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PROCESSO DE LUTO, MORTE E MORRER - Elisabeth Kübler-Ross

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Nome: Gabriela. 
Curso: Técnico de Enfermagem. 
Módulo: 4° módulo. 
Disciplina: Enfermagem em Oncologia. 
Docente: Francisco. 
Processo de Luto, Morte e Morrer 
• Quando retrocedemos no tempo e estudamos culturas e povos antigos, temos a 
impressão de que o homem sempre abominou a morte e, provavelmente, sempre a 
repelirá. Do ponto de vista psiquiátrico, isto é bastante compreensível e talvez se 
explique melhor pela noção básica de que, em nosso inconsciente, a morte nunca é 
possível quando se trata de nós mesmos. 
• É inconcebível para o inconsciente imaginar um fim real para nossa vida na terra e, 
se a vida tiver um fim, este será sempre atribuído a uma intervenção maligna fora de 
nosso alcance. 
• Explicando melhor, em nosso inconsciente só podemos ser mortos; é inconcebível 
morrer de causa natural ou de idade avançada. Portanto, a morte em si está ligada 
a uma ação má, a um acontecimento medonho, a algo que em si clama por 
recompensa ou castigo. 
• Os hebreus consideravam o corpo do morto como alguma coisa impura, que não 
podia ser tocada. Os antigos índios americanos falavam dos espíritos do mal e 
atiravam flechas ao ar para afugentá-los. Muitas culturas possuem rituais para 
cuidar da pessoa “má” que morre, os quais se originam deste sentimento de raiva 
latente em todos nós, apesar de não gostarmos de admitir isso. 
• A tradição do túmulo pode advir do desejo de sepultar bem fundo os maus espíritos, 
e as pedrinhas que muitos enlutados jogam como homenagem traduzem símbolos 
do mesmo desejo. Apesar de chamarmos de última despedida, a salva de tiros num 
funeral militar corresponde ao mesmo símbolo ritual dos índios, ao atirarem aos céus 
suas lanças e flechas. 
• Cito estes exemplos para ressaltar que o homem, basicamente, não mudou. A morte 
constitui ainda um acontecimento medonho, avoroso, um medo universal, mesmo 
sabendo que podemos dominá-lo em vários níveis. 
• Há muitas razões para se fugir de encarar a morte calmamente. Uma das mais 
importantes é que, hoje em dia, morrer é triste demais sob vários aspectos, sobretudo 
é muito solitário, muito mecânico e desumano. 
 
FASE 1: Negação e Isolamento. 
 
• A negação inicial é palpável tanto nos pacientes que recebem diretamente a notícia 
no começo de suas doenças quanto naqueles a quem não havia sido dita a verdade, 
e ainda naqueles que vinham a saber mais tarde por conta própria. Alguns, 
descrentes no primeiro diagnóstico, até procuram auxílio de outros profissionais em 
busca de um novo diagnóstico que confirme um resultado positivo; 
• Esta negação ansiosa proveniente da comunicação de um diagnóstico é muito 
comum em pacientes que são informados abrupta ou prematuramente por quem não 
os conhece bem ou por quem informa levianamente sem levar em consideração o 
preparo do paciente. A negação, ou pelo menos a negação parcial, é usada por quase 
todos os pacientes, ou nos primeiros estágios da doença ou logo após a constatação, 
ou, às vezes, numa fase posterior. 
• A negação funciona como um para-choque depois de notícias inesperadas e 
chocantes, deixando que o paciente se recupere com o tempo, mobilizando outras 
medidas menos radicais. 
• Entretanto, isso não significa que o mesmo paciente não queira ou não se sinta feliz 
e aliviado em poder sentar-se mais tarde e conversar com alguém sobre sua morte 
próxima. Este diálogo deverá acontecer conforme a conveniência do paciente, quando 
ele (e não o interlocutor!) estiver preparado para enfrentar, e deve terminar quando 
o paciente não puder mais encarar os fatos, voltando a assumir sua posição anterior 
de negação. 
• A maioria dos pacientes não se serve da negação por muito tempo. Podem conversar 
rapidamente sobre a realidade de seu estado e, de repente, demonstrar incapacidade 
de continuar encarando o fato realisticamente. Como sabemos, então, quando um 
paciente não quer mais enfrentar a situação? Ele pode falar sobre assuntos 
importantes para sua vida, pode comunicar ideias fantásticas acerca da morte ou da 
vida depois da morte (uma negação em si), só para mudar de assunto minutos mais 
tarde, quase contradizendo o que dissera antes. 
• Em suma, a primeira reação do paciente pode ser um estado temporário de choque 
do qual se recupera gradualmente. Quando termina a sensação inicial de torpor e 
ele se recompõe, é comum no homem esta reação: “Não, não pode ser comigo.” Como 
somos todos imortais em nosso inconsciente, é quase inconcebível reconhecermos 
que também temos de enfrentar a morte. Dependendo de como se diz ao paciente, 
do tempo de que dispõe para se conscientizar gradualmente do inevitável desfecho e 
de como se preparou durante a vida para lutar em situações de sucesso, aos poucos 
ele se desprenderá de sua negação e se utilizará de mecanismos de defesa menos 
radicais. 
• Constatamos também que muitos de nossos pacientes usaram da negação diante de 
membros da equipe hospitalar que tinham de empregar esta forma de tática por 
razões próprias. Tais pacientes podem ser exigentes demais ao escolher entre os 
familiares ou a equipe hospitalar as pessoas com quem possam discutir assuntos 
ligados à sua doença ou sua morte iminente, enquanto fingem melhora aos olhos 
daqueles que não suportam a ideia do seu passamento. É possível que aí esteja a 
razão da discrepância de opiniões quanto à necessidade de o paciente saber de sua 
doença mortal. 
 
FASE 2: Raiva. 
 
• Quando não é mais possível manter firme o primeiro estágio de negação, ele é 
substituído por sentimentos de raiva, de revolta, de inveja e de ressentimento. Surge, 
lógica, uma pergunta: “Por que eu?”. 
• Contrastando com o estágio de negação é muito difícil, do ponto de vista da família 
e do pessoal hospitalar, lidar com o estágio da raiva. Deve-se isso ao fato de esta 
raiva se propagar em todas as direções e projetar-se no ambiente, muitas vezes sem 
razão plausível. 
• O problema aqui é que poucos se colocam no lugar do paciente e perguntam de onde 
pode vir esta raiva. Talvez ficássemos também com raiva se fossem interrompidas 
tão prematuramente as atividades de nossa vida; a esta altura, o paciente sempre-
se-queixa, para onde quer que se vire. 
• O pior é que talvez não analisemos o motivo da raiva do paciente; nós a assumimos 
em termos pessoais quando, na sua origem, nada ou pouco tem a ver com as pessoas 
em quem é descarregada. Reagindo pessoalmente a esta raiva, a família ou os 
enfermeiros, por sua vez, retribuem com uma raiva ainda maior, alimentando o 
comportamento hostil do paciente. Podem evitar contato com os pacientes, podem 
encurtar as visitas ou entrar em atritos desnecessários em defesa de sua posição. 
 
 
FASE 3: Barganha. 
 
• O terceiro estágio, o da barganha, é o menos conhecido, mas igualmente útil ao 
paciente, embora por um tempo muito curto. Se, no primeiro estágio, não 
conseguimos enfrentar os tristes acontecimentos e nos revoltamos contra Deus e as 
pessoas, talvez possamos ser bem-sucedidos na segunda fase, entrando em algum 
tipo de acordo que adie o desfecho inevitável. 
• Graças a experiências anteriores, ele sabe que existe uma leve possibilidade de ser 
recompensado por um bom comportamento e receber um prêmio por serviços 
especiais. Quase sempre almeja um prolongamento da vida ou deseja alguns dias 
sem dor ou sem males físicos. 
• A barganha, na realidade, é uma tentativa de adiamento; tem de incluir um prêmio 
oferecido “por bom comportamento”, estabelece também urna “meta” auto imposta 
(por exemplo, um show a mais: o casamento de um filho) e inclui uma promessa 
implícita de que o paciente não pedirá outro adiamento, caso o primeiro seja 
concedido. 
• A maioria das barganhas são feitas com Deus, são mantidas geralmente em segredo, 
ditas nas entrelinhas ou no confessionário do capelão. Muitos pacientes prometiam 
também doar partes de seu corpo ou seu corpo inteiro “à ciência” (caso os médicos 
usassem seus conhecimentoscientíficos para prolongar-lhes a vida). 
 
FASE 4: Depressão. 
 
• Quando o paciente em fase terminal não pode mais negar sua doença, quando é 
forçado a submeter-se a mais uma cirurgia ou hospitalização, quando começa a 
apresentar novos sintomas e tornar-se mais debilitado e mais magro, não pode mais 
esconder a doença, seu alheamento ou estoicismo, sua revolta e raiva cederão lugar 
a um sentimento de grande perda. Esta perda pode apresentar muitas facetas: 
o Uma mulher com um câncer da mama pode reagir à perda de sua imagem; 
uma mulher com câncer do útero pode sentir que não é mais mulher. 
o Encargos financeiros vêm juntar-se ao tratamento e hospitalização 
delongados; pequenas extravagâncias no princípio, tornadas necessidades 
mais tarde, não podem ser suprimidas. 
o Pode ser até que venham a perder o emprego devido ao excesso de faltas ou à 
impossibilidade de poderem exercer suas funções. Mães e esposas podem ser 
obrigadas a trabalhar fora privando as crianças da atenção que recebiam 
anteriormente. Quando são as mães que adoecem, os filhos pequenos talvez 
tenham de ser levados para casas de parentes, aumentando a tristeza e o 
sentimento de culpa das pacientes. 
 
• Todos estes fatores de depressão são bastante conhecidos de todos os que tratam 
dos pacientes. O que, no entanto, não esquecemos é a aflição inicial a que o paciente 
em fase terminal é obrigado a se submeter para se preparar para quando tiver de 
deixar este mundo. 
• As assistentes sociais e os capelães podem auxiliar muito nesta fase ajudando na 
reorganização do lar, sobretudo quando há crianças ou pessoas idosas solitárias, 
que necessitam de cuidados especiais. É impressionante como acaba rapidamente a 
depressão de um paciente quando estes problemas vitais são cuidados. 
• O segundo tipo de depressão, ao invés de se dar com uma perda passada, leva em 
conta perdas iminentes. Quando a depressão é um instrumento na preparação da 
perda iminente de todos os objetos amados, para facilitar o estado de aceitação, o 
encorajamento e a confiança não têm razão de ser. O paciente está prestes a perder 
tudo e todos a quem ama. Se deixarmos que exteriorize seu pesar, aceitá-la mais 
facilmente a situação e ficará agradecido aos que puderem estar com ele neste estado 
de depressão sem repelir constantemente que não fique triste. 
• Este segundo tipo de depressão geralmente é silencioso, em contraposição ao 
primeiro, que requer muita conversa e até intervenções ativas por parte dos outros 
em muitos assuntos, e o paciente tem muito para comunicar. No pesar preparatório 
ou nenhuma necessidade de palavras. É mais um sentimento que se exprime 
mutuamente, traduzido, em gera por um toque carinhoso de mão, um afago nos 
cabelos, ou apenas por um silencioso "sentar-se ao lado”. 
 
FASE 5: Aceitação. 
 
• Um paciente que tiver tido tempo necessário (isto é, que não tiver tido uma morte 
súbita e inesperada) e tiver recebido alguma ajuda para superar tudo conforme 
descrevemos anteriormente atingirá um estágio em que não mais sentirá depressão 
nem raiva quanto a seu "destino”. Terá podido externar seus sentimentos, sua inveja 
pelos vivos e sadios e sua raiva por aqueles que não são obrigados a enfrentar a 
morte tão cedo. Terá lamentado a perda iminente de pessoas e lugares queridos e 
contemplará seu fim próximo com um certo grau de tranquila expectativa, listará 
cansado e bastante fraco, na maioria dos casos. 
• Sentirá também necessidade de cochilar, de dormir com frequência e a intervalos 
curtos, diferente da necessidade de dormir durante a fase da depressão. Não é um 
sono de fuga, nem um instante de descanso para aliviar a dor, um incômodo ou um 
prurido. É uma necessidade gradual e crescente de aumentar as horas de sono, como 
um recém-nascido, mas em sentido inverso. Não é um desânimo resignado e sem 
esperança, um senso de "o que adianta?" ou não aguento mais lutar”, embora se 
ouçam também estas frases. 
• É como se a dor tivesse esvanecido, a luta tivesse cessado e fosse chegado o momento 
do “repouso derradeiro antes da longa viagem”, no dizer de um paciente. É também 
o período em que a família geralmente carece de ajuda, compreensão e apoio, mais 
do que o próprio paciente; à medida que ele, às vésperas da morte, encontra uma 
certa paz e aceitação, seu círculo de interesse diminui. E deseja que o deixem só, ou, 
pelo menos, que não o perturbem com notícias e problemas do mundo exterior. 
• Os visitantes quase sempre são indesejados e o paciente já não sente mais vontade 
de conversar com eles. Geralmente pede que seja limitado o número de pessoas e 
prefere visitas curtas. É o período em que se “desliga a televisão”. 
• Os pacientes que melhor reagem são aqueles que foram encorajados a extravasar 
suas raivas, a chorar durante o pesar preparatório, a comunicar seus temores e 
fantasias a quem puder sentar-se e ouvi-los em silencio. Deveríamos tomar 
consciência do enorme trabalho em alcançar este estágio de aceitação, levando a 
uma separação gradativa(decatexia), onde não há mais diálogo. 
• Outros, menos afortunados, podem alcançar idêntico estado de mente e corpo, 
quando dispõem de tempo suficiente para se prepararem para morrer. Vão precisar 
ele mais ajuda e compreensão por parte de quem os circunda, à medida que se 
esforçam para atravessar os estágios já descritos. 
 
 
REFERÊNCIA: 
 
 
Todo o conteúdo do texto foi retirado de trechos do livro “Sobre a Morte e o Morrer” de 
Elisabeth Kubler-Ross.

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