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Administração de Condomínios e Locação de Imóveis Professor Mestre Fábio Oliveira Vaz Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; VAZ, Fábio Oliveira. Administração de Condomínios e Locação de Imóveis. Fábio. Oliveira Vaz. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 77 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTOR Professor Mestre Fábio Oliveira Vaz Mestre em Administração com a linha de pesquisa em Gestão de Pessoas e Organizações pela Universidade Metodista (SP). Pós-Graduado MBA em Marketing pela Faculdade Maringá (PR). Possui graduação em Administração pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí (2007) e Graduação em Sistemas para Internet. Foi Professor na UniCesumar no núcleo de EAD (Educação a Distância) e da UniFate- cie - Faculdade de Tecnologia do Norte do Paraná (PR). Professor de Pós-Graduação do Instituto Paranaense de Ensino – Maringá (PR) e da MaxPós (Faculdade Ingá) de Dou- rados (MS). Tem experiência na área de Administração, Produção, Finanças, Logística e Marketing. Proprietário da F2 Consultoria de Marketing e Comunicação. Coordenador dos cursos de Gestão do EAD Unifatecie (PR). Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet da Unifatecie (PR). Palestrante e Consultor Empresarial. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0504949015926787 http://lattes.cnpq.br/0504949015926787 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Olá, caro(a) aluno(a). Tenho o privilégio de produzir esse material com foco em lhe preparar para as nuances relacionadas ao mercado imobiliário, principalmente no que tange a administração e a locação de imóveis. Um dos principais focos é compreender o contrato de locação em consonância com a Lei 8.245/91, também conhecida como Lei do Inquilinato, que é a base legal para os contratos de locação, além de algumas colaborações do Código Civil, pois estamos tratando de relações de negócios e todo esse jogo envolve regras e responsabilidades. O material também aborda os tipos de locação, passando pela residencial, nos levando ao conhecimento de outros tipos, como a comercial, por temporada, entre outros. Lembre-se que esse material não é um material de Direito, nem é essa nossa intenção. O objetivo é levar, de maneira simples e objetiva, os conhecimentos legais sobre a administração de imóveis e os deveres e direitos das partes envolvidas em todo esse contexto. Uma frase que sempre repito aos meus amigos e alunos é: “Nunca pare de pesqui- sar e buscar mais conhecimento”. Nesse sentido, esse material não buscou esgotar tudo sobre o tema, mas sim instigar a todos a continuar pesquisando e se aprofundando em administração de imóveis e locações. Reitero que me sinto privilegiado de poder escrever esse material e fazer parte de sua construção de conhecimento. “O limite do ser humano é feito por ele mesmo” (Prof. Me. Fábio Vaz). Bons estudos! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Administração de Imóveis UNIDADE II ................................................................................................... 23 Locações UNIDADE III .................................................................................................. 43 Condomínios e Síndicos UNIDADE IV .................................................................................................. 60 Contrato de Locação 6 Plano de Estudo: 1 Conceito e Considerações 2 Responsabilidades das Administradoras 3 Conflitos de locação 4 Tratamento Legal Objetivos de Aprendizagem: Conhecer os conceitos introdutórios da administração imobiliária e uma melhor concepção da avaliação de imóveis e a prospecção, além de conhecer alguns tipos de conflitos que podem surgir no processo de locação. UNIDADE I Administração de Imóveis Professor Mestre Fábio Oliveira Vaz 7UNIDADE I Administração de Imóveis INTRODUÇÃO Para compreender o mercado imobiliário, é necessário entender sobre gestão ou administração imobiliária, além de ter a habilidade em prospectar e avaliar com cuidado e detalhamento os imóveis para ter o produto correto para o cliente certo, mantendo, desta forma, a qualidade, tão essencial em um mercado competitivo. Pense em um detalhe importante: boa parte da riqueza de nosso país está relacio- nada ao mercado imobiliário, por isso essas questões precisam ser analisadas com muito critério e cuidado. O crescimento populacional urbano e a enormidade de informações que são ne- cessárias gerenciar, nos leva a busca de uma melhor especialização para atuação neste ramo. Então, começaremos a entender a importância das administradoras de imóveis para facilitar o processo de gestão, locação e administração de imóveis. O mercado imobiliário vem crescendo e exigindo cada vez mais aprimoramento dos agentes envolvidos, por isso entender de locação de imóveis, administração de imóveis, contratos, condomínios, entre outros. Vamos buscar compreender esses aspectos e como agir com eficiência e qualidade em um mercado tão competitivo e exigente. 8UNIDADE I Administração de Imóveis 1 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO IMOBILIÁRIA Devido ao grande crescimento populacional urbano, à complexidade de informa- ções para gerir imóveis e à necessidade de especialização de quem lida com este ramo, surgem as administradoras de imóveis, que têm como finalidade principal levar auxílio, segurança e facilidades às partes que precisem vender ou locar imóveis ou administrar um condomínio. Existem administradoras de imóveis, outras administram apenas condomínios e há aquelas que administram imóveis e condomínios. Pode ser pessoa física ou jurídica e no caso de administrar condomínios, esta deve ser escolhida, aprovada ou destituída através de assembleia entre condôminos. As administradoras de Imóveis têm deveres expressos, conforme o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça (Brasil, 2019), quais sejam: ● Informar claramente o consumidor sobre os diferentes serviços que se propõe a prestar e o preço exato que será cobrado pela sua realização. ● Realizar divulgações para oferecerem a locação ou a venda dos imóveis, desde que estes anúncios não contenham palavras que possam ser interpretadas, como publicidade enganosa ou abusiva. ● Cobrar sempre valor dentro ou aproximado do preço de mercado e jamais al- terar o contrato feito com seus consumidores, objetivando forçá-los a cumprir obrigações que não estejam de acordo ou com o preço justo. 9UNIDADE I Administração de Imóveis A administradora de imóveis, além de fazer divulgações, deve acompanhar as negociações, orientar as partes, conferir documentações, fazer vistorias, elaborar contratos conforme legislação vigente e, em caso de locação, fazer a ponte entre locador e locatário, recebendo o valor das transações, fazendo cobranças e acordos em casos de inadimplên- cia. Quanto à administradora de condomínios, suas atividades consistem em prestar serviços de gerenciamento das questões do condomínio.A administradora está vinculada às decisões tomadas pela assembleia e deve, preferencialmente uma vez por mês, em assembleia, fazer levantamento de prestações de contas relativas às despesas e receitas do condomínio. As administradoras de condomínios, com autorização do síndico, desenvolvem as seguintes funções: a) Convocam assembleias gerais conforme a convenção. b) Delibera nas assembleias fornecendo cópias das atas. c) Mantêm sempre atualizado o cadastro dos condomínios. d) Executam os controles contábeis e levam às assembleias orçamentos das des- pesas para que sejam votadas. e) Pagam as despesas do condomínio. f) Contratam, disciplinam e suspendem funcionários do condomínio. g) Providenciam as quotas condominiais ordinárias e extraordinárias aprovadas pela assembleia geral e as enviam com antecedência aos condôminos. Em sentido amplo, administrar é gerir negócio próprio ou alheio, públicos ou par- ticulares, ou seja, exercer função de administrador. Normalmente, na administração de imóveis e condomínios há um contrato entre as partes: proprietário e administrador, em que se estabelecem quais atividades serão delegadas à administradora, portanto, por ser ato bilateral, exclui-se de plano a figura de gestor de negócios. Em termos gerais, a atividade de uma administradora está regulamentada pelo Código Civil, principalmente pelos artigos 653 e seguintes, uma vez que no Brasil ainda não há lei específica para o setor. Assim, é considerado mandante o proprietário e como mandatário a administradora do imóvel. Ao procurar uma administradora de imóvel, o proprietário busca uma gama de ser- viços para facilitar e descomplicar a sua vida. Locar, vender um imóvel ou administrar um 10UNIDADE I Administração de Imóveis condomínio torna-se mais fácil quando é utilizada a prestação de serviço por profissionais habilitados e qualificados. Procurar um administrador confiável e capaz requer, por parte do proprietário, alguns cuidados que devem ser observados para evitar aborrecimentos futuros. Dentre esses cuidados, cabe-se destacar a procura no mercado por uma empresa idônea, sólida no ramo, que transmita segurança e transparência para o cliente. O proprietário do imóvel, mandante na procuração, estará delegando plenos po- deres para que a administradora do imóvel possa realizar ações inerentes às atividades exigidas pelo mercado. Cabe observar algumas atividades: ● selecionar locatários ou compradores; ● realizar vistorias; ● firmar contratos de aluguel; ● firmar contratos de compra e venda; ● levantar todas as certidões necessárias; ● realizar o levantamento cadastral do cliente; ● avaliar o imóvel; ● administrar condomínios. Em contrapartida, a administradora do imóvel receberá pelo serviço prestado. Esse valor será um percentual acordado e firmado entre as partes. É interessante salientar que existem diferentes percentuais com base no serviço prestado. Com a participação da administradora de imóvel o proprietário fica mais tranquilo, pois terá a certeza que a presença do profissional habilitado fará toda diferença no processo de intermediação e decisão do negócio a ser realizado. Afinal, qual é o papel desse profissional? Em primeiro lugar, é sabido que o pro- fissional deve ser habilitado e certificado para que possa ter respaldo de conhecimento e legalidade no exercício de suas atividades. Esse profissional deve ser capaz de intermediar a venda do imóvel, realizar a locação do bem, trabalhar a divulgação por meio de mídia especializada, deve ser capaz de identificar a necessidade de colocação de placas, ter habilidades para acompanhar uma visita de forma técnica, juntamente com o cliente, além de acompanhar todo o processo de negociação até o fechamento do negócio. Ficando sempre atento para responder com presteza e precisão a todos os questionamentos que lhes forem feitos inerentes ao imóvel. Esse profissional tem obrigações para o exercício de suas atividades, ficando, assim, sujeito a responder judicialmente por falhas cometidas em seu trabalho. No caso 11UNIDADE I Administração de Imóveis específico da locação de imóveis, a administradora tem a incumbência de receber o valor acordado do aluguel, realizar as cobranças dos inadimplentes e tomar as devidas providên- cias. Desta forma, fica clara a ponte que existe entre o locador e o locatário. Em caso de inadimplemento do inquilino, a administradora em regra não deverá arcar com o pagamento dos aluguéis em atraso. Excepcionalmente, a administradora terá responsabilidade se houver previsão contratual nesse sentido (o que, na prática, é raro), ou se o mandante provar que a administradora agiu com culpa (sem diligência), corroborando para eventuais prejuízos. Como visto, a administradora figura como mandatária do proprietário. Logo, sua responsabilidade é regida pelo art. 653 do Código Civil (CC), obrigando-se a indenizar o mandante por quaisquer prejuízos advindos de sua conduta culposa. Assim dispõe o art. 667 do CC: “O mandatário é obrigado a aplicar toda sua di- ligência habitual na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente”. O diferencial do administrador é a seriedade, a eficiência, o cumprimento de todas as obrigações assumidas, resoluções de todos os problemas que surgem de tal forma que as partes envolvidas fiquem satisfeitas. Realizando uma administração traçada pela ética e credibilidade, as possibilidades de manutenção do cliente por um longo período e a abertura de novos negócios são imensas. Embora se tenha apontado que algumas entidades de classe, como a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (AABIC), a Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (ABADI), bem como o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (SECOVI), estejam empenhando esforços para a regulamentação ou auto-regulamentação do setor, com leis específicas, condições mínimas de funcionamento e regulamentação da atividade, isso ainda está em fase de construção. Isso é ainda um pouco distante de ser um fato neste âmbito, restando aos síndicos e condomínios tomarem cuidados mínimos na contratação de administradores. Não se quer dizer que o setor é confuso ou carente de qualquer lei que o regule, mas sim que não há normas imperativas específicas para administradoras de condomínio, da relação desta com seus clientes e, sobretudo, das condições mínimas para uma empre- sa ser considerada especializada em administração de condomínios. 12UNIDADE I Administração de Imóveis 2 RESPONSABILIDADES DAS ADMINISTRADORAS Ao pesquisar o termo prospectar no dicionário Aurélio (1986), é apresentado como o cálculo do valor econômico de algo. Com isso, percebemos que ao pensar em comercia- lizar um imóvel se faz necessário compreender seu valor, sua localização e outros fatores que possam auxiliar no processo de venda para nossos clientes. Lindemberg Filho (2006) afirma que ruas com muito trânsito de veículos, próximas a bares ou boates, escolas, congestionamentos e poluição sonora são vistas como alguns dos pontos negativos para a comercialização de uma residência. Por isso a grande neces- sidade de uma análise completa para entregar o imóvel certo ao cliente certo, ou seja, fazer uma prospecção adequada. O autor ainda ressalta a importância de se atentar ao local do imóvel, sendo pontos de foco e análise: ● segurança; ● comércio; ● serviços; ● transporte; ● educação; ● áreas de lazer; ● serviços públicos. 13UNIDADE I Administração de Imóveis Sempre devemos levar em conta se o foco é residencial ou comercial, isso resultará em estratégias diferentes de negociação com os clientes. Como exemplo, imaginemos a abertura de um posto de combustíveis. Com certeza será uma empresa que buscarápor lugares movimentados ou grandes avenidas em que exista grande circulação de veículos. Da mesma forma que se uma família busca um imó- vel, tentará encontrar um lugar em que parques e escolas estejam por perto, para facilitar os deslocamentos dos filhos e também o lazer da família. Vamos entender os pontos de foco essenciais para uma análise aprofundada na escolha de um imóvel: Segurança: esse é um assunto muito importante, pois sempre é interessante observar delegacias próximas, serviços de vigilância, emergências médicas, câ- meras de monitoramento. Esses são alguns pontos interessantes aos clientes que buscam uma residência e querem tranquilidade. Por isso, a segurança pode ser um fator diferencial em vendas ou locação de imóveis. Comércio e serviço: nesse ponto é interessante observar o comércio local, fa- zendo um levantamento mais aprofundado, com o intuito de verificar a existência de supermercados, lanchonetes, bares, lojas, hotéis, bancos, entre outros. Esse é um ponto que pode ser de interesse dos clientes e precisar ser tratado com atenção. Transporte: é sempre positivo saber da existência de pontos ou linhas de ôni- bus, metrô, táxis, pertencentes à região do imóvel. Outra questão também im- portante é sobre a facilidade de estacionamento, a pavimentação e a facilidade de tráfego na região. Áreas de lazer: parques, praças, espaços de exercícios podem ser fatores que valorizam um local, principalmente para os clientes que buscam residências para morar com sua família. Serviços públicos: é fato que esses serviços são essenciais, como iluminação pública, coleta de lixo, pavimentação, saneamento, arborização, urbanismo, en- tre outros fatores. Avaliação de imóveis: ação fundamental na administração imobiliária, dessa forma, tendo a possibilidade de se estabelecer o valor do patrimônio dos imó- veis. A formação do preço para o aluguel, por exemplo, pode ser uma sugestão do corretor de imóveis, por ter a expertise necessária do mercado para identificar esses valores de maneira coerente. 14UNIDADE I Administração de Imóveis Existe também a avaliação judicial, que é aquela feita em juízo, porém, para fazer uma avaliação nesse sentido, é necessário formação e capacitação técnica. Conforme a Lei Federal 5.194/66, em seus artigos 7º e 13º, em que existe a deter- minação para que somente profissionais com habilitação terão a liberdade para a realização da avaliação de imóveis. Conforme afirmam Nery Junior e Nery (2006, p. 361): Com o devido respeito, segundo a Lei 5.194/66, art. 7.º, alínea c, a função de avaliar imóveis é prerrogativa de engenheiro civil, arquiteto e engenheiro agrônomo. O corretor de imóveis não está habilitado para exercer a função de avaliador, privativa por lei dos profissionais do CREA. A avaliação de imó- veis requer conhecimentos específicos em matemática financeira, estatís- tica e domínio dos métodos avaliatórios bem como conhecimentos acerca de fundações, estruturas e coberturas de imóveis. Todas essas técnicas são específicas do conhecimento científico do profissional superior formado em engenharia ou arquitetura. Com isso, entendemos que somente profissionais com formação adequada na área podem fazer avaliações de imóveis em juízo, pois este tipo de avaliação exige conhecimen- tos mais profundos e especializados. Claro que quem tem a formação como corretor de imóveis tem a habilidade de dar sugestões ou opiniões sobre questões pertinentes à comercialização de imóveis. Nesse sentido, quando um cliente quer alugar um imóvel, o corretor pode dar sugestões sobre o valor do aluguel, porém somente os profissionais com formação específica podem fazer as avaliações. Lembrando que avaliação é uma coisa e sugestão é outra. Se pesquisarmos mais profundamente, encontraremos jurisprudência de correto- res que fizeram avaliações, porém é preciso entender que esse caminho é perigoso, pois alguns tipos de avaliações precisam de análise científica precisa. As imobiliárias tem a facilidade de estimar valores de mercado para imóveis. Esse é um papel importantíssimo para o comércio de imóveis, como isso gerando a possibilidade de determinar valores de locação etc. O fundamental é entender que precisamos atuar cada qual com sua expertise e qualificação, entregando sempre o melhor para quem mais interessa: nosso cliente. 15UNIDADE I Administração de Imóveis SAIBA MAIS Deveres a cumprir em uma administração de imóveis Ao firmar o compromisso de trabalhar com administração de imóveis, o indivíduo precisa saber que vai lidar com os mais variados tipos de situações, intermediando questões burocráticas, como: ● Vistorias; ● Cobrança de taxas; ● Controle de pagamento de seguros obrigatórios, tributos comuns como o IPTU e as parcelas de condomínio. É também da função do administrador, garantir que o proprietário entregue a unidade com estrutura preservada e em boas condições para o aluguel. Além disso, o administrador ficará à disposição para captação de inquilinos e seleção destes para apresentar o perfil ao locador da propriedade. Um fato importante também a destacar é que o contrato deve ser elaborado dentro dos termos conversados com as partes e assinado pelo locatário após o fechamento do negócio. E isso está na responsabilidade do administrador, em que ele deve certificar-se que ambos cumpram o combinado, como entrega do imóvel sem problemas pelo locador e preservação do local pelo locatário. Fonte: Sperandio (2019). 16UNIDADE I Administração de Imóveis 3 CONFLITOS DE LOCAÇÃO Segundo Loureiro (2007), os conflitos podem até surgir, porém existe o contrato que contempla de maneira específica todos os direitos e deveres dos envolvidos. Com isso temos um termo conhecido como relação jurídica patrimonial, que surge a partir das vontades de duas ou mais pessoas. O Código Civil contém algumas disposições gerais sobre a execução de um contrato, buscando sempre ter como foco a “boa-fé”. O mesmo Código Civil apresenta a regulação de diversos tipos de contratos, como o de compra e venda, fiança, locação, comodato, entre outros. Mesmo havendo a regulação do contrato de locação pelo Código Civil, é preciso aplicar a Lei 8.245/91, conhecida como Lei do Inquilinato, por ser uma lei específica que sobrepõe o Código Civil. Para facilitar a solução de conflitos judiciais, em 23 de setembro de 1996 foi apro- vada a Lei Federal 9.307 – A Lei da Arbitragem –, facilitando o processo de negociação e solução de conflitos. Para Carmona (2004), a arbitragem é uma forma alternativa para solucionar conflitos através de uma convenção privada, sem participação do Estado, levando a uma decisão eficiente e eficaz para as partes envolvidas, além de ser rápida. Alvim (2004) também ensina que a arbitragem envolve pessoas que irão julgar os litígios, sendo essas pessoas de confiança dos envolvidos, de maneira a tratar o assunto de maneira séria e buscar em conjunto a resolução do conflito gerado. 17UNIDADE I Administração de Imóveis Percebe-se que a arbitragem tem o papel de transferir a função de julgar, algo restrito ao Estado, para terceiros, claro desde que dentro de parâmetros determinados pela legislação, como conflitos mais simplificados que não exigem especialidades jurídicas mais complexas. As partes poderão, dessa forma, escolher livremente as regras de direito que serão aplicadas, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública, segundo o art. 2.º, §1.º da Lei 9.307/96 “§1.º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública”. Para haver arbitragem, é necessário que as partes constituam cláusula compro- missória ou compromisso arbitral, em que haverá a convenção sobre um contrato, ha- vendo o compromisso de submissão à arbitragem, conforme o art. 4.º da Lei 9.307/96. Essa convenção de compromisso pode ser judicialou extrajudicial. O compromisso arbitral é realizado na assinatura do contrato, diferente da cláusula compromissória que é feita posteriormente. A escolha de árbitros pode ser de forma livre, desde que a pessoa selecionada seja capaz ou de confiança das partes envolvidas, conforme o art. 13.º da Lei 9.307/96, além de não estarem impedidas de atuar. Algo interessante é que, em um tribunal arbitral, o que fica decidido tem o mesmo efeito de uma sentença dada pelo Poder Judiciário, por isso é algo de extrema responsabi- lidade e ética por parte dos envolvidos no processo. Segundo Pinheiro (2005), cerca de 90% dos contratos de comércio internacional têm em seu teor cláusulas para ações de arbitragem. No Brasil isso tem aumentado nos contratos, porém ainda é novo e pouco usado em relação aos contratos existentes. Mas ainda é importante ressaltar que o uso da arbitragem é uma solução extremamente eficiente para a resolução de conflitos de contratos. O Brasil deve se espelhar em países que possuem instituições especializadas em arbitragem. Isso, aos poucos, começa a acontecer em nosso país, o que irá facilitar e desafogar os processos e acarretará em melhores resoluções de conflitos. Ainda temos a cultura de que a resolução de conflitos é somente perante advoga- dos e o Poder Judiciário com o juiz, porém existem soluções mais práticas e rápidas para a resolução da maioria dos conflitos através da intervenção do processo de arbitragem. Por isso precisamos pesquisar e nos aprofundar ainda mais, e isso de maneira constante. 18UNIDADE I Administração de Imóveis É fato que não pretendemos aqui ter uma análise aprofundada sobre questões do Direito, visto que existem diversos doutores e especialistas na área, mas pretendemos mostrar que existem opções nas resoluções de conflitos e isso precisa de atenção. REFLITA O contrato de locação não exige forma legal e solene, como a compra e venda de imó- veis requer, nos termos do artigo 108 do Código Civil. O contrato de locação pode ser convencionado até mesmo pela forma verbal. Entretanto, concordamos que a forma escrita traz uma segurança jurídica maior às partes, principalmente se esse contrato for devidamente registrado no Cartório de Registro de Imóveis, tornando alguns direitos mais seguros de serem exercidos, como é o direito de preferência. Caso o locatário disponha de contrato registrado em cartório, poderá utilizar-se da faculdade prevista no artigo 33 da Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91) para haver para si o imóvel, caso deposite o preço e demais despesas do ato de transferência. Ademais, nos termos do artigo 71, I, da Lei do Inquilinato, somente os contratos escritos podem dar o direito à ação reno- vatória. (GOMIDE, 2012, p.10). 19UNIDADE I Administração de Imóveis 4 TRATAMENTO LEGAL As demandas judiciais são procedimentos aplicados com base na lei para que os direitos e deveres sejam amparados e executados. Conforme Silveira (2015), temos com base na lei das ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação. Com isso, nos baseamos nos artigos 58 a 74 da lei 8245/91, com a nova redação dada pela lei 12.112/09. Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1º, nas ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação, observar-se-á o seguinte: I - os processos tramitam durante as férias forenses e não se suspendem pela superveniência delas; II - é competente para conhecer e julgar tais ações o foro do lugar da situação do imóvel, salvo se outro houver sido eleito no contrato; III - o valor da causa corresponderá a doze meses de aluguel, ou, na hipótese do inciso II do art. 47, a três salários vigentes por ocasião do ajuizamento; IV - desde que autorizado no contrato, a citação, intimação ou notificação far- -se-á mediante correspondência com aviso de recebimento, ou, tratando - se de pessoa jurídica ou firma individual, também mediante telex ou fac-símile, ou, ainda, sendo necessário, pelas demais formas previstas no Código de Processo Civil; V - os recursos interpostos contra as sentenças terão efeito somente devo- lutivo. 4.1 Ação de Despejo Esta ação é acionada pelo locador para fins de retomada do imóvel. Isso pode ocorrer por diversos fatores, conforme explana Silveira (2015), por falta de pagamento de IPTU, aluguel em atraso, entre outros. Quando movida a ação de despejo, sendo o pedido a rescisão do contrato de locação cumulada com cobrança de aluguéis e seus acessórios, deverá ser citado o locatário para responder ao pedido de rescisão e, serem citados o locatário e os fiadores para responderem ao pedido de cobrança, que deverá ser seguido de cálculo discriminando o valor do débito. Poderá o locatário e o fiador evitar a rescisão do contrato da locação, realizando, em até quinze dias a contar do dia da citação, o pagamento do débito atualizado através de de- pósito judicial, incluindo aluguéis com vencimento até a data do pagamento, multa, juros, custas e honorários de advogado. Não será admissível emendar a mora, isto é, caso o locatário já tenha se utilizado desta faculdade nos úl- timos vinte e quatro meses precedentes à propositura da ação. (SILVEIRA, 2015, p. 79). O autor ainda reforça que o juiz, quando compreender que existe coerência no pedido, irá determinar o mandado de despejo, tendo um prazo de 30 dias para que ocorra a desocupação de maneira voluntária do imóvel. Esses prazos podem ser encontrados nos artigos 63 a 66 da Lei 8245/91, que apresentam todas essas regras e formalidades para o despejo, existindo diferenças para hospitais, escolas, asilos ou igrejas que podem variam com prazos de seis meses a um ano. 20UNIDADE I Administração de Imóveis 4.2 Ação Consignatória Ao avaliarmos o artigo 67 da Lei 8245/91, encontramos as regras para uma ação de consignação de pagamento, que também é apresentada no Código Civil, artigos 890 a 900. Este tipo de ação tem o objetivo de liberar o devedor de uma obrigação, ou seja, libertar o locatário do pagamento de aluguel em casos de não localizado o locador para que seja efetivado o pagamento ou, se localizado, o mesmo se recuse a receber. O depósito da quantia referente ao valor devido será efeti- vado em juízo e caso não haja contestação no prazo de dez dias, o juiz dará como procedente o pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento das custas e honorários (SILVEIRA, 2015, p. 80). 4.3 Ação Revisional A ação revisional de aluguel, disciplinada pelos artigos 68 a 70 da Lei 8245/91 é usada para ajustar o valor da locação ao do mercado, reduzindo ou au- mentando o mesmo. Os requisitos encontram-se disciplinados no Código de Processo Civil, artigos 276 a 282 (SILVEIRA, 2015, p. 83). Essa ação se origina tanto por parte do locador como pelo locatário, quando se encontram valores de aluguel fora de conformidade com o mercado, tendo seu ajuizamento somente após três anos de vigência do contrato. A petição inicial deverá conter o pretenso valor a ser fixado. Se for pedido e tendo elementos suficientes, ao designar a audiência, o juiz poderá estabe- lecer aluguel provisório, e, podendo ainda contestar, o réu poderá trazer ele- mentos probatórios para pedir ao juiz que reveja o valor fixado para o aluguel provisório (SILVEIRA, 2015, p. 83). 4.4 Ação Renovatória Nos contratos de locação de imóveis destinados à uso comercial ou industrial encontra-se regulada nos artigos 71 a 74 da lei 8245/91, pode ser ajuizada nos casos em que o contrato a ser renovado tenha sido celebrado por escri- to e com prazo determinado; ou se o contrato a ser renovado tenha prazo seguido, ou somados os prazos ininterruptos resultem em no mínimo cinco anos; ou ainda quando o locatário esteja explorando seu comércio, no mes- mo ramo, pelo prazo ininterrupto de três anos (artigo 51, lei 8245/91). O artigo74 prevê que se a demanda renovatória for julgada improcedente, o juiz determinará a expedição do mandado de despejo e o locatário terá o prazo de trinta dias para a desocupação voluntária, caso tenha pedido na contestação (SILVEIRA, 2015, p. 83). Claro que todas essas regras e leis precisam ser conhecidas e aprofundadas, por isso não estamos esgotando aqui todas as explicações e possibilidades. Busque e pesquise ainda mais sobre o tema para ter maiores conhecimentos e estar mais preparado para as diversidades que possam ocorrer. 21UNIDADE I Administração de Imóveis CONSIDERAÇÕES FINAIS É preciso entender a importância de todos os aspectos que permeiam a administração de imóveis, principalmente porque estamos pautados em um mercado altamente competitivo e com clientes extremamente exigentes. Dentro dessa realidade, estaremos lidando com pessoas e sonhos e isso é algo que deve ser levado em conta para boas negociações e a busca de imóveis adequados aos clientes que querem realizar seus sonhos. O mercado imobiliário cresce e está em constante mudança. Por isso, seguir as leis e as regras é fundamental para manter a credibilidade e até mesmo a confiança dos clientes em seu negócio. Administrar imóveis é para os que buscam aprimoramento constante e desejam ser os melhores em um mercado competitivo. 22UNIDADE I Administração de Imóveis MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Manual de Avaliação de Bens Imóveis Autor: Carlos Augusto Arantes e Manuel Gonçalo Alcázar Molina Editora: Leud Ano: 2017 Sinopse: Este livro tem por base apresentar diversas metodolo- gias avaliativas utilizadas não somente no Brasil, como na Europa e nos Estados Unidos. Não pretende, de forma alguma, confrontar, afrontar, discutir ou descumprir quaisquer normativas técnicas existentes para avaliação de bens existentes no Brasil, mas tão somente apresentar, além das já usualmente conhecidas, algumas outras metodologias para conhecimento do leitor. FILME/VÍDEO • Título: A Grande Aposta • Ano: 2015 • Sinopse: Em 2008, o guru de Wall Street, Michael Burry, percebe que uma série de empréstimos feitos para o mercado imobiliário está em risco de inadimplência. Ele decide, então, apostar contra o mercado, investindo mais de um bilhão de dólares dos seus investidores. Suas ações atraem a atenção do corretor Jared Vennet, que percebe a oportunidade e passa a oferecê-la a seus clientes. Juntos, esses homens fazem uma fortuna tirando proveito do colapso econômico americano. WEB TV Creci Rio. Mala Direta 54 – Como Administrar Imóveis. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SnwbfMPDKPc Esse vídeo apresenta as atribuições inerentes à Lei do Corretor de Imóveis, principalmente no que tange à administração de imóveis no contexto do mercado atual. 23 Plano de Estudo: 1 Locação residencial 2 Locação por temporada 3 Locações não-residenciais e especiais 4 Formalização e Vistorias Objetivos de Aprendizagem: Compreender o funcionamento dos tipos de locação e como atuar dentro do mercado, que tem tantas dinâmicas para gerir. UNIDADE II Locações Professor Mestre Fábio Oliveira Vaz 24UNIDADE II Locações INTRODUÇÃO Compreender os tipos de locação é essencial para uma melhor compreensão dos aspectos legais e estratégicos da locação. Veremos aqui a locação residencial, por tempo- rada, além de conhecer as locações não-residenciais, que possuem regras específicas para sua efetividade. Lembre-se que cada tipo de locação tem suas próprias regras e isso será foco de nossa análise, tendo como base o Código Civil e as leis voltadas a este segmento. Por mais maçante que possa parecer, é essencial conhecermos esses aspectos da locação e suas variações, para que tenhamos a capacidade de desenvolver estratégias específicas para esse mercado e oferecer a coisa certa para o cliente certo. 25UNIDADE II Locações 1 LOCAÇÃO RESIDENCIAL Nos termos do artigo 565 do Código Civil (CC), a locação é o contrato em que uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição. São partes no contrato de locação: o locador, que cede a posse do bem de sua propriedade ou de terceiros (caso ele seja usufrutuário, por exemplo), e o locatário, também chamado de inquilino, que remunera o locador pagando-lhe aluguel. A locação de imóvel urbano pode ser residencial ou não-residencial. A Locação Residencial Urbana encontram-se disciplinadas nos artigos 46 e 47 da lei 8.245/91, con- forme exposto a seguir: Art. 46. Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado, inde- pendentemente de notificação ou aviso. § 1º Findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na posse do imóvel alugado por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação por prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas e condições do contrato. § 2º Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o contrato a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação. Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga-se automatica- mente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel: I - Nos casos do art. 9º; II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do imóvel pelo locatário, relacionada com o seu emprego; 26UNIDADE II Locações III - se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio; IV - se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização de obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em, no mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado à exploração de hotel ou pensão, em cinquenta por cento; V - se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos. § 1º Na hipótese do inciso III, a necessidade deverá ser judicialmente demonstrada, se: a) O retomante, alegando necessidade de usar o imóvel, estiver ocupando, com a mesma finalidade, outro de sua propriedade situado na mesma loca- lidade ou, residindo ou utilizando imóvel alheio, já tiver retomado o imóvel anteriormente; b) o ascendente ou descendente, beneficiário da retomada, residir em imóvel próprio. § 2º Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante deverá comprovar ser proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrí- cula do mesmo. Infere-se pela leitura da lei que são quatro as hipóteses de contrato de locação residencial urbano comum, quais sejam: ● contratos fixados por trinta meses ou mais: caso em que o contrato se res- cinde no término do prazo, com prorrogação por tempo indeterminado, se as partes não se manifestarem por mais de trinta dias. Se ocorrida a prorrogação caberá a denúncia imotivada ou “vazia”, a qualquer tempo, com trinta dias para desocupação. Porém, em ação de despejo, se o locatário concordar em sair terá seis meses para a desocupação. ● contratos fixados por menos de trinta meses: a locação prorroga-se automa- ticamente, por tempo indeterminado, quando findo o prazo ajustado. Neste caso, a retomada do imóvel deverá ser por denúncia estribada; motivada, também conhecida como denúncia cheia, ou seja, para uso próprio, reforma etc. Caso o contrato de locação residencial tenha sido feito com duração de menos de 30 meses, porém a locação ultrapassar 5 anos contínuos, caberá aí denúncia imotivada. ● contratos fixados antes da lei 8.245/91: locações antigas, que vigoram por prazo indeterminado, a retomada do imóvel poderá ocorrer através de denúncia imotivada, com prazo de 12 meses para desocupação. Entretanto se, nos 12 meses anterioresà lei, tenha ocorrido revisão judicial ou amigável do aluguel, só poderá ser solicitada a retomada deste imóvel por denúncia vazia, após transcorridos 24 meses da revisão. 27UNIDADE II Locações ● livre negociação: para imóveis novos, após a vigência da lei 8.245/91, resta livre o preço do aluguel e o prazo de reajuste, o índice de correção, que será ajustado em contrato. Deve-se observar, entretanto, que, de acordo com a nova lei, fica proibido o uso de moeda estrangeira, variação cambial ou variação do salário mínimo para base de reajuste de aluguel. 28UNIDADE II Locações 2 LOCAÇÃO POR TEMPORADA Para ser considerado contrato de locação para temporada é necessário que tenha duração de, no máximo, 90 dias e que tenha finalidade específica, como para curso, lazer, tratamento de saúde, feitura de obra etc. O valor do aluguel e encargos pode ser cobrado antecipadamente e de uma só vez. Nesse sentido, a lei 8.245/91, nos artigos 48 a 50 transcritos a seguir, afirma: Art. 48. Considera-se locação para temporada, aquela destinada à residên- cia temporária do locatário, para prática de lazer, realização de cursos, trata- mento de saúde, feitura de obras em seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão-somente de determinado tempo, e contratada por prazo não superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. Parágrafo único. No caso de a locação envolver imóvel mobiliado, consta- rá do contrato, obrigatoriamente, a descrição dos móveis e utensílios que o guarnecem, bem como o estado em que se encontram. Art. 49. O locador poderá receber de uma só vez e antecipadamente os alu- guéis e encargos, bem como exigir qualquer das modalidades de garantia previstas no art. 37 para atender as demais obrigações do contrato. Art. 50. Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer no imóvel sem oposição do locador por mais de trinta dias, presumir - se - á prorrogada a locação por tempo indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento an- tecipado do aluguel e dos encargos. Parágrafo único. Ocorrendo a prorrogação, o locador somente poderá denun- ciar o contrato após trinta meses de seu início ou nas hipóteses do art. 47. Assim, não existe locação por temporada quando a destinação do imóvel for para o uso comercial. A doutrina ainda afirma que há necessidade de contrato escrito. Ademais, o projeto dessa lei previa a exigência expressa de contrato escrito. De qualquer forma, caso 29UNIDADE II Locações não seja atendida essa forma escrita, o contrato não deverá ser considerado nulo ou anu- lável. Trata-se de uma medida de proteção às partes, em razão do curto período envolvido. Conforme explicitado no parágrafo único do Art. 48, no caso da locação envolver imóvel mobiliado, constará obrigatoriamente no contrato a descrição dos móveis e utensílios que o guarnecem, bem como o estado em que se encontram. Obviamente a omissão desse requisito não desnatura a modalidade de locação, mas criará entraves para eventual recomposição de danos. É aconselhável inclusive que o valor dos bens seja incluído, assim como a descrição de marca e modelo de eletrodomés- ticos e similares, para facilitar sua recomposição em caso de perda, destruição ou extravio. Apesar do caráter de obrigatoriedade trazido no dispositivo legal, verificamos que não há sanção em caso de não atendimento do requisito. Como bem ponderado por Ve- nosa (2006), o legislador criou uma regra imperfeita, porque lhe falta sanção. A lei não diz que o contrato é nulo sem a respectiva descrição, nem que se presume a inexistência de mobiliário, ou sendo ainda que ausente esse documento, o locador poderá valer-se da ação indenizatória para cobrança do quantum devido. A Lei do Inquilinato ainda traz uma exceção ao artigo 43, III, da lei 8.245/91. Trata-se da hipótese de pagamento antecipado dos valores do aluguel. O preço cobrado, entretanto, não pode exceder a 90 dias. Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de cinco dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em favor do locatário: [...] III - cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese do art. 42 e da loca- ção para temporada. A cobrança superior a 90 dias, além de caracterizar locação residencial, ainda é considerada contravenção penal, nos termos do já citado artigo 43, III, da Lei de Locação. Além da possibilidade de cobrança antecipada do aluguel, o locador ainda poderá exigir uma das modalidades de garantia locatícia. A garantia não serve apenas para as hipóteses de inadimplência do inquilino, mas também para os danos causados ao imóvel, o não pagamento de contas de água, luz, telefone, bem como os danos aos bens móveis que guarnecem a residência. Outra importante determinação da Lei do Inquilinato é trazida pelo artigo 50: Art. 50. Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer no imóvel sem oposição do locador por mais de trinta dias, presumir-se-á prorrogada a loca- ção por tempo indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento anteci- pado do aluguel e dos encargos. Parágrafo único. Ocorrendo a prorrogação, o locador somente poderá denun- ciar o contrato após trinta meses de seu início ou nas hipóteses do art. 47. 30UNIDADE II Locações Vale ressaltar que o artigo 59, III, da Lei do Inquilinato garante ao locador a con- cessão de liminar para o despejo no caso de locação por temporada. Assim sendo, caso a locação prorrogue-se por mais de 30 dias sem a oposição do locador, a locação passa a ter prazo indeterminado. Caso ocorra essa prorrogação, o locador somente poderá denunciar o contrato 30 meses após o seu início. Assim, o locador de má-fé poderá tentar renovar indefinidamente o contrato de locação por temporada, para valer-se do benefício trazido pelo artigo 59, III, da Lei do Inquilinato. Tal conduta não pode ser admitida pelo direito brasileiro em virtude do seu caráter fraudatório. No caso de prorrogação, o locador também perderá o direito de cobrar antecipada- mente os valores do aluguel. Verifica-se, portanto, que, no caso de prorrogação do contrato por temporada, a locação permanece no regime normal, qual seja residencial por prazo indeterminado. Ademais, a renovação do contrato de locação por temporada é plenamente com- preensível. Imaginemos a hipótese de uma pessoa que aluga um imóvel em virtude de reforma na sua casa. É possível que a obra tenha atrasos em razão de fatores externos a ele, por exemplo, como a paralisação das obras em virtude das chuvas. É cabível, então, a renovação do contrato de locação por temporada por mais 20 ou 30 dias. Não há, nesse caso, fraude de nenhuma das partes. Isso demonstra que a análise ou não da renovação do contrato de locação deverá depender de cada caso concreto. O contrato de locação por temporada possui suas vantagens e desvantagens. As- sim, por exemplo, uma casa localizada na praia, que o proprietário utiliza com frequência, mas por outro lado também gasta um bom dinheiro para mantê-la, poderá ele alugá-la por um curto período, auferir renda e retornar a utilizá-la. Entretanto a principal desvantagem ao locador nesse tipo de contratação é que o seu objetivo é auferir renda. Nesse sentido precisará buscar a todo tempo locatários, vez que é curta a duração deste tipo de contrato. Para o locatário, a grande vantagem dessa contratação é que poderá alugar o imóvel por curto período, por exemplo, nas férias. Por outro lado, a principal desvantagem é que como o período é curto, normalmente os valores cobrados pela locação são altos. 31UNIDADE II Locações REFLITA Todo proprietário e investidor em imóvel para aluguel conta com a receita mensal gerada pela locação. No entanto, quando o imóvel fica vazio, além de não receber o aluguel, o proprietário assume despesas recorrentes, como condomínio e IPTU, afetando signifi- cativamente o retorno do seu investimento. Fonte: o autor. 32UNIDADE II Locações 3 LOCAÇÕES NÃO-RESIDENCIAISE ESPECIAIS Na locação comercial ou não-residencial o locatário monta no imóvel locado seu estabelecimento comercial, criando ali o seu fundo de comércio. Da mesma forma ocorrida no contrato de locação residencial, o comercial também se prorrogará se as partes não ma- nifestarem sua intenção em extingui-lo ao término do prazo contratual. Ficam prorrogadas as mesmas condições anteriormente ajustadas nos termos do artigo 56, parágrafo único, da Lei 8.245/91. Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo determinado cessa, de pleno direito, findo o prazo estipulado, independente- mente de notificação ou aviso. Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, se o locatário permanecer no imó- vel por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorroga- da a locação nas condições ajustadas, mas sem prazo determinado. Na locação comercial, contudo, o imóvel poderá ser retomado por denúncia va- zia, independentemente do prazo estipulado pelos contratantes. Assim, poderá haver a denúncia, mediante a notificação do locatário, que lhe conceda um prazo de 30 dias para desocupar o imóvel. Uma vez notificado o locatário, a ação de despejo deverá ser ajuizada dentro do prazo de 30 dias, sob pena de a notificação perder sua eficácia. Existem as seguintes hipóteses para o contrato de locação não residencial: ● locação comercial: o contrato para este tipo de locação pode ser feito por qualquer prazo, com prorrogação por tempo indeterminado, se quando na época do término as partes ficarem silentes por mais de 30 dias. Depois de 33UNIDADE II Locações transcorrida a prorrogação, é cabível, a qualquer tempo, denúncia imotivada para desocupação, porém o locatário que tenha o contrato escrito por mais de 5 anos ininterruptos pode conseguir judicialmente a renovação do contrato, nos termos do artigo 49 da lei 8245/91. ● locação não-residencial civil (escritórios, estúdios, consultórios) sem fim lucrativo: não tem direito à ação renovatória, equipara-se à locação comercial, com denúncia imotivada para desocupação. ● locação não residencial especial: hospitais, creches, asilos, escolas e enti- dades religiosas - são disciplinados pelos artigos 53 e 63 da lei 8245/91. Não caberá aqui a denúncia imotivada para desocupação. ● locação de benefício ou vantagem profissional indireta: refere-se ao artigo 55 da lei 8245/91, locação destinada ao uso dos empregados ou diretoria da empresa locatária. Normas conforme a locação comercial. Nas locações especiais a regra especial relativa a esses estabelecimentos é pre- vista no artigo 53 da Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91). Trata-se de proteção inquilinária, em que a lei restringe as hipóteses em que o contrato de locação pode ou não ser rescindido. Portanto, a relação locatícia somente poderá ser rescindida por mútuo acordo; infração contratual ou legal; por falta de pagamento de aluguel e encargos; realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder Público. Ainda, permite-se a denúncia cheia, se o proprietário, em caráter irrevogável e imitido na posse, com título registrado, que haja quitado o preço da promessa ou que, não o tendo feito, seja autorizado pelo proprietário pedir o imóvel para demolição, edificação, licenciada ou reforma que venha a resultar em aumento mínimo de 50% da área útil. Dessa forma, verifica-se que são três as possibilidades de denúncia cheia: para demolição, para edificação licenciada ou para reforma que resulte em um aumento mínimo de 50% da área útil. A presente disposição tem um evidente sentido social, protegendo a permanência desses estabelecimentos que desempenham importante papel de assistência e educação. O mais difícil nesse dispositivo se dá quanto à interpretação de quais estabeleci- mentos podem ou não ser beneficiados. Os asilos, por exemplo, devem ser interpretados como casa de assistência social onde são recolhidas, para sustento ou também para edu- cação, pessoas pobres e desamparadas, como mendigos, crianças abandonadas, órfãos, velhos etc. 34UNIDADE II Locações Já em relação aos estabelecimentos de ensino e saúde, a lei qualificou o seu con- ceito quando esses forem autorizados e fiscalizados pelo Poder Público. Venosa (2006, p. 248-249) nos traz uma importante ressalva: Não é qualquer autorização e fiscalização dos Poderes Públicos, já que todo imóvel e toda atividade se acham direta ou indiretamente autorizados e fisca- lizados. Embora se amplie o horizonte protetivo, continuam fora dessa prote- ção os cursos que ministram aulas privadas ou conhecimentos que indepen- dem de qualquer autorização ou fiscalização, como corte e costura, cursos livres de informática, de arte, de atividade profissionalizante sem qualquer ligação oficial como escolas de cabeleireiros, empregados domésticos etc. (VENOSA, 2006, p. 248-249). Ademais, a jurisprudência já declarou indevida a proteção inquilinária prevista no artigo 53 para as escolas maternais. Já foi decidido que as “escolas maternais, destinadas exclusivamente ao lazer e à recreação, não se inserem no conceito de estabelecimento de ensino, não estando, por isso, protegidas pela lei do inquilinato, podendo ser despejadas imotivadamente” (RT 607/133). Não vemos sentido para essa interpretação. A fase maternal faz parte da educação das crianças, importante para seu desenvolvimento. Restringir essa proteção vai a desacordo com o princípio trazido pelo dispositivo legal, segundo o art. 53 da Lei 8.245/91. Esse entendimento fica ainda mais claro já que as pré-escolas gozam, segundo a jurisprudência, desse amparo legal. Esse já foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (Resp 182.873/RS, 6.ª Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 24/08/1999). Com relação às unidades de saúde, a proteção existe em razão da grande dificul- dade de remoção dos pacientes em caso de despejo, bem como dos riscos à saúde que se agravariam enormemente. A jurisprudência também entendeu que não se inserem na dicção legal simples clínicas médicas, onde não existe internação, mas apenas consultas ou tratamento am- bulatorial. Da mesma forma, prestadora de serviços médicos e de exames laboratoriais (JTACSP 111/443, 98/244, 75/118). Tal fato se dá vez que essas clínicas, que possuem um caráter comercial maior do que social, podem se deslocar de um lugar para o outro sem comprometimento a seus pacientes. Ainda assim, deve-se verificar cada caso de forma individual. Algo atípico acontece em relação aos lojistas e empreendedores de shopping center. Prevalecerão as condições pactuadas nos contratos de locação e as condições previstas no artigo 54 da Lei do Inquilinato. 35UNIDADE II Locações O contrato de locação celebrado entre o empreendedor e o lojista é, na verdade, um contrato atípico (não tipificado em lei), pois gera obrigações diversas daquelas ordi- nariamente previstas entre locador e locatário. O locador deverá obrigar-se na manutenção da limpeza e conservação das partes comuns, zelando ainda pelo bom funcionamento dos aparelhos de iluminação e hidráulica. Para todos os efeitos, todas as despesas cobradas do locatário devem ser previstas em orçamento ou justificadas. Ao locatário é incumbida a manutenção de vitrines de acordo com padrões do sho- pping, contribuições e fundos para promoção coletiva e até pagamento de décimo terceiro aluguel. Condições, portanto, atípicas ao contrato de locação dito comum. O pagamento do aluguel é dividido em três partes distintas. A primeira é fixa e ajustada em contrato. A segunda é variável e vinculada ao faturamento da loja. A terceira e última é a forma que o empreendedor tem de receber dos lojistas um valor referente à imagem do shopping, construída em decorrência da publicidade e das lojas contidas. Esse valor é chamado de res sperata (coisa esperada) e retribui ao empreendedor o fundo de comércio que ele criou por meio do shopping. Por fim, vale ressaltar que o pagamentodo aluguel pode se dar por outras maneiras, desde que acordadas pelas partes. Tal fundamento é facilmente constatado tendo em vista que nos shoppings centers, além de ser propiciado ao locatário seu espaço para comércio, há uma série de benefícios que o acompanham, como a própria estrutura do empreendimento. Outrossim, surgem para o lojista obrigações especiais que devem ser atendidas. Para o sucesso do empreendimento, o shopping dispõe de rígidas regras referentes a horários a serem cumpridos, campanhas a serem realizadas, bem como uniformização de procedimentos. O descumprimento dessas regras enseja a denúncia cheia do contrato de locação. A atipicidade desse contrato traz, por exemplo, a imposição do empreendedor ao lojista, seja ele inquilino ou não, de abrir a loja também aos domingos. Assim já foi decidido pelo Superior Tribunal de Justiça: É certo que em locação em shopping center admitem-se normas comple- mentares estabelecida em documento aparato, contendo obrigações que integram o contrato de locação e que devem ser adimplidas pelo locatário, mediante singela declaração de que as conhece e se lhes submete; e que cabe a sua administração estabelecer os horários de funcionamento, cum- prindo aos lojistas locatários ou não, respeitá-los integralmente (AgRg no Ag 506.474/RJ, 5.ª Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 03.03.2005). 36UNIDADE II Locações Em razão da liberdade de se pactuar entre lojistas e empreendedores, a jurispru- dência reconhece a validade de uma série de cláusulas, entre elas: ● a cláusula que proíbe ao lojista locatário abrir novo estabelecimento comercial com o mesmo ramo de atividade nas proximidades do shopping (STJ, REsp 123.847/SP, 6.ª Turma, Rel. Min. Vicente Leal, j. 17.06.1997); ● a cláusula que admite o pagamento do valor referente ao fundo de promo- ção, previsto na Escritura Declaratória de Regulamentação das Locações do Shopping Center (2.º TAC/SP, Ap. s/ Rev. 706.908-00/4 – 7.ª Câm. – Rel. Des. Regina Capistrano – j. 31.01.2005); ● a cláusula que determina a cobrança de caução a título de reserva de futura ocupação de loja comercial (res sperata) para consecução de recursos financei- ros até a conclusão do empreendimento (2.º TAC/SP, Ap c/ Rev. 689.693-00/0 – 10.ª Câ. – Rel. Juiz Emanuel Oliveira – j. 15.12.2004). O principal fundamento da liberdade contratual entre empreendedor e lojista é que as partes possuem condições de estabelecer e respeitar as condições que previamente acordaram. Tal assertiva não é prevista, por exemplo, nos contratos envolvendo consumi- dores (hipossuficientes) e empreendedores. De qualquer forma, a questão da liberdade contratual sofre limites impostos pelo ordenamento. Em ocorrendo afronta ao princípio da função social do contrato ou da boa-fé objetiva, essas cláusulas devem ser declaradas nulas ou ineficazes. Em razão dessa liberdade contratual, a sublocação pode ser limitada ou condicio- nada a determinadas regras. Deve-se frisar que apesar da liberdade contratual estabelecida no contrato de locação de shopping center, as outras condições (aquelas não especiais) trazidas pela Lei do Inquilinato devem ser respeitadas. Assim se dá com a proteção prevista no artigo 52, parágrafo 2º, que trata da possibilidade de ação renovatória. 37UNIDADE II Locações 4 FORMALIZAÇÃO E VISTORIA Para que se tenha um contrato em conformidade com a realidade, é necessário conhecer sua forma de elaboração e os direitos inerentes às partes envolvidas. Nesse sentido, Silveira (2015, p. 96) apresenta cláusulas e requisitos indispensáveis ao contrato de locação: ● Nome e qualificação do locador, locatário e fiador, se houver; ● Descrição e endereço do imóvel locado; ● Forma e local de pagamento; ● Modalidade da garantia apresentada, através de fiador ou depósito em dinheiro, ou ainda, seguro-fiança; ● Discriminação dos encargos a serem pagos, como condomínio, taxas municipais, água, luz, esgotos, etc.; ● Destinação do imóvel, se para uso residencial, comercial ou não residen- cial; ● Data do início e prazo da locação, ou seja, a duração do contrato; ● Cláusula de vigência em caso de alienação do imóvel; ● Termo de vistoria com a descrição do estado de conservação do imóvel, que deve ser anexado e passar a integrar o contrato. É fato que os contratos precisam ser assinados, com pelo menos duas testemunhas (sem impedimentos legais), com nome, RG e endereço. Além disso, o contrato precisa ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos. Silveira (2015) ainda apresenta uma gama de documentos que são exigidos para elaborar um contrato, veja na sequência. ● Por Parte do locador: = Título de propriedade - procuração, se o contrato for assinado por um representante; = Cópia da cédula de identidade (RG); = Cópia do documento Cadastro de Pessoa Física (CPF); = Contas de serviços públicos - água, luz. = Carnê do IPTU. = Caso seja casado ou divorciado, a cópia da Certidão de casamento ou divórcio. ● Por Parte do locatário: = Cópia da Cédula de Identidade (RG); = Cópia do documento Cadastro de Pessoa Física (CPF); = Comprovação de renda; = Se casado, os mesmos documentos do cônjuge e cópia da Certidão de casamento; = Se divorciado, cópia da certidão de divórcio; 38UNIDADE II Locações ● Por Parte do fiador: = Cópia da Cédula de Identidade (RG); = Cópia do documento Cadastro de Pessoa Física (CPF); = Escritura definitiva do imóvel colocado em fiança; = Certidão Negativa de Ônus (CNO) de Imóvel – atualizada, a ser retirada junto ao Cartório de Registro de Imóveis; = Carnê do IPTU do imóvel; = Comprovação de Renda; = Cópia do comprovante de residência. = Se casado, os mesmos documentos pessoais do cônjuge. 4.1 O Laudo da Vistoria O Laudo de vistoria do imóvel deve ser feito e assinado antes mesmo do Con- trato de Locação. É preciso constar neste laudo as condições que se encon- tra o imóvel, como por exemplo, as paredes, tetos, portas, janelas, fechadu- ras, trincos, armários, etc., citando tudo detalhadamente, pois o mesmo será revisto quando o inquilino for entregar as chaves (SILVEIRA, 2015, p. 98). Nesse documento é importante anexar fotos do imóvel, que demonstrem seu real estado para análises posteriores. Esse documento precisa ser assinado tanto pelo locador como pelo locatário. Além disso, a vistoria só pode ocorrer com a presença do proprietário, inquilino e o corretor de imóveis. Esse laudo servirá para casos de problemas que surgirem no imóvel durante a estada do inquilino e posteriormente a sua saída. Para facilitar nosso entendimento, vamos conhecer um modelo de Laudo de Visto- ria, disponível no site Dom Total (2019). LAUDO DE VISTORIA Objeto do presente laudo: É a vistoria de um imóvel constituído pela casa residencial situada à Rua da xxxxxxxxxxxxxx, Gameleira, nesta Capital. Locador: xxxxx Locatária: xxxxxxxxxxx O presente laudo é parte integrante do contrato de locação celebrado entre o locador e a locatária. Qualquer restrição ao presente laudo, ou qualquer irregularidade encontrada no imóvel que não conste neste laudo, deverá ser comunicado à locador por escrito, dentro de 15 (quinze) dias, a contar do dia xxxx de xxxxx de 2007. Vistoriado o imóvel acima descrito, foi constatado que o mesmo encontra-se em bom estado de conservação, com todos os seus pertences, utensílios e acessórios em prefeito estado de funcionamento e conservação, assim a locatária se compromete a devolvê-lo, findo o prazo contratual, independente de vistoria final. 39UNIDADE II Locações 1) PINTURA: Todas as paredes internas e tetos da casa foram pintados com tinta látex de primeira linha. As portas e janelas foram pintadas com tinta a óleo, sendo que a mão de obra da referida pintura foi bem executada. 2) TRINCOS, FECHADURAS: Estão em bom estado de conservação e fun- cionamento. 3) PARTE HIDRÁULICA: Está em bom estado de conservação e funciona- mento. 4) PISOS E AZULEJOS: Os pisos e azulejos estão em bomestado de con- servação. 5) PARTE ELÉTRICA: Está em bom estado de conservação e funcionamento. 6) VIDRAÇAS: os vidros das janelas e basculantes, não apresentam nenhum trincado Belo Horizonte, 02 de março de 2007. _________________________________ LOCADOR- xxxxxxxxxxx _______________________________ LOCATÁRIA – xxxxxxxxx ____________________________ ____________________________ Fiador: xxxxxxxxxx cônjuge: xxxxxxxxx : _____________________________ Fiador: xxxxxxxxxxxxx ____________________________________________ TESTEMUNHA: ____________________________________________ TESTEMUNHA: Araújo (2013) afirma que a vistoria é algo fundamental para que não haja proble- mas na locação, como processos judiciais ou indenizações. Sem vistoria é impossível exigir alguma coisa, tanto de locador como de locatário, pois não haverá nenhum documento legal que comprove eventual problema. A vistoria precisa ser detalhada e minuciosa, verificando todo o imóvel e porme- nores estruturais e de acabamento. É na vistoria que conseguimos detectar problemas de estrutura que impedem o imóvel de ser locado. Dessa forma, o inquilino aluga um imóvel seguro, ao mesmo tempo que o locador sabe o estado do imóvel antes e depois da locação. 40UNIDADE II Locações SAIBA MAIS Deveres a cumprir em uma administração de imóveis Ao firmar o compromisso de trabalhar com administração de imóveis, o indivíduo precisa saber que vai lidar com os mais variados tipos de situações, intermediando questões burocráticas como: • Vistorias • Cobrança de taxas • Controle de pagamento de seguros obrigatórios, tributos comuns como o IPTU e as parcelas de condomínio. É também da função do administrador, garantir que o proprietário entregue a unidade com estrutura preservada e em boas condições para o aluguel. Além disso, o administrador ficará à disposição para captação de inquilinos e seleção dos mesmos para apresentar o perfil ao locador da propriedade. Um fato importante também a destacar é que o contrato deve ser elaborado dentro dos termos conversados com as partes e assinado pelo locatário após o fechamento do negócio. E isso está na responsabilidade do administrador, onde ele deve certificar que ambos cumpram o combinado, como entrega do imóvel sem problemas pelo locador e preser- vação do mesmo pelo locatário. Fonte: Disponível em: https://fiis.com.br/artigos/administracao-de-imoveis/ 41UNIDADE II Locações CONSIDERAÇÕES FINAIS Um profissional capacitado precisa entender os aspectos que permeiam a locação de imóveis, por isso buscamos apresentar as leis e regras pertinentes a este segmento e suas vertentes no mercado imobiliário. É fato que se procura apresentar de maneira objetiva esses aspectos, o que nos leva a buscar e pesquisar sempre mais sobre o tema, pois os clientes e o mercado são cada vez mais exigentes e não podemos ser profissionais despreparados, que não conseguem atender essa dinâmica. Não findamos por aqui esse estudo sobre os tipos de locação. Então, esteja pre- parado a pesquisar e compreender o máximo possível sobre as variáveis desse mercado imobiliário, tão dinâmico e complexo. 42UNIDADE II Locações MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Nova Locação de Imóveis Urbanos Autor: Gevany Manoel dos Santos Editora: LTR Ano: 2011 Sinopse: O livro que ora se apresenta ao público leitor é fruto da tese de cátedra defendida pelo autor em 1993, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, com a qual conquistou o título de Professor Titular da cadeira de Direito do Trabalho. A tese foi apreciada e aprovada com mérito pela Comissão Examinadora, formada pelos professores Amauri Mascaro do Nascimento (USP), Júlio Assumpção Malhadas (Universidade do Paraná), Celso Lafer (USP), Hugo Gueiros Bernardes (Universidade Nacional de Bra- sília) e Antonio Alvares da Silva (Universidade Federal de Minas Gerais). A prova pública de erudição, realizada em 04 de agosto de 1993, abordou o tema “Flexibilização do Direito do Trabalho”. A tese foi atualizada para adequar-se ao atual estágio do processo de integração regional do Mercosul, incorporando, com cuidado e minúcia, todas as alterações e conquistas alcançadas. FILME/VÍDEO • Título: O Lobo de Wall Street • Ano: 2013 • Sinopse: Jordan Belfort é um ambicioso corretor da bolsa de valores que cria um verdadeiro império, enriquecendo de forma rápida, porém ilegal. Ele e seus amigos mergulham em um mundo de excessos, mas seus métodos ilícitos despertam a atenção da polícia. WEB Lei de Inquilinato - Noções Gerais Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=u3tNMPRAQ9w Neste vídeo será possível conhecer alguns conceitos essenciais sobre a Lei do Inquilinato e sua importância nos contratos de lo- cação. 43 Plano de Estudo: 1 Os condomínios 2 O papel do síndico 3 Garantias da locação e benfeitorias 4 Direitos e deveres contratuais Objetivos de Aprendizagem: Ter uma melhor compreensão do funcionamento dos condomínios, o papel do sindico e as garantias envolvidas na locação de um imóvel. UNIDADE III Condomínios e Síndicos Professor Mestre Fábio Oliveira Vaz 44UNIDADE III Condomínios e Síndicos INTRODUÇÃO A administração de imóveis dentro de um contexto de locação nos leva a busca por maiores conhecimentos sobre as leis e as variações existentes nesse mercado. A vida em condomínio tem vários processos e quesitos que envolvem regras e leis, além de relacionamento e convívio social. Com isso, são necessários cuidados especiais para evitar problemas no ambiente do condomínio. Nesse contexto, o síndico tem papel fundamental, pois, dentre as suas obrigações, precisa lidar com os funcionários e fazer valer as regras e normas votadas por todos os membros participantes do condomínio. Além disso, precisamos estar atentos às garantias na locação para evitar problemas durante o contrato com o locatário. 45UNIDADE III Condomínios e Síndicos 1 OS CONDOMÍNIOS O condomínio é visto com o direito de propriedade em que existe a participação de duas ou mais pessoas ao mesmo tempo, utilizando um espaço ou bem indiviso. Construções de prédios de apartamentos ou de conjuntos de casas em um mesmo terreno têm sido cada vez mais frequentes nas cidades, devido à se- gurança, ao custo reduzido, entre outros tantos benefícios que esses tipos de imóveis oferecem. A convivência dentro de um mesmo condomínio, entretan- to, não é tão simples, ainda mais quando existem muitos moradores, pessoas das mais diferentes culturas, educação, sociabilidade, raças, valores e até mesmo classe social (SILVEIRA, 2015, p. 17). Porém, para uma melhor convivência dentro desses ambientes, é necessária a elaboração de regras específicas para evitar problemas ou transtornos nessa relação de convivência. Nesse sentido, existe a chamada “Convenção de Condomínio”, para asse- gurar os corretos procedimentos de conduta dentro desses ambientes. Ao adquirir ou locar um imóvel, o comprador ou locatário adere aos termos da convenção de condomínio que nasce com a planta da construção e é registrada em órgãos como a prefeitura ou cartório de registro de imóveis (GONÇALVES, 2012, p. 18). Essa Convenção de Condomínio é vista como um conjunto de normas e regras desenvolvidas pelos membros, com foco em regular uma convivência adequada entre os moradores. Essas regras são baseadas na Lei 4.591, de 16 de dezembro de 1964, e no Código Civil Brasileiro. 46UNIDADE III Condomínios e Síndicos Segundo Silveira (2015), a convenção de condomínio deve conter normas especí- ficas. Dentre elas citamos as mais importantes: ● Discriminação e particularização das áreas comuns e privativas; ● Fixação das normas de utilização dos objetos e serviços comuns; ● Definição das funções de diferentes partes; ● Forma de escolha do conselho consultivo e do síndico; ● Relação da forma e proporção das liquidações de gastos com despesas ordiná- rias e extraordinárias; ● Determinação de contribuição para composição do fundo de reserva;● Fixação do trabalho do síndico e se ele será remunerado; ● Estabelecimento do quorum e determinação do procedimento necessário para alteração da convenção de condomínio. Importante ressaltar que as alterações feitas na convenção de condomínio devem ser registradas em cartório de regis- tro de imóveis. Porém somente essa convenção não é suficiente para manter essa convivência. É necessária a elaboração de um Regimento Interno para estabelecer regras e procedimen- tos a todos os moradores do condomínio. Como exemplo temos: ● a impossibilidade de entrar no estacionamento do condomínio veículos de não moradores; ● o impedimento do uso de furadeiras ou aparelho de som em volume determina- do após as 22h. ● a proibição de se colocar qualquer tipo de enfeites e vasos nas janelas e para- peitos. Todas essas regras e normas precisam ser de conhecimento de todos os moradores do condomínio, sejam proprietários ou locatários. Essas informações e tomadas de decisão podem ser feitas através das chamadas Assembleias, em que podem ser explicados todos os detalhes dessas normas. Silveira (2015) afirma que a Assembleia é uma reunião de pessoas para deliberar decisões que a elas interessem. Os condôminos (moradores, proprietários ou locatários) definem leis para regular a vida em condomínio, mediante decisões que somente serão passíveis de anulação por decisão judicial ou por evento de deliberação na assembleia posterior. 47UNIDADE III Condomínios e Síndicos A assembleia pode ser geral ordinária, extraordinária ou especial. Assembleia Geral Ordinária: Acontecem normalmente uma vez ao ano para que seja apresentada a prestação de contas do ano com exercício encerrado e para que sejam discutidas e aprovadas as verbas para as despesas do novo exercício, bem como a eleição do síndico. Só não é necessária a procu- ração do locador para o locatário votar nesta assembleia quando o assunto discutido for a aprovação das contas do condomínio. Assembleia Geral Extraordinária: É a reunião convocada pelo síndico ou ¼ dos condôminos para tratarem de decisões urgentes de interesse do condo- mínio, como, por exemplo: aprovação ou alteração da convenção, alteração do regulamento interno, alteração da parte comum ou pintura, automação de portões, compra de interfones. Na assembleia extraordinária para ter direito a voto, o locatário deve apresentar procuração do locador. Assembleia Geral Especial: ocorre em casos especiais previstos em lei, como, reconstrução, por exemplo, por (sinistro total), alienação, concessão ou alteração do destino do bem. Para que o locatário participe e vote nesta assembleia deve apresentar procuração do locador (SILVEIRA, 2015, p. 25). Um detalhe importante é que nas assembleias o síndico tem participação efetiva, com exceção de assuntos referente ao próprio síndico, para que haja debates e decisões imparciais. REFLITA Todo proprietário e investidor em imóvel para aluguel conta com a receita mensal gerada pela locação. No entanto, quando o imóvel fica vazio, além de não receber o aluguel, o proprietário assume despesas recorrentes como condomínio e IPTU, afetando significa- tivamente o retorno do seu investimento. Fonte: o autor. 48UNIDADE III Condomínios e Síndicos 2 O PAPEL DO SÍNDICO Para uma melhor compreensão do papel do síndico, vamos a uma análise do capí- tulo VI da Lei 4.591/64, bem como dos artigos 1.347 e seguintes do Código Civil. Capítulo VI Da Administração do Condomínio Art. 22. Será eleito, na forma prevista pela Convenção, um síndico do con- domínio, cujo mandato não poderá exceder de 2 anos, permitida a reeleição. § 1º Compete ao síndico: a) representar ativa e passivamente, o condomínio, em juízo ou fora dele, e praticar os atos de defesa dos interesses comuns, nos limites das atribuições conferidas por esta Lei ou pela Convenção; b) exercer a administração interna da edificação ou do conjunto de edifica- ções, no que respeita à sua vigência, moralidade e segurança, bem como aos serviços que interessam a todos os moradores; c) praticar os atos que lhe atribuírem as leis a Convenção e o Regimento Interno; d) impor as multas estabelecidas na Lei, na Convenção ou no Regimento Interno; e) cumprir e fazer cumprir a Convenção e o Regimento Interno, bem como executar e fazer executar as deliberações da assembleia; f) prestar contas à assembléia dos condôminos. g) manter guardada durante o prazo de cinco anos para eventuais necessi- dades de verificação contábil, toda a documentação relativa ao condomínio. (Alínea incluída pela Lei nº 6.434, de 15.7.1977) § 2º As funções administrativas podem ser delegadas a pessoas de confian- ça do síndico, e sob a sua inteira responsabilidade, mediante aprovação da assembleia geral dos condôminos. § 3º A Convenção poderá estipular que dos atos do síndico caiba recurso para a assembleia, convocada pelo interessado. § 4º Ao síndico, que poderá ser condômino ou pessoa física ou jurídica estra- nha ao condomínio, será fixada a remuneração pela mesma assembleia que o eleger, salvo se a Convenção dispuser diferentemente. 49UNIDADE III Condomínios e Síndicos § 5º O síndico poderá ser destituído, pela forma e sob as condições previstas na Convenção, ou, no silêncio desta pelo voto de dois terços dos condômi- nos, presentes, em assembleia-geral especialmente convocada. § 6º A Convenção poderá prever a eleição de subsíndicos, definindo lhes atribuições e fixando-lhes o mandato, que não poderá exceder de 2 anos, permitida a reeleição. Art. 23. Será eleito, na forma prevista na Convenção, um Conselho Consulti- vo, constituído de três condôminos, com mandatos que não poderão exceder de 2 anos, permitida a reeleição. Parágrafo único. Funcionará o Conselho como órgão consultivo do síndico, para assessorá-lo na solução dos problemas que digam respeito ao condomí- nio, podendo a Convenção definir suas atribuições específicas. A gestão e o controle do condomínio são feitos pelo síndico, que é eleito através das assembleias para uma atuação de até dois anos, tendo o direito a reeleição (SILVEIRA, 2015). Para ser eleito ele pode ou não ser morador do condomínio, sendo pessoas jurídi- ca ou física. Ele também precisa defender os interesses dos moradores do condomínio, solucionar conflitos, direcionar e cobrar funcionários, negociar com fornecedores, ouvir os moradores. Segundo Silveira (2015) a lei enfatiza que o síndico precisa: ● Representar o condomínio, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele; ● Praticar atos de defesa dos interesses comuns atribuídos por lei, convenção ou regimento interno; ● Exercer a administração interna da edificação quanto à sua vigilância, moralida- de e segurança; ● Impor multas estabelecidas por lei, convenção ou regimento interno; ● Cumprir e fazer cumprir o estipulado em convenção, regimento interno e assem- bleias; ● Prestar contas à assembleia do condomínio; ● Guardar, durante cinco anos, a documentação relativa ao condomínio. Temos uma inovação no Código Civil com relação a Lei 4.521/64, em que em seu artigo 1.349 apresenta a forma de destituir o síndico caso este pratique irregularidades na gestão, sendo feito através de assembleia pela maioria absoluta de membros. 50UNIDADE III Condomínios e Síndicos SAIBA MAIS A importância do síndico na vida condominial O dia 30 de novembro é considerado o dia do síndico. Quando falamos nessa função, a primeira e mais comum imagem que vem à mente é a de um edifício no qual existe uma pessoa “dona do prédio”. Atualmente, essa comum visão já não se encaixa mais. O síndico é o gestor da vida condominial, cabendo a ele, dentre outras funções, zelar pelos interesses comuns dos moradores, pelo respeito às normas próprias de determi- nada comunidade, assim como zelar pela conservação e manutenção das áreas co- muns. Nesse sentido, é fundamental que a pessoa que ocupe este cargo esteja atenta e atualizada em relação à legislação que envolve a vida condominial, bem como sobre relevantes aspectos
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