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AO JUIZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DE FORTALEZA, ESTADO DO CEARÁ
Júnia Santos, brasileira, casada, RG xxx, CPF xxx, residente e domiciliado na xxx, CEP xxx, vem, respeitosamente, na presença de Vossa Excelência, através de seu advogado que este subscreve (procuração em anexo), com fulcro nos Arts. 81 e 83 do Código de Defesa do Consumidor, apresentar
AÇÃO DE IDENIZAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM PEDIDO DE CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER.
Em desfavor da Ápice Engenharia LTDA, pessoa jurídica, inscrita no CNPJ sob o nº xxx, localizada em Fortaleza/CE, CEP xxx. Pelos motivos que passa a expor.
I - DOS FATOS
A autora adquiriu o apartamento 202 e uma vaga de garagem no Edifício Belo Lar, situado na capital cearense, as partes assinaram uma escritura pública de compra e venda em 20 de dezembro de 2013, mas as obras do edifício só seriam concluídas em maio de 2014. Deste modo, o apartamento foi entregue a autora em 10 de junho de 2014.
Ao receber o apartamento, a autora notou que o acabamento interno neste inserido estava diferente do que constou no panfleto de propaganda divulgado pela construtora à época em que adquiriu o imóvel. Além disso, a vaga de garagem ao lado da adquirida pela autora foi vendida pela construtora a um terceiro que não tem nenhuma unidade no prédio, não contendo nenhuma previsão expressa na Convenção de Condomínio, entregue a autora, autorizando a pratica de tal ato. 
Por tais questões, a autora na condição de consumidora se demonstra insatisfeita com o objeto de compra, pois o mesmo não condiz com o acordado inicialmente.
II – DO DIREITO
A) DA EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO
É indiscutível a caracterização de relação de consumo entre as partes, apresentando-se a empresa ré como prestadora de serviços e, portanto, fornecedora nos termos do art. 3º do CDC, e o autor como consumidor, de acordo com o conceito previsto no art. 2º do mesmo diploma. Assim descrevem os artigos acima mencionados:
Lei. 8.078/90 - Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Importante frisar que a relação jurídica existente foi inteiramente pactuada na localidade da empresa, inclusive com a assinatura de ambas as partes na escritura pública. Não restam dúvidas que o negócio jurídico tem respaldo na Lei 8078/90 (Código de Defesa do Consumidor).
B) DA INDENIZAÇÃO DE DESCOMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER.
Ao exibir a imagem no panfleto, fica sob a responsabilidade do fornecedor das propagandas entregar o que foi prometido em sua publicidade, como está disposto no artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor.
 Além de também ficar claro a pratica de publicidade de produtos e serviços, classificada como enganosa ou abusiva, assim como está previsto no artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor.
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos, obriga a fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a se celebrado.
Art.37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumido a espeito da natureza, características, qualidades, quantidade, propriedade, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
Vale salientar que a Ápice Engenharia Ltda., além de construtora, também é incorporadora do Edifício, de forma que a lei de incorporações traz o dever da parte ré de entregar o bem nos termos ajustados, como está previsto no artigo 29 da lei nº 4591/64
Art.29. Considera-se incorporador a pessoa física ou jurídica, comerciante ou não, que embora não efetuando a construção compromisse ou efetive a venda de tais frações a unidades autônoma, (VETADO), em edificações a serem construídas ou em construção sob regime condominial, ou que meramente aceite proposta para efetivação de tais transações, coordenando e levando a temo a incorporação e responsabilizando-se, conforme o caso, pela entrega, a certo prazo, preço e determinadas condições, pela entrega, a certo prazo, preço e determinadas condições das obras concluídas.
C) DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
A Ápice Engenharia Ltda., ao vender a vaga de garagem a terceiros sem prévia autorização expressa na Convenção de Condomínio do edifício, viola o Art. 1.331 do Código Civil e seus parágrafos. Sendo assim. Fazendo valer do Art. 251 do Código Civil, exigindo-se da obrigação de desfazer a venda da vaga da garagem, pois ao permitir que uma pessoa estranha percorra ao condomínio, a construtora põe em risco a segurança dos moradores.
Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade comum do condomínio.
§1º As Partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se à propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser alienadas ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de condomínio.
§2º O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de agua, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou divididos.
D) DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Por tais motivos visto a cima, fica claro o pagamento de indenização no valor de R$ 50.000,00 pelo não cumprimento da entrega do piso do apartamento de acordo com o previsto no panfleto, tendo em vista que tal valor é a diferença entre o acabamento divulgado e o efetivamente implantado pela construtora no imóvel, sendo obrigação da Construtora Ápice Engenharia Ltda., entregar o interior do imóvel, equivalente ao proposto.
III - DOS PEDIDOS
Diante do exposto acima requer
a) Reconhecimento da relação de consumo e 
b) da obrigação de fazer e
c) da obrigação de não fazer 
c)Julgar procedente o pedido para: 
 Pagar a indenização correspondente a R$ 50.000,00 pela pratica do não cumprimento de obrigação de fazer;
 Desfazer a venda de vaga de garagem a terceiro estranho ao condomínio, sob pena de perdas;
 Requerente pretende provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente: Uma cópia da matricula ao apto. 201 e da vaga de garagem. O panfleto de propaganda em que constava o acabamento pela Ápice Engenharia Ltda. Na propaganda do edifício e uma cópia da convenção de condomínio do Edifício Belo Lar, além de outras que fizerem necessárias
d) Citação da parte ré para que, querendo, apresente contestação no prazo legal, bem como provas que achar pertinente para presente caso, sob pena de revelia; e
e) Condenação da parte ré ao pagamento das custas e honorários; e
f) A fixação dos honorários advocatícios;
Nestes termos, dá-se à causa o valor de R$ 80.000,00.
Termos em que,
Pede deferimento.
Brasília, 24 de julho de 2014
Diego Pereira dos Santos
Advogado
OAB nº xxx

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