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ENADE RESUMO DO THOMPSON SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA

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Nesta aula, partimos do conceito de “intelectual orgânico”, de Antonio Gramsci, para entender o caráter unívoco da atuação intelectual e política do historiador marxista inglês Edward Palmer Thompson. Abordamos algumas das principais obras do autor, desde A formação, obra que mudou a forma de compreender o conceito marxista de classe social.
Buscamos situar Thompson no campo intelectual e político de sua geração, a princípio ligado ao Grupo de Historiadores do Partido Comunista Britânico, com o qual rompeu, aproximando-se da New Left Review.
Caracterizamos o que Thompson considerava como um “marxismo vulgar”, notadamente resultante de uma interpretação literal da metáfora marxiana da base econômica x superestrutura. Considerando a metáfora como algo que mais atrapalhou do que contribuiu para o campo do marxismo, Thompson a rejeitou por completo, preferindo o uso do conceito de modo de produção, no sentido de totalidade.
Vimos que, apesar do seu amplo uso, “classe social” pode ter um desígnio ligado a Karl Marx, Max Weber ou a outras matrizes teóricas distintas. Mesmo no âmbito do marxismo, “classe” tem sido uma noção de sentido intensamente disputado. Thompson criticou intensamente uma interpretação estática da categoria, que retiraria de seu conteúdo a agência dos sujeitos sociais. Observamos a leitura simplificadora que a doutrina stalinista formulou em cima dela, ligando-a à tradição de um marxismo “vulgar” conforme a classificação de Thompson. Voltamos à Marx e sua concepção de “classe em si” e “classe para si”, que indica que a classe é necessariamente um fenômeno histórico, dinâmico e relacional.
Em Thompson, tratamos dos dois usos possíveis da categoria “classe": heurístico/analítico (para analisar realidades pré-capitalistas) e histórico (centrado na noção de “luta de classes” que ocorre no contexto do capitalismo).
Iniciamos esta aula delineando o sentido da noção de formação da classe social em Thompson, que tem o sentido de fazer-se. Abordamos a obra A formação da classe operária inglesa como um exemplo empírico desse processo histórico do fazer-se de uma classe. Conceituamos a categoria de experiência como um termo de mediação entre o modo de produção (ou o ser social) e a consciência social.
Também apresentamos a relação entre ser social, experiência e consciência social. O historiador britânico argumenta que as mudanças ocorridas no ser social dão origem à experiência que, por sua vez, exerce pressões sobre a consciência social.
Por fim, tratamos da natureza dupla do conceito de experiência, que pode ser compreendida de maneira mais analítica a partir das noções de experiência vivida e experiência percebida. Fechamos nossa aula com a sugestão de leitura do artigo de Palmer
Nesta aula, vimos que autores fundamentais, como Raymond Williams, advogaram contra a dissociação entre cultura e sociedade como fatores autônomos entre si. No campo da história, analisamos a crítica de uma perspectiva idealista que apreende a cultura como um aspecto absoluto e singular, que tem como consequência um determinismo cultural: o culturalismo. Observamos a contribuição da new left para o pensamento sobre cultura, derrubando a barreira entre estudos sobre cultura e uma perspectiva totalizante da história.
Identificamos que o marxismo vulgar localiza a cultura na superestrutura como mero reflexo da base econômica. Tanto Thompson como Williams criticaram essa abordagem, defendendo uma perspectiva de múltiplas determinações. Vimos que a cultura tem um lugar privilegiado no processo de fazer-se da classe, tanto no âmbito da experiência, quanto no da consciência. Por fim, vimos que, para Thompson, cultura é uma arena de conflitos
Nessa aula, caracterizamos a História Social não como uma especialização historiográfica, mas como uma abordagem da História que surgiu em oposição a uma história rankeana tradicional do século XIX. Tratamos da importância da Escola dos Annales para essa abordagem e vimos alguns de seus pressupostos fundamentais, de acordo com Eric Hobsbawm.
Tratamos então da importância de uma abordagem interdisciplinar para a História Social, defendida particularmente por Thompson. Vimos ainda a questão da “História vista debaixo”, também proposta por Thompson, percebendo o impacto que essa forma de fazer história teve na historiografia e no marxismo. Por fim, discutimos a lógica histórica em Thompson, o método de investigação por ele defendido, bem como as implicações políticas da concepção de História desse autor, que ressalta a importância da prática e da agência dos trabalhadores e dos “debaixo”, o que influencia sua perspectiva sobre a revolução.
Finalizando
Vimos que a concepção de História e a prática de Thompson como historiador fez com que sua influência sobre os estudos históricos adquirisse caráter global, a despeito de suas temáticas localmente informadas. Nas ciências sociais brasileiras, Thompson foi influência para trabalhos que buscaram superar a perspectiva dos protestos de multidões como reações irracionais às condições de vida, ressaltando suas motivações em sentido político.
Na historiografia, o autor aparece como referência importante para gerações de historiadores desde os anos 1950 até os dias atuais. Thompson exerceu importante influência na história social do trabalho do Brasil, tanto em pesquisas sobre trabalhadores escravizados quanto sobre o movimento operário. Abordamos as importantes diferenças de leituras de Thompson enquanto referencial na historiografia do trabalho, particularmente no debate entre populismo e trabalhismo.
Nos últimos anos de sua vida, Sérgio Buarque de Holanda continuava produzindo. Tendo conquistado reconhecimento como historiador (e, talvez, sociólogo), continuou produzindo. Suas antigas obras eram revistas e reescritas com frequência, e novas edições eram complementadas com novos trechos, notas ou, por vezes, capítulos. Monções, por exemplo, foi uma obra que o autor passou anos reescrevendo e complementando, e ele faleceu antes de concluir o projeto.
Sua vida intelectual estendeu-se para além da experiência e atuação acadêmicas. Ainda que nunca tenha se tornado um militante político, expressava de maneira clara seu posicionamento. Na década de 1940, havia sido filiado ao Partido Socialista e, quando membro da Associação Brasileira de Escritores, atuou também politicamente, especialmente na defesa da liberdade de expressão e em ações de combate à censura. Na década de 1980, foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores.
– Raízes do Brasil e a Geração de 30
A principal obra de Sérgio Buarque de Holanda é Raízes do Brasil. Trata-se, também, da obra mais conhecida do autor, além daquela que mais o aproxima de uma abordagem sociológica dos problemas nacionais. Lançada originalmente em 1936, mas profundamente modificada para as edições seguintes, procura descrever como os problemas estruturais da sociedade e Estado brasileiros, compreendidos pelo autor no contexto dos anos 1930, seriam, segundo sua concepção, resultado do processo de colonização brasileira.
Para ele, as características do processo colonial português, bem como o próprio temperamento da sociedade portuguesa, determinaram a construção de uma sociedade que, diferentemente de outras da própria América, não buscava o estabelecimento de povoamentos definitivos, mas a exploração aventureira. Associadas ao caráter “cordial” do brasileiro, essas características determinaram a formação social brasileira.
Por que o livro foi denominado “Raízes” do Brasil”? Porque procura compreender quais seriam os fundamentos mais essenciais que explicariam os problemas no desenvolvimento do país. Sua importância se encontra especialmente porque construiu uma síntese, de fundo social e histórico, sobre o desenvolvimento do Brasil e o que parecia ser uma explicação para os problemas vividos ainda contemporaneamente pelo país. O livro lançou também determinadas raízes de uma análise historiográfica do desenvolvimento do Brasil.
Monções foi uma das obras que Sérgio Buarque de Holandateria passado boa parte de sua vida profissional reescrevendo. Lançada originalmente em 1945, marca a passagem de um pensador ensaístico, característico de Raízes do Brasil, para uma analista histórico de certos aspectos da expansão paulista ao interior do território luso nas Américas.
Em Monções, Sérgio Buarque busca explorar as maneiras pelas quais os agentes históricos deslocam-se no espaço, em função de determinados incentivos, e sob certas condições que lhes são disponíveis.
Há uma grande diferença entre Raízes do Brasil e Monções. Nesta obra, fica caracterizada a passagem do ensaísta, ainda influenciado pela prática da crítica literária, ao historiador, que gradualmente procura se ater aos documentos históricos e à sua análise.
É possível notar, na edição de 1945, ainda a ausência de notas e referências, bem como a descrição de eventos sem que possamos saber, com exatidão, a origem das informações.
Gradualmente, porém, ao longo de suas obras, Sérgio Buarque vai se aproximando do método histórico e de suas práticas, inclusive nos próprios trechos de reescrita de Monções.
Visão do paraíso procura discutir os motivos edênicos ligados ao processo de colonização das Américas, especialmente da América Latina.
Analisando uma quantidade impressionante de fontes documentais Sérgio Buarque procurou demonstrar como a crença no maravilhoso e no misterioso, difundida na Europa no período dos descobrimentos, participou efetivamente de escolhas realizadas tanto por Espanha quanto por Portugal em suas políticas de colonização.
Visão do paraíso é uma das mais famosas obras de Sérgio Buarque e uma das mais lidas ainda hoje.
Na formação de qualquer profissional de história, ler Visão do paraíso é uma obrigação. Suas discussões teóricas, sua metodologia na catalogação e análise de fontes, as formas de organização do conteúdo em vista dos objetivos a serem alcançados com a pesquisa tornam essa obra de Sérgio Buarque de Holanda uma das mais importantes da historiografia nacional. Seu pioneirismo é destaque, sim; mas não é por isso que ela deve ser lida, e sim por sua atualidade.
Caminhos e fronteiras, uma obra autoral, e que continua a exploração de Holanda na cultura formada pelos paulistas em sua relação com os indígenas.
Enquanto Caminhos e fronteiras é uma obra autoral de Sérgio Buarque de Holanda, da História geral da civilização brasileira ele foi primeiramente o organizador, ainda que vários capítulos da coleção tenham sido de sua lavra.
Em Caminhos e Fronteiras, há a preocupação com a sociedade paulista colonial e, mais particularmente, como se constituiu uma sociedade mesclada a determinados saberes e tecnologias dos povos indígenas.
Por outro lado, em História geral da civilização brasileira, há, além de uma perspectiva abrangente da história do Brasil que recupera certas preocupações suas da década de 1940, a última grande obra histórica do autor (Do Império à República), em que retoma, a partir de uma análise das condições e movimentos da desagregação política do Império, análises presentes ainda em Raízes do Brasil.
Em artigo de 1951, Sérgio Buarque de Holanda procurou apresentar um panorama bastante abrangente da produção historiográfica brasileira da primeira metade do século XX. Os pontos positivos eram poucos: além do destaque à obra de Capistrano de Abreu (que apresentaria princípios metodológicos da escola de Annales), Holanda destacava a publicação de documentos históricos que possibilitavam pesquisas de temas pouco explorados pelos historiadores.
Tema 03: Sérgio Buarque de Holanda e Ranke
Em um artigo de 1974, em que se propôs a discutir o pensamento do historiador alemão Leopold von Ranke, Sérgio Buarque de Holanda apresenta algumas de suas próprias concepções de História. Ao apresentar com lentes positivas o historicismo alemão, característico do trabalho de Ranke, Holanda revela que via também com bons olhos a explicação profundamente contextual de épocas e sociedades, a busca pela neutralidade e a objetividade, a primazia dos dados presentes nos documentos, a rejeição a uma apriorística filosofia da história, elementos presentes no trabalho de Ranke com os quais Holanda parece concordar.
Ao apresentar uma análise positiva das concepções rankeanas da História, em um artigo de meados dos anos 1970, Holanda revelava ainda sua independência em relação às tendências acadêmicas sobre os estudos históricos que, à época (como também hoje, aliás) viam o trabalho de Ranke como representante de uma concepção superada de História.
Em palestra realizada para estudantes de História da USP, entre 1967 e 1969, e recentemente publicada, Sérgio Buarque de Holanda explicitava algumas de suas concepções teóricas a respeito da história. Partindo de uma crítica ao estruturalismo por ser uma concepção teórica que ignora a temporalidade - algo fundamental à História - Holanda descreve, em linhas gerais, como o conhecimento histórico é avesso a generalizações. Afinal, seria um conhecimento voltado ao individual e ao concreto.
Holanda dialogava, e muito bem, com concepções contemporâneas de História, notadamente dos Annales.

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