Buscar

Apostila Proc. Civil (Conhecimento e Execução)


Continue navegando


Prévia do material em texto

Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
2 
SUMÁRIO 
01 ATOS PROCESSUAIS ....................................................................................................................... 5 
1.1 Nulidades....................................................................................................................................... 6 
1.2 Ineficácia ....................................................................................................................................... 8 
1.3 Processo calendário ...................................................................................................................... 8 
02 PROCESSO DE CONHECIMENTO .................................................................................................. 9 
2.1 Procedimentos no novo processo civil .......................................................................................... 9 
03 PETIÇÃO INICIAL ............................................................................................................................ 10 
04 EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL...................................................................................................... 12 
05 INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL ....................................................................................... 13 
06 CITAÇÃO .......................................................................................................................................... 14 
6.1 Formas de citação ....................................................................................................................... 15 
6.2 Nulidade da citação ..................................................................................................................... 17 
07 MECANISMOS DE SOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS ....................................................... 18 
07.1 Negociação................................................................................................................................ 18 
7.2 Conciliação .................................................................................................................................. 18 
08 DO DESINTERESSE DAS PARTES ............................................................................................... 19 
8.1 Ausência das partes na audiência .............................................................................................. 20 
8.2 Prazo para defesa ....................................................................................................................... 21 
8.3 Mediação ..................................................................................................................................... 21 
8.4 Funções do mediador .................................................................................................................. 22 
09 ARBITRAGEM E A LEI 9.307/96 COM AS MODIFICAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI Nº 
13.129/15 ............................................................................................................................................... 23 
9.1 A conciliação e a mediação judiciais no CPC e na Lei nº 13.140/15 .......................................... 24 
9.2 A mediação extrajudicial dos direitos disponíveis e indisponíveis transacionáveis .................... 24 
10 LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ................................................................ 25 
11 CUSTAS PROCESSUAIS ................................................................................................................ 28 
11.1 Justiça gratuita .......................................................................................................................... 29 
11.2 Má-fé na relação processual ..................................................................................................... 31 
11.2 Responsabilidade por dano processual .................................................................................... 31 
11.3 Dever de colaboração ............................................................................................................... 32 
11.4 Processo eletrônico ................................................................................................................... 32 
12 JULGAMENTO CONFORME ESTADO DO PROCESSO: EXTINÇÃO PARCIAL OU TOTAL DO 13 
PROCESSO .......................................................................................................................................... 33 
12.1 Julgamento liminar de improcedência do pedido ...................................................................... 34 
13 CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO ............................................................................................. 35 
13.1 Dos prazos ................................................................................................................................ 35 
13.2 Prazos especiais ....................................................................................................................... 36 
13.3 Das preliminares na contestação .............................................................................................. 36 
13.4 Reconvenção ............................................................................................................................ 38 
14 COMPETÊNCIA ............................................................................................................................... 39 
14.1 Suspeição e impedimento do juiz ............................................................................................. 40 
14.2 Incompetência ........................................................................................................................... 41 
14.3 Modificação de competência ..................................................................................................... 42 
15 FORMAÇÃO E SUSPENSÃO DO PROCESSO .............................................................................. 44 
15.1 Suspensão do processo ............................................................................................................ 45 
16 REVELIA .......................................................................................................................................... 47 
17 PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES .................................................................................................. 49 
18 DESPACHO SANEADOR ................................................................................................................ 50 
19 AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO.......................................................................................................... 51 
20 TEORIA GERAL DA PROVA ........................................................................................................... 52 
20.1 Objeto da prova ......................................................................................................................... 52 
20.2 Quem requer a produção de provas? ....................................................................................... 53 
20.3 Ônus da prova ........................................................................................................................... 54 
20.4 Provas ilícitas ............................................................................................................................ 55 
20.5 Suspensão do processo ............................................................................................................ 55 
20.6 Produção antecipada de provas ................................................................................................ 55 
20.7 Tipos de provas que podem ser antecipadas ........................................................................... 56 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
ProfessorLeonardo Rizzolo Fetter 
3 
20.8 Competência ............................................................................................................................. 57 
20.9 Petição ....................................................................................................................................... 57 
21 PROVAS EM ESPÉCIE.................................................................................................................... 58 
21.1 Ata notarial ................................................................................................................................ 58 
21.2 Depoimento pessoal .................................................................................................................. 59 
21.3 Da confissão .............................................................................................................................. 60 
21.4 Exibição de documento ou coisa .............................................................................................. 62 
21.5 Prova documental ..................................................................................................................... 63 
21.6 Prova testemunhal .................................................................................................................... 65 
21.7 Prova pericial ............................................................................................................................. 68 
21.8 Inspeção judicial ........................................................................................................................ 71 
22 EXTINÇÃO DO PROCESSO ........................................................................................................... 72 
22.1 Sentença terminativa ................................................................................................................. 72 
22.2 Sentença definitiva .................................................................................................................... 74 
22.3 Requisitos da sentença ............................................................................................................. 74 
22.4 Sentença ilíquida ....................................................................................................................... 75 
22.5 Sentença extra petita, ultra petita ou citra petita ....................................................................... 75 
22.6 Da coisa julgada formal ............................................................................................................. 76 
22.7 Da coisa julgada material .......................................................................................................... 76 
23 REEXAME NECESSÁRIO ............................................................................................................... 77 
24 ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO .............................................................................................. 78 
24.1 Alegações Finais ....................................................................................................................... 78 
25 AS PARTES NA RELAÇÃO PROCESSUAL EXECUTIVA .............................................................. 79 
25.1 Intervenção de terceiros na execução ...................................................................................... 82 
25.2 Litisconsórcio na execução ....................................................................................................... 82 
26 REQUISITOS DA EXECUÇÃO ........................................................................................................ 82 
26.1 Inadimplemento do devedor ...................................................................................................... 83 
26.2 Titulo executivo ......................................................................................................................... 83 
26.2.1 Requisitos do título executivo ................................................................................................ 85 
27 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ........................................................................................... 85 
27.1 Responsabilidade patrimonial de terceiros ............................................................................... 88 
28 LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA......................................................................................................... 90 
28.1 Liquidação provisória ................................................................................................................ 91 
28.2 Liquidação de sentença parcialmente ilíquida .......................................................................... 91 
28.3 Liquidação por arbitramento...................................................................................................... 92 
28.5 Liquidação por procedimento comum ....................................................................................... 92 
28.7 Liquidação de sentença genérica em ação civil pública ........................................................... 93 
28.8 Liquidação na fase de execução .............................................................................................. 93 
29 MEIOS DE EXECUÇÃO ................................................................................................................... 94 
29.1 Execução de título extrajudicial: regras gerais.......................................................................... 94 
29.2 Execução por quantia certa....................................................................................................... 96 
29.2.2 Processo de execução para entrega de coisa certa ............................................................ 105 
29.3 Processo de execução para entrega de coisa incerta ............................................................ 106 
29.4 Processo de execução de obrigação de fazer e não fazer ..................................................... 107 
29.5 Execução contra fazenda pública ........................................................................................... 108 
29.6 Execução de alimentos ........................................................................................................... 108 
30 FRAUDE A EXECUÇÃO E FRAUDE CONTRA CREDORES ....................................................... 109 
31 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ................................................................................................. 111 
31.1 Cumprimento de sentença: obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa certa ............. 112 
31.2 Cumprimento de sentença de quantia certa ........................................................................... 112 
31.3 Cumprimento de sentença de quantia certa contra fazenda pública ...................................... 113 
31.4 Cumprimento de sentença de prestação de alimentos ........................................................... 114 
32 PROTESTO DA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO E NEGATIVAÇÃO DO NOME 
33 DO DEVEDOR ............................................................................................................................... 114 
34 A HIPOTECA JUDICIÁRIA ............................................................................................................. 115 
35 SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DAS EXECUÇÕES .......................................................................... 116 
35.1 Suspensão das execuções ..................................................................................................... 116 
35.2 Extinção das execuções .......................................................................................................... 117 
36 DEFESA DO EXECUTADO ...........................................................................................................118 
36.1 Embargos à execução ............................................................................................................. 118 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
4 
36.2 Procedimento dos embargos .................................................................................................. 121 
36.3 Impugnação ao cumprimento de sentença ............................................................................. 125 
36.3.1 Procedimento da impugnação ao cumprimento de sentença .............................................. 127 
37 EXCEÇÕES E OBJEÇÕES DE PRÉ-EXECUTIVIDADE .............................................................. 128 
38 DEFESA DO EXECUTADO APÓS A APRESENTAÇÃO DOS EMBARGOS ............................... 129 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 132 
 
 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
5 
 
ATOS PROCESSUAIS 
 
O processo consiste em uma sucessão de atos. Atos processuais são os atos 
humanos realizados no processo, os quais devem ser praticados em conformidade 
com o que determina a lei. “No entanto, o CPC flexibiliza essa regra, em especial no 
artigo 190, ao permitir que, nos processos em que se admite a autocomposição, as 
partes capazes possam estipular mudanças no procedimento e convencionar sobre 
o seu ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou depois do 
processo, com o controle do juiz” (GONÇALVES, 2016, p. 307). 
Um ato processual não se assemelha a um fato processual, visto que esses 
se realizam independentemente da vontade do agente, ocorrendo naturalmente, 
porém causando algum efeito ao processo, como a morte de uma das partes, por 
exemplo. 
 
a) Atos processuais das partes: previsto no artigo 200 do NCPC, se 
subdivide em declarações unilaterais, que são os atos realizados apenas pela parte, 
como no caso da petição inicial, ou bilaterais, que requerem a manifestação de 
ambas as partes, como no caso do acordo. São atos que geram imediatamente a 
constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Os atos das partes 
também podem ser classificados em atos postulatórios, que exprimem a pretensão 
das partes (petição inicial), instrutórios, que visam provar as respectivas alegações, 
ou dispositivos, que são os atos que finalizam o processo. 
 
b) Atos processuais do juiz: o pronunciamento do juiz poderá ser feito 
através de sentenças, decisões interlocutórias e despachos. De acordo com art. 
203, §1º, sentença é o meio pelo qual o juiz, através dos artigos 485 e 487, finaliza a 
fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Decisão 
interlocutória é toda decisão judicial que não se enquadra no conceito de sentença 
(§ 2º). E despacho são os demais procedimentos do juiz realizados no processo, de 
ofício ou a requerimento da parte (§ 3º). 
 
01 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
6 
c) Atos processuais dos auxiliares de justiça: são os atos praticados pelo 
escrivão ou chefe de secretaria. Estão disciplinados nos artigos 206 a 2011 do 
NCPC. 
 
Questão 01 - XX Exame: 
 Rafael e Paulo, maiores e capazes, devidamente representados por seus 
advogados, celebraram um contrato, no qual, dentre outras obrigações, havia a previsão de 
que, em eventual ação judicial, os prazos processuais relativamente aos atos a serem 
praticados por ambos seriam, em todas as hipóteses, dobrados. Por conta de desavenças 
surgidas um ano após a celebração da avença, Rafael ajuizou uma demanda com o objetivo 
de rescindir o contrato e, ainda, receber indenização por dano material. Regularmente 
distribuída para o juízo da 10ª Vara Cível da comarca de Porto Alegre/RS, o magistrado 
houve por reconhecer, de ofício, a nulidade da cláusula que previa a dobra do prazo. Sobre 
os fatos, assinale a afirmativa correta. 
 
A) O magistrado agiu corretamente, uma vez que as regras processuais não podem ser 
alteradas pela vontade das partes. 
B) Se o magistrado tivesse ouvido as partes antes de reconhecer a nulidade, sua decisão 
estaria correta, uma vez que, embora a cláusula fosse realmente nula, o princípio do 
contraditório deveria ter sido observado. 
C) O magistrado agiu incorretamente, uma vez que, tratando-se de objeto disponível, 
realizado por partes capazes, eventual negócio processual, que ajuste o procedimento às 
especificidades da causa, deve ser respeitado. 
D) O juiz não poderia ter reconhecido a nulidade do negócio processual, ainda que se 
tratasse de contrato de adesão realizado por partes em situações manifestamente 
desproporcionais, uma vez que deve ser respeitada a autonomia da vontade. 
 
1.1 Nulidades 
 
Um ato processual será considerado nulo quando não observar todos os 
requisitos de validade e acarretar algum prejuízo. Se o juiz identificar uma nulidade 
durante o processo, ordenará que seja corrigida, avaliando, inclusive, se os atos 
posteriores que dele dependam também devem ser reparados (artigo 282 do 
NCPC). A nulidade de um ato só poderá anular os atos posteriores que dele 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
7 
dependam, não prejudicando os atos posteriores independentes, conforme disciplina 
o artigo 281 do NCPC. 
Após o encerramento do processo ainda haverá a possibilidade de ser 
alegada alguma nulidade absoluta, através da ação rescisória, entretanto, passado o 
prazo para a propositura da ação, a nulidade restará sanada. Já a nulidade relativa 
deverá ser alegada na primeira oportunidade, sob pena de preclusão. 
 Enquanto a nulidade não for identificada e o juiz não a reconhecer ela será 
considerada um ato válido, produzindo seus efeitos normalmente. 
 A nulidade, nesse caso, diz respeito apenas aos atos praticados pelo juiz ou 
seus auxiliares, sendo que os atos praticados pelas partes, caso estejam em 
desconformidade com os requisitos legais, apenas não irão gerar efeitos, sendo atos 
ineficazes e não nulos. 
 São exemplos de atos nulos: 
 
- As decisões prolatadas por juízes impedidos ou por juízos 
absolutamente incompetentes; 
- Falta de intervenção do Ministério Público, quando obrigatória; 
- A citação realizada sem obediência às formalidades legais; 
- A sentença que não observe a forma prescrita em lei. (GONÇALVES, 
2016, p. 322). 
 
A nulidade absoluta poderá ser decretada de ofício ou por qualquer uma das 
partes (exceto em alguns casos), já a relativa só poderá ser alegada pela parte 
interessada/prejudicada. 
 De acordo com o artigo 277 do NCPC, o ato será considerado válido pelo juiz, 
desde que tenha alcançado a finalidade para o qual foi previsto, mesmo que tenha 
sido realizado de forma contrária a lei. Isso porque adota-se o princípio da 
instrumentalidade das formas, que diz que a forma é necessária apenas para que o 
ato alcance o seu objetivo, sendo que se atingir o objetivo por outro meio não 
existirá o vício. Exemplo: o réu é citado de forma incorreta, mas comparece à 
audiência e se defende. O ato que inicialmente era nulo se tornará válido. 
 
Questão 02 - XX Exame (Salvador): 
No decorrer da tramitação de uma ação, em que se discutiam as declarações de 
última vontade contidas em um testamento, foi alegada, pela parte interessada, a ausência 
de intervenção obrigatória do Ministério Público, requerendo, como consequência, a 
anulação de todo o procedimento. Com base no CPC/15, assinale a afirmativa correta. 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª FaseProfessor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
8 
 
A) A alegação está correta, uma vez que compete ao Ministério Público intervir nas causas 
concernentes a disposições de última vontade, sob pena de nulidade. 
B) O advogado da parte contrária pode arguir a inexistência de obrigatoriedade de 
intervenção, uma vez que, nesse caso, cabe ao parquet avaliar a presença do interesse 
público ou social, decidindo ou não pela intervenção. 
C) Não há nulidade na situação narrada, pois a obrigatoriedade de intervenção do Ministério 
Público se limita às ações em que haja interesse de incapaz ou participação da Fazenda 
Pública. 
D) A alegação de nulidade está correta, de modo que o juiz deverá invalidar todo o 
processo, desde a distribuição. 
 
1.2 Ineficácia 
 
 A ineficácia de um ato processual ocorre quando não há a observância de 
alguma forma essencial ou estrutural do processo. 
 A ineficácia, diferentemente da nulidade, não será sanada pelo decurso do 
tempo, podendo ser alegada a qualquer momento, ou seja, não gera a preclusão. 
 Se for identificada a ineficácia no curso do processo, o juiz determinará que o 
ato seja sanado, com a renovação dos atos viciados e os seus subsequentes, e se o 
processo já estiver encerrado poderá ser alegada através de uma ação declaratória 
de ineficácia, impugnação ao cumprimento de sentença ou ação de embargos à 
execução. 
 
1.3 Processo calendário 
 
 Os atos processuais serão praticados em dias úteis, das 06 às 20 horas, 
conforme o artigo 212 do NCPC. Esse prazo poderá ser prorrogado no caso de 
finalização de algum ato iniciado dentro do horário, quando o adiamento prejudicar a 
diligência ou causar grave dano (§1º), exceto no caso dos atos (não eletrônicos) que 
dependam de protocolo, sendo que esses só poderão ser realizados dentro do 
horário de expediente do respectivo órgão. Já os atos processuais realizados por 
meio eletrônico poderão ocorrer até as 24 horas do último dia do prazo, 
independentemente do horário (artigo 213 do NCPC). 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
9 
 
 
 
 
 No período das férias forenses, feriados ou dias úteis fora do horário 
mencionado anteriormente os atos processuais não serão praticados, exceto no 
caso das citações, intimações, penhoras e tutelas de urgência, independentemente 
de autorização judicial. 
 Ainda, durante as férias forenses também serão praticados outros atos 
processuais, conforme o artigo 215 do NCPC. 
 
Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não 
se suspendem pela superveniência delas: 
I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à 
conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo adiamento; 
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e 
curador; 
III - os processos que a lei determinar. 
 
 Para efeito forense, além dos declarados em lei, também consideram-se 
como feriados, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente nos 
órgãos jurisdicionais (artigo 216 do NCPC). 
 Em regra, os atos processuais se realizarão na sede do juízo (cartório ou vara 
judicial). Porém, de acordo com o artigo 217 do NCPC, também podem se realizar 
em outro lugar, em razão do interesse da justiça (cartas precatórias), bem como 
diante da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo 
juiz (testemunha que não tem condições de se locomover). 
 
 
PROCESSO DE CONHECIMENTO 
 
2.1 Procedimentos no novo processo civil 
 
A partir da entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil, as 
disposições relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos especiais (do 
antigo CPC, que foram revogadas) passam a seguir o procedimento comum ou um 
02 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
10 
dos procedimentos especiais regulados em outras leis, conforme dispõe o artigo 
1.046. 
Desta forma, conforme o § 1o, do referido artigo, o procedimento sumário 
deixa de existir nos novos processos, contudo, as ações propostas que não foram 
sentenciadas até a entrada em vigor do NCPC, seguirão o rito sumário 
normalmente. 
 Os procedimentos podem ser classificados em: 
a) Comuns: segue sempre o mesmo padrão, são aqueles que a lei não definir o 
procedimento especial. É encontrado no Livro I, Título I, da Parte Especial do 
CPC. 
b) Especiais: possuí procedimento especifico, encontrado no Título III, do 
mesmo livro. 
 
PETIÇÃO INICIAL 
 
O juiz não age por ofício nos processos, isto é, faz-se necessário a iniciativa 
da parte (ou do Ministério Público, arts. 177 e 720) a partir da formulação do pedido, 
a petição inicial é a peça exordial para a inauguração do processo civil, 
independente do rito. Será a responsável pela instauração da demanda e da tutela 
pública ou privada. 
Conforme artigos 319 e 320 do CPC, a petição inicial deverá conter alguns 
requisitos: 
 
Art. 319. A petição inicial indicará: 
I - o juízo a que é dirigida; 
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a 
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no 
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e 
a residência do autor e do réu; 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
IV - o pedido com as suas especificações; 
V - o valor da causa; 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos 
alegados; 
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou 
de mediação. 
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o 
autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua 
obtenção. 
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de 
informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. 
03 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
11 
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto 
no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível 
ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. 
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis 
à propositura da ação. 
 
 O NCPC traz uma inovação referente a qualificação das partes na petição 
inicial, tratado no artigo 319, inciso II, refere que a petição agora deverá indicar além 
do nome, prenomes, estado civil, profissão, domicilio e residência do autor e do réu, 
deverá mencionar também a existência de união estável, o CPF ou CNPJ e o email 
(pelo qual poderá ser feita intimação ou citação, de acordo com o artigo 246, inciso 
V do NCPC). 
A petição não será indeferida, se na falta da indicação de uma dessas 
informações, ainda seja possível a citação do réu, ou então se a obtenção de tais 
informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça, 
conforme §§ 2º e 3º, do artigo 319 do NCPC. Ainda, o juiz tem o dever de, quando o 
réu não for encontrado, ou não houver dados suficientes sobre sua localização, 
requisitar informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de 
concessionárias de serviços públicos (art. 256, §3º), podendo essas diligências 
serem requeridas ao juiz, na petição inicial (art. 319, VII e 334, do CPC). 
 Além do mais, a petição inicial deverá indicar se o autor deseja ou não de que 
lhe seja designada audiência de conciliação ou mediação (art. 334), bem como, 
deverá juntar a procuração contendo nome do advogado, OAB, endereço completo 
(art. 105, §2º). A não juntada será admitida somente, para evitar preclusão, 
decadênciaou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente (art. 287, I c/c 
art. 104). 
Assim, a indicação e a qualificação completa das partes deverá conter: os 
nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o 
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da 
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu. 
Para as pessoas jurídicas deve ser indicado: nome da empresa, sede, 
número de inscrição no CNPJ, endereço eletrônico, representante da pessoa jurídica 
(colocar a qualificação do representante). Se o autor for absolutamente ou 
relativamente incapaz, deverá ser indicado a pessoa que o representa ou assiste. 
 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
12 
EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL 
 
 O juiz poderá determinar que o autor emende ou complete a inicial – salvo na 
hipótese do inciso VI, do artigo 319 (refere as provas que o autor produzirá), ou na 
ausência de documento indispensável à propositura da ação, que ensejará na 
resolução sem mérito – no prazo de 15 dias, indicando precisamente o que deve ser 
corrigido ou completado na inicial, conforme artigo 321: 
 
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos 
dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de 
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve 
ser corrigido ou completado. 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a 
petição inicial. 
 
 Assim, se o juiz verificar que petição inicial não preenche os requisitos dos 
artigos 319 e 320 do CPC, ou apresenta defeitos e irregularidades capazes de 
dificultar o julgamento, determinará que o autor emende ou a complete, no prazo de 
15 dias. Observe que o juiz precisa indicar o que deve ser emendado, sendo vedado 
ordem genérica. 
Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a inicial. Já, do não 
recebimento da inicial, o autor poderá apelar da decisão no prazo de 15 dias (art. 
331). 
 O prazo para emendar a petição inicial não é preclusivo, “se o autor a 
emendar depois de quinze dias, o juiz receberá a emenda, salvo se tiver proferido a 
sentença de indeferimento” (GONÇALVES, 2016, p. 423). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
04 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
13 
 
INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL 
 
 A petição inicial pode conter vícios que são insanáveis, como por exemplo, 
ilegitimidade de parte, neste caso, como o vício não pode ser regularizado, ocorrerá 
o indeferimento liminar, julgando extinto o processo, sem resolução do mérito 
(através da sentença), portanto o recurso cabível é a apelação, no prazo de 15 dias, 
sendo que o juiz poderá retratar-se da decisão no prazo de 05 dias. 
 As hipóteses de indeferimento estão dispostas no artigo 330: 
 
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: 
I - for inepta; 
II - a parte for manifestamente ilegítima; 
III - o autor carecer de interesse processual; 
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e321. 
 
 Considera-se inepta a petição que não conter causa de pedir ou pedido, o 
pedido for indeterminado, se da narração dos fatos não decorrer logicamente a 
conclusão e contiver pedidos incompatíveis entre si. 
O Juiz julgará, como regra, a extinção sem resolução de mérito (art. 485) a 
petição que for inepta, sempre que o autor formular pedido genéricos e 
indeterminados, salvo as hipóteses do artigo 324, §1º do NCPC: 
 
Art. 324. O pedido deve ser determinado. 
§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico: 
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens 
demandados; 
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do 
ato ou do fato; 
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender 
de ato que deva ser praticado pelo réu. 
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. 
 
 O juiz poderá julgar liminarmente improcedente o pedido, independentemente 
da citação, quando contrariar (art. 332): 
 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior 
Tribunal de Justiça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas 
repetitivas ou de assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
 
05 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
14 
 Ou poderá julgar liminarmente improcedente o pedido, se verificar a 
ocorrência de decadência ou prescrição (art. 332, §1º), julgando com resolução de 
mérito (art. 487). 
 O autor terá prazo de quinze dias para interpor apelação contra decisão 
proferida, caso não seja interposta, o réu será intimado do trânsito em julgado da 
sentença, nos termos do artigo 241. Caso haja interposição do recurso, o juiz poderá 
retratar-se, não havendo retratação, o réu será intimado para apresentar 
contrarrazões de apelação no prazo de quinze dias (ainda que não tenha sido citado 
para apresentar contestação). Ex.: João entra com uma ação, o juiz julgou de forma 
liminar a improcedência da ação, o autor apela, e o réu que nem sabia da existência 
dessa ação será chamado para apresentar contrarrazões. 
 No caso de sentença reformada: “Sendo a sentença reformada pelo tribunal, 
o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, 
observados o disposto no artigo 334 do CPC” (MOTA et al, 2016, p.684). 
 
 
 
 
 
 
CITAÇÃO 
 
 No Código de Processo Civil anterior o pedido de citação era essencial na 
petição inicial, sob pena de ter que emendar a inicial, contudo, no novo CPC, não 
mais se exige tal pedido, como pode-se conferir no quadro comparativo abaixo: 
06 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
15 
 
Nota-se que no lugar do requerimento de citação no CPC de 1973, hoje se 
prevê que o autor deverá manifestar seu interesse ou não na audiência de 
conciliação ou de mediação, não mencionando mais o dever do autor de requerer a 
citação. 
 
6.1 Formas de citação 
 
O NCPC trouxe uma inovação quanto ao meio de citação (art. 246), a 
possibilidade de utilização da fé pública do escrivão ou do chefe de secretaria para 
citação. 
O escrivão ou o chefe de secretaria fará a citação no balcão do fórum, 
certificando no processo que a parte está sendo citada. 
As demais formas de citação continuam da mesma forma (art. 246): 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
16 
 
Art. 246. A citação será feita: 
I - pelo correio; 
II - por oficial de justiça; 
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em 
cartório; 
IV - por edital; 
V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei. 
§ 1o Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, 
as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos 
sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de 
citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse 
meio. 
§ 2o O disposto no § 1o aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal, 
aos Municípios e às entidades da administração indireta. 
§ 3o Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados 
pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de prédio 
em condomínio,caso em que tal citação é dispensada. 
 
A chamada citação por hora certa, nada mais é do que após duas tentativas 
de citação pelo oficial de justiça, poderá o réu ser citado por hora certa, desde que 
seja suspeito de ocultação. 
A citação por edital antes, no antigo CPC, ocorria no diário oficial e no jornal 
local, agora ela ocorrerá em duas plataformas digitais, no site do Tribunal de 
Justiça (se em âmbito estadual) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), sendo 
FACULTATIVA a publicação em jornal local. 
“Despacho que ordena a citação interrompe a prescrição, ainda que 
ordenado por juízo incompetente. Ao proferi-lo, o juiz, implicitamente, está 
recebendo a petição inicial, o que pressupõe que ela esteja em ordem” 
(GONÇALVES, 2016, p. 397). Os efeitos da citação estão elencados no artigo 240 
do CPC: 
 
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, 
induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o 
devedor, ressalvado o disposto nos 
§ 1o A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a 
citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de 
propositura da ação. 
§ 2o Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências 
necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto 
no § 1o. 
§ 3o A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao 
serviço judiciário. 
§ 4o O efeito retroativo a que se refere o § 1o aplica-se à decadência e aos 
demais prazos extintivos previstos em lei. 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
17 
6.2 Nulidade da citação 
 
O NCPC ao falar de citação, trouxe diversas novidades. Anteriormente o réu, 
na contestação alegava nulidade da citação e o juiz poderia reconhecer essa 
nulidade e intimar o réu da decisão, sendo que a partir disso começava a correr o 
prazo de contestação novamente, contudo, no novo CPC, diz que o comparecimento 
espontâneo do réu, supre a nulidade da citação, vide o artigo 239: 
 
Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou 
do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial 
ou de improcedência liminar do pedido. 
§ 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou 
a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação 
de contestação ou de embargos à execução. 
§ 2o Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de: 
I - conhecimento, o réu será considerado revel; 
II - execução, o feito terá seguimento. 
 
 Decorre do princípio da instrumentalidade, expressamente convencionado no 
artigo 188, do NCPC, o quer dizer que: 
 
A desobediência a determinada forma prescrita na lei processual não 
invalidará o ato que tenha atingido o resultado para o qual foi previsto. Por 
exemplo: a lei impõe determinadas formalidades para a citação do réu. 
Ainda que desobedecidas, o ato será válido se o réu comparecer ajuízo 
(CPC, art. 239, § 1°). A finalidade da citação é dar ciência ao réu da 
existência do processo; e, se ele compareceu, é porque tomou 
conhecimento (GONÇALVES, 2016, p. 40). 
 
 Desta forma, estando o réu habilitado no processo, começara a correr os 
prazos, ainda que ele apenas tenha se habilitado para dizer que a citação é nula ou 
que não foi citado, ou seja, não poderá se habilitar no processo e esperar o juiz 
decidir se há ou não nulidade, deverá desde já observar o prazos processuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
18 
 
MECANISMOS DE SOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS 
 
 Como regra geral, cabe apenas ao Poder Judiciário intervir nas relações 
jurisdicionais, porém de acordo com o artigo 3º, § 2º, do NCPC, admite-se também 
que os conflitos sejam solucionados de forma consensual, sempre que possível, 
através dos meios que serão estudados a seguir. 
 
07.1 Negociação 
 
 A negociação é o método que visa auxiliar as partes no objetivo de encontrar 
uma solução adequada para os conflitos, ou seja, é a base que dá fundamento as 
demais técnicas. 
 Para a efetivação de uma negociação será necessário o envolvimento das 
partes, tendo como estratégias, entre outras, a cooperação, a capacidade de 
superar a desconfiança e a animosidade (GARCEZ, 2004). 
 
7.2 Conciliação 
 
 Os Tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos 
(composição e organização definida pelo CNJ), locais onde se realizarão sessões e 
audiências de conciliação e mediação, conforme o que estabelece o artigo 165, do 
NCPC. 
Essa audiência não será realizada pelo juiz, na sala de audiências, mas pelos 
conciliadores ou mediadores, nos centros judiciários de solução consensual de 
conflitos, que serão criados pelos tribunais. A redação peremptória do art. 165, 
caput, não deixa dúvida quanto à obrigatoriedade imposta aos tribunais de que criem 
tais centros. Sem eles, não haverá como realizar adequadamente a audiência inicial 
do procedimento comum. Onde houver mais de uma vara, caberá ao Centro, que 
deverá ocupar espaço próprio, realizar todas as audiências do art. 334, para todos 
os juízos (GONÇALVES, 2016, p. 40). 
 O conciliador atuará preferencialmente nos casos em que NÃO houver 
vinculo anterior entre as partes, podendo sugerir soluções ao litigio, já o mediador 
07 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
19 
atuará preferencialmente nos casos em que houver vinculo anterior entre as partes 
litigantes, auxiliando-os a entender as questões em conflitos, apenas auxiliando para 
que as próprias partes encontrem uma solução consensual. 
 Os mediadores e conciliadores, formados por cursos do CNJ, é que 
comandarão tais audiências, não os juízes, esses apenas homologarão os acordos, 
quando houver. Os mediadores e conciliadores serão escolhidos pelas partes em 
comum acordo (art. 168), não havendo acordo, haverá distribuição entre aqueles 
cadastrados no registro do tribunal. 
 
 
 
 
 
DO DESINTERESSE DAS PARTES 
 
 Já no início da fase postulatória o Juiz marcará audiência de mediação ou 
conciliação, atendendo o que prevê o artigo 3º, §2º e 3º do NCPC: 
 
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. 
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos 
conflitos. 
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de 
conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores 
públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo 
judicial. 
 
O autor deverá demonstrar na petição inicial que tem interesse na audiência 
de mediação e conciliação. Contudo, ainda que diga que não tem interesse, o juiz 
marcará audiência e mandará citar o réu, que também deverá se manifestar sobre o 
seu interesse na autocomposição, somente não será designada quando o juiz 
entender que a autocomposição é inviável naquela lide ou se AMBAS as partes 
disserem que não tem interesse. 
 Se o autor omitir na inicial seu interesse ou não pela audiência, o juiz 
entenderá sua omissão como concordância com o ato, então, caso o réu venha a 
dizer que não tem interesse, será designada audiência mesmo assim, ou ainda, se o 
08 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
20 
autor disser que não quer, mas o réu se manifestar pela realização da audiência de 
conciliação ou mediação, ela será designada pelo juiz. 
 De acordo com o artigo 334 do NCPC, o juiz aoreceber a petição e não for 
caso de improcedência liminar, deverá designar a audiência de conciliação ou 
mediação com antecedência mínima de 30 dias, sendo que o réu terá que ser 
citado, pelo menos 20 dias antes da audiência e sua manifestação de desinteresse 
ou interesse deverá ser apresentada até 10 dias antes (§5º) da audiência. Em caso 
de litisconsórcio, todos deverão manifestar o desinteresse (§6º). 
Ainda, o artigo 166 do NCPC, diz que a conciliação e a mediação serão 
informadas pelos princípios da independência, imparcialidade, autonomia da 
vontade, confidencialidade, oralidade, informalidade e da decisão informada. 
 
8.1 Ausência das partes na audiência 
 
 O comparecimento das partes é obrigatório, sob pena de ato atentatório 
contra à dignidade da justiça e sob pena de multa de 2% da vantagem econômica 
pretendia ou do valor da causa. 
 As partes devem comparecer e estarem acompanhadas de seus respectivos 
advogados ou defensores públicos. Contudo, se a parte não puder comparecer, 
poderá ser representada por seu advogado, desde que tenha procuração com 
poderes específicos (art. 334, §10º). 
 
Questão 03 - XX Exame: 
Distribuída a ação, Antônia (autora) é intimada para a audiência de conciliação na 
pessoa de seu advogado. Explicado o objetivo desse ato pelo advogado, Antônia informa 
que se recusa a participar da audiência porque não tem qualquer possibilidade de 
conciliação com Romero (réu). Acerca da audiência de conciliação ou de mediação, com 
base no CPC/15, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Romero deverá ser citado para apresentar defesa com, pelo menos, 15 (quinze) dias de 
antecedência. 
B) A audiência não será realizada, uma vez que Antônia manifestou expressamente seu 
desinteresse pela conciliação. 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
21 
C) Ainda que ambas as partes manifestem desinteresse na conciliação, quando a matéria 
não admitir autocomposição, a audiência de conciliação ocorrerá normalmente. 
D) Antônia deve ser informada que o seu não comparecimento é considerado ato atentatório 
à dignidade da justiça, sob pena de multa 
 
8.2 Prazo para defesa 
 
 Começará a correr o prazo para defesa no primeiro dia útil subsequente em 
que as partes não realizarem o acordo em audiência, ou, caso haja auto 
composição, o processo será extinto, homologada sentença pelo juiz, tornando-se 
título executivo judicial (art. 515, II). 
 Se na petição inicial o autor se manifestou pela não realização da audiência 
de mediação ou conciliação, no primeiro dia útil subsequente ao protocolo do pedido 
de cancelamento do réu (quanto a audiência de conciliação e mediação) começará a 
correr o prazo para contestar. 
 Em caso de litisconsórcio, para ter o prazo em dobro, deverão ter diferentes 
procuradores, com escritórios diversos. Para a audiência de conciliação ou 
mediação, todas partes deverão se manifestar, o silêncio de alguma acarreta na 
designação da audiência, pelo juiz. Em caso de cancelamento, todos os réus 
litisconsortes devem manifestar que não querem. 
 Nesses casos, o prazo começará a contar desde a manifestação de cada réu, 
diferente do antigo Código, onde o prazo começava a correr do último litisconsorte, 
ficando um prazo único para todos os réus. Agora, no NCPC, o prazo é diferente 
para cada réu, começando a correr a partir do primeiro dia útil subsequente ao 
protocolo de cancelamento da audiência de cada um. 
 
8.3 Mediação 
 
 Trata-se de um meio de solução de conflitos. Seu conceito está disciplinado 
no parágrafo único, do artigo 1º, da Lei nº 13.140/15, que assim dispõe: 
“Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem 
poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a 
identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia”. 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
22 
 De acordo com o artigo 2º da Lei nº 13.140/15, a mediação deverá seguir os 
seguintes princípios: 
 
I - Imparcialidade do mediador; 
II - Isonomia entre as partes; 
III - Oralidade; IV - Informalidade; 
V - Autonomia da vontade das partes; 
VI - Busca do consenso; 
VII - Confidencialidade; 
VIII - Boa-fé. 
 
Essa técnica poderá tratar de todo um processo ou apenas de uma parte 
dele. A audiência de conciliação ou mediação poderá ser realizada também por meio 
eletrônico, conforme o artigo 334, §7º, do NCPC. 
 O objeto da mediação pode ser tanto questões que tratam de direitos 
disponíveis, quanto de direitos indisponíveis, conforme o artigo 3º, da Lei nº 
13.140/15. 
 
8.4 Funções do mediador 
 
 O mediador será indicado pelo tribunal ou pelas partes. Ele intermediará a 
conversação entre os litigantes, visando o entendimento e o acordo entre eles, com 
o objetivo de resolver o conflito. 
 No momento da escolha do mediador é importante observar as hipóteses de 
suspeição e impedimento do juiz, visto que nesse caso se aplicam as mesmas 
normas, devendo ser observados os artigos 144 e 145 do NCPC. Assim, o mediador 
tem a obrigação de revelar, antes de assumir o posto, qualquer circunstância que 
comprometa a sua imparcialidade, dando a oportunidade para que as partes se 
manifestem sobre a sua aceitação ou não. 
 Depois de mediar algum processo, o mediador fica impedido, pelo período de 
um ano, de figurar nas demandas que envolvam as partes que mediou. Fica 
impedido, ainda, de ser arbitro ou testemunha nos processos em que tenha atuado. 
 Para os efeitos penais, o mediador e os que o auxiliaram são igualados a um 
servidor público. 
 A audiência de mediação será marcada pelo juiz, após serem observados os 
requisitos da petição inicial e não sendo caso de indeferimento preliminar. A partir da 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
23 
primeira sessão o procedimento tem 60 dias para ser finalizado, exceto no caso de 
ambas as partes concordarem pela prorrogação. 
 Havendo êxito e sendo feito acordo entre as partes, o processo será 
arquivado pelo juiz, ou, em caso de pedido das partes, o juiz, antes do 
arquivamento, homologará o acordo através da uma sentença. 
 Caso não tenha ocorrido a citação do réu no momento da solução do conflito, 
não serão cobradas custas judiciais finais. 
 
ARBITRAGEM E A LEI 9.307/96 COM AS MODIFICAÇÕES 
INTRODUZIDAS PELA LEI Nº 13.129/15 
 
 A arbitragem, que está disciplinada na Lei nº 9.307/96, é uma técnica de 
solução de conflitos, onde as partes, através de um acordo, escolhem uma terceira 
pessoa que ficará encarregada de decidir a demanda, atuando como uma espécie 
de juiz. Porém, não é para qualquer conflito que se admite a referida técnica, sendo 
que existem algumas limitações, precisando, assim, de autorização judicial. 
 A Lei nº 13.129/15 trouxe algumas modificações a esse instituto em relação a 
sua aplicação: 
Recentemente, através da edição da Lei 13.129/15 foi ampliada a aplicação 
da arbitragem para dispor sobre a escolha de árbitros quando as partes recorrem a 
órgão arbitral, a interrupção da prescrição pela instituição da arbitragem. Ademais, 
regulamenta a concessão de tutelas de urgência, carta arbitral, bem como a 
sentença arbitral. (MOTA et al, 2016, p. 573). 
 De acordo com o artigo 31 da Lei 13.129/15, a sentença proferida pelo juiz 
arbitral constituirá título executivo se for condenatória, mas o conteúdo da referida 
sentença poderá ser averiguado pelo Poder Judiciário, em se tratando dos 
elementos de regularidade. 
 E diferentemente da mediação, na arbitragem apenas podem ser apreciadosos direitos disponíveis, que são os patrimoniais. 
 
 
 
 
09 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
24 
9.1 A conciliação e a mediação judiciais no CPC e na Lei nº 13.140/15 
 
 A conciliação e a mediação também podem ser utilizadas em relações 
envolvendo pessoas jurídicas de Direito Público. 
 O artigo 174 do NCPC, dispõe que: 
 
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão 
câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução 
consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: 
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; 
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio 
de conciliação, no âmbito da administração pública; 
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de 
conduta. 
 
 Também encontra amparo legal nos artigos 32 e seguintes da Lei nº 
13.140/15. 
 A criação dessas câmaras não obriga que todos os conflitos do Poder Público 
sejam apreciados por elas, visto que são facultativos, e com a ressalva de que 
estejam previstos no regulamento do ente federado. Ainda, exclui-se os conflitos que 
apenas podem ser decididos pelo Poder Legislativo. 
 Poderá haver mediação coletiva de casos referentes a prestação de serviços 
públicos. 
 Quando instaurados os procedimentos de mediação e arbitragem na 
administração pública ocorre a suspensão da prescrição. 
 Também poderão ser criadas câmeras para resolver os conflitos entre 
particulares nas questões que se referem a atividades supervisionadas ou reguladas 
pelo Poder Público. 
 
9.2 A mediação extrajudicial dos direitos disponíveis e indisponíveis 
transacionáveis 
 
 A mediação também pode ocorrer extrajudicialmente, no caso de as partes 
tentarem resolver o conflito, através da mediação, antes de adentrarem na esfera 
judicial. 
 Poderá atuar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz, não 
precisando ter feito nenhum curso específico, desde que tenha a confiança das 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
25 
partes e seja capacitado para fazer mediação (artigo 9º, da Lei nº 13.140/15). A 
escolha do mediador será feita livremente pelas partes. 
 O convite feito pela parte interessada na mediação extrajudicial à outra parte 
poderá ser feito através de qualquer meio de comunicação, devendo ser estipulado 
o objetivo para a negociação, a data e o local do primeiro encontro. 
 Diante disso, a parte contrária poderá aceitar ou recusar expressamente a 
mediação ou até mesmo não responder, caso em que será considerado rejeitado, 
visto que a lei estipula o prazo de 30 dias para resposta (artigo 21, parágrafo únicos, 
da Lei nº 13.140/15). 
 Se a parte convidada não comparecer à primeira reunião de mediação e não 
houver cláusula punitiva regulando essa possibilidade, ficará obrigada ao pagamento 
de cinquenta por cento das custas e honorários sucumbenciais caso venha a ser 
vencedora em procedimento arbitral ou judicial posterior, que envolva o escopo da 
mediação para a qual foi convidada (artigo art. 22, § 2º, IV, da Lei). 
 
LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
 
 O litisconsórcio ocorre quando duas ou mais pessoas são partes em um 
mesmo processo, tendo interesses em comum. O instituto do litisconsórcio está 
previsto no artigo 113 do NCPC, que disciplina que: 
 
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em 
conjunto, ativa ou passivamente, quando: 
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à 
lide; 
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; 
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. 
 
 No caso de haver mais de um autor, o litisconsórcio será chamado de ativo, 
havendo mais de um réu, litisconsórcio passivo, e se houver pluralidade de autores e 
réus, será chamado de misto. 
 O litisconsórcio pode ser obrigatório ou não. No caso de ser obrigatório, tem-
se o litisconsórcio necessário ou obrigatório, acarretando, no caso de sua não 
observância, a extinção do processo (artigo 115, parágrafo único, do NCPC). E não 
existindo essa obrigatoriedade, tem-se o litisconsórcio facultativo. 
10 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
26 
 O litisconsórcio necessário ou obrigatório decorre de expressa previsão legal, 
como no caso do artigo 73 do NCPC, que exige que ambos os cônjuges ou 
companheiros figurem conjuntamente em ações que versem sobre direito real 
imobiliário ou, ainda, devido à natureza da relação entre as partes. Já o litisconsórcio 
facultativo deriva apenas da vontade da parte autora, que pode optar por propor uma 
única ação contra todos os réus que tenham ligação na demanda. 
 Ainda, o litisconsórcio poderá ser simples, quando a sentença não tiver que 
ser igual para todos os litisconsortes, ou unitário, quando necessariamente precisar 
ser igual para todos. 
 
Questão 04 - XXII Exame: 
Antônia contratou os arquitetos Nivaldo e Amanda para realizar o projeto de reforma 
de seu apartamento. No contrato celebrado entre os três, foi fixado o prazo de trinta dias 
para a prestação do serviço de arquitetura, o que não foi cumprido, embora tenha sido feito 
o pagamento dos valores devidos pela contratante. Com o objetivo de rescindir o contrato 
celebrado e ser ressarcida do montante pago, Antônia procura um advogado, mas lhe 
informa que não gostaria de processar Amanda, por serem amigas de infância. Sobre a 
hipótese apresentada, assinale a opção que indica o procedimento correto a ser adotado. 
 
A) Será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, na medida em que 
a hipótese tratada é de litisconsórcio simples. A sentença proferida contra Nivaldo será 
ineficaz em relação a Amanda. 
B) Não será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, uma vez que a 
hipótese tratada é de litisconsórcio necessário. Caso a ação não seja ajuizada em face de 
Amanda, o juiz deverá determinar que seja requerida sua citação, sob pena de extinção do 
processo. 
C) Será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, na medida em que 
a hipótese tratada é de litisconsórcio facultativo. A sentença proferida contra Nivaldo será 
eficaz em relação a Amanda, pois entre eles há comunhão de direitos ou de obrigações. 
D) Não será possível o ajuizamento da ação unicamente em face de Nivaldo, uma vez que a 
hipótese tratada é de litisconsórcio simples. A sentença proferida contra Nivaldo será 
ineficaz. 
 
 Em relação a intervenção de terceiros, em regra, a decisão atinge apenas as 
partes que integram a lide, ou seja, autor e réu. Porém existem casos em que a 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
27 
sentença acaba atingindo também pessoas estranhas ao processo, violando ou 
ameaçando algum direito seu. Nesses casos, o terceiro interessado pode vir a 
integrar a demanda, seja voluntariamente ou diante da provocação de uma das 
partes. 
A intervenção de terceiros pode se dar através das seguintes formas: 
 
a) Assistência: Trata-se de uma intervenção voluntária, em que um terceiro 
interessado no conteúdo da sentença intervém no processo a fim de assistir e ajudar 
a parte com a qual tenha relação jurídica. Chama-se assistência simples. 
Ainda, existe a assistência litisconsorcial, que é quando o assistente e uma 
das partes tem um adversário em comum e o assistente visa defender um direito 
seu. Nesse caso ele poderá pertencer tantoao polo ativo, quando ao passivo. 
 
b) Denunciação da lide: Aqui a intervenção é originada pela iniciativa de 
uma das partes, que será chamado de denunciante, cujo objetivo é garantir o direito 
de regresso no caso de improcedência do processo. Esse direito de regresso 
somente será julgado pelo juiz se o denunciante perder a ação principal. Está 
previsto no artigo 125 do NCPC. 
 
c) Chamamento ao processo: Ocorre quando o réu chama a integrar o polo 
passivo da demanda (apenas em processos de conhecimento) os demais devedores 
da mesma dívida, configurando o litisconsórcio passivo. Assim, ao invés do réu 
pagar integralmente a dívida no processo e depois ter direito de regresso contra os 
outros devedores, ele já os chama para integrar o processo e ali mesmo ser 
estipulada a responsabilidade de cada um. As hipóteses de chamamento ao 
processo estão disciplinadas no artigo 130 do NCPC: 
 
Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: 
I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; 
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; 
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de 
alguns o pagamento da dívida comum. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
28 
Questão 05 - XX Exame (Salvador) 
Alessandra é fiadora no contrato de locação do apartamento de Mariana. Diante do 
inadimplemento de vários meses de aluguel, Marcos (locador) decide ajuizar ação de 
cobrança em face da fiadora. Alessandra, em sua defesa, alegou que Mariana também 
deveria ser chamada ao processo. Com base no CPC/15, assinale a afirmativa correta. 
 
A) O fiador se compromete com a dívida do afiançado, de modo que não pode exigir a sua 
participação na ação de cobrança promovida. 
B) Sendo certo que Alessandra não participou da relação jurídica existente entre Mariana e 
Marcos, permite-se o chamamento ao processo do locatário a qualquer tempo. 
C) Incorreta a atitude de Alessandra, pois o instituto apto a informar ao juízo o real devedor 
da relação é a nomeação à autoria. 
D) Alessandra deve viabilizar a citação de Mariana no prazo de 30 dias, sob pena de o 
chamamento ao processo ficar sem efeito. 
 
 
CUSTAS PROCESSUAIS 
 
 O processo envolve uma série de gastos e atividades, como a manutenção 
dos prédios onde são desempenhas as atividades, os serviços dos juízes, peritos, 
servidores, advogados, entre outros. Grande parte desses custos são pagos pelo 
Estado através dos tributos, porém uma parcela é cobrada dos que utilizam 
efetivamente os serviços, exceto nos casos da concessão da assistência judiciária 
gratuita. Além das custas, o trâmite de um processo requer, ainda, o pagamento de 
despesas, honorários advocatícios e multas, se descumprida alguma obrigação. 
Esses encargos processuais estão disciplinados nos artigos 82 a 97 do NCPC. 
 
Questão 06 - XX Exame (Salvador): 
Em uma ação que tramita em determinada vara cível, a parte ré alegou falsidade de 
diversos documentos apresentados pelo autor, que, por sua vez, afirmava serem autênticos. 
Não sendo possível verificar a autenticidade dos documentos pela simples análise 
superficial, o magistrado determinou que se procedesse à perícia dos documentos por 
profissional qualificado. Com base no CPC/15, assinale a afirmativa correta. 
 
A) O custo pelos serviços prestados pelo perito deverão ser rateados por ambas as partes. 
11 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
29 
B) O custo da perícia será adiantado pelo réu, uma vez afirmada por ele a falsidade do 
documento. 
C) O custo do serviço é da Fazenda Pública, porque a perícia foi determinada de ofício pelo 
magistrado e não por qualquer das partes. 
D) O pagamento do perito será custeado pelo fundo de custeio da Defensoria Pública, caso 
uma das partes seja assistida pela Defensoria Pública e beneficiária da Justiça Gratuita. 
 
11.1 Justiça gratuita 
 
De acordo com o artigo 98 do NCPC, toda pessoa natural ou jurídica, tanto 
brasileira, quanto estrangeira, que tenha insuficiência de recursos para o pagamento 
das custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios, tem direito à 
justiça gratuita. 
Embora tenha havido discordância quanto ao fato da pessoa jurídica também 
poder ser beneficiária da justiça gratuita, predomina o entendimento de que a 
pessoa jurídica também tem direito ao benefício, visto que, muito embora não possa 
constituir família, pode muito bem possuir insuficiência de recursos (Súmula 481 do 
STJ). O benefício da justiça gratuita está previsto no art. 5°, inciso LXXIV, da 
Constituição Federal. 
 É concedido a qualquer das partes, podendo ser, inclusive, a um terceiro que 
interveio no processo, desde que cumpra os requisitos impostos na lei. 
 O parágrafo 1º, do artigo 98, do NCPC, traz o rol de elementos 
compreendidos pela Gratuidade da justiça, quais sejam: 
 
I - as taxas ou as custas judiciais; 
II - os selos postais; 
III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a 
publicação em outros meios; 
IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá 
do empregador salário integral, como se em serviço estivesse; 
V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de 
outros exames considerados essenciais; 
VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete 
ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de 
documento redigido em língua estrangeira; 
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para 
instauração da execução; 
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para 
propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes 
ao exercício da ampla defesa e do contraditório; 
IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da 
prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
30 
efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual 
o benefício tenha sido concedido. 
 
A justiça gratuita pode também ser concedida em face de apenas um ato 
processual ou até mesmo proporcionar um desconto (em termos percentuais) ou a 
possibilidade de parcelamento dos custos que tiver que adiantar durante o processo. 
 O pedido ao benefício poderá ser feito em várias fases do processo, na inicial, 
contestação, em recursos ou até mesmo na petição que traz um terceiro ao 
processo. 
 No caso da pessoa natural, basta a alegação de ser hipossuficiente, não 
podendo o juiz indeferir o benefício sem que esteja evidenciado no processo o 
contrário. Nesse caso, ainda, antes do indeferimento, a parte tem a oportunidade de 
provar o contrário. 
 Diferentemente é a situação da pessoa jurídica, que para fazer jus à justiça 
gratuita deve provar ser financeiramente hipossuficiente. 
 Em regra, o benefício da gratuidade é apenas para a pessoa que a postulou, 
não se expandido para o litisconsorte ou sucessor do beneficiário, por exemplo, 
exceto no caso de o juiz expressamente ter-lhe conferido esse direito, após o 
respectivo pedido. 
 No caso de a parte não ter mais direito ao benefício, ela terá de pagar as 
despesas do processo ainda não quitadas, e em havendo má-fé, ficará obrigada ao 
pagamento de uma multa consistente em até o décuplo do valor devido. 
 Diante da decisão de indeferimento ou de acolhimento do pedido de 
revogação da AJG, caberá agravo de instrumento, exceto quando a decisão for dada 
em sentença, hipóteseem que caberá apelação. 
 
Questão 07 - XXI Exame: 
A sociedade Palavras Cruzadas Ltda. ajuizou ação de responsabilidade civil em face 
de Helena e requereu o benefício da gratuidade de justiça, na petição inicial. O juiz deferiu o 
requerimento de gratuidade e ordenou a citação da ré. Como a autora não juntou qualquer 
documento comprobatório de sua hipossuficiência econômica, a ré pretende atacar o 
benefício deferido. Com base na situação apresentada, assinale a afirmativa correta. 
 
A) O instrumento processual adequado para atacar a decisão judicial é o incidente de 
impugnação ao benefício de gratuidade, que será processado em autos apartados. 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
31 
B) A ré alegará na contestação que não estão presentes os requisitos para o deferimento do 
benefício de gratuidade. 
C) A ré alegará na contestação que o benefício deve ser indeferido, mas terá que apresentar 
documentos comprobatórios, pois a lei presume verdadeira a alegação de insuficiência 
deduzida. 
D) O instrumento processual previsto para atacar a decisão judicial de deferimento do 
benefício é o agravo de instrumento. 
 
11.2 Má-fé na relação processual 
 
 Conforme já visto no tópico referente ao respectivo princípio, as partes devem 
sempre participar e agir em um processo de acordo com a boa-fé (artigo 5º, do 
NCPC). As condutas tidas como de má-fé estão enumeradas no artigo 80 do NCPC, 
sendo elas: 
 
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: 
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato 
incontroverso; 
II - alterar a verdade dos fatos; 
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; 
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; 
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; 
VI - provocar incidente manifestamente infundado; 
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. 
 
Diante disso, as partes não podem agir processualmente com má-fé, sob 
pena das responsabilidades civis cabíveis. 
 
11.2 Responsabilidade por dano processual 
 
 A responsabilidade das partes por dano processual está disciplinada nos 
artigos 79 a 81 do NCPC. 
 Conforme o artigo 79 do NCPC, responderá por perdas e danos aquele que 
litigar de má-fé como autor, réu ou interveniente. 
 Caso a parte atue de má-fé, visando prejudicar a parte contrária ou dificultar e 
ofender o exercício jurisdicional, incorrendo nas hipóteses do artigo 80 do NCPC, 
poderá vir a sofrer uma sanção, que consiste no pagamento de uma multa não 
excedente a um e inferior a dez por cento sobre o valor atualizado da causa, bem 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
32 
como indenizar a outra parte pelos prejuízos sofridos, arcando, ainda, com os 
honorários advocatícios e as demais despesas efetuadas (artigo 81, caput, do 
NCPC). 
 Se duas ou mais partes agirem de má-fé o juiz condenará cada uma 
proporcionalmente de acordo com o seu interesse na causa ou solidariamente, no 
caso dos que se juntaram para lesar a parte contrária. 
 No caso de o valor da causa ser irrisório ou inestimável, a multa será fixada 
em até 10 vezes o valor do salário-mínimo. 
 Quem fixa o valor da indenização é o juiz, ou no caso de não ser possível 
mensurá-lo, será liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos 
próprios autos. 
 
11.3 Dever de colaboração 
 
 Trata-se de um dever imposto às partes de colaborarem entre si, visando 
atingir o mais rápido possível uma decisão de mérito justa e efetiva, conforme o 
artigo 6º do NCPC. 
 Esse princípio, também conhecido como princípio da cooperação, tem origem 
no direito europeu e disciplina que um processo se dá através da atividade conjunta 
e cooperada do juiz e das partes. 
 Assim, não cabe apenas ao juiz o encargo de tutelar o processo a fim de 
torna-lo célere e efetivo, mas também às partes, que devem ter uma participação 
ativa e conjunta. 
 
11.4 Processo eletrônico 
 
 O processo eletrônico ganhou forma com o objetivo de proporcionar maior 
celeridade e efetividade ao processo. Essa forma processual está disciplinada na Lei 
nº 11.419/06, e nos artigos 193 a 199 do NCPC. 
 Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, permitindo que 
sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico 
(artigo 193 do NCPC). 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
33 
 De acordo com o artigo 194 do NCPC, os sistemas de automação processual 
deverão respeitar a publicidade dos atos, o acesso e a participação das partes e de 
seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamento, observadas 
as garantias da disponibilidade, independência da plataforma computacional, 
acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que 
o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções. 
 O ato processual eletrônico será registrado em padrões abertos, atendendo 
os requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação 
e, nos casos de segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de 
chaves públicas unificada nacionalmente (artigo 195 do NCPC) 
 O Poder Judiciário deverá manter de forma gratuita, em suas unidades, à 
disposição dos interessados, equipamentos necessários à prática de atos 
processuais, consulta e acesso ao sistema, bem como documentos constantes no 
processo. No caso de a unidade não possuir os referidos equipamentos será 
admitida a prática de atos por meio não eletrônico. 
 Ainda, de acordo com o artigo 199 do NCPC, as unidades do Poder Judiciário 
assegurarão às pessoas com deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede 
mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à 
comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrônica. 
 
JULGAMENTO CONFORME ESTADO DO PROCESSO: EXTINÇÃO 
PARCIAL OU TOTAL DO PROCESSO 
 
Após as providências preliminares e sanadas eventuais irregularidades, o juiz 
verificará se o processo ou alguns dos pedidos do autor estão aptos a serem 
julgados, desde logo. Existem quatro possibilidades: a) a extinção do processo 
ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487 incisos II e III 
(conforme art. 354 do CPC); b) julgamento antecipado do mérito; c) julgamento 
antecipado parcial do mérito; d) determinação de abertura da fase de instrução 
depois do despacho saneador e organização do processo (GONÇALVES, 2016, p. 
461). 
O julgamento antecipado do mérito poderá ocorrer quando não houver 
necessidade de produção de outras provas (art. 355,I, do CPC) ou quando o réu não 
12 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
34 
contestar e forem aplicados os efeitos da revelia (art. 355, II, do CPC), momento em 
que o juiz proferirá sentença de procedência ou improcedência. 
 
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com 
resolução de mérito, quando: 
I - não houver necessidade de produção de outras provas; 
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver 
requerimento de prova, na forma do art. 349. 
 
Destaca-se que o aluno não pode confundir a improcedência liminar do 
pedido (quando o juiz julga improcedente a ação antes mesmo da citação do réu), 
hipótese do art. 332 do CPC, com o julgamento antecipado do mérito previsto no art. 
355, pois neste se pressupõem a citação do réu (GONÇALVES, 2016, p.462). 
Inovação do novo CPC, o julgamento antecipado