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Disciplina: Relações Microrganismos e Hospedeiros BACTERIOSCOPIA Na aula passada começamos a discutir alguns pontos relacionados a bacterioscopia. Lembram? Definimos a bacterioscopia como a microscopia do material biológico com intuito de identificar bactérias ali presentes. Pois bem, bactérias em amostras biológicas quando analisadas no microscópio não apresentam nenhum padrão de cor que permita identificá-las. Como podemos otimizar então as análises bacterioscópicas com intuito de agilizar a emissão de resultados no setor de microbiologia? O objetivo desta aula é justamente apresentar a técnica mais utilizada no laboratório de microbiologia e que facilita a visualização das bactérias nas mais distintas amostras como sague, urina, escarro, aspirado de ferida e outras mais. Como a mais conhecida de todas, temos a técnica de Gram. Porém, existem inúmeras outras formas de se corar uma amostra, e, além do Gram, como a coloração de Ziehl-Neelsen. Vamos lá? COLORAÇÃO DE GRAM Hans Christian Gram nasceu em 1853 na cidade de Copenhague, Dinamarca. Atuava em várias vertentes no mundo da ciência, foi professor, médico, bacterioloogista e farmacologista. Em 1884, por acidente, enquanto examinava o tecido do pulmão de pacientes que haviam morrido em decorrência de pneumonia, observou que sendo submetidas aos mesmos corantes algumas bactérias se apresentavam coloração roxa e outras rosadas. Assim, Hans Christian Gram desenvolveu um método de coloração de bactérias que permitia sua separação em dois grupos distintos, as Gram positivas (que se coravam em roxo) e as Gram negativas (que se coravam em vermelho). A partir do advento da microscopia eletrônica e do aperfeiçoamento das técnicas de análise bioquímica dos diferentes componentes celulares, foi verificado que esta diferença entre as bactérias Gram positivas e Gram negativas era, provavelmente, devida às diferenças de composição e estrutura das paredes celulares. Em suma, o procedimento de coloração de Gram permite que as bactérias retenham a cor com base nas diferenças nas propriedades químicas e físicas da parede celular. De fato, o uso dos corantes permite aumentar o contraste e evidenciar a estrutura bacteriana. A coloração envolve 4 etapas principais: Coloração com violeta de cristal; Precipitação com solução de lugol; Figura 1 - Hans Christian Gram Fonte: Wikipedia (acesso 14/08/20) A descoloração; A contra-coloração. A princípio, há diferentes graus de permeabilidade na parede dos microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos. As bactérias Gram-positivas retêm o cristal violeta devido à presença de uma espessa camada de peptidoglicano (polímero constituído por açúcares e aminoácidos que originam uma espécie de malha na região exterior à membrana celular das bactérias) em suas paredes celulares, apresentando-se na cor roxa. Já as bactérias Gram- negativas possuem uma parede de peptidoglicano mais fina que não retém o cristal violeta durante o processo de descoloração e recebem a cor vermelha no processo de coloração final. A microscopia eletrônica de varredura revelou outras diferenças entre estes dois grupos de organismos. As Gram positivas exibiam a superfície mais lisa e homogênea, enquanto as Gram negativas apresentavam-se com maior complexidade superficial. Figura 2 – Composição dos componentes externos à membrana plasmática de bactérias gram- negativas e gram-positivas. A bactéria gram-negativa possui como camada mais externa a membrana externa, conhecida também como lipopolissacarídeo (LPS), a parede celular é formada por uma fina camada de peptideoglicano e logo abaixo se encontra a membrana plasmática. A bactéria gram-positiva não possui membrana externa, mas possui uma parede celular com muitas camadas de peptideoglicano e logo abaixo a membrana plasmática. Gram-negativa Gram-positiva Membrana externa Parede celular Membrana citoplasmá tica Membrana Plasmática Parede Celular Parede Celular Membrana Plasmática LPS Levando em consideração a prática realizada na aula de hoje, complete a figura abaixo com os corantes utilizados na coloração de Gram e os demais detalhes como suas funções e tempo de cada etapa. Na sequência explique com suas palavras quais características morfológicas permitem que as bactérias sejam diferenciadas por esta técnica e em que etapas está diferenciação ocorre. Referências OPLUSTIL, C. P.; ZOCCOLI, C. M.; TOBOUTI, N. R.; SINTO, S. I. Procedimentos básicos em microbiologia clínica. 3.ed. São Paulo: Sarvier, 2010.
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