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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MBA EM LOGÍSTICA EMPRESARIAL Resenha Crítica de Wal-Mart, 2007 Eugenio Rodrigues Trabalho da disciplina Custos e Operações Logísticas (NPG1269) Tutor: Prof. Geraldo Gurgel Filho Salvador 2020 http://portal.estacio.br/ 2 Wal-Mart, 2007 YOFIE, D. B.; SLIND, M. Wal-Mart, 2007. Harvard Business School, 710-P03, Jun., 2007. INTRODUÇÃO A realidade contemporânea do mercado de bens e serviços desde proporções regionais até em escala global é caracterizada pela grande concorrência entre as corporações devido à busca por conquistar cada vez mais clientes e, por consequência, mais relevância no mercado de atuação. Como consequência, mesmo as corporações já estabelecidas e com representação muito sólida no mercado, se veem ameaçadas pelas concorrentes em nichos específicos e, devido a isso, enxergam a necessidade de aprimorar suas operações. A gestão adequada de estoques é uma questão crucial para o balanço financeiro favorável visto que este elemento representa um gasto significativo na estrutura administrativa das corporações. Um fator relevante para a redução das estruturas de armazenamento e estocagem é a alta rotatividade dos produtos comercializados, sendo este fator utilizado também para contornar a questão do cada vez mais curto ciclo de vida dos produtos. A alta rotatividade dos estoques, em contrapartida, exige uma estimativa precisa da demanda e a implantação de uma cadeia de suprimentos muito bem gerenciada, dado que os produtos devem ser disponibilizados no menor tempo possível a partir da requisição de ressuprimento. O gerenciamento da cadeia de suprimentos, também conhecido como Supply Chain Management (SCM), por sinal, é um artifício logístico de grande relevância para qualquer organização de qualquer nível de capital, uma vez que busca integrar e articular as ações da chamada cadeia de suprimentos, que considera desde os fornecedores até a entrega do produto ou serviço ao cliente final. Deste modo, a SCM acaba por integrar as várias áreas da produção e é imprescindível para a realização das operações de modo eficiente. Outro fator crítico para sucesso frente à concorrência é o conhecimento do perfil de cliente que a empresa atende ou pretende atingir. Neste caso, é importante levar em consideração, dentre outros fatores, aspectos econômico e social daqueles que se pretendem conquistar como clientes. O conhecimento dessas características permite à organização entender e atender os requisitos de preço e qualidade que mais atraem o público em questão, além de conhecer os tipos de produtos e serviços que são de interesse desses possíveis consumidores. 3 O presente caso em estudo elaborado por Yofie e Slind em 2007, aborda um momento em que a rede Wal-Mart, conhecida mundialmente e muito bem conceituada no mercado, observava um padrão dos seus lucros abaixo do que era de costume e do previsto pelos dirigentes e sócios. Dentre os problemas enfrentados estavam questões éticas pautadas em temas de grande difusão social, às quais envolviam tanto seus fornecedores quanto as relações entre a própria empresa e seus colaboradores, citando também a intenção dos dirigentes em promover a expansão a novos tipos de mercado, visando o atendimento de novos clientes, e quais foram as atitudes tomadas pela empresa de modo a minimizar tais problemas. O CASO WAL-MART A Wal-Mart era a segunda maior empresa do mundo em 2007, estando presente em 14 países e gerenciando diretamente mais de 6700 lojas. Dentre as estratégias utilizadas para entrada em novos mercados estavam o estabelecimento de joint-ventures, na qual é feita a união das operações independentemente e de modo temporário entre a empresa interessada e empresas locais com o objetivo de facilitar o gerenciamento e a expansão inicial dos negócios na região. Entretanto a empresa adotava principalmente a integração vertical para adentrar aos novos mercados de interesse, sendo que este modelo consiste na compra parcial ou integral de empresas locais e incorporação destas à rede sob propriedade da Wal-Mart. As atividades da empresa iam desde ações no varejo, a respeito da venda de alimentos e de demais mercadorias, até a venda de serviços, como planejamento de férias, internet e serviços financeiros. A vantagem estratégica adotada pela corporação a fim de superar a concorrência era baseada na prestação de um serviço adequado ao cliente, levando em consideração suas características étnicas, sociais, econômicas e sua localização (se urbana ou rural). Deste modo a Wal-Mart visava fornecer as mercadorias demandadas pelos consumidores e serviços de interesse deles com um preço abaixo dos seus concorrentes de mercado. Neste sentido, a rede Wal-Mart passou a integrar diferentes tipos de lojas para diferentes públicos de clientes, indo desde as tradicionais lojas de desconto, aos chamados “supercentros”, nos quais eram oferecidos uma ampla gama de produtos de mercearia e, mediante parcerias com lojas especializadas, serviços, indo desde restaurantes, a salões de beleza e bancos. A empresa ainda administrava os Sam’s Club, lojas com perfil mais exclusivo nas quais eram vendidos produtos selecionados e com desconto para os clientes membros. As Wal-Mart Neighborhood 4 Markets já possuíam o perfil de loja de bairro (como o nome sugere), sendo lojas pequenas e com a finalidade de atender a regiões menores, visando estar mais próxima dos clientes. No entanto a migração do mercado em que dominava para um novo tipo de mercado fez com que a empresa defrontasse margens de lucros abaixo dos esperados, o que causou a segunda desvalorização de seu valor de mercado em toda a história da companhia, sendo superada em lucro, no período de análise, pela sua principal concorrente. Este fato mostra que, mesmo empresas consolidadas no mercado global e líderes em suas áreas de atuação, têm dificuldades em se estabelecer em um novo mercado, mesmo em âmbito regional. Além das dificuldades inerentes à forte concorrência, a Wal-Mart também se deparava com entraves envolvendo questões sociais e as relações públicas em seu modelo de negócios. Dentre as pautas abordadas estavam o salário dos empregados de meio período, na ocasião apontado como muito baixo, e a relação da empresa com seus fornecedores, sendo a maior queixa dos críticos relacionadas à inexistência de regras contra trabalho infantil e demais abusos aos quais os trabalhadores das empresas fornecedoras estariam sujeitos. Diante de uma perda de 8% da sua base de clientes e do incremento do valor de mercado da sua principal concorrente, a empresa se viu obrigada a tomar atitudes de modo a recuperar sua imagem e consequente base de lucros. Num misto de ação de marketing e relações públicas a Wal-Mart desenvolveu campanhas de modo a apoiar a população atingida pelo furação Katrina, patrocinou grupos de apoio aos seus colaboradores e financiou um filme em prol das questões ambientais. Como já mencionado, a expansão de suas operações para mercados internacionais era uma tendência adotada pela empresa na busca de novos clientes, representando 22% do faturamento mundial da rede, e, por isso, seria um meio de combater a queda dos lucros. A adequação aos aspectos culturais dos mercados locais, que a princípio não era observado pela empresa, passou a ser implementada, resultando num crescimento de lucro na faixa de 23%. Deste modo, a empresa observou que a adequação das lojas à população de consumidores locais era um fator quase tão decisivo ao lucro quanto a política de preços baixos. Portanto, com base nisso, a rede Wal-Mart buscou realizar a customização das suas lojas de acordo com o perfil de cliente a ser atraído, variando desde as dimensões, até a largura de corredores, alterações no tipo de piso, e a venda de uma linha de produtos específicosem algumas lojas. O crescimento no número de lojas e consequente expansão das operações, tanto em outros países quanto nos Estados Unidos, era uma tradição e uma meta constante da Wal-Mart. No 5 entanto, motivado pela preocupação dos investidores de que as lojas novas estavam se tornando concorrentes muito fortes das lojas mais antigas da própria rede, a corporação anunciou uma redução na taxa de expansão e diminuição da área dos novos supercentros. Neste caso uma questão importante seria como reduzir os estoques mantendo o preço baixo e a disponibilidade de produtos, além de continuar com o ritmo crescente de vendas. Sob esta ótica a empresa necessitaria aprimorar a gestão da sua cadeia de suprimentos, principalmente no que diz respeito à gestão de fornecedores, gestão de estoque e das operações transportes das mercadorias a serem vendidas nas lojas. Tais aspectos aparecem como pontos cruciais para a manutenção e sucesso das operações e, consequentemente, da margem de lucro. No que diz respeito aos fornecedores tais mudanças demandariam um aprimoramento da gestão do SRM (Supplier Relationship Management) que é o sistema de gestão de relacionamento com os fornecedores, visto que, ao optar por diminuir os estoques, a empresa iria demandar as mercadorias com maior frequência e em menor quantidade. Neste novo modelo, haveria um fluxo maior de mercadorias pela cadeia de suprimentos, e, além disso, existiria a natural mudança no caráter da solicitação por reabastecimento das lojas a qual passaria a ser mais fortemente definida pela demanda dos consumidores. Portanto, em paralelo, essas novas operações acabariam exigindo um reforço no sistema just in time, o qual exige uma melhor articulação da empresa com os fornecedores de modo que as entregas sejam solicitadas e atendidas o quanto antes a fim de que não existam desabastecimentos das lojas e a consequente perda das vendas. Neste caso, o uso de tecnologia da informação se apresenta como um componente necessário e fundamental para que sejam evitadas ineficiências nas operações, promovendo a manutenção da disponibilidade dos produtos nas prateleiras e o cumprimento dos prazos de entrega. Dentre os sistemas possíveis de serem utilizados pode ser apontado os sistemas de tipo EDI (Electronic Data Interchange) os quais favorecem a implantação de uma base de dados comum e instantânea entre todos os componentes da cadeia de suprimentos. Através desses sistemas o fornecedor seria informado automaticamente quando um produto fosse vendido, sendo possível criar um cronograma de ressuprimento com maior controle e, portanto, maior possibilidade de atendimento. A existência de estoque é uma questão chave nas operações logísticas, visto que, ao passo que representa um ativo circulante da empresa, portanto uma fonte de renda em curto prazo, também pode ser visto como uma fonte de perda de recursos financeiros devido ao espaço demandado, à 6 destinação de pessoal e à necessidade de investimentos em máquinas e equipamentos para sua operação. Se tratando de uma diminuição, implica que ainda haverá a manutenção deste elemento nas operações da empresa (apesar da redução no volume utilizado), entretanto não é possível dizer que haverá diminuição nas despesas com estocagem e armazenagem, dado que os componentes majoritários que o compõem são fixos, independendo do volume. CONCLUSÃO No caso em estudo observou-se que nenhuma corporação, por mais expressiva que seja em sua área de atividade, está livre dos efeitos da concorrência mesmo em mercados regionais. Além disso, mesmo para estas, a expansão a novos mercados não é uma tarefa simples. Do mesmo modo, o conhecimento do perfil dos clientes e o atendimento de suas necessidades é um fator chave para o sucesso das operações de uma empresa e para o atendimento de suas perspectivas financeiras. Foi notável que as mudanças operacionais pretendidas pela rede Wal-Mart demandariam uma melhor gestão da sua cadeia de suprimentos, exigindo operações mais otimizadas e a adoção de sistemas para a promoção do fluxo de informações de modo mais preciso e imediato com seus fornecedores e com as lojas da rede. A manutenção de níveis menores de estoques exigiriam da empresa o estabelecimento de um cronograma de entrega eficiente e previsível, permitindo a realização de uma programação com certo nível de folga a fim que os fornecedores consigam abastecer as unidades da empresa com a quantidade de produtos adequada e com um intervalo suficiente para a produção. O caso em estudo ainda denotou que deslizes e atitudes falhas podem comprometer não apenas a imagem da empresa, mas pode afetar também sua base de clientes e, por consequência, causar a redução margem de lucros. Deste modo as relações de mercado atualmente tornam imprescindível que as corporações levem em conta fatores culturais na concepção dos produtos e na adequação de suas operações aos mercados que ingressam, que se posicionem ante a questões e que adotem atitudes que comprovem o seu comprometimento ético e a responsabilidade social em seus princípios.
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