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UNIVERSIDADE DE ITAÚNA – UIT CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO Jéssica Conceição Gonçalves O RENASCIMENTO, A ARQUITETURA E O PALÁCIO MÉDICI RICCARDI DIVINÓPOLIS 2019 2 JÉSSICA CONCEIÇÃO GONÇALVES O RENASCIMENTO, A ARQUITETURA E O PALÁCIO MÉDICI RICCARDI Trabalho apresentado para avaliação na disciplina de História da AU da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, na Universidade de Itaúna. DIVINÓPOLIS 2019 3 SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO.....................................................................................4 2. DESENVOLVIMENTO.........................................................................5 a 14 2.1 ARQUITETURA RENASCENTISTA .............................................7 a 14 2.1.1 Origem .................................................................................7, 8 2.1.2 Características .....................................................................8 2.1.3 Obras ...................................................................................9, 10 2.2 PALÁCIO MÉDICI RICCARDI.......................................................11 a 14 2.2.1 História..................................................................................11, 12 2.2.2 Estrutura................................................................................12 a 14 2.2.3 Capela dos três reis magos...................................................14 3. CONCLUSÃO.......................................................................................15 4. REFERÊNCIAS....................................................................................16 4 1. INTRODUÇÃO O renascimento foi um período muito importante para o desenvolvimento da humanidade, que sai da escuridão característica da era medieval e passa para um momento de luz e clareza de pensamentos. Desta forma, o humanismo constitui-se como a principal característica deste período. Com base nos avanços artísticos, culturais e científicos obtidos nessa época, o presente trabalho tem por objetivo analisar os aspectos do renascimento, dentre eles o humanismo. Além disso, serão apresentadas as contribuições desse movimento para a arquitetura, usando como exemplo principal o palácio Médici Riccadi, uma das construções que possuem diversos elementos renascentistas. 5 Figura 2: A criação de Adão de Michelangelo 2. DESENVOLVIMENTO O renascimento foi um período de desenvolvimento artístico, cultural e cientifico que ocorreu na Europa, do século XIV ao XVI. Esse movimento consistiu em uma ruptura gradual com a forma de pensar e agir da idade média, em que Deus era visto como o centro do universo e todos os acontecimentos se justificavam por um desígnio divino. Buscando romper com esse pensamento, os artistas, arquitetos e cientistas da renascença, retomaram alguns valores do classicismo, desenvolvidos na Grécia e Roma antigas. Desta forma, a razão voltou a ser prezada, os povos começaram a questionar tudo a sua volta e buscarem o conhecimento através da ciência. Outro aspecto que surgiu neste período, foi o Humanismo. Esse termo, refere-se à valorização da figura humana, suas ações, sentimentos e tudo o que está ligado à sua natureza. Contrapondo-se aos ideais medievais, o homem passa a ser visto como o centro do universo (antropocentrismo) e seus prazeres terrenos são colocados como prioridade. “Os artistas do renascimento sempre expressaram os maiores valores da época: a racionalidade e dignidade do ser humano” (PROENÇA, 1999, p.78) Figura 1: David de Michelangelo Em relação a arte, o renascimento adota um estilo mais naturalista. As esculturas imitam os homens em proporções equilibradas e perfeitas, com feições que buscam transmitir sentimentos. Além disso, várias delas eram representadas nuas, valorizando ainda mais a natureza humana. Quanto às pinturas, o volume e a profundidade se destacam através de um jogo de luz e sombra que garantem muito realismo às imagens. Ademais, a representação do homem nesta arte também é priorizada, mesclando-se, por vezes, a figuras religiosas. 6 Entre os principais artistas desta época destacam-se Michelangelo Buonarroti, Rafael Sanzio, Leonardo Da Vinci, Donatello, Sandro Boticcelli, entre outros. Figura 3: Mona Lisa de Leonardo da Vinci Figura 4: A escola de Atenas de Rafael Sanzio Figura 5: Madalena Arrependida de Donatello Figura 6: O nascimento de Vênus de Sandro Botticelli Figura 7: O Juízo Final de Michelangelo, na Capela Sistina 7 2.1 ARQUITETURA RENASCENTISTA No que diz respeito a arquitetura renascentista, houve uma ruptura gradual com o estilo gótico da época anterior. Agora os homens não eram vistos como impotentes perante Deus, mas como seres capazes de inventarem e assumirem o papel do próprio Criador. Sendo assim, se tornaram livres para construírem o que lhes agradassem e para criarem esse novo modelo arquitetônico, inspiraram-se nas construções greco-romanas. Figura 8: Vista da cidade de Florença, com destaque para a Catedral de Santa Maria Del Fiore 2.1.1 Origem Vitrúvio (80 a 15 a.c.), arquiteto romano, foi a base teórica e científica para os renascentistas. Ele foi o único a deixar um relato escrito a respeito dos edifícios da antiguidade romana. Em sua obra “ De Architectura", Vitrúvio exalta as proporções da natureza e do ser humano, como neste trecho retirado do segundo capítulo do Livro I: Simetria é a concordância correta entre as partes da obra e a relação entre partes diferentes com o esquema todo da obra. Assim, existe um tipo de simetria no corpo humano entre o braço, o pé, o dedo, a mão e outras partes pequenas. Isso deve ser a mesma coisa com um edifício perfeito. No caso de templos, simetria se encontra no diâmetro de uma coluna, nos tríglifos, na modulação ou em outras partes variadas que estão relacionadas umas com outras. (VITRÚVIO apud ABREU E LIMA, Fellipe de Andrade, 2007) 8 Foi com base nessa obra, que o renascentista Leon Battista Alberti publicou o primeiro livro sobre arquitetura. Em sua produção, De Re Aedificatoria, ele trata de conceitos como simetria, harmonia, ritmo, ordem e composição, o que define os princípios da arquitetura do renascimento. 2.1.2 Características Os profissionais da época deveriam seguir a racionalidade humana, por esse motivo, passaram a usar mais lógica em suas obras. Eles tinham por objetivo atingir a perfeição, a proporção e a simetria, por essa razão faziam uso de uma matemática avançada. Segundo Zevi (1957, p.73) “já não é o edifício que possui o homem, mas este que, aprendendo a lei simples do espaço, possui o segredo do edifício”. Os monumentos desta época baseiam-se em igrejas, palácios e vilas. Nestas edificações estão muito presentes arcos, abóbodas, cúpulas e colunas. Também as ordens gregas (jônica, dórica e coríntia), são encontradas com frequência, estas têm por finalidade fazer alusão às proporções humanas: a base representa o pé, a coluna, o corpo e o capitel, a cabeça. Além disso, a base das construções é o quadrado, forma geométrica que confere proporção e harmonia. Figura 9: Elementos da arquitetura renascentista 9 2.1.3 Obras A arte renascentista em geral se iniciou na cidade italiana, Florença (considerada o berço da renascença), depois se espalhou por Roma,Veneza e por fim toda a Europa. Foi no local de origem, que o famoso arquiteto Fillipo Brunelleschi (1377- 1446) projetou a primeira cúpula deste período, na igreja Santa Maria Del Fiore, entre 1420 e 1436. A cúpula de Brunelleschi se tornou um marco para a renascença, devido à técnica utilizada para mantê-la firmemente erguida. Ela possui uma base octogonal, é sustentada por uma série de nervuras ogivas verticais, unidas transversalmente por nervuras horizontais. Os tijolos são de arenito e posicionados em linha de peixe. Figura 10: Cúpula de Brunelleschi e sua estrutura Entre algumas das diversas construções que marcaram a renascença estão: Capela Pazzi, Basílica de São Lourenço, Basílica de São Pedro, Igreja de São Pedro em Monitório, Palácio Rucellai e Villa Capra. 10 Figura 15: Villa Capra de Andrea Palladio Figura 11: Capela Pazzi de Brunelleschi, Figura 12: Fachada, Basílica de São Pedro, feita por Michelangelo Figura 13: Palácio Rucellai, arquiteto Leon Battista Alberti Figura 14: Basílica de São Lourenço, obra de Brunneleschi 11 2.2 PALÁCIO MÉDICI RICCARDI Uma construção que representa bem o renascimento é o Palácio Médici Riccardi, construído entre 1444 a 1460, pelo arquiteto Michellozzo, a pedido da família Médici. O edifício localiza-se em Florença, Itália, e hoje é utilizado como museu, com obras de arte pertencentes ao período do renascimento e do barroco. Figura 16: Fachada do Palácio Médici Riccardi 2.2.1 História No período em questão, havia na Itália a prática do mecenato, ou seja, os clientes ricos financiavam os artistas do renascimento, para que estes pudessem produzir suas obras. Desta forma a família Médici, uma das mais poderosas da época, desempenhou um papel muito importante para o desenvolvimento da arte e arquitetura renascentista. Eles patrocinaram a construção de várias Igrejas e Palácios e protegeram diversos artistas como Leonardo da Vinci, Brunelleschi, Botticelli e Michelangelo. A história dos Médici começa com Giovanni di Bicci, que fundou o banco Mediceu, a fonte de fortuna da família. A partir de 1434, começaram a exercer influência sobre a política de Florença, através de Cosimo Il Vecchio, filho de Giovanni, e, posteriormente, do seu neto Lorenzo Il Magnifico. Apesar de não governarem diretamente, a riqueza lhes permitia tomarem as decisões da cidade de acordo com seus interesses. 12 O palácio Médici foi construído a pedido de Cosimo, para servir como residência a sua família. O arquiteto Brunelleschi foi o primeiro encarregado da obra, porém seu projeto, uma construção luxuosa, não agradou aos Médici, que almejavam algo mais discreto. Desta forma, a construção ficou a encargo de Michelozzo di Bartolommeo, que apresentara uma planta mais simples. Em meados do século XV a família construiu o Palácio Vecchio, para onde se mudaram. Logo depois venderam a antiga residência para os Riccardi, daí o motivo de seu nome atual ser Palácio Médici Riccardi. Sobre a posse de novos membros a edificação sofreu alterações, adquirindo algumas características do período barroco. Porém seus traços renascentistas continuam presentes e hoje ela abriga um dos mais importantes museus da história da arte e arquitetura florentina. 2.2.2 Estrutura Figura 17: Desenho, planta da residência dos Médici 13 O projeto arquitetado por Michelozzo seguiu os moldes dos palácios renascentistas. Sua fachada se assemelham ao coliseu romano, por conter a mesma sobreposição de ordens clássicas. No primeiro andar encontra-se a ordem dórica, no segundo, a jônica e no terceiro, a coríntia. Outra característica da fachada é a técnica da rusticaçã, ou seja, o emprego de pedras não lavradas. As texturas das pedras variam de acordo com as ordens de cada andar, sendo assim no primeiro, a rusticação é aplicada, já no segundo, as pedras são almofadadas e no terceiro, elas são lisas. Figura 18: Palácio Médici Riccardi: detalhes da fachada O palácio possui ainda, um pátio central que possui entradas para praticamente todos os cômodos. Essa parte da obra, é um pouco mais decorada, com colunatas que circundam o primeiro andar. Cada lado delas é sustentado por colunas com capiteis de ordem coríntia. Em cima, encontra-se um frizo, onde localizam-se doze medalhões feitos por Donnatello, inspirados em uma coleção de pedras dos Médici. A técnica utilizada neste frizo e no do segundo andar é a do grafite monocromático. Além disso, em torno do pátio há um corredor com tetos abobadados e nos andares superiores as janelas internas são semelhantes às externas. 14 O arenito Pietra Serena é muito utilizado, se fazendo presente nas colunas e nos brasões do pátio, além das pilastras, escadas, e arcos da área interna. Figura 19: Pátio central do Palácio Médici Riccardi 2.2.3 Capela dos Três Reis Magos Dentro do palácio foi construída uma capela, após a permissão do Papa em 1442. Ela é repleta de afrescos renascentistas que simbolizam a cavalgada dos três reis magos até Jerusalém, desenhados por Benozzo Gozzoli. Figura 20: Afrescos na Capela dos Três Reis Magos 15 3. CONCLUSÃO De acordo com as informações apresentadas, pode-se concluir, que o renascimento foi um período de muita produção artística, com grandes talentos, como Michelangelo e Da Vinci, que nunca serão esquecidos. Até hoje, a beleza das suas obras atrai muitos turistas para as cidades da Itália, entre elas Florença, Roma e Veneza. Ao estudar sobre este período, é impossível não se impressionar com o realismo presente nas pinturas e esculturas. Além disso, a precisão e simetria utilizadas nas obras arquitetônicas, mostram que mesmo sem os exageros do estilo gótico foi possível criar edifícios luxuosos e maravilhosos. É como o arquiteto renascentista Leon Battista Alberti declarou: “A beleza é o ajuste de todas as partes proporcionalmente de tal forma que não se pode adicionar ou subtrair ou modificar sem prejudicar a harmonia do todo.“ 16 4. REFERÊNCIAS SOUSA, Rainer Gonçalves. O Humanismo; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/historia/o-humanismo.htm>. Acesso em: 22 abr. 2019. SOUSA, Rainer Gonçalves. Renascimento; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/historiag/renascimento.htm>. Acesso em: 22 de abr. 2019. DIANA, Daniela. Artistas do Renascimento. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/artistas-do-renascimento/>. Acesso em: 20 abr. 2019. HISOUR. Arquitetura renascentista italiana. Disponível em: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=215. Acesso em: 20 abr. 2019. Os princípios arquitetônicos do renascimento italiano. São Paulo: VEREDAS FAVIP, 2018. Disponível em: http://www.institutoabreuelima.com.br/wp-content/uploads/2015/09/Os- Princ%C3%ADpios-Arquitet%C3%B4nicos-do-Renascimento-Italiano.pdf. Acesso em: 20 abr. 2019. Concreto em curva. Palácios do renascimento. Disponível em: <https://concretoemcurva.com/2016/06/29/palacios-do-renascimento/>. Acesso em: 20 abr. 2019. CAMPANARO, Babi. As obras primas do Palazzo Médici Riccardi. Disponível em: http://www.vivatoscana.com.br/2014/03/as-obras- primas-do-palazzo-medici.html> Acessado em: 20 abr. 2019. GLANCEY, Jonathan. A História da Arquitetura. Grã-bretanha: Dorling Kindersley Limited, 2000. Disponível em: <https://mizanzuk.files.wordpress.com/2018/02/glancey-e28093-historia- arquitetura.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2019. BAZIN, Germain. História da Arte. Brasil: Editora Martins Fontes, 1980. PROENÇA, Maria das Graças Vieira. História da Arte. São Paulo: Editora Ática,1999. http://www.vivatoscana.com.br/2014/03/as-obras-primas-do-palazzo-medici.html> http://www.vivatoscana.com.br/2014/03/as-obras-primas-do-palazzo-medici.html>
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