e a administração tributária.
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia básica:
BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 13 mar. 2019.
______. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 24 Abr. 2019.
______. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 02 Mai. 2019.
Bibliografia complementar:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 03 mar. 2019.
CALIENDO, Paulo. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2017.
KFOURI JR., Anis. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO - PARTE II
Nos termos da Constituição Federal, cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, dentre outros assuntos, sobre a prescrição e decadência, nos termos do Art. 146, III, “b” da CF. Buscando proporcionar maior interação no âmbito da legislação tributária, o Código Tributário Nacional, como lei complementar vinculada ao tema, traz as normas que regulam a extinção, como também a exclusão do crédito tributário.
Partindo desta premissa, vamos iniciar nossos estudos buscando compreender em que consiste a extinção do crédito tributário, para a partir daí, conhecer sua exclusão e os institutos a ela vinculados.
6.1 A extinção do crédito tributário
A exigibilidade do crédito tributário, além de poder ser suspensa, em razão de diversas situações determinadas na lei, também pode ser extinta, conforme estabelece o CTN. É importante esclarecer que a extinção não deve ser confundida com a suspensão, visto que esta determina o fim da obrigação tributária, já aquela estabelece apenas a inexigibilidade temporária. 
As modalidades de extinção da exigibilidade do crédito tributário estão elencadas nos termos do Art. 156 do CTN, esta relação se apresenta de forma rígida, contudo, a doutrina não reconhece que seja taxativa. Muitas delas estão dispostas no campo do Direito Privado, mais especificamente no Código Civil, vejamos de forma detalhada os aspectos que as envolvem especificamente.
O pagamento é a primeira modalidade de extinção da exigibilidade do crédito tributário descrita no CTN. Para ela o referido diploma legal reserva uma seção específica, composta por oito artigos, que vão do Art. 157 ao Art. 164 (BRASIL, 1966). O pagamento é considerado a principal modalidade e se caracteriza pelo adimplemento da prestação pecuniária decorrente da obrigação tributária, por meio

Continue navegando