Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UERJ CENTRO BIOMÉDICO FACULDADE DE ENFERMAGEM CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM INTENSIVISTA CATETERES VENOSOS Profª Luana Almeida 2015 2 INTRODUÇÃO A assistência de saúde ao paciente em situação clínica e cirúrgica, críticas de vida vem mudando ao longo dos 20 últimos anos. Tal processo tem sido atribuído, em parte, à organização de unidades especializadas para o cuidado do paciente, avanços na tecnologia, e, sobretudo à melhor compreensão da fisiologia pelos profissionais de cuidado em saúde, especialmente os enfermeiros. Nesse contexto, a partir do emprego de cateteres venosos, inserem-se as práticas terapêuticas da tecnologia do cuidado ao paciente em situações críticas de vida, com fins de diagnósticos mais precisos, otimização da terapêutica e estabelecimento de prognósticos mais precisos. A possibilidade de reconhecer e avaliar as possíveis complicações do estado hemodinâmico do paciente e intervir em tempo hábil com terapia adequada, prevenindo maiores complicações, mostrou-se como grande avanço nas práticas de saúde. Embora a monitorização hemodinâmica não invasiva seja bem utilizada e aproveitada nos cuidados a pacientes críticos, os procedimentos invasivos, muitas vezes são necessários e estão presentes nos contextos nos quais estes pacientes se apresentam. Para diferentes diagnósticos e terapêuticas, por vezes é indispensável o uso de meios invasivos, como cateteres, sondas e drenos que implicam no manuseio direto ou indireto de sistemas orgânicos, por meio de sondagem ou procedimentos relacionados. Ainda que o uso desses dispositivos tenha trazido grandes benefícios para inúmeros pacientes, há também, problemas e riscos potenciais relacionados ao manuseio dos mesmos. Para a diminuição dos problemas e risco potenciais relacionados ao uso de cateteres, sondas e sistemas de monitorização, é imprescindível que haja intervenções de prevenção. Nesse sentido, a equipe de enfermagem muito tem a contribuir. Por isso, é necessário um conhecimento sólido desse profissional acerca da anatomia, fisiologia e fisiopatologia para desenvolver habilidades de avaliação, definir diagnósticos de enfermagem e planejar e avaliar os cuidados de enfermagem específicos a cada um dos pacientes assistidos. CATETERES VENOSOS A utilização de cateteres para o acesso vascular ampliou a segurança dos pacientes submetidos a terapias intravenosas prolongadas e subsequentes manipulações 3 na rede vascular periférica, inclusive para a obtenção frequente de amostras laboratoriais de controle. Essas mesmas vias servem, também, às ações de suporte, tais como a administração de soluções (isotônicas e hipertônicas), transfusões e antibioticoterapia. Apesar dos cuidados técnicos de rotina, os acessos periféricos apresentam danos variáveis no decurso dos tratamentos, em decorrência da ação direta dos medicamentos, que somados a estados de fragilidade vascular, carências nutricionais ou mesmo estresse, determinam risco potencial de complicações vasculares locais e sistêmicas. Por questões relacionadas à segurança na prevenção de ocorrências como vasoespasmos, flebites recorrentes, dermatites ou necroses teciduais por extravasamento, os cateteres centrais de curta permanência têm sido cada vez mais utilizados, integrando o planejamento terapêutico. A utilização de cateteres em pacientes que deles precisam, cuja indicação deve ser criteriosa, tem como requisitos: - evitar danos ou riscos de acidentes no sistema vascular do paciente; - garantir um acesso seguro a vasos de grande calibre, de forma intermitente e contínua, em períodos prolongados, para a administração de drogas, coletas de amostras sanguíneas ou tratamento de suporte. TIPOS DE CATETERES 1. CATETERES VENOSOS PERÍFÉRICOS DE CURTA PERMANÊNCIA 1.1 CATETER CURTO SOB AGULHA (JELCO) Trata-se de um cateter composto de poliuretano em biomaterial termossensível, hemocompatível, tromborresistente, ultraflexível e inerte que possibilita a redução do índice de flebite mecânica. Existem nos calibres: 14; 16; 18; 20; 22 e 24 Gauge (Fig.: 01). 4 Fig.: 01 Indicações para punção com cateter venoso periférico curto Reposição hidroeletrolítica Restabelecimento da volemia Transfusões Infusão de contraste para diagnóstico Administração de medicamentos Locais para a inserção Veias superficiais do dorso da mão e do braço (Fig. 02 e 03). Fig.: 02 5 Fig.: 03 Áreas que devem ser evitadas Veias necrosadas e/ou trombosadas Veias endurecidas por quimioterapia Cicatrizes Pele com enfermidade evidente Articulações e membros inferiores Vantagens do cateter periférico sob agulha O mandril é retirado no ato da punção, permanecendo a cânula flexível (revestimento) Permite maior movimentação do membro puncionado Reduz o risco de extravasamento Proporciona infusão segura Permanece por mais tempo, mesmo em pacientes agitados Garante menos tentativas de punções Causa menos dor ao paciente, pelo formato da agulha em V. Complicações pós-punção: Quebra do cateter durante a punção Infecção: falha na antissepsia e/ou doenças 6 1.2 CATETERES AGULHADOS (SCALP) São cateteres agulhados com asa, feitos com aço inoxidável, endo as apresentação os números ímpares no tamanhos 19, 21, 23, 25 e 27 (Fig.: 04) com comprimento de 1,25 a 3,0 cm. Fig.: 04 Indicações Terapia de curta duração (menor que 12 horas) Terapia de dose única Administração de medicamentos em bolus Coleta de amostras de sangue Locais para inserção Veias da mão (veia cefálica, metacarpiana ou basílica), conforme Fig.: 05. 7 Fig.: 05 Recomendações Higienizar as mãos antes da inserção com clorexidina degermante a 2% Fazer antissepsia com clorexidina degermante a 2% e, em eguida, com clorexidina alcoólica a 0,5% Administrar o medicamento e retirar após o uso (se houver necessidade de permanência maior que 12 horas, utilizar o cateter obre agulha) Utilizar luvas de procedimento para a sua instalação e retirada Comprimir o local com algodão ou gaze seca, após a reirada do cateter Vantagens Excelente para a administração de medicamentos em dose única Coleta de sangue em pacientes alérgicos a nylon ou teflon Desvantagens Permanência da agulha no interior da veia Restrição de movimento Aumento do risco de extravasamento e/ou transfixação Existência de agulha não flexível Possibilidade de maior número de punções 8 1.3 CATETERES VENOSOS CENTRAIS Cateter central de inserção periférica (CCIP) ou Peripherally Inserted Central Venous Catheter (PICC). Trata-se de um cateter flexível de silicone ou poliuretano, demarcado a cada 5 cm, radiopaco, biocompatível e termossensível. Pode permanecer implantado por até 6 meses. É apresentado em único (Fig.: 06) e duplo lúmem (Fig.: 07), estéril, descartável e de calibres variáveis, conforme especificações da tabela abaixo: Calibre (G) Tamanho (Fr) Comprimento (cm) Diâmetro Interno (mm) Diâmetro Externo (mm) Volume Interno (ml) 16 5,0 60 1,2 1,7 0,9 18 3,5 60 0,7 1,2 0,4 20 2,6 60 0,4 0,9 0,2 24 1,9 30 0,35 0,6 0,1 28 1,2 25 0,15 0,4 0,08Fig.: 06 Fig.: 07 9 Indicações Antibioticoterapia Quimioterapia Transfusão sanguínea ou de hemoderivados Anticoagulação Terapia analgésica Nutrição parenteral Monitorização de PVC Coleta sanguínea OBS.: A indicação deve levar em consideração as doenças e condições do paciente, além do tipo de terapia e duração do tratamento. Os diagnósticos mais comuns para a utilização do CCIP são: câncer, infecções extensas de feridas, osteomielites, fibrose cística, hiperemese, pancreatite, AIDS, Doença de Crown, sepse e dor em fase terminal de vida. Outra indicação está relacionada ao tipo de droga utilizada, como irritantes ou vesicantes, extremos de omolaridade, extremos de pH, agentes neoplásicos, terapias contínuas e intermitentes. Contra-indicações Distúrbios de coagulação Trombose venosa Infiltração e extravasamento Queimaduras e necrose no local da punção Infecção de pele ou tecido subcutâneo no local proposto para a inserção do cateter Alterações anatômicas (estruturai ou venosas) aparentes ou confirmadas Membros inferiores Flebotomia bilateral Lesões torácicas Fraturas dos membros Mastectomia bilateral Alergias e alterações neurológicas 10 Limitações Doença cardíaca/edema: veias de difícil acesso, drogas irritantes e vesicantes, sobrecarga volêmica Diabetes: neuropatia periférica e risco de infecção Imunossupressão: risco de infecção aumentado Desidratação: volume intravascular reduzido Mastectomia: circulação comprometida Hemodiálise: fístula arteriovenosa Obesidade: veias profundas Locais para inserção As veias de primeira escolha são: cefálica; cefálica acessória, cubital mediana, veia basílica e antebraquial mediana (Fig.: 08). Fig.: 08 Recomendações Realizar o primeiro curativo após a inserção do cateter, com gaze e micropore. Apó 24 horas, sem sinais de sangramento, utilizar filme transparente depois de realizar a assepsia com clorexidina alcoólica a 0,5%. Na retirada do CCIP, se houver a intenção de fazer cultura de ponta de cateter, o enfermeiro deverá realizar procedimento estéril, observando os seguintes aspectos: Manter a posição supina 11 Remover o curativo Posicionar o braço 45 a 90° do corpo Puxar o cateter cuidadosamente, utilizando a técnica mão sobre a mão Agir com cautela, cão contrário o cateter pode e quebrar Fazer a compressão no local Fazer curativo sobre o local Observar se o cateter foi totalmente removido, comparando com a anotação inicial de enfermagem no momento da inserção Curativo Diariamente utilizar curativo convencional, se curativo transparente, trocar a cada 7 dias. Manuseio intermitente do cateter Higienizar as mãos Fazer antissepia com gaze e clorexidina 0,5% ou álcool a 70% nas conexões existentes Retirar anticoagulante Lavar CCIP com SF 0,9%, com seringa de 10 ou 20 ml Administrar o medicamento, e em seguida, lavar novamente com SF 0,9% Administrar solução anticoagulante (solução de heparina 100U/ml, seringa de 10 ou 20 ml, no volume do priming do cateter) Complicações do CCIP Tamponamento cardíaco Embolia Endocardite Necrose tecidual Alergia de contato 12 Outras complicações importantes Dificuldade de progresso do cateter Mau posicionamento do cateter Hemorragia e hematomas Arritmia cardíaca Punção arterial Dano ou estimulação de nervos Embolia do cateter Encefalopatia anóxica (embolia aérea) Flebite mecânica Flebite química Flebite bacteriana Infecção do local de inserção Quebra do cateter Oclusão do cateter Trombose Migração do cateter 1.4 CATETER VENOSO CENTRAL DE INSERÇÃO PERCUTÂNEA Cateter venoso central (CVC) e único, duplo ou triplo lúmem. Apresenta as seguintes especificações: Cateter em poliuretano hidrofílico ou silicone, radiopaco e de 1, 2 (Fig.: 09) ou 3 (Fig.: 10) lúmens de alto fluxo com saídas situadas em diferentes pontos do cateter (distal, medial e proximal). Cateter infantil: calibre 4 e 5Fr; apresenta 13, 20, 30 e 40 cm. Cateter adulto: 7, 14, 18, 20 Fr: apresenta 10, 15, 20 30 cm. 13 Fig.: 09 Fig.: 10 14 Indicações do CVC: Acesso venoso em pacientes em reais condições de venóclise periférica Monitorização hemodinâmica (medida da pressão venosa central) Administração rápida de drogas, expansores de volume e hemoderivados em pacientes com instabilidade hemodinâmica instalada ou previsível Administração de drogas que necessitem de infusão contínua Administração de soluções hipertônicas ou irritantes para veia periféricas Administração concomitante de drogas incompatíveis entre si (por meio de cateteres de múltiplos lúmens) Administração de nutrição parenteral Contra-indicações do CVC: Podem ser absolutas ou relativas. As absolutas são: Coagulopatia: presença de sangramento e/ou plaquetopenia (plaqueta abaixo de 50.000/mm 3 ) e/ou alterações nos fatores de coagulação (atividade de protrombina < 50%) Tromboflebite ou trombose venosa central Lesão cutânea no local da punção Malformações, cirurgias ou irradiação prévia no local, pela possibilidade de deslocamento das estruturas anatômicas E as contra-indicações relativas correspondem a: Insuficiência respiratória grave ou outros estados que levem à hiperinsuflação pulmonar, pelo rico de complicações relacionadas à punção ou piora ventilatória decorrente do posicionamento do paciente Recém-nascidos de peso muito baixo, uma vez que as estruturas anatômicas dos neonatos são menos evidentes e o rico de complicações é maior Evidências de estado de hipercoagulabilidade, o que favorece a trombose venosa Diarréia, no caso de passagem de cateter em veia femoral 15 Vias de acesso do CVC Veia jugular interna Veia subclávia Veia femoral Complicações As complicações da cateterização das veias centrais por punção podem ser classificadas em imediatas (relacionadas ao procedimento) ou tardias (relacionadas à permanência do cateter). As complicações imediatas incluem: punção arterial, punção pleural, embolismo gasoso, lesão nervosa, embolização pelo cateter e mau posicionamento do cateter. E as tardias são: embolia gasosa, trombose, perfuração vascular. Complicações imediatas Punção arterial: Complicação mais frequente, facilmente reconhecida pelo refluxo de sangue sob pressão e de coloração característica. No entanto, em pacientes hipotensos e/ou hipoxêmicos, seu reconhecimento pode ser mais difícil. Na ocorrência de punção arterial, a agulha deve ser retirada imediatamente. A compressão local deve ser realizada por 5 a 10 minutos (com alívio intermitente no cão de perfuração de carótida). A principal consequência da punção arterial é a formação de hematoma local com deslocamento das estruturas vasculares, dificultando uma nova punção venosa. Também pode ocorrer hemomediatino e hemotórax (quando há lesão pleural concomitante). Outras consequências menos frequentes são: laceração arterial, formação de fístula arteriovenosa, aneurisma, compressão de estruturas contíguas e obstrução ao retorno venoso. Punção pleural: Ocorre após tentativa de punção em veia jugular interna e veia subclávia. São várias as consequências da punção pleural: o penumotórax é a mai frequente, podendo16 adquirir grandes proporções em pacientes sob ventilação mecânica. Pode ainda ser acompanhada de pneumomediastino e enfisema subcutâneo extenso, por vezes, levando à compressão da traquéia. Outra complicação relacionada à punção pleural é o hemotórax. Tal complicação necessita de um rápido reconhecimento tratamento. Recomenda-se, portanto, o exame cuidadoso do paciente após o procedimento, com palpação da região torácica e ausculta pulmonar, seguidas da realização de RX contrastado pelo cateter. Embolismo gasoso A entrada de ar para o sistema venoso pode ocorrer por meio da agulha ou do próprio cateter. É mais frequente em pacientes hipovolêmicos e taquidispneicos e pode ter consequências fatais. Tal complicação pode ser evitada observando-se estritamente a técnica, com oclusão da agulha durante o procedimento e posicionamento do paciente em Trendelenburg durante a cateterização das veias do pescoço. Lesão nervosa A punção de veias centrais pode causar lesões nervosas transitórias ou permanentes. As complicações de correntes da punção da veia jugular interna incluem lesão do nervo vago, paralisia de nervo laríngeo e Síndrome de Horner (caracterizada por ptose palpebral, miose, exoftalmia). Já a punção de veia subclávia pode complicar- se com lesão do plexo braquial e de nervo frênico. Embolização pelo cateter Uma complicação extremamente grave ocorre quando o cateter é tracionado pela agulha, causando sua secção, ou durante a troca do cateter com fio-guia. A remoção do segmento embolizado frequentemente requer intervenção cirúrgica. Mau posicionamento do cateter Após a inserção do cateter, este pode atingir posições anômalas, tanto intra quanto extravasculares. A realização de RX anteroposterior (e, quando necessário, 17 também em perfil) com injeção de contraste pelo cateter é usada para determinar seu posicionamento. A introdução do cateter em trajeto extravascular apresenta ricos quando há dificuldade na progressão do cateter ou no refluxo de sangue pelo cateter. O refluxo de sangue é testado baixando-se o equipo de soro abaixo do nível do coração e não por aspiração com a seringa. As localizações extravasculares incluem espaço pleural, mediastino, pericárdio e partes moles do pescoço. A infusão de líquidos pelo cateter, nesses casos, pode levar á rápida deteriorização clínica do paciente. Complicações tardias Embolia gasosa Ocorre por desconexão acidental do equipo de soro, por defeitos na bomba de infusão, quando um lúmem é deixado aberto inadvertidamente ou mesmo após a retirada do cateter, se o local não for ocluído com curativo. Trombose A presença de um cateter dentro do vão induz a alterações que favorecem a trombose (lesão da camada íntima do vaso, agregação plaquetária decorrente de lesão vascular, turbilhonamento e redução do fluxo sanguíneo local). As características do cateter, tais como seu calibre e material podem favorecer a trombose. Os cateteres feitos de PVC e polietileno são mais trombogênicos do que os de silicone ou revestidos de Teflon R . Os cateteres localizados em veia cava inferior mostram incidência de tromboe nitidamente superior aos demais. Perfuração vascular O trauma constante da ponta do cateter sobre o endotélio pode causar perfurações locais no vaso, átrio, ventrículo, seio coronários ou artéria pulmonar, causando sangramentos ou formação de fístulas. 18 INDICAÇÃO DE TROCA DE CVC Não há indicação de troca rotineira pré-programada, mas não se recomenda o uso do mesmo cateter por tempo superior a 30 dias. Se houver saída de secreção purulenta no local da inserção, deve-se instalar um outro cateter em outro sítio. Em caso de suspeita de febre associada ao cateter, deve-e trocar o mesmo, após descartar outros focos de infecção. Quando houver suspeita de febre associada ao cateter com repercussões clínicas graves, como deteriorização hemodinâmica, necessidade de ventilação mecânica ou bacteremia clínica, deve-se trocar o cateter. Se o cateter for instalado na urgência, em preparo adequado, recomenda-se a troca para um outro local até 24 horas. Em caso de mau funcionamento do cateter, deve-se proceder à troca por outro, com fio guia, exceto nos casos de obstrução, em que o cateter deve ser colocado me outro sítio. RETIRADA DO CATETER Os cateteres devem ser retirados assim que possível em posição de Trendelenburg, evitando embolia gasosa. CURATIVO Realizar a troca sempre que estiver sujo e úmido. Curativo oclusivo (gaze e micropore) deve ser trocado a cada 24 horas (Fig.: 11). O curativo deve ser realizado com SF 0,9% (retirar sujidades) e clorexidina a 0,5%. Deve ser realizado com movimentos únicos para fora, ou seja, do orifício de entrada (óstio) para os arredores, atingindo toda a área que circunda o sítio de inserção (raio de 10 a 12 cm). Em seguida, proceder a antissepsia do cateter, também com movimentos únicos, iniciando na porção proximal em direção à distal. A gaze deverá ser trocada a cada movimento. Só utilizar curativo transparente após 48 horas de punção e quando não houver extravasamento de sangue. 19 A cobertura transparente (Fig.:12) pode ser utilizada até 7 dias. Fig.: 11 Fig.: 12 20 CUIDADOS NA MANUTENÇÃO DO CATETER E PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES Escolha do tipo de cateter: dá-se preferência aos cateteres de silicone, poliuretano ou Teflon R . Escolha do local de inserção: os cateteres de veia subclávia colonizam-se menos frequentemente do que os de veias jugulares e os de veias femorais. Trocar o curativo sempre que estiver úmido e/ou sujo. Uso de via exclusiva para nutrição parenteral total (NPT). Troca de equipos de infusão, de acordo co o recomendado pela ANVISA. Treinamento das equipes médicas e de enfermagem nas estratégia de prevenção de infecção. 1.5 CATETER VENOSO CENTRAL POR DISSECÇÃO Instalação de um cateter em uma veia, por meio de uma cirurgia (dissecção venosa) (Fig.: 13). Fig.: 13 Indicações Insucesso de técnica percutânea Coagulopatias Queimados Politraumatizados 21 Quimioterapia de longa duração Contra-indicações Flebite ou trombose local Lesão arterial Vias de acesso Veias superficiais Veia jugular externa Veia basílica Veia cefálica Veias profundas Complicações Infiltração do tecido subcutâneo e hematoma local Cateter mal posicionado, obstruído ou perfurado Tromboflebite Celulite Lesão de tendões e ligamentos, de nervos e de artéria Sepse Embolia gasosa Arritmia cardíaca Cuidados de enfermagem São semelhantes aos descritos por punção percutânea. 2. CATETERES CENTRAIS DE LONGA PERMANÊNCIA 2.1 CATETERES PARA PROCEDIMENTOS DIALÍTICOS A necessidade de acesso vascular em pacientes com insuficiência renal pode ser temporária ou permanente. Alguns métodos que envolvem a inserção de cateteres em 22 uma grande veia ajudam a estabelecer o acesso temporário por períodos que variam de horas a semanas. Os métodos permanentes permitem o acesso vascular por meses a anos e incluem fístulas arteriovenosas e enxerto arteriovenoso. Já o acesso temporário é mantido com cateteres vasculares de curta permanência para hemodiálise. Tais cateteres constituem-se de 2 ou 3 lúmens (Fig.: 14), com material de poliuretano (material rígido e biocompatível) ou silicone (material macio,flexível e biocompatível). Apresentam comprimento de 9, 12, 15 e 19,5 cm, e calibres de 8, 10 e 11,5 Fr. Fig.: 14 Indicação Utilizado em pacientes com diagnóstico de insuficiência renal aguda ou crônica sem a presença de acesso permanente, pacientes em diálise peritoneal ou receptores de transplantes que necessitam de procedimentos dialíticos temporários. Locais de inserção do cateter Veia jugular interna Veia subclávia Veia femoral 23 Manutenção do cateter Os cateteres de hemodiálise devem ser heparinizados após sua passagem e utilização para a realização de terapias contínuas de substituição renal. A concentração de heparina varia de acordo com literatura, paciente e seu estado clínico. Troca do cateter Não há troca rotineira pré-programada do cateter. No entanto, pode ser necessário trocá-lo em algumas das seguintes situações: Presença de secreção purulenta no local de inserção Suspeita de febre associada ao cateter Em casos de mau funcionamento do cateter Curativo Mantê-lo limpo e seco Limpar com SF 0,9% e em seguida, aplicar solução antisséptica (clorexidina alcoólica a 0,5%) Realizar troca após procedimento dialítico Complicações Relacionadas à inserção do cateter: Pneumotórax Hemotórax Lesão em nervos Arritmias cardíacas Mau posicionamento do cateter Embolia Tardias Infecção Coagulação na luz do cateter Trombose ou estenose das veias Embolia gasosa 24 Deslocamento do cateter Cuidados de enfermagem Cateteres de hemodiálise devem ser, preferencialmente, manipulados por enfermeiros treinados. Os cuidados de enfermagem se limitam ao tratamento do local de inserção, ao preparo dos lúmens antes da instalação de um procedimento dialítico e ao término do procedimento. É fundamental que durante a manipulação do cateter de hemodiálise sejam usadas máscaras, luvas estéreis e técnicas assépticas rigorosas. A exposição do cateter deve ocorrer em campo estéril. O enfermeiro deve proceder a troca da heparinização do cateter a cada 48 horas, em caso de não utilização deste para procedimentos dialíticos. Deve-se evitar a utilização do cateter de hemodiálise para administração de drogas, coleta de sangue, entre outros. 2.2 CATETER DE SWAN-GANZ Cateter de acesso venoso central utilizado para a monitorização invasiva, que permite o diagnóstico diferencial entre o choque cardiogênico e outras situações de baixo débito, por meio das medidas das pressões da artéria pulmonar, do átrio direito, dos ventrículos direito e esquerdo, e da cunha capilar pulmonar, assim como da pressão venosa central. Também mede e calcula o débito cardíaco, a resistência vascular sistêmica e pulmonar, o trabalho ventricular, o consumo e o transporte de oxigênio misto. O débito cardíaco é calculado por termodiluição, que utiliza a diferença de temperatura entre o fluido injetado e a temperatura basal do paciente. Assim, o débito cardíaco é determinado com base na velocidade de injeção do fluido na via proximal e na temperatura do sangue. 25 Descrição do cateter É confeccionado com poliuretano e contém 3 a 4 lúmens. Apresenta calibres de numeração 7 e 7,5 Fr, e apresenta um sensor (termistor com conector), uma via para insuflação do balão com seringa de 3ml, balão de látex com capacidade de 1,5 cm de ar na ponta do cateter, uma via distal localizada na artéria pulmonar e uma via proximal localizada no átrio direito. Mede 110 cm e apresenta marcas numéricas a cada 10 cm (Fig.: 15). Fig.: 15 Indicação Avaliações diagnósticas de choques cardiogênico, misto, hipovolêmico e séptico. Controle rigoroso do manejo de drogas vasoativas controle da reposição volêmica nos casos de IAM, ICC, pancreatite aguda, queimaduras extensas, traumas, doença cardíaca das valvas, doença vascular, trans e pós-operatório de paciente de alto risco e situações complexas circulatórias. 26 Recomendações Durante a inserção do cateter, manter paciente monitorizado e o desfibrilador disponível. Observar possíveis arritmias ventriculares. Solicitar RX tórax após procedimento. Observar traçado da pressão da artéria pulmonar no monitor após a inserção do cateter. Insuflar o balão com ar (1,5 ml) no período máximo de 30 segundos ao verificar as medidas de débito cardíaco. Atentar para o traçado irregular da curva da artéria pulmonar. O cateter mal posicionado pode provocar infarto pulmonar, lesão, isquemia e ruptura da artéria pulmonar. Manter cateter por no máximo 5 dias. Trocar o cateter ao detectar foco infeccioso e presença de sangue no invólucro protetor (“camisinha”) Complicações Infecção Trombose Deslocamento do acesso Pneumotórax Vasoespasmo Fístulas arteriovenosas Injeção inadvertida de drogas Necrose e gangrena de dígitos Nó no cateter Lesão endocárdica Lesões valvulares Lesões de cordas tendíneas Ruptura de ramos da artéria pulmonar Sepse relacionada ao cateter Bloqueio de ramo direito Infarto pulmonar 27 Curativo O mesmo aplicado ao CVC. Cuidados de enfermagem Atentar para eventuais intercorrências durante e após a passagem do cateter de Swan-Ganz como a arritmias, extrassístoles atriais e ventriculares, taquicardias atriais e ventriculares, bloqueio de ramo, infarto pulmonar, e outras complicações. Manter carro de PCR e desfibrilador próximo ao paciente e disponível. Manter técnica asséptica para manipulação do sistema. Verificar sinais de sangramento ou hematoma local. Observar perfusão capilar periférica (coloração e temperatura). Verificar sinais vitais, pelo menos a cada 2 horas. Trocar soro e o sistema fechado a cada 96 horas, identificando a troca. Manter o paciente constantemente monitorizado. REFERÊNCIAS BITTAR, D. B., et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem Paciente Crítico: Proposta de Instrumento de Coleta de Dados. Revista Texto contexto em enfermagem. Florianópolis, v.15, n. 4, dezembro de 2006. BRASIL, Ministério da Saúde. Conselho Federal de Enfermagem – COFEN. Resolução nº 272/2002. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem. Rio de Janeiro, 12 de Julho de 2002. BRUNNER, LS; SUDDARTH DS. Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. 10ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. CINTRA, et al. Assistência de Enfermagem ao Paciente Gravemente Enfermo. São Paulo: Atheneu, 2003. HERMIDA, P.M.V; ARAUJO, I.E.M. Sistematização da Assistência de Enfermagem: Subsísios para Implantação Rev. bras. enferm. Brasília, v 59, n. 5, outubro de 2006. HORTA, W. A. O processo de enfermagem. São Paulo: EPU/EDUSP, 1979. HUDAK, C. M.; GALLO, B. M. Cuidados intensivos em enfermagem: uma abordagem holística. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. 28 PADILHA, K.G, et al. Enfermagem em UTI: cuidando do paciente crítico. São Paulo: Manole, 2010. POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. SANTORO, D. et al. Cuidados de Enfermagem em Terapia Intensiva (recomendações) . Rio de Janeiro: Águia Dourada, 2008. SILVA, L. D. Cuidados ao paciente crítico: Fundamentos para a enfermagem. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2003. TANNURE, M. C.; Gonçalves, A.M.P. Sistematização da Assistência de Enfermagem. Guia Prático. 2ª ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 2010. THIAGO, C.T. et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Revista rasileira de Enfermagem, 2009. mar-abril; 62(2): 221-7.
Compartilhar