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ESCLERODERMIA · Doença multissistêmica crônica, incluída no grupo de doenças auto imunes do tecido conectivo. · Caracterizada pela esclerose ( fibrose) progressiva do tecido conjuntivo. · Tem por alvo a microvasculatura da pele, TGI, pulmões, rins e sistema musculoesquelético. · Caracteriza-se por 3 achados : fibrose tecidual, alterações em pequenos vasos sanguíneos e resposta auto imune específica associada a auto anticorpos. · O espessamento cutâneo é o achado clínico mais proeminente ( “pele dura”) · Representa um amplo espectro de doenças diferentes que variam desde forma localizada até síndromes sistêmicas e mistas. EPIDEMIOLOGIA · Ocorre em qualquer faixa etária ( 5-50 anos), raro nos extremos de idade · Predomina no sexo feminino · Na infância não há predominância de sexos · Não há predomínio de raças, porém apresenta maior gravidade na raça negra · Incidência de 2,7 casos/ 100.000 habitantes · Associação com outras colagenoses :LES, AR, DM,SS · Diferentes denominações na literatura: · Morféia: termo utilizado para doença exclusivamente cutânea · Esclerodermia: usado para doença visceral com acometimento na pele · Esclerodermia cutânea e esclerodermia sistêmica são amplamente utilizadas e aceitas universalmente. ETIOPATOLOGIA · Parcialmente conhecida · Alterações no endotélio vascular de pequenos vasos · Estímulo desconhecido ( viral, bacteriano, UVA, drogas, tóxicos, sintéticos, injúria tecidual) + predisposição genética e HLA: apoptose de células endoteliais exposição de estruturas endoteliais ( antígenos) produção de auto-anticorpos contra ag do endotélio deposição de colágeno na luz dos vasos espessamento endotelial da luz luminal isquemia e necrose céls inflamatórias e necrose ao redor dos vasos. · Todo mecanismo culmina na síntese irregular e exagerada de colágeno fibrose · Autoanticorpos encontrados estão associados com a gravidade e prognóstico da doença ( não é determinante para diagnóstico ) · Ac antimitocondrial · Ac antiesclerodermia 70 (anti Sel 70) · Ac anticentrômero · Ac antinucleolar QUADRO CLÍNICO ENVOLVIMENTO CUTÂNEO · Fase edematosa : edema difuso ( anasarca), início mãos e pés com progressão centrípeta · Fase de espessamento: endurecimento progressivo da pele, inicio em extremidades. Pele espessa, endurecida, não depressível e não pregueável. · Fase atrofia: retrações tendíneas, contraturas em flexão ( mãos em garra, afilamento nariz, perda dos sulcos perilabiais) · Face em “máscara “, aberturas orais limitadas, sulcos verticais da pele perioral : gengiva atrófica e pele espessa · Apresentações : · Morfeia : placa branco marfinica, brilhante, atrófica, sem pregueamento · Linear: principalmente em face, unilateral – na fronte chamada “golpe de sabre” SISTÊMICA CUTÂNEA LIMITADA : CREST SISTÊMICA CUTÂNEA DIFUSA ENVOLVIMENTO MUSCULOESQUELÉTICO · Poliartralgia, poliartrite e tenossinovites · Contraturas com flexão ( principalmente dedos das mãos) · Atrofia músculo-esquelética · Miopatia, elevação enzimas musculares · Calcificações periarticulares ( calcinoses) ENVOLVIMENTO GASTROINTESTINAL · Esôfago é a porção mais afetada (90%) – disfagia, atonia, dilatação e esofagite de refluxo) · “estômago em melancia”: dilatação da microvasculatira gástrica · Mastigação difícil pela menor flexibilidade facial com abertura oral reduzida e mucosas ressecadas · Distensão abdominal, diarreia, constipação, epigastralgia, retardo esvaziamento gástrico, surtos recorrenres de pseudo-obstrução. ENVOLVIMENTO PULMONAR · Principal causa de morte nessa patologia · Pulmão é acometido em aprox.. 70% dos pacientes · Fibrose intersticial/pulmonar e vasculopatia, capacidade de difusão baixa e volume pulmonar reduzido · Dispneia não acompanhada de dor torácica e tosse seca ENVOLVIMENTO CARDÍACO · Observado em 5 – 20 % dos pacientes esclerodérmicos · Pericardite, derrame pericárdico, miocardiopatia e insuficiência cardíaca · Dispneia aos esforços, sinais de ICC, arritmias cardíacas pelas fibrose miocárdica ENVOLVIMENTO RENAL · A crise renal é a mais grave manifestação visceral de esclerodermia · Vasoespasmo de pequenas artérias renais associado a hipertensão arterial grave, infarto renal e insuficiência renal · Crise renal : anemia hemolítica, microangiopatia, trombocitopenia e perda progressiva da função renal DIAGNÓSTICO · Sinais e sintomas iniciais inespecíficos que podem simular outras doenças reumatológicas ( LES, AR, polimiosite) · Exames laboratoriais : anemia leve, pancitopenia, valores de prova de atividade inflamatória (VHS, PCR) · FAN positivo padrão pontilhado ou nucleolar · Biópsia de pele TRATAMENTO · Não há tratamento ou medicamento comprovadamente seguro que altere o processo patológico na esclerodermia. · Podem ser utilizadas medicações antifibróticas, substâncias vasoativas, imunossupressores e estimuladores de motilidade 1) Sunstâncias antifibróticas: · D- penicilamina: antifibrótico e imunossupressor; atua na solubilização do colágeno; inicialmente resultado após 6 meses 2) Substâncias vasoativas ( fenômeno de Raynaud) · Bloqueadores canais de cálcio ; Nifedipino, diltiazem · Crise renal: Captopril 3) Imunossupressores · Ciclofosfamida – pp na fibrose pulmonar · Metotrexato 4) Estimulantes de motilidade: · Cisaprida e antisecretores ( bloqueadores H2 e IBP) – sintomas TGI · Antibióticos ( metronidazol, bactrim, ciprofloxacino ) PROGNÓSTICO · Sobrevida média, na esclerodermia sistêmica, é de 60 a 70 % em 5 anos e de 40 a 50 % em 10 anos · Fatores de mau prognóstico : sexo masculino, cor negra, acometimento cutâneo difuso, acometimento visceral · Diagnóstico precoce é imprescindível para melhor prognóstico SINDROME DE SJOGREN · Síndrome Sicca ou Síndrome de Gougerot H. Sogren · Doença inflamatória crônica autoimune sistêmica, caracterizada por olhos secos ( ceratoconjuntivite seca/xeroftalmia) e boca seca ( xerostomia ) · Acomete as glândulas de secreção exócrina (pp lacrimais e salivares) · Envolvimento sistêmico: pele, pulmões, rins, vasos, pâncreas e sistema nervoso · Processo inflamatório com infiltração linfocitária focal ou difusa das glândulas lacrimais e salivares · Classificada em: · Primária: ocorre SEM associação com outras doenças autoimunes · Secundária: associada a outras doenças autoimunes ( LES, AR, ES, Dermatomiosite) ETIOPATOGENIA · Ainda permanece desconhecida · Parece ser multifatorial: · Fatores intrínsecos + extrínsecos = resposta imunológica anormal ( perda da tolerância à autoantíges) 1. Fatores genéticos: - HLA- DR3 associada à produção de anticorpos anti-Ro e anti-La 2. Fatores hormonais: - Estrógeno associado a doença ( modulação do endotélio vascular e sistema imune) 3. Fatores ambientais: -Infecção viral: herpes vírus Epstein Bar, citomegalovírus, herpes vírus humano 6 4. Gatilhos na resposta imunológica: - Gatilhos na resposta imunológica ( infecções virais nas glândulas exócrinas) indução de necrose tecidual mudança na dinâmica de apoptose celular exposição de auto antígenos hiper-reatividade dos linfócitos B produção de auto anticorpos contra epitélio dos ácinos e ductos das glândulas exócrinas - Perda da regulação dos linfócitos T supressores 5. Disfunções glandulares: - Auto anticorpos, citocinas e metaproteases alterações na dinâmica na concentração de cálcio no lúmen glandular - Autoanticorpos bloqueiam os receptores muscarínicos (AcH) causando déficts na estimulação neuroendócrina da secreção glandular QUADRO CLÍNICO · Xerostomia ( boca seca) e Xeroftalmia ( olhos secos ) · Manifestações orais: boca seca, disfagia a alimentos secos, queimação na boca, alterações gustativas, queilite angular, língua despapilada, cáries frequentes, saliva escassa e espessa, aumento bilateral das parótidas · Manifestações oculares: sintomas insidiosos com piora no período notuno – olhos secos, sensação de poeira nos olhos, incapacidade de lacrimejar durante o choro, prurido ocular, fotofobia. QUADRO CLÍNICO · Podem estar acometidas glândulas exócrinas de todo o corpo: mucosa nasal, faríngea, tranqueobrônquica,vulvovaginais, gástricas, pele, glândulas renais, etc · Manifestações respiratórias/pulmonares: derrame pleural ( exsudado inflamatório), bronquite, bronquiolite, tosse crônica, dispneia · Manifestações TCI: náuseas, dispepsia, constipação intestinal, diarreia · Outros sintomas : pele xerótica, dispareunia, púrpura palpável, artrite, manifestações hematológicas, fadiga, disfunção renal, fenômeno de Raynauld DIAGNÓSTICO · Exames laboratoriais: anemia, leucopenia, linfopenia; FR e FAN; PCR e VHS aumentados · Dosagem de auto anticorpos: ANti-RO e ANti-La · Testes oculares ( Shirmer), teste de função salivar ( sialografia/sialometria), cintilografia salivar · Biópsia das glândulas salivares: infiltração linfacítica das gl. Salivares com destruição das unidades acinares. CRITÉRIOS DIAGNÍSTICOS GRUPO AMERICANO EUROPEU 2002 SSJ 4 dos 6 parâmetros, incluindo presença de autoanticorpos e achados histopatológicos TRATAMENTO · Compensação das deficiências fisiológicas: · Lágrimas artificiais para lubrificação ocular · Higiene bucal fluorada para prevenção de cáries · Goma de mascar, sem açúcar, para estímulo do fluxo salivar · Bochechos diários com nistatina para prevenção de candidíase · Lubrificantes de hidratantes para pele · Lubrificantes nasais e vaginais · Aumento ingesta líquida e hidratação · Evitar consumir cafeína, fumar e utilizar substâncias anticolinérgicas · Colírio de ciclosporina diário · Prednisona 0,5mg/kg/dia · Antimaláricos associados à prednisona · AINES · Manifestações extraglandulares pulmonares, neurológicas e hematológicas podem ser tratados com corticoides até imunossupressores
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