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Aula 8-uso correto, concervação de epis

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PROEPI - ENTOMOLOGIA APLICADA À SAÚDE PÚBLICA - ÁREA 4 - CONTROLE VETORIAL E SEGURANÇA NO TRABALHO - AULA 8 - USO CORRETO, CLASSIFICAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EPI.
Aula 8 - Uso correto, classificação e manutenção de EPI
1 - Uso de equipamentos de proteção individual e coletiva
Durante a aplicação de inseticidas pode ocorrer a contaminação por partículas sólidas, líquidas e gasosas que ocasionam intoxicações graves por meio do acúmulo de partículas na pele, no pulmão e sistema digestivo. 
Para evitar ou diminuir o contato com inseticidas, deve-se utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC).
Os EPI são todos os objetos que protegem o aplicador contra produtos tóxicos, exposição a ruídos, radiação, objetos perfurantes, entre outros.
De modo geral, fazem parte dos EPIs utensílios de proteção dermal, auditiva, visual e respiratória.
Equipamentos de proteção dermal: servem como barreira entre a pele e o agente tóxico. Dentre eles podemos citar:
Calçados - o tipo ideal é a bota que protege os pés e o tornozelo. Deve ser engraxado com frequência, o que determina maior impermeabilidade do couro. Também devem ser antiderrapantes, impermeáveis e fáceis de calçar. Nas operações com UBV pesado e costal pode ser utilizada a botina de segurança, porém, deve ser realizada limpeza ao final do trabalho com pano umedecido e sabão neutro, engraxando-a em seguida. O uso de sandálias ou chinelos é proibido.
Luvas - são indicadas para o manuseio, preparo e diluição de inseticidas, carga e descarga, transporte, armazenamento e manutenção de equipamentos utilizados na aplicação de inseticidas. Devem ser confortáveis, flexíveis e com boa sensibilidade para manuseio dos recipientes e equipamentos. Recomenda-se a utilização de luvas nitrílicas.
Capacete, capuz ou boné de aba total – esses itens possuem importante função na proteção da área da nuca, orelhas, couro cabeludo e pescoço contra o contato de aerossóis tóxicos e raios solares.
Vestimenta - pode ser macacão, calças e camisas de mangas curtas ou longas - as calças e camisas de algodão ou brim tem importante função de proteção dérmica, nos trabalhos de aplicação de inseticidas residual ou espacial. A roupa não deve ter bolsos e o tecido deve ser preferencialmente de cor clara.
Como vimos na aula passada, as vestimentas devem ser higienizadas adequadamente sempre após atividade de borrifação, nunca guardadas sem lavar para serem reutilizadas. Tendo em vista as dificuldades de higienização das vestimentas para sua lavagem, durante a semana, cada aplicador deverá receber o quantitativo adequado para exercer suas atividades durante a semana.
Equipamentos de proteção auditiva: tem a função de proteger contra ruídos emitidos pelos equipamentos motorizados a UBV costal e pesado. 
O protetor auricular deve ser do tipo inserção, preso por um cordão lavável e acondicionado em caixa plástica. São confeccionados em silicone e o tamanho deve estar de acordo com o tamanho do conduto auditivo do usuário, portanto, é recomendável que se adquira um medidor auricular. 
Os protetores confeccionados com PVC e espuma não são recomendados, pois não são laváveis e se impregnam rapidamente de produtos e óleos.
Os protetores abafadores devem ser adaptáveis à cabeça, possuir boa compressão na haste e suficiente vedação na área do ouvido para garantir a diminuição de ruído. 
São melhores que o tipo inserção, mas sua efetividade pode ser prejudicada por pêlos faciais, uso de brincos, máscaras faciais completas ou de óculos. Caso seja possível, utilizar ambos simultaneamente.
Equipamentos de proteção visual: devem ser utilizados nas atividades de laboratório, onde existe risco de projeção de material biológico infectado. 
Em campo, não é necessário o uso de óculos de segurança, pois o uso das máscaras faciais completas fornece proteção total da face. Lentes de contato não devem ser utilizadas durante a manipulação de inseticidas. 
Além de causarem irritações dolorosas quando em contato com poeira, reagem com uma série de agentes químicos e podem causar danos irreversíveis a seus olhos. Óculos de grau poderão ser usados sob máscaras faciais completas.
Equipamentos de proteção respiratória: A proteção respiratória é conferida por meio de máscaras, peças faciais, purificadores de ar ou respiradores.
O aparelho respiratório possui estruturação para evitar que as partículas maiores cheguem ao interior do pulmão. Porém, essa proteção não tem eficácia contra uma fração de partículas pequenas, que podem chegar ao interior dos alvéolos. 
Os purificadores de ar (máscaras com filtro de ar) devem ter capacidade de extrair produtos tóxicos da atmosfera e só podem ser usados em ambientes que contenham quantidades aceitáveis de oxigênio respirável (acima de 21%).
Atualmente, no mercado existem purificadores leves e com pouco espaço morto. O espaço morto consiste no espaço entre a parede da máscara e a pele do usuário. 
Se o espaço morto é muito grande o gás carbônico não é eliminado, consequentemente provoca um cansaço respiratório a cada nova respiração, devido à presença constante desse gás.
É importante lembrar que barba e costeleta grande e cicatrizes marcantes na face diminuem contato da peça facial no rosto e a perfeita vedação, facilitando a passagem de produtos tóxicos pelas frestas laterais e causando efeitos negativos ao usuário.
Em saúde pública, recomenda-se o uso de respiradores semifacial e facial completa. 
A peça semifacial que protege boca, nariz e queixo deve ser utilizada no momento da colocação dos larvicidas granulados, viagens de curta e longa distância, operações de carregamento e descarregamento e nos serviços de limpeza e descontaminação. 
A peça facial completa é a ideal para ações de aplicações com inseticidas; pois seu fator de proteção (boca, nariz, queixo e olhos) é maior que na semifacial.
Em ambas peças, devem ser usados os filtros mecânicos P2 e cartucho químico classe 1 para exposição a vapores orgânicos. O filtro mecânico P2 apresenta boa capacidade de retenção de partículas e exige pouco esforço respiratório. 
Os filtros devem ser de alta qualidade e se encaixar perfeitamente ao corpo das máscaras e conferir proteção simultânea contra gases, vapores e partículas em suspensão.
A limpeza e descontaminação dos respiradores é de fundamental importância para diminuir os riscos de intoxicação. A limpeza deve ser realizada semanalmente por meio de pano macio com água morna e sabão ou detergente neutro, na parte externa da peça. 
A descontaminação deverá ser realizada quando a máscara for destinada a outra pessoa, caso ainda esteja em boas condições de uso.
Para a descontaminação todas as peças devem ser desmontadas. Em seguida, utilizar uma das soluções desinfetantes indicadas a seguir:
1. dissolver 3 ml de água sanitária por litro de água, em um recipiente que caiba as peças a serem tratadas;
2. dissolver 1 ml de iodo por litro de água, em um recipiente que caiba as peças a serem tratadas.
Deve-se lavar o corpo dos respiradores, com exceção dos filtros, ao fim das atividades diárias. 
Após a descontaminação, as peças deverão ser cuidadosamente enxaguadas para retirar o excesso de material descontaminante, secar à sombra e guardá-los em local dentro de sacos plásticos, em lugares adequados, limpos e protegidos da umidade do ar.
Após a limpeza e descontaminação deverá ser realizada inspeção no equipamento que inclui verificação da estrutura, sinais de vazamento, estado dos tirantes, das válvulas, etc. Todo componente de borracha deve ser inspecionado para verificação de sua elasticidade e sinais de deterioração. 
As peças danificadas devem ser substituídas e quando o respirador não mais apresentar condições de uso deve ser descartado. 
Caso o usuário sinta dificuldade em respirar deve ser realizada a troca do filtro, pois essa dificuldade decorre na saturação do filtro. 
Também deve ser trocado sempre que houver danos físicos, e quando não estiver mais em condições adequadas de higiene, ou seja, quandoo filtro estiver sujo. 
A troca do cartucho depende do uso, da sua conservação, da frequência respiratória do usuário e umidade do local. Caso os usuários sintam cheiro ou gosto do inseticida é recomendado que seja realizada imediatamente a troca do cartucho.
De modo geral, quanto mais completo o EPI, mais desconfortável é a realização do trabalho, principalmente em regiões onde o calor é intenso. Portanto, devem sempre ser utilizados vestuários leves, mas que protejam a maior parte possível do corpo e inseticidas cuja formulação apresente menor risco.
Já os EPC são equipamentos utilizados de forma coletiva e destinados a proteger a saúde e a integridade física dos profissionais que trabalham em ambientes que apresentam riscos. Geralmente, são equipamentos que realizam a filtragem, ventilação, exaustão ou confinamento de uma fonte de contaminação ou ruído.
O uso de EPC possui um papel fundamental para que ocorra uma diminuição no número de acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais.
Um EPC útil que alguns setores de controle químico vetorial faz uso é o lava-olhos portátil, para atendimento à emergência em caso de acidentes em campo. 
Outro EPC extremamente relevante são os extintores, quando se trabalha com produtos inflamáveis, como por exemplo inseticidas formulados como líquidos, apresentando assim maiores riscos de incêndios.
Normalmente o uso dos EPCs no setor saúde, são mais difundidos no controle de riscos biológicos, como por exemplo em laboratórios. Um exemplo, é a utilização de caixa coletora de perfuro cortantes usada para descartar seringas, agulhas, bisturis, dentre outros. 
Outro exemplo é o chuveiro de emergência, instalado nas dependências do laboratório, sendo um equipamento que visa a proteção dos laboratoristas quando há acidentes com produtos químicos ou material biológico sobre o profissional. 
Este equipamento também deve estar presente nos depósitos de armazenamento de inseticidas, bem como, o dispositivo lava-olhos de emergência, como veremos na próxima aula.
A depender do tipo de exposição (riscos físicos, biológicos, químicos), existem inúmeros tipos de EPCs que visam minimizar ou diminuir estes riscos que o ambiente de trabalho expõe o trabalhador.
É de responsabilidade do profissional que trabalha com inseticidas o uso de EPI nas atividades de preparo, manuseio, transporte, armazenamento, pesagem, carga e descarga, controle de invertebrados de interesse em saúde pública, limpeza, lavagem de roupas e máquinas. 
Também é de responsabilidade do profissional sua segurança, conservar seus utensílios e comunicar a chefia quando houver alguma alteração nos equipamentos. 
É dever do empregador fornecer todos os EPIs necessários aos trabalhadores que exercem atividades que possam se expor a riscos ou ameaçar a segurança a saúde no trabalho, como por exemplo a atividade de borrifação sem o uso adequado de EPIs.
Os equipamentos de proteção individual e coletiva são muito importantes no trabalho de vigilância entomológica, mas também são um direito do trabalhador, que deve ser provido pelo empregador, no caso da saúde, pelo SUS. Além disso, os EPI e EPC são usados em outras profissões.
A legislação trabalhista prevê que é uma obrigação do empregador fornecer os EPIs adequados ao trabalho, além de instruir e treinar o profissional quanto ao uso. Para saber mais, acesse o link da Norma Regulamentadora Nº06 - Equipamento de Proteção Individual- EPI:
Já em relação aos EPCs há uma Norma Regulamentadora - NR Nº 09 que estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA. 
De acordo com essa norma, durante o processo de identificação dos riscos, é necessário que sejam descritas todas as medidas de controle já existentes, incluindo, por exemplo, o uso do EPC e do EPI. Para saber mais acesse.

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