Buscar

Atualidades 2

Prévia do material em texto

Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
1 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 01 - Atualidades 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA 
Prof. Danuzio Neto 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
2 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
 
SUMÁRIO 
SUMÁRIO 2 
A AMÉRICA LATINA 3 
INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 3 
CONTEXTO DA AMÉRICA LATINA 5 
VENEZUELA 7 
ARGENTINA 19 
CHILE 23 
NICARÁGUA 24 
MÉXICO 25 
PERU 26 
COLÔMBIA 27 
CUBA 30 
PARAGUAI 34 
BOLÍVIA 35 
ARTIGOS 36 
Artigo 1: O Drama da Venezuela 36 
Artigo 2: A América do Sul 37 
QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 38 
LISTA DE QUESTÕES 61 
GABARITO 75 
RESUMO DIRECIONADO 76 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
3 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
A AMÉRICA LATINA 
 
INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
ATENÇÃO: América Latina X América do Sul 
Apenas para nivelar toda a turma, vamos aqui relembrar das nossas antigas aulas de geografia na escola e 
recordar a diferença entre América Latina e América do Sul. Conhecer esta distinção é fundamental para não haver 
equívocos durante a aula, além de ser um conhecimento que poderá nos ajudar a ver questões da prova com mais 
clareza. 
Diante disso, temos que: 
• A América do Sul é a nomenclatura baseada em uma classificação que considera apenas o aspecto 
GEOGRÁFICO dos países mais ao sul do continente americano. Quando digo mais ao sul, neste caso, 
quero dizer abaixo do Canal do Panamá. Trata-se, portanto, de uma CLASSIFICAÇÃO MERAMENTE 
GEOGRÁFICA. 
• América Latina, por outro lado, é a designação baseada em uma classificação que leva em 
consideração os ASPECTOS CULTURAIS E GEOGRÁFICOS dos países. Resumidamente, faz parte da 
América Latina, nesta classificação, a América do Sul, a América Central e o México. Ou, dito de outra 
forma, todos os países da América, com exceção do Estados Unidos e do Canadá. 
MAPA DA AMÉRICA LATINA 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
4 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
MAPA DA AMÉRICA DO SUL 
 
Fonte: Nations online Project 
 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
5 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
CONTEXTO DA AMÉRICA LATINA 
Bem, talvez surja durante a aula a dúvida de o porquê tratar do Brasil nesta aula quando poderíamos dar 
uma atenção exclusiva ao nosso país em aulas futuras. Há, porém, um motivo didático que nos compele a fazer 
numa mesma aula um estudo inicial sobre o Brasil junto a uma análise de outros países da América do Sul. 
 Historicamente, estes países de alguma forma tendem a se mover em bando nos aspectos gerais de suas 
políticas internas e externas. Foi assim que praticamente juntos eles deixaram de ser colônias europeias para se 
tornarem nações independentes e foi assim também que, como peças de dominó, foram derrubando, um a um, a 
legalização da escravidão. 
No século XX, passaram das ditaduras militares para a democracia praticamente juntas, depois elegeram 
governos liberais – que deram início às privatizações – e, em algum momento, inclinaram-se para dar espaço para 
governantes populistas de esquerda que poucos anos depois entrariam em declínio. De modo geral, este é o 
histórico resumido do que aconteceu nos últimos anos no nosso subcontinente, que vive agora uma fase de 
instabilidade institucional em face do aparente esgotamento da esquerda. 
Considerando este cenário, é bom lembrar que, por vários fatores – conjuntura internacional favorável e o 
bom preço do petróleo, por exemplo – havia ao menos nove presidentes de esquerda com amplo capital político e 
elevados níveis de aprovação na América do Sul há poucos anos. 
Como é fácil lembrar, no Brasil, por exemplo, Lula havia um capital político tão grande que conseguiu 
eleger sua sucessora, Dilma Rousseff, que antes de se candidatar à presidência da República não havia assumido 
qualquer cargo eletivo. 
Na Argentina, Néstor Kirchner e sua esposa, Cristina Kirchner, ocuparam a presidência do país por doze 
anos. Lula e Dilma, no Brasil, por treze. 
Na Bolívia, Evo Morales ocupou, sozinho, a presidência por mais de treze anos. 
Enquanto isso, Rafael Correa, presidente do Equador durante dez anos, conseguiu fazer seu sucessor na 
última eleição presidencial. 
Todos esses personagens ascenderam praticamente juntos, há pouco mais de uma década, quando foi 
vista uma ascensão conjunta da esquerda na América Latina. 
 Nesta onda, Venezuela, Brasil, Argentina, Equador, Bolívia e Uruguai beneficiaram-se de uma conjuntura 
internacional que permitiu aumentos sucessivos do PIB, quedas das taxas de desemprego e diminuição das 
populações na faixa da pobreza. Não à toa, cada um a seu tempo, conseguiu eleger seus sucessores quando 
necessário. 
Em 2014, no entanto, a América Latina teve sua pior taxa de crescimento em cinco anos e foi o prenúncio 
desse ciclo político no continente. Brasil, Argentina e Venezuela foram os países que mais contribuíram para essa 
queda. 
Não coincidentemente, Maurício Macri elegeu-se presidente da Argentina no ano seguinte, em 2015, 
dando fim aos doze anos ininterruptos dos Kirchner no poder. A pior taxa de crescimento, portanto, representou 
um claro sinal de que o modelo até então utilizado pelos governantes de esquerda havia se esgotado. 
No começo da onda progressista no subcontinente, estes governos, além de terem se beneficiados de 
insucessos dos seus antecessores, tiveram a sorte de ascender num momento de alta de preços das commodities 
– que são os principais produtos de exportação dos países da América do Sul. 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
6 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Desta forma, não foi difícil para estes novos governantes demostrarem bons resultado quando a base de 
comparação que os antecedeu era relativamente fraca. 
A geração atual, no entanto, não teve muito contato com aquela fase anterior ao da pujança dos governos 
de esquerda e, acostumada às benesses com que aprendeu a crescer, traz à tona agora novas cobranças com que 
esses governos, sempre com ampla base de apoio na sociedade em geral, não estavam acostumados a lidar. 
Nada disso, porém, significa uma morte da esquerda no subcontinente, que presencia a insistência de 
Nicolas Maduro em permanecer no comando da Venezuela e viu ressurgir, por exemplo, o kirchnerismo na 
Argentina em 2019, na figura de Alberto Fernández como presidente argentino e de Cristina Kirchner como vice, 
que frustraram a tentativa de Mauricio Macri de conseguir a reeleição. 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
7 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
VENEZUELA 
Apesar do estado calamitoso de países como Haiti e Nicarágua, a Venezuela provavelmente apresenta o 
caso mais crítico da América Latina quanto à instabilidade das instituições e crises política, econômica e 
humanitária. 
Nos últimos anos, Nicolás Maduro parece não se constranger mais em demonstrar viés ditatorial depois 
que forçou a mais alta Corte daquele país a cassar os poderes da Assembleia Nacional – o Poder Legislativo 
venezuelano, em 29 de março de 2017. Na ocasião, o Tribunal Superior de Justiça (TSJ) da Venezuela assumiu o 
controle das atividades legislativas da Assembleia Nacional. 
Após forte manifestação popular e internacional, e numa tentativa de reverter o estrago na imagem que a 
decisão inicial havia causado, Maduro pressionou os magistrados da mesma corte a recuarem da decisão de 
cassar os poderes do Legislativo, o que a Corte obedientemente fez no dia primeiro de abril. 
A dissolução do Legislativo venezuelano havia causado ampla e imediatareação internacional. 
Os atos ditatoriais, porém, não pararam por aí. 
Com o fechamento do El Nacional, em dezembro de 2018, o país passou a não ter nenhum jornal impresso 
circulando em seu território. 
Além da crise institucional, o país tem uma gravíssima crise econômica que se reflete também numa crise 
humanitária. 
Em maio de 2019, depois de mais de três anos de silêncio oficial, o Banco Central da Venezuela (BCV) 
revelou que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 22,5% no terceiro trimestre de 2018, completando 19 trimestres de 
retrocesso da economia venezuelana. Alguns setores, porém, foram ainda mais afetados. A indústria, por 
exemplo, no período julho-setembro de 2018 chegou a 21 trimestres seguidos em queda. 
Quando se compara o período de 1999, quando Hugo Chávez assumiu a presidência do país, a 2019, 
percebe-se que a queda da indústria no país foi gigantesco: queda de 95%, segundo Juan Pablo Olalquiaga, 
dirigente da Confederação Venezuelana de Industriais (Conindustria). 
Entre 2013 e 2017, o PIB venezuelano teve uma queda de 37%. Segundo o Fundo Monetário Internacional, 
em 2018, a queda é de aproximadamente 15%. 
O gráfico a seguir apresenta a deterioração do cenário econômico do país nos últimos anos, conforme 
dados do próprio Banco Central da Venezuela. 
 
Fonte: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2019/05/30/venezuela-divulga-dados-que-confirmam-seu-colapso-
economico.ghtml 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
8 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
 
Apesar do cenário catastrófico do país vizinho, em maio de 2018, em meio à crise, Nicolás Maduro foi 
reeleito presidente da Venezuela. 
Em resposta à eleição acusada de fraudulenta pelos Estados Unidos e outros países democráticos, Donald 
Trump assinou decreto banindo o envolvimento de cidadãos norte-americanos em negociações de títulos da 
dívida venezuelana e de outros ativos que tem participação do governo de Maduro. 
 
O petróleo deu sustentação ao governo de Chávez 
Beneficiada com as maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela tem neste recurso natural 
praticamente a única fonte de receita externa do país. Inclusive, é interessante apontarmos que se engana quem 
pensa que as maiores reservas de petróleo do mundo estão no Oriente Médio. Repito, elas estão na Venezuela, 
como podemos observar no gráfico a seguir: 
 
Fonte: https://www.ibp.org.br/observatorio-do-setor/maiores-reservas-provadas-de-petroleo/ 
 
Foram com essas reservas que o país conseguiu durante anos bons resultados nos momentos em que o 
preço do barril estava alto, o que abasteceu o governo chavista dos chamados "petrodólares" para financiar os seus 
programas sociais. Em 2008, por exemplo, quando Hugo Chávez era presidente, o preço do barril de petróleo 
chegou a 146 dólares, o que contribuía para financiar os seus projetos sociais. Em janeiro de 2020, mesmo com 
toda a tensão no Oriente Médio envolvendo a morte do general iraniano Soleimani pelos Estados Unidos, o barril 
do petróleo chegou “apenas” a 70 dólares, o que demonstra a menor influência deste produto na geopolítica atual. 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
9 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
O preço do petróleo desabou principalmente a partir de 2014, justamente quando a esquerda começou a 
perder fôlego na América Latina. 
Dentre os fatores que favoreceram a baixa desta commodity estão: 
• A recusa de Irã e Arábia Saudita em assinar um compromisso para reduzir a produção; 
• A desaceleração da economia chinesa e o crescimento, nos EUA, do mercado de produção de óleo e 
gás pelo método "fracking" – o fraturamento hidráulico de rochas. 
Além da queda do preço do petróleo, a Venezuela também teve queda acentuada na sua produção, por 
conta de má-gestão e corrupção da estatal petrolífera, a PDVSA. Além disso, a Venezuela presenciou uma 
verdadeira debandada de outros gigantes internacionais do setor, que optaram por sair do país após assistirem à 
crescente interferência estatal na economia. 
Quando Chávez assumiu o poder, em 1999, a produção era de mais de 3 milhões de barris por dia. 
Em 2017 o bombeamento médio diário estava em 1,7 milhão de barris. 
Em junho de 2019, estava de aproximadamente 700 mil, o pior nível em décadas. 
O Departamento de Justiça dos EUA conduziu investigação que revelou um esquema de lavagem de 
dinheiro da PDVSA que desviou US$ 1,2 bilhão, entre 2014 e 2015. 
O gráfico a seguir mostra como todos esses fatores (corrupção, ineficiência, advento de novas fontes de 
energia...) têm afetado a produção de petróleo na Venezuela. 
 
 
 
 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
10 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Aprofundamento da crise venezuelana 
A imprensa internacional nos últimos anos tem dado reiterado destaque aos relatos de ações militares em 
comunidades pobres venezuelanas em que há detenções arbitrárias, remoções de moradores e até demolição 
de casas populares. 
Além disso, o governo frequentemente, e de maneira aberta, ataca críticos, prende opositores, censura 
a imprensa, além de ameaçar médicos e ativistas de direitos humanos que tentam amenizar a situação dos que 
estão mais vulneráveis às ações da cúpula do poder de Caracas. 
Nas últimas eleições gerais daquele país, em 2015, o próprio secretário-geral da Organização dos Estados 
Americanos chegou a afirmar que o regime não aceitou que a OEA participasse das eleições como observadora, 
colocando em xeque a completa lisura do pleito. 
Nem mesmo a UNASUL – União das Nações Sul-Americanas –, que é uma organização amiga do regime 
chavista, foi convidada para supervisionar o processo eleitoral. 
A justificativa de Maduro era a de que ele é um governante democrático e que, por isso, não precisaria de 
observadores internacionais. 
Outra mostra da tensão internacional com a crise na Venezuela, mais especificamente um caso que 
envolve também o governo brasileiro, foi o que ocorreu em dezembro de 2017, quando o chanceler brasileiro Ruy 
Carlos Pereira foi considerado persona non grata pelo governo venezuelano e foi expulso do país. 
O ato foi determinado pela Assembleia Constituinte e levou o governo brasileiro a, em reciprocidade, 
considerar pessoa não grata o então mais importante diplomata venezuelano em nosso país, Gerardo Antonio 
Delgado Maldonado, que ocupava o posto de encarregado de negócios. 
A crise diplomática entre Brasil e Venezuela começou após o impeachment de Dilma Rousseff, em meados 
de 2016, e tem reflexos até hoje. 
Em novembro de 2019 houve novo imbróglio com representações diplomáticas do país vizinho, quando 
um grupo ligado ao autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó (do qual ainda iremos comentar), 
invadiu a Embaixada da Venezuela em Brasília pouco antes do início da Cúpula dos Brics. A invasão ocorreu em 
um momento em que o presidente Jair Bolsonaro recebia líderes de China, Rússia, Índia e África do Sul na capital 
federal para a cúpula do Brics. 
 
Raízes do autoritarismo e ataques à oposição 
Considera-se, para todos os fins, que foi a partir de 2004 que a Suprema Corte venezuelana começou a ser 
aparelhada, tendo nos seus quadros, inclusive, membros do partido PSUV – Partido Socialista Unido da Venezuela 
–, o mesmo do presidente Nicolás Maduro e do ex-presidente Hugo Chávez, o seu antecessor. 
Desta forma, o Executivo passou a controlar, com o tempo, também o Judiciário, os órgãos eleitorais 
e outras instituições que, sem a interferência direta do Executivo, seriam importantes para o perfeito 
funcionamento da democracia venezuelana. 
Esse poder praticamente ilimitado, portanto, permitiu que Maduro mantivesse políticas ineficientes para 
conter a crise e punisse, sem sofrer qualquer retaliação por parte do Judiciário, seus críticos e opositores. 
Um dos maiores símbolos da oposição ao governode Nicolás Maduro, Henrique Capriles, foi condenado, 
em abril 2017, pela Corregedoria Geral da República à inabilitação para disputar cargos públicos por um período 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
11 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
de 15 anos – o que o impossibilitou de concorrer à disputa presidencial de 2018, do qual era cotado como um dos 
favoritos. 
Em 2013, quando disputou a última eleição presidencial, Capriles perdeu o pleito para Maduro por uma 
margem apertada. 
Maduro teve 50,66% dos votos, enquanto Capriles conseguiu 49,07%, numa eleição em que houve graves 
suspeitas de fraude. 
Em 18 de fevereiro de 2014, outro líder da oposição já havia sofrido com a perseguição política de Maduro, 
quando Leopoldo López foi detido. Em setembro de 2015, o opositor foi condenado a quase 14 anos de 
prisão, acusado de incitar a violência durante protestos para exigir a renúncia de Maduro. 
López passou três anos e cinco meses na cadeia militar de Ramo Verde e, desde julho de 2017, permaneceu 
em prisão domiciliar, vigiado por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional que o fotografavam 
diariamente, conforme relato da família do político. Em abril de 2019, López deixou a sua prisão domiciliar após 
Juan Guaidó anunciar a "fase final" do processo que colocaria "fim à usurpação de Maduro". Sem que o levante de 
Juan Guaidó tenha alcançado um desfecho, Leopoldo López passou a se refugiar na embaixada da Espanha em 
Caracas, de onde recebeu nova ordem de prisão por ter desrespeitado as condições de sua prisão domiciliar. A 
Espanha, porém, já afirmou que não irá entregá-lo. 
Muitos foram os opositores e dissidentes do governo de Maduro que preferiram ou simplesmente tiveram 
de sair da Venezuela para evitar a prisão ou outras formas de retaliações, por vezes bastante violentas. 
A título de exemplo, apresento a seguir alguns dos opositores influentes que já fugiram do país a fim de 
evitar perseguição política: 
• Luisa Ortega: Procuradora-geral destituída pela Constituinte da Venezuela. 
Era uma das principais críticas da escalada de métodos antidemocráticos na Venezuela, como corrupção 
e abusos de forças de segurança. 
Foi expurgada do chavismo (que sempre apoiou) após chamar a Constituinte de ilegítima. 
Vive atualmente na Colômbia. 
• Christian Zerpa: Abandonou o cargo de Juiz da Suprema Corte da Venezuela, desertou e fugiu para 
os Estados Unidos, de onde denunciou que o último processo eleitoral venezuelano, no qual Maduro foi 
reeleito, não foi livre e não teve garantias legais. 
• Antonio Ledezma: O ex-prefeito de Caracas estava em prisão domiciliar, desde 2015, por uma 
suposta conspiração contra o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Ledezma, por outro 
lado, afirma que o seu caso é simples perseguição política do governo chavista. No final de 2017, Ledezma 
conseguiu fugir da prisão, saiu do país e atualmente mora na Espanha. 
Leopoldo López, Capriles e Juan Guaidó são atualmente os principais líderes da oposição na Venezuela. 
 
Recrudescimento da crise e sinais antidemocráticos mais claros 
No fim de março de 2017, o conselho permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) decidiu 
examinar com mais cuidado a crise política e econômica venezuelana – o que foi considerado um verdadeiro golpe 
para um governo que nega a existência de qualquer tipo de crise. 
Foi neste momento que, sob pressão da vigilância internacional, a Suprema Corte decidiu afastar 
parlamentares da oposição, a maioria na Assembleia Nacional, entendendo que, ao apoiarem a OEA, seriam 
traidores da nação que deveriam perder suas imunidades parlamentares. 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
12 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Com a Assembleia Nacional destituída de seus poderes, a Venezuela ficou sem Poder Legislativo, num 
claro rompimento da relação de equilíbrio que deveria existir entre os Poderes constituídos de um país. 
Logo depois, porém, com a pressão dos governos da região que começaram a denunciar aos organismos 
internacionais o que ocorrera na Venezuela – um golpe fatal contra a democracia –, Maduro recuou e pediu à 
Suprema Corte que reconsiderasse sua decisão. 
Em obediência, a Suprema Corte voltou atrás nas suas determinações – o que tornou ainda mais evidente 
a sua instrumentalização pelo presidente Executivo. 
 
Posicionamento dos países vizinhos à crise na Venezuela 
Se durante o auge dos governos de esquerda na América Latina não havia tantas denúncias ao regime 
venezuelano, vozes dissonantes ao regime começaram a se levantar agora que a ascensão da direita na região 
passou a ser uma realidade, ainda que em apenas alguns países. 
Em momentos mais favoráveis para o chavismo, praticamente apenas o secretário-geral da OEA, Luis 
Almagro, expunha as mazelas do regime e pedia a volta do regime democrático na Venezuela. Sua voz, porém, 
encontrava eco nos fóruns internacionais, mas acabava se perdendo em meio a audiências indiferentes. 
A partir de 2014, no entanto, com o aparente desmoronamento da esquerda na América Latina, as 
denúncias de Luis Almagro começaram a ganhar apoio no cenário internacional – inclusive do Brasil. 
A Argentina, por exemplo, quando era presidida por Mauricio Macri, incentivou, juntamente com Brasil e 
Paraguai, a suspensão da Venezuela no Mercosul. 
Nas palavras de Macri, “basta de eufemismos, a Venezuela não é uma democracia”. O atual presidente 
colombiano, Iván Duque, mais um representante da ascensão da direita na América do Sul, é outro grande crítico 
do governo venezuelano. No Brasil, a diplomacia passou a adotar um tom bastante duro ainda durante o governo 
Temer. Postura semelhante ou até mais contundente é seguida durante o governo Bolsonaro. 
Até entre políticos da América do Sul declaradamente de esquerda o governo Maduro não é mais uma 
unanimidade. 
Em julho de 2019, Pepe Mujica, ex-presidente uruguaio, afirmou que Nicolas Maduro é um ditador: “É uma 
ditadura, sim. E, na situação, não há nada além de ditadura”. 
Em agosto de 2019 foi a vez de Alberto Fernández, então candidato à presidência da Argentina que tinha 
Cristina Kirchner como vice, afirmar que Maduro lidera um regime totalitário: “é um regime autoritário, o que torna 
muito difícil sua defesa". 
Como tanto o Uruguai quanto a Argentina estão em ano eleitoral, as falas de Mujica e Fernández também 
são encaradas como uma tentativa de demonstrar uma moderação capaz de atrair eleitores indecisos e de centro 
dos seus respectivos países. Já presidente empossado, Fernádez não assinou, em janeiro de 2020, nota do Grupo 
de Lima que denunciou o uso da força por parte de Maduro que impediu, no dia dois daquele mês, que 
parlamentares entrassem no Parlamento. 
Apesar de ser considerado por muitos como desumano e ditatorial, o regime ainda tem vários apoiadores 
no subcontinente. No Brasil, por exemplo, o Partido dos Trabalhadores (PT) tem reiterado o seu apoio a Maduro. 
Em janeiro de 2018, por exemplo, Gleisi Hoffman participou de nova posse de Nicolás Maduro na presidência da 
Venezuela. Em nota, Gleisi assim falou sobre a sua presença na cerimônia: “Porque reconhecemos o voto popular 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
13 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
pelo qual Nicolas Maduro foi eleito, conforme regras constitucionais vigentes, enfrentando candidaturas legítimas da 
oposição democrática”. 
 
Resposta do governo aos protestos 
Apesar da forte repressão estatal e das milícias patrocinadas pelo governo, a oposição foi de forma intensa 
às ruas em 2017 para pedir a libertação dos presos políticos, a realização de novas eleições e o restabelecimento 
da independência do Judiciário. 
Em meados de abril, com o recrudescimento dos protestos, o presidente Maduro anunciou o aumento da 
milícia bolivariana de 300 milpara 500 mil membros, além de prometer a entrega de um fuzil para cada um desses 
milicianos. 
Em maio de 2017, Maduro convocou uma Assembleia Nacional Constituinte para redigir uma nova 
Constituição. 
O anúncio de Maduro, no entanto, ao contrário do que pode aparentar, não sinalizou uma trégua com a 
oposição. Indicou justamente o contrário, uma tentativa de liquidação de todas as estruturas do Estado 
venezuelano. 
 Para redigir a nova Constituição, Maduro convocou cerca de 500 delegados oriundos do Estado Comunal, 
uma instância “representativa” que sequer existia na constituição então vigente, mas no qual o chavismo trabalhou 
durante muitos anos por meio dos Conselhos Comunais (espécie de órgãos locais de poder popular). 
Segundo palavras do próprio Maduro: “Este é o velho sonho de Hugo Chávez, mas em 1998 não havia as 
condições necessárias”. 
Em julho de 2017, foi feita a realização de um plebiscito pela oposição para determinar se os cidadãos 
apoiavam ou não a proposta do presidente Nicolás Maduro de estabelecer uma Assembleia Nacional 
Constituinte para reescrever a Constituição venezuelana. 
A consulta aconteceu duas semanas antes da eleição da Assembleia Constituinte, marcada por Maduro 
para o dia 30 de julho. 
Segundo a oposição, a constituinte tem como único objetivo perpetuar Maduro no poder. Este, no 
entanto, afirma que a constituinte seria a única forma de trazer paz para o povo venezuelano. 
Segundo pesquisa do Datanalisis, 70% dos venezuelanos eram contrários à constituinte proposta por 
Maduro. No plebiscito convocado pela oposição, 98% dos eleitores se manifestaram contra Maduro. 
Em agosto de 2018, a Assembleia Constituinte da Venezuela completou um ano, período em que ajudou 
Nicolás Maduro a neutralizar a oposição, sem que haja divulgação de avanços sobre o que deveria ser o seu 
principal papel, uma nova Constituição. O órgão na prática funciona como um suprapoder que convoca eleições, 
destitui funcionários e emite decretos-lei. 
A primeira decisão da Assembleia, por exemplo, foi destituir a procuradora Luisa Ortega, que acusara 
Maduro de ruptura constitucional. 
Em julho de 2017, a Suprema Corte da Venezuela havia proibido Ortega de sair do país e congelou as suas 
contas, além de impedi-la de vender as suas propriedades. Após essas medidas, no entanto, Ortega conseguiu se 
exilar na Colômbia. 
A Constituinte também assumiu o espaço do Legislativo, único poder controlado pela oposição, ao ter para 
si as "competências para legislar e ditar atos parlamentares em forma de lei". 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
14 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Ao praticamente usurpar o Poder Legislativo, a oposição considerou a manobra um golpe de Estado. 
A posterior designação de Diosdado Cabello como presidente da Assembleia foi considerada mais uma 
prova do aparelhamento do órgão, já que Cabello é considerado tão influente e poderoso quanto Maduro dentro 
da estrutura do governo. 
Apesar de inicialmente prevista pra funcionar durante dois anos, a Assembleia Constituinte, que 
atualmente governa a Venezuela com poderes absolutos, deliberou em maio de 2019 estender as suas funções até 
31 de dezembro de 2020. 
 
Hiperinflação 
Com a queda no fluxo de petrodólares, o governo passou a imprimir mais dinheiro para cobrir o rombo nas 
contas públicas, o que gerou taxas de inflação cada vez maiores. 
Em 2018, a inflação do país foi superior a 1 milhão %, o que fez com que faltassem até cédulas de dinheiro 
circulando, já que as pessoas agora precisam de volumes muito grandes de dinheiro para comprar qualquer coisa. 
A foto a seguir mostra a quantidade de dinheiro necessária para comprar um rolo de papel higiênico em 
agosto de 2018. 
 
Foto de Carlos Garcia Rawlins 
 
Com o descontrole monetário, o chavismo adotou o controle artificial da inflação, ao obrigar os 
comerciantes a adotarem um preço abaixo do que eles gastavam para produzir, o que, obviamente, contribuinte 
para a escassez de vários produtos. 
Diante da interferência estatal, inúmeras empresas começaram a quebrar. 
Além disso, a hiperinflação pulverizou a renda dos cidadãos e fez a pobreza aumentar. 
 Em 2017, o índice de pessoas na linha da pobreza alcançou 87% da população, um aumento de 40 pontos 
percentuais em três anos. 
Em 2018 a inflação anual foi de 1.700.000%. Ainda que bastante elevada, em 2019 a inflação do país teve 
uma melhora e ficou “apenas” em 200.000%. A título de comparação, a inflação do Brasil em 2019 foi de 
aproximadamente 4%. 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
15 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Crise humanitária e migratória 
Por conta da pobreza, da hiperinflação, da falta de serviços públicos e da escassez de bens de primeira 
necessidade, a Venezuela tem sofrido um êxodo maciço da sua população nos últimos anos. 
De acordo com a ONU, 1,6 milhão de venezuelanos se deslocaram pela região de 2015, quando começou 
os sinais mais fortes da crise do país, a 2019. 
Segundo a Universidade Central da Venezuela, são aproximadamente 4 milhões de pessoas que deixaram 
o país desde que Hugo Chávez chegou ao poder, em 1998. 
A maioria dos migrantes viaja a pé, um dos reflexos da precariedade social do contingente de viajantes. 
No começo, o país sofreu “apenas” uma fuga de cérebros e de capitais, ou seja, apenas movimentações 
das camadas mais ricas. 
Atualmente, com a migração em massa, os fluxos venezuelanos colapsaram cidades fronteiriças que não 
estavam preparadas para este movimento, como Paracaima e Boa Vista, no estado de Roraima. 
Nesta situação, os migrantes venezuelanos acabam aumentando a criminalidade e a competição por 
empregos e leitos hospitalares nas cidades de Roraima em que se instalaram. 
No continente, Peru e Equador restringiram o controle de suas fronteiras antes de flexibilizá-las. 
Atualmente, a ONU pede aos países mais ricos que ajudem na crise humanitária da Venezuela, 
especialmente com os migrantes. 
Segundo a ONU, no final de 2018 já eram 88,9 mil os venezuelanos que viviam no Brasil. Desses, 65 mil 
solicitaram status de refugiado. Ainda segundo a mesma entidade, provavelmente 100 refugiados venezuelanos 
entrarão no Brasil em 2019. 
 
O problema da Venezuela e a crise em Roraima 
O fluxo migratório da Venezuela ao Brasil vem aumentando desde 2015. 
Em 2018, no entanto, o processo foi bastante acelerado. 
Nos primeiros seis meses de 2018, mais de 16 mil venezuelanos pediram refúgio em Roraima. 
Para efeitos de comparação, durante todo o ano de 2017 foram recebidas aproximadamente 13,5 mil 
solicitações. 
A imigração se intensificou especialmente por terra, com venezuelanos cruzando geralmente a pé a 
fronteira com o município de Pacaraima, norte de Roraima, onde o prefeito do município chegou a estudar, em 
fevereiro, decretar estado de calamidade por causa do número de venezuelanos acampados na cidade. 
Em 1° de agosto de 2018, a governadora de Roraima, Suely Campos (PP), decretou o endurecimento das 
regras de acesso dos venezuelanos a serviços públicos do estado, que deveria ser restrito apenas a imigrantes 
com passaporte. A governadora, inclusive, chegou a ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) 
pedindo que a União fosse obrigada a fechar, temporariamente, a fronteira com a Venezuela. 
Ainda em agosto de 2018, Pacaraima se transformou em uma zona de conflito entre brasileiros e 
venezuelanos. 
O conflito teve início após um comerciante local ter sido surrado em uma tentativa de assalto praticado 
por imigrantes. Com o incidente, brasileiros perseguiram refugiados venezuelanos que vivem em Pacaraima e 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
16 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
queimaram seus pertences. Agredidos, os refugiados foram expulsos das tendas que ocupavam na região, que éfronteira entre Brasil e Venezuela. 
A seguir, cronologia do imbróglio jurídico envolvendo a questão migratória na região: 
• Em 3 de agosto, a Advocacia Geral da União (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) 
a suspensão do decreto do governo de Roraima, que restringia o acesso de serviços públicos, por 
considerá-lo inconstitucional. 
• Em 5 de agosto, o juiz federal Helder Girão Barreto, da 1ª Vara Federal de Roraima, determinou 
a suspensão do ingresso e a admissão de imigrantes venezuelanos no Brasil. 
• Em 7 de agosto, a fronteira brasileira é reaberta para imigrantes venezuelanos após decisão do 
Tribunal Regional Federal da 1ª Região. 
• Em 20 de agosto, o governo de Roraima pediu ao STF a suspensão temporária da imigração na 
fronteira com a Venezuela, o que não ocorreu. 
 
Como a crise venezuelana afeta outros países 
• No Peru e no Equador passou a haver exigência de passaporte para a entrada de venezuelanos, o que 
não ocorria antes da crise migratória. 
• A Colômbia, por outro lado, mais receptiva aos vizinhos, concedeu mais de 440 mil vistos temporários 
a imigrantes venezuelanos, após decreto editado por Juan Manuel Santos, que estava prestes a 
transmitir o cargo de presidente para Iván Duque. 
Apesar da preocupação brasileira com a questão, o certo é que a Colômbia tem sido o país mais afetado 
pela crise migratória/humanitária venezuelana, como mostram os números. 
Segundo a Migração da Colômbia, mais de 1,3 milhão de venezuelanos já entraram no país. 
 
Juan Guaidó, o autodeclarado presidente da Venezuela 
No dia 11 de janeiro de 2019, um dia após Maduro tomar posse para um segundo mandato presidencial, 
Juan Guaidó, presidente do Parlamento venezuelano, a Assembleia Nacional, foi a um protesto convocado em 
Caracas onde, baseado no chamado "cabildo abierto", um mecanismo de participação popular reconhecido na 
Constituição, ele (Guaidó) se autoproclamou presidente interino da Venezuela. 
Nesta ocasião, o autoproclamado presidente chamou Maduro de "usurpador" e convocou o Exército, o 
povo da Venezuela e a comunidade internacional para apoiar os esforços da Assembleia Nacional para retirá-lo do 
poder. 
Assim que Guaidó se autoproclamou presidente interino diversos países lhe declararam apoio. 
O governo de Maduro, por outro lado, recebeu o apoio de bem menos países, apenas 14 (entre elas Rússia 
e China), que consideraram os movimentos de Guaidó uma tentativa de golpe de Estado dirigida pelos Estados 
Unidos. 
A fim de pressionar Maduro e contribuir para a ascensão de Guaidó, os Estados Unidos entregaram a 
Guaidó a autoridade sobre as contas oficiais da Venezuela no Federal Reserve Bank, em Nova York, e em outros 
bancos assegurados americanos. O país norte-americano anunciou também sanções contra a estatal venezuelana 
de petróleo, a PDVSA. Em resposta, Maduro mandou fechar todas as embaixadas e consulados e o retorno de todo 
o corpo diplomático venezuelano que trabalhava nos EUA. 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
17 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Apesar de todo o apoio internacional e popular a Guaidó, Maduro mantém no poder graças à fidelidade de 
parte do exército. Guaidó, por sua vez, continua atuando como presidente interino. 
Tanto Guaidó quanto Maduro mantêm conversas com Donald Trump, que tenta intermediar uma saída 
diplomática para a região. 
Em janeiro de 2020, quando houve eleição para novo presidente da Assembleia Nacional, um grupo da 
Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela impediu o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, e outros 
deputados, de entrarem na câmara para votação da nova mesa diretora da casa. Em meio à confusão, o 
parlamentar Luis Parra foi eleito o novo presidente da casa, o que colocaria em xeque a situação de Guaidó como 
presidente interino da Venezuela, status que se sustentava justamente pelo fato de Guaído ser o então presidente 
do parlamento. Expulso do Partido Primeiro Justiça, acusado de corrupção, Luis Parra assumiu a presidência da 
Assembleia Nacional numa sessão relâmpago e sem quórum. 
Sem conseguir entrar na Assembleia, a oposição se reuniu na redação do jornal “El Nacional”, onde fez a 
sessão legislativa. Com cem votos, 16 além do mínimo necessário, reelegeu Juan Guaidó, chefe do Legislativo. 
Desde 2019, Guaidó é reconhecido por mais de 50 países como presidente encarregado da Venezuela. 
O Grupo de Lima, que reúne desde 2017 países latinos e o Canadá em busca de saída para a crise 
venezuelana, divulgou nota. Reiterou apoio a Juan Guaidó; condenou o uso da força e as práticas intimidatórias 
contra os parlamentares; reconheceu a votação pela maioria parlamentar a favor da reeleição de Juan Guaidó; 
reafirmou a necessidade de eleições gerais inclusivas, livres, justas e transparentes; reafirmou a condenação às 
violações sistemáticas de direitos humanos cometidas pelo regime ilegítimo e ditatorial de Nicolás Maduro; e fez 
um apelo para o envio imediato à Venezuela da missão de determinação de fatos criada pelo Conselho de Direitos 
Humanos das Nações Unidas. 
Assinaram a nota Brasil, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá e 
Peru. 
México, Argentina e Uruguai, que apoiam Maduro, não assinaram a nota, mas repudiaram, 
separadamente, os atos de Maduro contra o parlamento. 
 
Relatório Michelle Bachelet 
Em julho de 2019, a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, publicou relatório 
que acusa o governo de Nicolás Maduro de: 
• Tentar neutralizar, reprimir e criminalizar a oposição política e quem critica o governo; 
• Aumento de forma surpreendente as execuções extrajudiciais supostamente cometidas pelas forças 
de segurança. Em 2018, por exemplo, o governo registrou 5.287 mortes, supostamente devido à 
“resistência à autoridade”, em operações policias da FAE; 
• Abuso das forças civis e militares que seriam “responsáveis por detenções arbitrárias, maus-tratos e 
tortura contra os críticos do governo e suas famílias, violência sexual e de gênero perpetrada durante os 
períodos de detenção e visitas, e uso excessivo de força durante manifestações”; 
• A gradual militarização das instituições do Estado; e 
• As detenções arbitrárias e maus-tratos a críticos do governo. 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
18 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Linha do tempo – Venezuela 
A partir de 2004 – a Suprema Corte venezuelana começa a ser aparelhada, tendo nos seus quadros, 
inclusive, membros do partido PSUV – Partido Socialista Unido da Venezuela –, o mesmo do presidente 
Nicolás Maduro e do ex-presidente Hugo Chávez. 
Mar/2017 – O Tribunal Superior de Justiça (TSJ) cassa os poderes da Assembleia Nacional. 
Abril/2017 – TSJ volta atrás e devolve poderes para a Assembleia Nacional, comandada pela 
oposição. 
Abril/2017 – Henrique Capriles é condenado pela Corregedoria Geral da República à inabilitação para 
disputar cargos públicos por um período de 15 anos. 
Maio/2017 – Maduro convoca Assembleia Nacional Constituinte para redigir uma nova Constituição. 
Dez/2017 – O chanceler brasileiro Ruy Carlos Pereira é considerado persona non grata pelo governo 
venezuelano e foi expulso do país. 
Dez/2018 – Fecha o El Nacional, último jornal impresso a circular na Venezuela. 
Maio/2018 – Nicolás Maduro é reeleito presidente da Venezuela. 
Jan/2019 – Juan Guaidó se autodeclara presidente da Venezuela. 
Maio/2019 – A Assembleia Constituinte estende as suas funções até 31 de dezembro de 2020. 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
19 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
ARGENTINA 
Na Argentina, o ex-presidente Mauricio Macri teve de lidar no primeiro semestre de 2017 com a sua 
primeira greve geral – o que era o início de um período de grande descontentamento popular que se estende até 
os dias de hoje. 
 À semelhançado Brasil, a Argentina foi governada por uma presidente de esquerda, Cristina Kirchner, 
que, assim como aqui, deixou o país economicamente em frangalhos. 
No governo de Cristina Kirchner havia perseguição a opositores e falta de transparência na divulgação de 
dados do governo. 
Com Macri, pela primeira vez em oito anos, a Argentina voltou a exibir dados considerados confiáveis pela 
comunidade internacional. 
Apesar de estes dados, a princípio, mostrarem uma melhora considerável no quadro geral, muitos 
problemas continuaram longe de serem solucionados. 
A fim de ilustrar a grave situação argentina, vale destacar que afora a Venezuela, a Argentina tem a mais 
alta inflação do continente. 
Em 2016, a inflação da Argentina foi de 40%, enquanto a da Venezuela foi de inacreditáveis 800%, sendo 
que o país venezuelano ainda teve uma queda no PIB de 18,6%. 
Em 2017, a inflação da Argentina foi de 24,8%. Em 2018, o quadro econômico na Argentina apresentou 
considerável piora, com queda de 2,5% do PIB e inflação superior a 40%. 
Mas o que explica a piora dos números de um governo que prometia, como principal bandeira, o ajuste das 
contas públicas e a volta da normalidade nos campos sociais e econômicos? 
Em vez de medidas rápidas e decisivas para promover os ajustes necessários, Macri insistiu na promessa 
do gradualismo – ou seja, mesmo num quadro que já era bastante desanimador, o presidente prometeu não levar 
adiante qualquer tipo de ajuste que fosse considerado duro e amargo pela população. 
No lugar de aprovar um forte corte nos gastos públicos, por exemplo, Macri anunciou, tão logo assumiu a 
presidência, aumentos para aposentados e professores. Para evitar desgaste com sindicatos e com o 
funcionalismo, também não fez nenhuma indicação de que privatizaria estatais. A Aerolíneas Argentinas e a 
estatal petrolífera YPF continuaram a registrar prejuízos milionários diariamente durante o seu mandato. 
A intenção do governo, portanto, era adotar apenas ajustes graduais e suaves, a fim de evitar desgastes 
políticos. 
O plano de Macri no entanto funcionou apenas no começo. Assim que chegou ao poder, em dezembro de 
2015, o presidente aboliu o cepo cambial, quando a taxa de câmbio saltou de 10 pesos por dólar para 15 pesos por 
dólar. Meses depois, em abril de 2016, ele pagou os credores internacionais que ainda resistiam a aceitar a 
moratória soberana decretada em 2001. Naquele mesmo mês, o governo argentino voltou a ser aceito nos 
mercados internacionais e conseguiu voltar a emitir dívida nestes mercados — 40 bilhões de dólares a uma taxa de 
juros de 6,75% (em dólares) ao ano — após 15 anos de exclusão. 
Apesar dessas melhorias, o governo logo teria de encarar uma série de problemas. 
Internamente, por exemplo, Macri fracassou no seu intuito de corrigir o déficit: em 2017, o desequilíbrio 
das contas públicas alcançou 6% do PIB — acima do registrado no último ano de Kirchner. Diante deste cenário o 
governo continuou imprimindo dinheiro para bancar seus gastos. 
Esse conjunto de fatores seria um prenúncio do desastre eleitoral que impediu a reeleição de Macri. 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
20 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
 
Crise cambial e o FMI 
As moedas de quase todos os países emergentes têm perdido valor em relação ao dólar recentemente, 
devido ao aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, que torna os títulos públicos norte-americanos mais 
interessantes para os investidores internacionais. 
O peso, no entanto, apresentou queda maior do que qualquer outra moeda em 2018, como pode ser 
observado no gráfico a seguir: 
 
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45470709 
 
Além da taxa de juros mais atrativa dos Estados Unidos, essa desvalorização é explicada pela fuga de 
dólares decorrente da preocupação com a crise econômica argentina, o que faz, também, com que os investidores 
procurem mercados mais estáveis. 
Devido à forte valorização do dólar e a desvalorização do peso argentino, o Mauricio Macri, em 2018, 
pegou junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) dois empréstimos emergenciais para poder lidar com a crise 
cambial que afetava o poder de compra dos salários argentinos. 
A inflação de dois dígitos, aliada à corrida cambial, deterioram o cenário econômico da Argentina, que é 
bastante dolarizada. 
Quando a moeda dos Estados Unidos sobe, os preços na Argentina acompanham, gerando um ciclo 
inflacionário vicioso. E como os salários ficam atrasados, cai o poder de compra e cresce a pobreza. 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
21 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Assim, o nosso país vizinho passa por uma forte recessão econômica, com taxa de juros que já chegaram 
a 60%, o que tende a piorar o quadro recessivo. 
A taxa argentina é a mais alta do mundo (quase dez vezes maior que a brasileira, de 4,5% em janeiro de 
2020). Mesmo com essas medidas, e apesar do empréstimo de US$ 50 bilhões do FMI (o maior da história do país), 
o dólar parou de subir apenas após a intervenção do Banco Central, que vendeu reservas – medida considerada 
insustentável no longo prazo. 
Por último, é importante ainda dizermos que a Argentina enfrentou uma grave seca que afetou seriamente 
a sua produção agrícola. 
Este fator, mais a decisão dos Estados Unidos de elevarem as taxas de juros, atraindo capitais que 
até então estavam nos mercados emergentes, contribuíram para a atual crise no nosso vizinho. Basicamente, 
estes fatores desencadearam as duas corridas cambiais, de maio e de agosto de 2018, que fizeram Macri pedir 
ajuda ao FMI, pela primeira vez em 13 anos. 
 Detalhe importante: Assim como foram duas corridas cambiais, o presidente Macri também pediu 
ajuda duas vezes para o FMI. 
O primeiro de 50 bilhões de dólares, e o segundo de 7 bilhões adicionais. Segundo o Fundo Monetário 
Internacional, o dinheiro será liberado aos poucos, na medida em que a Argentina for cumprindo as metas 
estabelecidas – uma das principais é gastar apenas o que arrecada. 
O interessante de tudo isso é que as medidas exigidas pelo FMI, amargas para a população, começaram a 
ser aplicadas em 2019, justamente no ano em que o país realiza as eleições gerais em que Macri tentou, sem êxito, 
a reeleição. 
Entre as medidas adotadas como contrapartida para o recebimento do empréstimo junto ao FMI está a 
reforma da previdência, que inclusive já foi votada. 
Como esta é uma questão que costuma não ter o apoio popular, houve greve nos transportes e outros 
protestos violentos contra a medida, que acabou sendo aprovada pelo Parlamento do país. 
 
O revés eleitoral de Macri e as medidas populistas 
Sem conseguir resolver os problemas com que tinha se comprometido a solucionar, o candidato de 
oposição à presidência da Argentina, Alberto Fernández, venceu em agosto de 2019, as eleições primárias para a 
presidência do país, impondo uma dura derrota ao atual presidente, Mauricio Macri, que tentava a sua reeleição. 
Alberto Fernández, que tem Cristina Kirchner como vice, teve 47,66% dos votos, e Macri 32,08%. 
Após a derrota nas primárias, e contra a sua agenda liberal, Macri anunciou um pacote tido como populista 
e eleitoreiro, a fim de tentar reverter a sua situação. 
Este pacote incluiu a redução dos pagamentos de imposto sobre a renda, o aumento de subsídios para os 
argentinos mais pobres e o congelamento por 90 dias dos preços dos combustíveis. 
Em outubro de 2019, repetindo o resultado das prévias, Alberto Fernández foi eleito novo 
presidente da Argentina, tendo a ex-presidente Cristina Kirchner como vice na chapa. Fernández derrotou o então 
atual mandatário argentino, Mauricio Macri. 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
22 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Primeiras medidas de Alberto Fernández como presidente 
Alberto Fernández assumiua presidência da Argentina no dia 10 de dezembro de 2019 e logo apresentou 
um pacote de medidas sociais e econômicas chamado de Lei de Solidariedade Social e Reativação Produtiva. 
As medidas atuam em diversas frentes, mas se utilizam principalmente de elevações de impostos e alívio 
fiscal para o governo argentino, como podemos ver a seguir: 
• IMPOSTOS – Taxas de 30% para compra de dólares e compras feitas no exterior por argentinos, além 
de aumento nos impostos sobre exportação de produtos agrícolas e sobre patrimônio. 
• CONGELAMENTOS – Congelamento, por seis meses, das tarifas de serviços públicos (como energia 
e transporte) e das aposentadorias, que não poderão ser reajustadas – com exceção das pensões de 
membros do Judiciário e do corpo diplomático. 
• PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS – Adiamento, reestruturação ou alívio de dívidas de pequenas e 
médias empresas. 
• ESTADO DE EMERGÊNCIA – Foi decretado estado de emergência econômica, financeira, fiscal e 
administrativa até 31 de dezembro de 2020, o que lhe dá poder ao presidente de manejar o orçamento 
sem aval do Congresso. 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
23 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
CHILE 
Em 2019 o Chile passou a ser sacudido por uma série de protestos que têm tomado as ruas das principais 
cidades do país. 
As manifestações no Chile surgiram inicialmente em protesto contra 1 aumento do preço dos bilhetes de 
metrô em Santiago, decisão que seria suspensa e posteriormente anulada pelo Governo liderado pelo Presidente 
chileno. Apesar do recuo das autoridades, as manifestações e os confrontos prosseguiram devido à degradação 
das condições sociais, à crise econômica intensa e às desigualdades no país. 
Desde o início dos protestos 24 pessoas morreram e mais de 3,4 mil ficaram feridas. Além disso, mais de 
28 mil pessoas foram detidas, a maioria libertada logo depois. 
As manifestações ainda levaram o presidente Sebastián Piñera a aceitar a convocação de uma 
constituinte. Além disso, os parlamentares aceitaram cortar os próprios salários pela metade, sob pressão dos 
manifestantes. 
Para a economia, o resultado foi desastroso. O Produto Interno Bruto, por exemplo, caiu 3,4% em outubro 
de 2019 na comparação com o mesmo período do ano anterior. 
As autoridades chilenas ainda investigam se há interferência estrangeira nas manifestações que ocorrem 
no país. 
Em dezembro de 2019, o então chanceler chileno, Teodoro Ribero, afirmou que investigadores detectaram 
"um tráfego exagerado na internet" a partir de "um país do Leste Europeu" desde o início da onda de 
protestos no Chile, em 18 de outubro. Segundo o ministro, isso pode significar que as manifestações 
tiveram interferência estrangeira. 
As declarações de Ribera ocorreram após um funcionário do departamento de Estado norte-americano 
revelar à imprensa "indícios de atividades russas para dar uma direção negativa ao debate no Chile", e assim 
"exacerbar a divisão e fomentar o conflito". 
O chanceler chileno não citou qualquer país, mas declarou que este tipo de coisa não é "novidade" e que 
atualmente existem "riscos internacionais para os países e para as democracias". Neste sentido, alertou sobre a 
necessidade da colaboração internacional com informação "para prevenir tais circunstâncias". 
Caso semelhante sobre interferência externa foi citado também em dezembro de 2019, quando 15 países 
signatários do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar), entre eles o Brasil, aprovaram punir 
integrantes do regime de Nicolás Maduro na Venezuela. 
Um dos argumentos para as sanções eram o suposto envolvimento de pessoas ligadas ao chavismo em 
"atos violentos" ocorridos nas "manifestações populares legítimas em alguns países da região". 
O texto não detalha quais seriam essas manifestações. Porém, na segunda-feira, o secretário de Estado 
norte-americano, Mike Pompeo, acusou os regimes de Cuba e Venezuela de "tentarem sequestrar" os protestos 
que ocorrem em diferentes países da América Latina, como Bolívia, Chile, Colômbia e Equador. 
 
 
https://g1.globo.com/tudo-sobre/sebastian-pinera/
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/11/11/chile-anuncia-processo-para-nova-constituicao-atraves-de-uma-constituinte-e-plebiscito.ghtml
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/11/11/chile-anuncia-processo-para-nova-constituicao-atraves-de-uma-constituinte-e-plebiscito.ghtml
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/11/27/deputados-do-chile-aprovam-reduzir-salarios-de-presidente-e-de-parlamentares.ghtml
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/12/02/economia-chilena-despenca-34-em-outubro-por-crise-social.ghtml
https://g1.globo.com/tudo-sobre/chile/
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/12/03/paises-do-tratado-tiar-aprovam-punicao-contra-funcionarios-do-chavismo-na-venezuela.ghtml
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/12/03/paises-do-tratado-tiar-aprovam-punicao-contra-funcionarios-do-chavismo-na-venezuela.ghtml
https://g1.globo.com/tudo-sobre/cuba/
https://g1.globo.com/tudo-sobre/venezuela/
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
24 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
NICARÁGUA 
Até o primeiro semestre de 2019, a Nicarágua viveu a sua maior crise política, o que resultou na maior 
onda de violência desde a Revolução Sandinista, que terminou com a ditadura Somoza em 1979. 
Mais de 440 pessoas morreram em 2018 por conta das repressões a manifestações contra o governo de 
Daniel Ortega, que se nega a antecipar eleições presidenciais. 
Houve, inclusive, a morte de uma brasileira, Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, que cursava medicina em 
Manágua. 
Os conflitos começaram após a publicação de um decreto de regulamentação de reforma da previdência, 
em abril de 2018, que aumentava as contribuições de empresários e trabalhadores. 
Os primeiros protestos aconteceram no mesmo dia, na capital Manágua, já com confrontos entre 
manifestantes e membros da Juventude Sandinista, simpatizantes do governo. 
 Logo as manifestações se espalharam por mais cidades e o presidente Daniel Ortega tirou do ar cinco 
canais de TV. 
Apesar de Ortega ter revogado a Reforma da Previdência, em 22 de abril de 2018, os confrontos 
continuaram, mas dessa vez pedindo a renúncia do presidente. 
 Desde então, foram desencadeadas duas greves nacionais de 24 horas. 
Um grupo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos chegou a visitar quatro cidades e a 
denunciar o uso abusivo da força policial e a existência de grupos paramilitares em atividade. 
Para dar fim à crise, e sem um representante específico do outro lado, o governo fez reuniões com 
opositores sob mediação de bispos da Igreja Católica, mas sem sucesso. 
A grande violência, segundo os relatos, não partiram nem da Polícia Nacional nem do Exército, mas de 
grupos paramilitares que agem com extrema violência e são responsáveis pela maioria das mortes, detenções 
ilegais e desaparecimentos que ocorrem no país. Apesar dos indícios em contrário, Ortega nega que esses grupos 
tenham conexão com o governo. 
Os manifestantes exigem, principalmente, a saída de Ortega, que está no poder desde 2007 – ou que ele 
ao menos antecipe as eleições presidenciais (o mandato de Daniel Ortega vai até o final de 2020). 
 Ele já tinha sido presidente do país entre 1985 e 1990. 
 No país não há limite para a reeleição. 
Diferente da Venezuela, no entanto, a Nicarágua não enfrenta sérios problemas econômicos e a maior 
parte da população não passa fome ou enfrenta falta de produtos básicos. 
A desigualdade no país, no entanto, tem crescido e grandes setores da economia são controlados pela 
família e por aliados de Ortega. 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
25 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
MÉXICO 
Em julho de 2018, contrariando a ascensão da direita no resto da América Latina, Andrés Manuel López 
Obrador, um político declaradamentede esquerda, elegeu-se presidente do México. 
Andrés Manuel López Obrador, de 64 anos, também conhecido pela sigla de suas iniciais, AMLO, venceu 
com a promessa de exercer um governo "austero, sem luxos ou privilégios". 
Também foram apresentados como propostas de sua campanha o combate à corrupção e a preservação 
do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), atualmente ameaçado por Donald 
Trump. 
Outro ponto importante sobre o México foi a prisão de Joaquim Guzmán Loera, mais conhecido como El 
Chapo, líder do cartel de Sinaloa, que é considerado o maior traficante da atualidade e era o mais procurado do 
século XXI. 
El Chapo possui uma fortuna pessoal estimada em 1 bilhão de dólares. 
Em janeiro de 2017 Guzmán foi extraditado para os Estados Unidos, onde responde processos por 
lavagem de dinheiro e associação criminosa, entre outros crimes. 
Nos Estados Unidos, o traficante começou a ser julgado em novembro de 2018. 
No dia 15 de outubro de 2019, uma operação da Guarda Nacional — força criada pelo presidente Andrés 
Manuel López Obrador para combater o tráfico de drogas — prendeu Ovidio Guzmán, filho de El Chapo, em 
Culiacán com o objetivo de extraditá-lo aos Estados Unidos. 
Entretanto, as forças de segurança enfrentaram resistência armada pelas ruas de Culiacán. Os combates 
deixaram oito mortes, 21 feridos, barricadas erguidas e veículos em chamas. 
Devido ao cenário caótico, a Guarda Nacional bateu em retirada da cidade e libertou Ovídio Gúzman com 
o aval do presidente do país, Andrés Manuel López Obrador, que classificou a retirada como “uma boa ação”. 
No mês seguinte à ação, em novembro de 2019, um dos policiais da Guarda Nacional do México que 
participou da prisão de Ovidio Guzmán foi executado com 155 tiros, no estacionamento de um shopping da cidade 
de Culiacán, em Sinaloa. 
O tema já foi assunto de prova, como pode ser observado a seguir. 
Questão para fixar 
IESES – TJ-AM - Titular de Serviços de Notas e de Registros - 2018 
Os primeiros dias de 2016 foram tumultuados para Joaquim Guzmán Loera, conhecido como El Chapo. Após 
diversas fugas da prisão, o traficante mais procurado do século XXI e líder do cartel de Sinaloa foi preso pela 
terceira vez em 8 de janeiro, na cidade de: 
a) Puerto Nariño na Colômbia. 
b) Los Mochis, no México. 
c) Los Angeles, nos EUA. 
d) Belford Roxo, no Brasil. 
RESOLUÇÃO: 
Joaquim Guzmán Loera, mais conhecido como El Chapo, líder do cartel de Sinaloa, foi preso pela terceira vez 
nos primeiros dias de janeiro, em Los Machis, cidade mexicana 
Gabarito: D 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
26 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
PERU 
Em dezembro de 2016, a empreiteira brasileira Odebrecht admitiu perante a Justiça americana que 
pagou US$ 29 milhões em propinas durante uma década no Peru, entre 2005 e 2015, para o governo, 
intermediários e empresários. Em contrapartida, a empresa, nesse intervalo, obteve contratos pelo valor de US$ 
12 bilhões em território peruano. A Odebrecht já estava presente no Peru desde 1979, quando realizou sua primeira 
obra no país. 
Por conta de suas atividades ilícitas, o esquema de corrupção da Odebrecht atingiu todos os últimos quatro 
presidentes peruano, como veremos a seguir. 
Em fevereiro de 2017, Alejandro Toledo (que governou o país entre 2001 e 2006) deveria ser preso 
preventivamente. O ex-presidente, porém, não foi encontrado. Sabendo que poderia ser detido, ele havia partido 
do Peru poucos dias antes, sub-repticiamente. Desde então, Toledo reside nos Estados Unidos, enquanto a Justiça 
peruana tenta conseguir sua extradição. Ele diz que não voltará porque não acredita na honestidade do judiciário 
de seu país e se declara um "perseguido político". 
Em março de 2018, o então presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, popularmente conhecido como 
PPK, apresentou seu pedido de renúncia ao Congresso depois que alegações de compra de votos atingiram seu 
partido, de centro-direita. 
No momento da renúncia, Pedro Paulo estava às vésperas de enfrentar uma votação que pedia o seu 
impeachment. 
O então mandatário afirmou que a sua decisão foi tomada devido ao clima de ingovernabilidade em que o 
país estava submerso e negou a compra de votos que motivava o pedido do seu afastamento. 
Uma semana antes da renúncia, o Congresso peruano já havia aprovado a abertura de um segundo pedido 
de impeachment contra o presidente, dessa vez por conta de suas declarações, apontadas como mentirosas pela 
oposição, sobre os vínculos de PPK com a Odebrecht. 
Em abril de 2019, Alan García, ex-presidente peruano que também estaria envolvido com esquemas de 
corrupção da Odebrecht, suicidou-se com um tiro na cabeça após receber voz de prisão por conta do caso. 
No Peru as investigações da Lava Jato encontraram clima favorável para avançarem. Além de PPK, 
Alejandro Toledo e de Alan García, outro ex-presidente que teria se envolvido com os esquemas de corrupção da 
Odebrecht foi Ollanta Humala (presidente de 2011 a 2016), que chegou a ser preso. Além de Humala, a Justiça 
colocou na cadeia sua mulher, a ex-primeira-dama Nadine Heredia, pelo delito de lavagem de ativos e associação 
ilícita no esquema das propinas. Após uma série de recursos, o casal, que continua sendo investigado, foi liberado. 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
27 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
COLÔMBIA 
Em relação à Colômbia, um importante ponto que precisamos conhecer é sobre o acordo de paz que 
pretende acabar com meio século de enfrentamentos entre o governo colombiano e a maior guerrilha do país, as 
Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (popularmente conhecida pela sua sigla, Farc). 
O acordo, de novembro de 2016, previa que os rebeldes teriam 150 dias para entregar todas as suas armas 
às Nações Unidas. 
Segundo informações do próprio governo colombiano, os 52 anos de existência da guerrilha resultaram na 
morte de mais de 200 mil colombianos e no deslocamento de mais 6 milhões de pessoas. 
Por conta do acordo de paz, Juan Manuel Santos, o então presidente colombiano, ganhou, em 2015, o 
Prêmio Nobel da Paz por seus esforços em negociar o desarmamento do grupo guerrilheiro, que é considerado 
o mais antigo da América Latina. 
Todo o processo que costurou o acordo durou quatro anos e, ainda assim, quase terminou em fracasso. 
O primeiro pacto de paz colombiano, mediado por Cuba, foi assinado pelo então presidente 
colombiano, Juan Manuel Santos, e pelo líder das Farc, Rodrigo Londono (popularmente chamado de 
Timoleón Jimenez ou Timochenko). 
 Este primeiro esforço de pacto foi rejeitado pela população colombiana, em um plebiscito em outubro de 
2016. 
O “sim”, que pretendia ratificar o acordo de paz, tinha como principais apoiadores o presidente 
colombiano e o então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. 
O “não”, no entanto, ganhou, ainda que por uma pequena vantagem - menos de 60 mil votos. De qualquer 
forma, apesar de o plebiscito ter causado grande comoção internacional, o total de eleitores que se abstiveram de 
ir às urnas foi o maior já visto naquele país (63%), o que pode indicar que a população colombiana não estivesse 
tão envolvida assim em ser responsável por resolver a questão. 
 
Os principais motivos da rejeição 
As feridas abertas com a violência causada em cinquenta anos de conflitos contribuíram para que a 
população rejeitasse o acordo. 
As partes mais polêmicas dele, por exemplo, davam garantias ao partido político no qual as Farc se 
transformariam: eles teriam direito de receber cinco cadeiras no Senado e cinco na Câmara nos dois ciclos 
legislativos seguintes. 
Outras objeções foram feitas à proposta de que os culpados de crimes de guerra ou contra a humanidade 
- tanto das Farc como das forças do Estado - não seriam presos. 
O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe eraum dos principais apoiadores da rejeição à proposta. 
 
O segundo acordo (sem plebiscito) 
Após o fracasso – por meio do plebiscito – das primeiras negociações, novas tratativas resultaram numa 
segunda versão do acordo. 
Desta vez, porém, o documento era menos tolerante com os rebeldes – como pediram os que votaram 
contra na consulta popular. 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
28 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Ainda assim, o segundo acordo manteve a promessa feita aos guerrilheiros de que poderiam formar um 
partido político, disputar eleições e ocupar cargos públicos (incluindo aí a garantia de terem determinado número 
de cadeiras tanto na Câmara quanto no Senado). 
A oposição, liderada pelo ex-presidente e então senador Álvaro Uribe, queria que o documento fosse 
submetido a um novo plebiscito. Santos, porém, temeroso de sofrer nova derrota nas urnas, decidiu submetê-lo 
diretamente à aprovação do Congresso, onde o governo tinha maioria. 
Tanto Santos quanto Londono, líder das Farc, argumentaram que o acordo de paz foi o resultado de amplo 
debate nacional e que era mais importante implementar a paz o quanto antes do que colocar em risco a trégua 
entre o governo e a guerrilha e recomeçar do zero. 
Além do desarmamento das Farc, o acordo prevê a erradicação dos cultivos de drogas ilegais (que 
financiavam as atividades guerrilheiras após a queda do comunismo no Leste Europeu) e programas sociais para 
integrar mais de 6 mil rebeldes à sociedade civil. 
Opositores ao acordo argumentavam que a Colômbia gastaria uma fortuna em um momento de 
desaquecimento da economia nacional. 
No começo de julho de 2017, Juan Manuel Santos, o então presidente colombiano, assinou um decreto que 
deu anistia a 3.252 ex-guerrilheiros das Farc. 
No total, já são 7.400 os ex-guerrilheiros anistiados por decreto presidencial ou via judicial. 
 A anistia marca o início do desmonte das chamadas “zonas de segurança”, que estão espalhadas em 26 
pontos do país (ATENÇÃO: apenas os ex-guerrilheiros localizados nestas zonas podem ser anistiados). Entre a 
entrega das armas destes homens e a anistia houve um intervalo de apenas duas semanas. 
 
Recuperação de armas 
Além da entrega das armas, os anistiados, a fim de facilitar a reinserção na sociedade, também 
começaram a tirar cédulas de identidade. 
O governo, porém, em conjunto com a ONU, ainda trabalha na localização e destruição de armas que 
estariam escondidas em mais de 900 fossas espalhadas pelo país (detalhe importante: a existência dessas fossas 
só foi conhecida após a assinatura do acordo). 
No começo de julho de 2017, a missão da ONU anunciou que, das 900 fossas, 660 já haviam sido 
localizadas. Destas, foram retiradas 321 armas e nove toneladas de explosivos. Também foram localiza das armas 
e material para produção de minas terrestres. 
 
O partido político FARC 
Em setembro de 2017, a organização anunciou a criação do seu partido político e o consequente ingresso 
na vida pública do país. 
Decisão polêmica, o grupo afirmou que o seu partido manterá a sigla FARC. 
Esta, no entanto, agora passa a significar Força Alternativa Revolucionária do Comum – e não mais 
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. 
O grupo, pelo acordo firmado, terá direito a cinco cadeiras na Câmara e cinco no Senado. 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
29 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Se seus candidatos não conseguirem votos suficientes para se elegerem dentro do atual número de 
legisladores que são escolhidos a cada eleição, serão criadas novas vagas para que os ex-guerrilheiros ocupem 
suas dez cadeiras no legislativo conforme acordado. Essas regras, de vagas extras, valerão para as eleições de 
2018 e 2022. 
O grupo anunciou que a luta pela defesa do meio ambiente e da diversidade estão entre as prioridades 
do novo partido. 
Outra novidade das eleições colombianas de 2018 foi a eleição do político de direita Iván Duque, mais um 
membro da chamada ascensão conservadora na América Latina, que foi consagrado pelas urnas como presidente 
da Colômbia. 
 
Odebrecht na Colômbia 
Em junho de 2019, o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos se tornou alvo de uma investigação 
preliminar da Câmara dos Deputados da Colômbia por suposta participação no esquema de corrupção da 
construtora Odebrecht. 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
30 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
CUBA 
A morte de Fidel Castro foi, talvez, o evento político/social mais comentado no fim de 2016, pois Fidel é 
figura-chave para se entender os rumos políticos que foram tomados nas últimas décadas na América Latina. 
Ditador de Cuba por longos 48 anos, de 1959 até 2008, Fidel só saiu do poder, oficialmente, para ceder seu 
lugar para Raúl Castro, seu irmão, quando precisou se afastar por motivos de saúde. Antes, em julho de 2006, 
Fidel já havia delegado seus poderes para Raúl, sem, no entanto, deixar o cargo de “presidente” da ilha. 
Para se ter uma noção de quão longevo é o regime castrista, basta notar que enquanto apenas os irmãos 
Castros estiverem à frente do poder em Cuba, doze presidentes norte-americanos exerceram o comando dos 
Estados Unidos. 
Apesar de não ser tão citada pela mídia quando de sua morte, Fidel Castro foi um líder sanguinário que 
transformou Cuba em uma prisão a céu aberto. 
Para se ter uma ideia de como a figura de uma prisão é adequada para o país, basta saber que nem os 
pescadores podem ter barcos nesta ilha caribenha. 
Segundo o Departamento Nacional de Capitania daquele país, “nenhum cubano está autorizador a 
navegar em Cuba, a única exceção é para aqueles casados com cidadãos de outros países, mas que estes 
devem solicitar autorização previamente”. 
Em 2 de abril de 2003, depois de um julgamento sumário por um tribunal especial, três cubanos que teriam 
sequestrado uma balsa com 50 pessoas a bordo foram condenados à morte e fuzilados. 
Os executados pretendiam chegar aos Estados Unidos e pedir asilo. 
Na oportunidade, José Saramago, o escritor português ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1998, 
que era um famoso defensor do regime cubano (e amigo pessoal de Fidel Castro), escreveu num jornal: "Cuba (...) 
perdeu minha confiança, arrasou minhas esperanças e frustrou minhas ilusões". 
Afora esse caso isolado, se se observar a frieza dos números, chegaremos à fácil conclusão de que Fidel 
Castro foi o líder da ditadura latino-americana mais assassina que houve. 
Este título, de ditador mais sanguinário do continente, torna-se ainda mais estarrecedor se lembrarmos 
que Fidel Castro comandou Cuba numa época repleta de regimes autoritários e violentos no continente 
americano. 
Mas e a educação e a saúde de Cuba? Talvez você esteja se perguntando se isso não foi um bom legado 
deixado por Fidel, certo? 
Bem, vejamos primeiro a saúde. A fim de evitarem falar do “paredón” de fuzilamentos, dos muitos presos 
políticos, da perseguição a gays e da perseguição à imprensa livre, por exemplo, os defensores de Fidel Castro 
costumam apontar os indicadores sociais da educação e da saúde como os maiores trunfos deste regime. 
Infelizmente, nem mesmo a possível melhoria nesses indicadores faz de Cuba a “terra prometida” que o 
socialismo tenta construir. 
Segundo números da ONU, a atual taxa de mortalidade infantil de Cuba coloca o país na 44ª posição no 
ranking, bem ao lado do Canadá. 
 Ocorre que essas mesmas estatísticas da ONU indicam que em 1958 (o ano anterior à gloriosa revolução) 
Cuba figurava mundialmente na 13ª posição. 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
31 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
 Isso o colocava país no topo da América Latina e também à frente de grande parte da Europa Ocidental 
(como França, Bélgica, Alemanha Ocidental,Israel, Japão, Áustria, Itália, Espanha e Portugal). Hoje, todos esses 
países deixam Cuba para trás nesses números. 
Ainda na seara da saúde pública, vale ressaltar que, de acordo com a Associação dos Médicos e Cirurgiões 
Americanos, a taxa de mortalidade das crianças cubanas com idade entre um e quatro anos é 34% maior do que a 
dos Estados Unidos (11,8 contra 8,8 por 1.000) e a taxa de mortalidade materna é quase quatro vezes maior que a 
dos EUA (33 contra 8,4 por 100.000). 
Em Cuba, como se vê, muitas mães morrem durante o parto, assim morrem muitas crianças de um a quatro 
anos. 
Porém, ao mesmo tempo, os bebês com menos de um ano (período utilizado nas estatísticas da ONU para 
se considerar um bebê) são muito saudáveis. 
Agora no campo da educação, podemos citar que o regime castrista não tem nenhuma universidade entre 
as 500 melhores do mundo. 
Assim como, também, não possui um único prêmio Nobel ou medalha Fields (o Brasil, apesar de não ter 
um prêmio Nobel, possui uma medalha Fields, conquistada pelo matemático Artur Ávila, em 2014). 
No ranking da World Intellectual Property Organization, que registra o número de patentes registradas em 
cada país, Cuba tem aparecido com aproximadamente apenas 10 patentes registradas por ano. 
Ademais, fica difícil avaliar a educação do país em comparação a outras nações, tendo em vista que, 
simplesmente, não há dados sobre Cuba no ranking do PISA e de outros exames internacionais respeitados. 
 
Fim da Era Castro? 
A Assembleia Nacional de Cuba anunciou em abril de 2018 o nome de Miguel Díaz-Canel como novo 
presidente do país, em substituição a Raúl Castro, com 99,83% dos votos dos deputados. 
Miguel Díaz-Canel é o primeiro civil na presidência desde 1976 e a sua trajetória está intimamente ligada 
ao Partido Comunista de Cuba (PCC), onde tem a benção de Raúl Castro. 
Canel não pertence à geração revolucionária. 
Com a passagem do comando a Díaz-Canel, Raúl Castro não renunciará a todas as suas funções, já que se 
manterá como secretário-geral do Partido Comunista de Cuba até 2021, além de continuar atuando como 
deputado nacional e líder das Forças Armadas. 
Díaz-Canel nasceu um ano depois da revolução cubana, em 1960, e foi líder da união de Jovens Comunistas 
em sua província, Villa Clara. 
Foi também líder da juventude nacional do Partido Comunista de Cuba, em 1993, ministro do Ensino 
Superior, em 2009 e vice-presidente do Conselho de Ministros para a Ciência, Educação, Esportes e Cultura, em 
2012, quando costumava circular nacional e internacionalmente acompanhado ou em nome de Raúl Castro. 
A maquiagem da “renovação” na política cubana só ocorre porque a cúpula do poder do país, liderada por 
Raúl Castro, de 86 anos, é composta por outros octogenários e diversos nonagenários, que estão no poder desde 
1959, quando os guerrilheiros derrubaram o ditador de direita Fulgencio Batista e implantaram uma nova ditadura, 
de esquerda, comandada por Fidel Castro até 2010. 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
32 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Como parte desse processo de “renovação”, a ditadura cubana realizou, em março de 2018, eleição para 
definir os 605 membros da Assembleia Nacional, órgão que se apresenta como um Parlamento. A lista, no entanto, 
apresentava apenas 605 candidatos, escolhidos pelo Partido Comunista de Cuba (PCC). 
Apesar de os atuais membros da Assembleia Nacional, assim como o novo presidente, serem mais 
favoráveis à abertura econômica para a iniciativa privada, a transição está sendo feita sob controle dos militares, 
especialmente o coronel Alejandro Castro Espín, de 52 anos, filho de Raúl Castro. 
O próprio Raúl Castro, como prova da continuidade do regime, continuará no comando do Partido 
Comunista de Cuba até 2021. 
 
Relação com os EUA 
A aproximação entre Cuba e Estados Unidos, que vinha se intensificando no governo Obama, foi freado 
quando Donald Trump assumiu a presidência dos EUA. 
Com Obama, que chegou a visitar Cuba em 2016, as embaixadas voltaram a se instalar em Havana e 
Washington, o que contribuiu para diminuir a tensão entre os dois países. 
Apesar de a abertura alcançada por Obama ter sido paralisada, Trump não a reverteu, já que é do interesse 
de empresas americanas ganhar e consolidar acesso ao mercado cubano. 
A Casa Branca já declarou que o governo Trump não vê o povo cubano ganhando maior liberdade sob o 
governo e que não tem a intenção de suavizar sua política em relação ao governo comunista da ilha. 
 
Nova Constituição de Cuba 
Em dezembro de 2018, o Parlamento cubano aprovou, de forma consensual, o projeto de uma nova 
Constituição, que mantém o comunismo como meta, mas reconhece o papel do mercado e da propriedade 
privada, ainda que com limites. 
O projeto, posteriormente, foi submetido a referendo e aprovado pela população. 
O novo havia sido aprovado em sessão ordinária da Assembleia Nacional fechada à imprensa 
internacional, na presença do presidente Miguel Díaz-Canel e de seu antecessor, Raúl Castro, atualmente o 
principal comandante do Partido Comunista (PCC, único). 
Mesmo com uma nova Constituição, no entanto, vários pontos importantes continuam sem mudança em 
Cuba, como os itens apresentados a seguir: 
• O país continua comunista; 
• O Partido Comunista é o único reconhecido pelo governo; 
• Economia planificada; 
• O Estado tem monopólio sobre a posse das terras; 
• Assembleia Nacional, formado exclusivamente com membros do Partido Comunista, elege 
presidente e primeiro-ministro; 
• Todos os meios de comunicação são de propriedade socialista; 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
33 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
Como toda nova Constituição, no entanto, esta também apresenta mudanças, sendo as principais as 
apresentadas a seguir: 
• Reconhecimento da propriedade privada e do enriquecimento individual, mas apenas dentro de 
determinados limites; 
• Criação do cargo de primeiro-ministro (chefe de governo); 
• Proibição de discriminação a pessoas LGBT; 
• Estabelecimento de presunção de inocência e habeas corpus em processos criminais; 
• Estado passa a ser laico; 
• Liberdade de imprensa; 
• Mandato de cinco anos para o presidente, que terá direito a apenas uma única reeleição; 
• Previsão de possibilidade de denúncia, pelos cidadãos, de violação de direitos constitucionais 
cometidos pelo governo. 
 
 
Atualidades para Todos os Cargos da PC BA Prof. Danuzio Neto 
Aula 01 
 
 
 
34 de 77|www.direcaoconcursos.com.br 
PARAGUAI 
Durante o ano de 2019 o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, e o seu vice-presidente, Hugo 
Velázquez, sofreram um processo de impeachment – que não vingou – por causa de um acordo que envolvia a 
usina binacional de Itaipu, que pertence ao Brasil e ao Paraguai. 
O caso teve origem num acordo realizado em maio daquele ano entre os governos brasileiro e paraguaio 
que, na prática, faria o Paraguai pagar mais caro pela energia de Itaipu. 
Pelo texto assinado, o Paraguai aumentaria a previsão de compra da chamada energia garantida (mais 
cara), reduzindo o consumo da energia chamada de excedente, que é mais barata. 
A revelação da existência do acordo levou o chanceler paraguaio, presidente de Itaipu e outros dois 
funcionários de alto escalão a renunciarem. 
A oposição paraguaia acusou o presidente Abdo de favorecer interesses brasileiros e entrou com 
um pedido de impeachment na Câmara dos Deputados. 
Em 1º de agosto, Brasil e Paraguai assinam o cancelamento do acordo sobre a compra de energia, o 
que minguou as chances de haver um impeachment. Logo em seguida, porém, foi aberta uma CPI para investigar 
o caso. 
No final de agosto de 2019, a Câmara dos Deputados do Paraguai arquivou, por 43 votos a 36, a abertura 
do processo de impeachment contra o presidente paraguaio e o vice. 
 
 
https://g1.globo.com/tudo-sobre/paraguai/

Continue navegando