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DIREITO IMOBILIÁRIO ESAB

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MÓDULO DE: 
 
DIREITO IMOBILIARIO 
 
 
 
 
 
 
AUTORIA: 
 
MÁRCIA VALÉRIA GONÇALVES 
 
 
 
 
 
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Módulo de: DIREITO IMOBILIARIO 
 
Autoria: Márcia Valéria Gonçalves 
 
 
Primeira edição: 2009 
 
 
CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS 
 
Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes 
e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando 
tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. 
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, beneficiando e 
divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização 
e direitos autorais. 
E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas 
de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos desta edição reservados à 
ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA 
http://www.esab.edu.br 
Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 
Bairro Itaparica – Vila Velha, ES 
CEP: 29102-040 
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Apresentação 
Em muitas vezes o direito é visto como algo distante das pessoas; isso colabora para o 
desconhecimento das normas que regulam a vida delas. 
O cotidiano do cidadão está diretamente ligado ao Direito Imobiliário. Tendo sua raiz no 
Direito de Propriedade, ele se ocupa de questões com cunho vigorosamente social uma vez 
que uma parte da vida privada do cidadão gira em torno de Leis e Regulamentos como 
condomínio, o aluguel, a compra e venda de imóveis, a usucapião e os financiamentos da 
casa própria. 
Na atualidade as questões jurídico-econômicas das grandes incorporações imobiliárias têm 
grande destaque dentro do Direito Imobiliário, pois alavancam investimentos com o uso dos 
bens imóveis, fomentando o mercado com resultados sócio-econômicos de grande impacto. 
Assim os profissionais da área do Direito Imobiliário necessitam de formação especializada, 
atualização de conhecimentos e embate de idéias para gerar segurança e garantias ao 
cidadão comum. 
Este módulo traz, em breves linhas, alguns dos conhecimentos básicos em direito, mas que 
certamente serão úteis àquele que pretende atuar na área imobiliária e, até mesmo, para 
aqueles que apenas buscam um saber útil no seu cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
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Objetivo 
A presente apostila tem como objetivo essencial inserir o aluno no contexto jurídico da 
disciplina civil imobiliária, apresentando os principais conceitos do direito civil brasileiro a 
serem aplicados no âmbito imobiliário. Tem também como finalidade apresentar a teoria 
geral dos contratos bem como tipos de contratos e suas especificidades. Especifica também 
a amplitude e a complexidade do direito imobiliário e sua representatividade para o setor 
imobiliário tendo como objetivo apresentar aos alunos de forma simples e sucinta todo o 
cuidado que se deve tomar em uma transação imobiliária. 
 
 
 
Ementa 
Introdução ao Direito. Conceito, fontes, processo legislativo, pessoas e bens. Dos fatos 
jurídicos. Do direito das coisas, das obrigações. Teoria geral dos contratos. Contratos de 
compra e venda, de permuta, de doação, de locação. Das penalidades criminais e civis. 
Direitos reais: Posse e Propriedade. Casamento, separação e sucessão hereditária. 
Documentação imobiliária. 
 
 
 
 
 
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Sobre o Autor 
Márcia Valéria Gonçalves, 43 anos, graduada em administração de empresas, corretora de 
imóveis registrada no conselho regional corretores de imóveis (CRECI) N: 3855-ES, atuando 
no mercado imobiliário com intermediações e consultoria há mais de 17 anos, Professora 
universitária, pós-graduada em Logística, Gestão Estratégica Recursos Humanos e outra 
pós-graduação em andamento de Gerenciamento de Projetos , Mestre em Economia 
Empresarial pela UCAM - Faculdade Candido Mendes – RJ 
 
 
 
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SUMÁRIO 
UNIDADE 1 ......................................................................................................................................... 8 
CONCEITO E A ORIGEM DO DIREITO .......................................................................................... 8 
UNIDADE 2 ....................................................................................................................................... 11 
DEFINIÇÃO DO DIREITO POSITIVO E NATURAL ....................................................................... 11 
UNIDADE 3 ....................................................................................................................................... 15 
UNIVERSALIDADE DO DIREITO .................................................................................................. 15 
UNIDADE 4 ....................................................................................................................................... 17 
CONCEITO, FONTES E PROCESSO LEGISLATIVO.................................................................... 17 
UNIDADE 5 ....................................................................................................................................... 21 
LEIS COMPLEMENTARES E LEIS ORDINÁRIAS......................................................................... 21 
UNIDADE 6 ....................................................................................................................................... 25 
AS PESSOAS ................................................................................................................................ 25 
UNIDADE 7 ....................................................................................................................................... 29 
PESSOAS JURÍDICAS .................................................................................................................. 29 
UNIDADE 8 ....................................................................................................................................... 32 
OS BENS ....................................................................................................................................... 32 
UNIDADE 9 ....................................................................................................................................... 36 
DOS FATOS JURÍDICOS .............................................................................................................. 36 
UNIDADE 10 ..................................................................................................................................... 41 
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ........................................................................................... 41 
UNIDADE 11 ..................................................................................................................................... 47 
DAS OBRIGAÇÕES ....................................................................................................................... 47 
UNIDADE 12 ..................................................................................................................................... 50 
OBRIGAÇÕES DE FAZER ............................................................................................................ 50 
UNIDADE 13 .....................................................................................................................................55 
AS LEIS DO DIREITO IMOBILIÁRIO ............................................................................................. 55 
UNIDADE 14 ..................................................................................................................................... 57 
DIREITO IMOBILIÁRIO .................................................................................................................. 57 
UNIDADE 15 ..................................................................................................................................... 59 
 
 
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OS PRINCIPAIS INSTITUTO DO DIREITO IMOBILIÁRIO ............................................................. 59 
UNIDADE 16 ..................................................................................................................................... 64 
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE ......................................................................................... 64 
UNIDADE 17 ..................................................................................................................................... 67 
DAS SERVIDÕES .......................................................................................................................... 67 
UNIDADE 18 ..................................................................................................................................... 70 
CLASSIFICAÇÃO DAS SERVIDÕES............................................................................................. 70 
UNIDADE 19 ..................................................................................................................................... 74 
DO USUFRUTO ............................................................................................................................. 74 
UNIDADE 20 ..................................................................................................................................... 77 
DO USO E DA HABITAÇÃO .......................................................................................................... 77 
UNIDADE 21 ..................................................................................................................................... 80 
DO PENHOR, DA HIPOTECA E DA ANTICRESE ......................................................................... 80 
UNIDADE 22 ..................................................................................................................................... 82 
A HIPOTECA ................................................................................................................................. 82 
UNIDADE 23 ..................................................................................................................................... 84 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS ............................................................................................. 84 
UNIDADE 24 ..................................................................................................................................... 88 
CONTRATOS DE COMPRA E VENDA, DE PERMUTA, DE DOAÇÃO, DE LOCAÇÃO. ............... 88 
UNIDADE 25 ..................................................................................................................................... 93 
A IMPORTÂNCIA DOS CONTRATOS NO MEIO IMOBILIÁRIO .................................................... 93 
UNIDADE 26 ..................................................................................................................................... 95 
Casamento, separação e sucessão hereditária .............................................................................. 95 
UNIDADE 27 ................................................................................................................................... 102 
A ORIGEM DA POSSE ................................................................................................................ 102 
UNIDADE 28 ................................................................................................................................... 106 
DIREITO REIAIS .......................................................................................................................... 106 
UNIDADE 29 ................................................................................................................................... 109 
DA SUPERFÍCIE.......................................................................................................................... 109 
UNIDADE 30 ................................................................................................................................... 111 
DOCUMENTAÇÃO IMOBILIÁRIA ................................................................................................ 111 
GLOSSÁRIO ................................................................................................................................... 115 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................... 116 
 
 
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UNIDADE 1 
Objetivo: Conhecer a origem do direito e a razão da sua existência 
CONCEITO E A ORIGEM DO DIREITO 
 
 
 
O Direito comporta cinco realidades diferentes: 
 Norma: a regra social obrigatória. 
 Faculdade: a prerrogativa que o Estado tem de criar leis. 
 Justo: o que é devido por justiça.  
 Ciência: a sistematização teórica e racional do Direito. 
 Fato Social: o está ligado aos fatos sociais – econômicos, artísticos, culturais, 
esportivos, etc. 
 
 
 
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Entre os estudiosos da área não há consenso sobre qual deve ser o conceito de direito; no 
entanto, ele será tratado aqui, simplesmente, como a ciência que tem como objeto de estudo 
a justiça e as normas que regem determinada sociedade. 
Desde que existem, as sociedades necessitam de regras de conduta para se perpetuarem. 
Um homem sozinho pode até considerar-se senhor de tudo que vê, mas se houver algum 
outro indivíduo para conviver, será natural surgirem divergências. Em parte, isso ocorre 
porque as coisas de que necessita o homem para sobreviver são limitadas; em outras 
palavras, há escassez. Essa escassez freqüentemente faz como que homens se digladiem 
em busca de bens que lhe sejam interessantes. 
Não é difícil compreender que nenhuma sociedade sobreviverá por muito tempo se não 
houver regras de conduta a serem observadas. Por isso dizer que não há sociedade sem o 
direito. Em qualquer comunidade que for observada poder-se-á notar a existência de regras 
que nortearão o comportamento dos seus membros, ainda que a regra seja observar os 
mandamentos de um ancião, como ocorre em algumas pequenas aldeias. 
 
Não há sociedade sem o direito. 
 
Logo, toda vez que houver quem mande e quem obedeça mesmo todos participem das duas 
etapas, como no regime democrático, o direito estará presente. 
Se nos reportamos a origem da palavra direito veremos que ela foi introduzida no vocabulário 
jurídico pelo Direito canônico, que a tomou da cultura judia-cristã. Tanto a lei de Moisés como 
a lei de Cristo dirigiam a conduta pelo reto caminho (directum). Por extensão, se aplicou esse 
vocábulo à norma jurídica. Antes de ser aceito pela língua erudita, se usou na fala popular 
para nomear o Direito consuetudinário. Desse modo foi como iuse direito se converteram em 
sinônimos. 
 
 
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Ao se formarem as línguas latinas, conservou-se a voz "direito" para designar o ordenamento 
jurídico. Ius desapareceu, porque expressava um ato de declaração que não se realizava 
mais. Em troca, mantiveram a vigência seus derivados: o ato de declarar ou constituir o 
Direito em juízo (iudicare= julgar), quem o fazia (iudex = juiz), a faculdade de fazê-lo 
(iurisdictio = jurisdição). 
Como sinônimo de direito se empregou, em cada época, a palavra que expressou a forma 
habitual de estabelecê-lo: foro, costume, lei. 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 2 
Objetivo: Compreender como e conceituar as cinco realidades diferentes do direito. 
DEFINIÇÃO DO DIREITO POSITIVO E NATURAL 
 
A maior parte dessas normas nasce a partir de convenções entre os membros da sociedade; 
o conjunto das normas nascidas dessas convenções, assim como daquelas impostas por um 
ditador, recebe o nome de direito positivo. Logo, o direito positivo é composto pelas normas 
jurídicas adotadas por determinada sociedade para que sejam observadas pela sua 
população. 
Embora a maior parte das normas seja criada pelo homem, também há normas que são 
anteriores ao próprio homem; o conjunto dessas normas é chamado de direito natural. As 
normas de direito natural são aquelas que independem de convenção ou positivação para 
que devam ser obrigatoriamente observadas. Consideram-se pertencentes a esse rol de 
direitos aqueles inerentes à condição humana, como a vida e a dignidade da pessoa 
humana. 
Não há consenso sobre a existência desses direitos, mas as declarações e tratados 
internacionais sobre direitos humanos levam a terem como certa. Daí dizer fazer-se menção 
à Declaração Universal dos Direitos Humanos, por exemplo, no lugar de “Convenção 
Universal dos Direitos Humanos”; considera-se que os direitos humanos surgem com a 
própria existência humana, independentemente de convenção. Por isso, apenas declara-se 
sua existência. 
 
 
 
 
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Direito estatal e não-estatal 
 
 
Quando existem normas Direito estatal obrigatórias elaboradas por diferentes grupos sociais 
e destinadas a reger a vida interna desses grupos (direito universitário, direito esportivo, 
direito religioso, usos e costumes internacionais, etc.). 
 Direito quando os estatutos, regulamentos e demais normas que não-estatais 
regulamentam a vida de uma universidade e elaborados por esta, constituem um direito 
autônomo. O Direito não - estatal ou Direito social pode existir dentro do Estado, ao lado do 
Estado e acima do Estado. 
 
Direito – faculdade 
Direito - faculdade ou Direito poder é empregado para designar o poder de uma pessoa 
individual ou coletiva, em relação a determinado objeto. 
Meyer o define como: “o poder moral de fazer, exigir ou possuir alguma coisa”. A expressão 
“direito subjetiva” é um poder do sujeito, é uma faculdade reconhecida ao sujeito ou titular do 
Direito. 
Existem duas opções diferentes de direito subjetivo: são os direitos concedidos ou 
 
 
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a) Direito – interesses reconhecidos no interesse de seu titular como meios de permitir-lhe a 
satisfação de suas necessidades materiais ou espirituais. É o direito instituído em benefício 
de seu titular é o Direito conferido ao pai . 
b) Direito – função no interesse do filho. É o Direito instituído em benefício de outras 
pessoas. 
 
Direito – justo 
Trata-se do Direito na acepção de justo e o relaciona com o conceito de justiça. 
Existem duas acepções relacionadas: 
a) “direito” designa o bem “devido” por injustiça. 
Ex: o salário é direito do trabalhador; significa “aquilo que é devido por justiça”. 
b) b) “justo significa a conformidade com a justiça. 
Ex: quando se diz: “não é direito condenar um anormal”; quer dizer que: não é 
conforme a justiça. 
 
Direito – ciência 
É quando se emprega o sentido da palavra “ciência”, quando falamos em estudar “direito”. 
 Sob a definição de Hermann Post: “Direito é a exposição sistematizada de todos os 
fenômenos da vida jurídica e a determinação de suas causas”. 
 
 
 
 
 
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Direito – fato social 
 É o direito como setor da vida social e deve ser estudado sociologicamente e independe de 
outras acepções. 
É dentro dessa perspectiva que se situa a Sociologia do Direito. Sob a definição de 
Gurvitch: “é uma tentativa para realizar, num dado meio social, a idéia de justiça, através de 
um sistema de normas imperativo – atributivos”. 
 
Outras acepções 
O Direito é o conjunto das condições existenciais da sociedade, que ao Estado cumpre 
assegurar. 
A palavra “direito” é usada em vários sentidos como: tributo ou taxa, no sentido geométrico, 
indica uma operação certa e Ter uma conduta moralmente correta. Mas estas acepções são 
mencionadas apenas como objetivo de fazer, pois as mais importantes são assim 
fundamentadas: 
 Direito – norma 
 Direito – faculdade 
 Direito – justo 
 Direito – ciência 
 Direito – fato-social 
 
 
 
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UNIDADE 3 
Objetivo: Entender o motivo da presença do direito na sociedade e sua característica peculiar 
da universalidade. 
UNIVERSALIDADE DO DIREITO 
 
 
O fato de o direito estar presente em toda e qualquer sociedade faz com que ele adquira uma 
característica peculiar: a universalidade. Diz-se de que o direito é universal devido ao fato de 
poder comunicar-se com todas as demais áreas do conhecimento toda vez que for 
necessário regulamentar algo inerente a ela. Assim, em cada um dos inúmeros ramos do 
direito será necessário valer-se de conhecimentos de outras áreas para solucionar os 
problemas encontrados. 
Sendo assim, aquele que faz uso do direito em seu cotidiano deverá, necessariamente, ter 
noção da área do conhecimento a que toca. Isso porque o direito não existe por si só, 
sempre estará atrelado a outra ciência. 
Dessa forma, o profissional que atua no ramo do direito penal deverá ter noções de tributário, 
de finanças públicas; em direito ambiental, de biologia; em direito constitucional, de política; 
entre outros inúmeros exemplos que podem ser colhidos em toda a ciência jurídica. 
 
 
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Da mesma forma, independentemente da área de atuação, os demais profissionais também 
devem ter estar munidos de informações acerca, ao menos, da regulamentação da sua 
profissão. 
A IMPORTÂNCIA DO DIREITO NA SOCIEDADE 
 
 
 
 
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UNIDADE 4 
Objetivo: Conhecer o processo legislativo brasileiro, entendendo o seu funcionamento e 
principais procedimetos. 
CONCEITO, FONTES E PROCESSO LEGISLATIVO. 
 
Como visto anteriormente, o direito estará presente em toda e qualquer sociedade humana a 
fim de regular as relações entre os indivíduos para que se tenha, ainda que relativamente, a 
paz social. 
O direito, ao regular as relações sociais, manifesta-se através de normas jurídicas, que 
devem ser extraídas das chamadas fontes do direito. 
As fontes do direito são, portanto, os locais de onde surgirão as normas jurídicas a serem 
observadas pela sociedade. A seguir, passamos a enumerar as fontes do direito utilizadas no 
Brasil. 
 
O processo legislativo 
A lei é a principal fonte do direito brasileiro. Nascida a partir do processo legislativo, a lei 
revela-se comando emanado pelo Estado direitamente aos seus cidadãos, que devem 
cumpri-la. Representa a previsão de casos em abstrato que, ao se concretizarem na prática 
farão incidir o comando normativo que prevêem. 
No Brasil, a lei é manifestada por meio de diversas espécies legislativas escalonadas 
conforme sua preferência de aplicabilidade. Tal escalonamento é uma contribuição do jurista 
austríaco Hans Kelsen, que elaborou sua famosa pirâmide, onde demonstrava que as 
 
 
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espécies legislativas da base encontram seu fundamento de validade nas normas 
imediatamente superiores. 
No topoda pirâmide de Kelsen está a Constituição. Noção surgida por volta de 1215, quando 
o rei João Sem-Terra se comprometeu em respeitar certos limites na sua atuação com 
relação à burguesia, em detrimento do absolutismo, a Constituição viria a se tornar a mais 
importante das leis de um país. 
Assim, como está no topo da pirâmide, a Constituição dá fundamento às normas que se 
encontram abaixo dela. Por esse mesmo motivo, toda e qualquer norma inferior que se 
verificar incompatível com o texto constitucional deverá desaparecer do mundo jurídico. 
Em regra, a função legislativa do Estado será a responsável por elaborar as leis vigentes no 
país; no entanto, há espécies legislativas que poderão ser editadas pelas demais funções, 
como a medida provisória, de competência do Presidente da República, além das resoluções 
e portarias, afetas também às funções executivas e judiciárias. 
As leis serão elaboradas conforme o trâmite denominado processo legislativo, previsto no 
artigo 59 da Constituição da República Federativa do Brasil, que assim dispõe: 
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
I - emendas à Constituição; 
II - leis complementares; 
III - leis ordinárias; 
IV - leis delegadas; 
V - medidas provisórias; 
VI - decretos legislativos; 
VII - resoluções. 
 
 
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Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e 
consolidação das leis. 
 
Emendas constitucionais 
 
 
As emendas à Constituição são as espécies legislativas que, quando vigentes, passam a 
fazer parte do texto constitucional, alterando a Constituição original. Por isso, haverá limites 
ao poder de emenda para preservar a unidade e a essência constitucional. 
Um dos limites impostos é a proibição da edição de emendas durante a intervenção federal, 
o estado de sítio ou o estado de defesa, situações excepcionais previstas no texto 
constitucional com o objetivo de preservar as instituições democráticas e a própria 
Constituição. 
Outro limite imposto às emendas constitucionais diz respeito às matérias sobre as quais 
podem versar. Determinados temas tratados pela Constituição não são passíveis a alteração 
pela via de emenda constitucional, sendo, portanto, denominadas cláusulas pétreas, ou 
cláusulas graníticas. Tal limitação encontra previsão no art. 60 §4º da constituição, 
dispositivo que versa o seguinte: 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
 
 
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I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
Além disso, a matéria constante de proposta de emenda rejeitada não poderá ser objeto de 
nova proposta na mesma sessão legislativa, compreendida esta, basicamente, pelo período 
anual de trabalhos legislativos. 
A elaboração de emendas constitucionais terá trâmite mais dificultoso, vez que a rigidez é 
característica presente na atual Constituição brasileira. Assim, conforme comando do art. 60 
da Constituição, 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
 
A emenda à constituição deverá ser discutida e votada em dois turnos em cada casa do 
Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), sendo aprovada se obtiver 
os votos equivalentes a três quintos dos respectivos membros; em seguida, será promulgada 
pelas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
 
 
 
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UNIDADE 5 
Objetivo: Conhecer as leis complementares e a lei ordinária tradicionalmente emanada da 
função legislativa 
LEIS COMPLEMENTARES E LEIS ORDINÁRIAS 
 
As leis complementares e as leis ordinárias são as espécies legislativas tradicionalmente 
emanadas da função legislativa do Estado. Sua iniciativa pertence a qualquer membro do 
Congresso Nacional, além do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal, dos 
Tribunais Superiores, do Procurador-Geral da República e dos cidadãos nos casos previstos 
na Constituição, conforme sua área de atuação, no âmbito federal. 
 Tais leis estão imediatamente abaixo da Constituição Federal e dela retiram diretamente o 
seu fundamento de validade, não podendo, por isso, apresentarem conteúdo contrário a ela. 
O quorum exigido para a aprovação das leis complementares e ordinárias será mais 
facilitado que o das emendas constitucionais, requerendo-se apenas maioria simples em 
cada casa do Congresso Nacional, estando presente a maioria absoluta dos seus membros. 
Em seguida, o projeto de lei é encaminhado para a sanção ou veto do Presidente da 
República. O veto do presidente poderá ser rejeitado pela maioria absoluta dos Deputados e 
Senadores, em sessão conjunta. 
O cidadão poderá apresentar projetos de lei através da iniciativa popular, desde que 
preencha o difícil requisito de ter o projeto sido subscrito por, no mínimo, um por cento do 
eleitorado nacional, distribuído por pelo menos cinco estados, com não menos de três 
 
 
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décimos por cento dos eleitores de cada um deles, de acordo com o §2º do art. 61 da 
Constituição. 
A repartição das competências legislativas está prevista nos artigos 22, 23, 24 e 30 da 
Constituição, sendo que aos estados-membros destinou-se a competência residual, ou seja, 
as matérias que não forem de competência da União Federal nem dos municípios, poderão 
ser objeto de leis por parte dos estados. 
As matérias que serão objeto de leis de iniciativa do Presidente da República estão 
enumeradas no §1º do art, 61, a saber: 
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: 
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; 
II - disponham sobre: 
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e 
autárquica ou aumento de sua remuneração; 
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, 
serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; 
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de 
cargos, estabilidade e aposentadoria; 
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como 
normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; 
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado 
o disposto no art. 84, VI; 
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, 
promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva 
 
 
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Medidas provisórias 
O Presidente da República ainda tem a competência de elaborar as medidas provisórias. 
Essas espécies legislativas têm força de lei, deverão ser utilizadas em caso de relevância e 
urgência, devendo ser submetidas imediatamente ao Congresso Nacional para apreciação. 
Da mesma forma que as emendas constitucionais, as medidas provisórias apresentam 
limitações quanto às matérias que podem ser objeto de regulamentação, dado o fato de 
constituir verdadeira exceção ao regular processo legislativo democrático. Os limites às 
medidas provisórias são apresentados nos parágrafos do art. 62 da Constituição: 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
I – relativa a 
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; 
b) direito penal,processual penal e processual civil; 
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de 
seus membros; 
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e 
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; 
II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro 
ativo financeiro; 
III – reservada a lei complementar; 
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de 
sanção ou veto do Presidente da República. 
 
 
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§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os 
previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro 
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. 
 
Importante, ainda, sobre as medidas provisórias, é que perderão sua eficácia se não forem 
convertidas em lei pelo Congresso Nacional no prazo de sessenta dias, prazo prorrogável 
por igual período. 
 
 
 
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UNIDADE 6 
Objetivo: Aprender as principais disposições do código civil brasileiro acerca da disciplina das 
pessoas naturais. . 
AS PESSOAS 
 
De acordo com o que foi verificado nas páginas anteriores, as leis são a principal fonte do 
direito brasileiro. Entre as leis elaboradas pelo Congresso Nacional, interessa-nos, neste 
momento, a de número 10.406/2002, que institui o Código Civil brasileiro, em substituição ao 
código de 1916. 
O Código Civil é dividido em uma Parte Geral e uma Parte Especial. A Parte Geral é 
composta por três livros, sendo o primeiro deles o “Livro I – Das Pessoas”. 
As pessoas, segundo o conceito adotado pelo código, podem ser naturais, popularmente 
conhecidas como “pessoas físicas” ou jurídicas, esta de existência ficta, apenas no mundo 
jurídico. 
 
Pessoas naturais 
Conforme disposto no art. 1º do Código, toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem 
civil e sua personalidade civil começa com o nascimento com vida. Embora o código 
mencione que a partir do nascimento com vida tem início a personalidade civil e, por 
 
 
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conseqüência, a pessoa natural está sujeita aos direitos e deveres de ordem civil, a lei 
ressalva os direitos do nascituro, protegendo o indivíduo mesmo antes do nascimento. 
Embora toda pessoa seja capaz de direitos e deveres, nem todos podem exercer 
pessoalmente os atos da vida civil. Trata-se da capacidade, característica a ser observada 
para que haja o pleno exercício pessoal dos atos civis. Para tanto, o código faz estabelecer 
três categorias de pessoas quanto à capacidade, a saber, os capazes, os absolutamente 
incapazes e os relativamente incapazes. 
O Código Civil assim define em seu artigo 3º: 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 
Em seguida, apresenta os relativamente incapazes: 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, 
tenham o discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
 
 
 
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Como pode ser observado, os menores de dezesseis anos são absolutamente incapazes, 
enquanto os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos são relativamente incapazes. 
Como conseqüência, o Código Civil estabelece que a menoridade termine aos dezoito anos, 
a partir de quando a pessoa ficará habilitada para todos os atos da vida civil. 
No entanto, embora os menores sejam, em regra, incapazes, há situação em que poderão 
adquirir a capacidade antes de alcançar os dezoito anos; essas situações estão descritas no 
artigo 5º, parágrafo único do Código Civil: 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento 
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido 
o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, 
desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia 
própria. 
 
A personalidade civil termina com a morte, que nem sempre poderá ser comprovada, casos 
em que a lei autoriza que seja presumida quanto aos ausentes. Também há casos em que a 
morte presumida poderá ser declarada independentemente da ausência: 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
 
 
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II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 
dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá 
ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença 
fixar a data provável do falecimento. 
 
Com relação à ausência, se uma pessoa houver desaparecido do seu domicílio sem que dela 
se tenha tido notícia, o juiz, a requerimento, pode declará-lo ausente e nomear curador para 
os seus bens. Passado um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou três aos, se houver 
deixado procurador, os interessados poderão requerer a abertura da sucessão provisória. 
Dez anos após a sentença de abertura da sucessão provisória, poderá ser requerida a 
sucessão definitiva. 
 
 
 
 
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UNIDADE 7 
Objetivo: Aprender as principais disposições do código civil brasileiro acerca da disciplina das 
pessoas jurídicas, bem como da sua capacidade civil. 
PESSOAS JURÍDICAS 
 
As pessoas jurídicas, assim como as pessoas naturais, são sujeitos de direitos e deveres 
civis. Com o desenvolver das atividades econômicas, o homem sentiu-se incapacitado de 
empreender suas próprias forças na tarefa de maximizar os ganhos econômicos. Criou-se, 
assim, a figura da personalidade jurídica, vinda da necessidade de separar os negócios da 
pessoa natural proprietária dos da empresa que possui. 
Sob outro ponto de vista, a personalidade jurídica representa a união de esforços de pessoas 
naturais em busca de um objetivo comum, que nem sempre será o lucro. Dessa forma, 
desenvolveu-se o principio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, que tem, em regra, 
patrimônio diverso daquele do seu sócio. 
Conforme exibe o Código Civil, as pessoas jurídicas podem ser do tipo público ou do tipo 
privado, sendo que as do tipo público podem ser internas ou externas. 
 
 
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O artigo 41 do Código enumera as pessoas jurídicas de direito público interno da seguinte 
maneira: 
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito 
público, a que se tenha dadoestrutura de direito privado, regem-se, no que couber, 
quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. 
 
As pessoas de direito público externo, conforme o artigo 42, são os Estados estrangeiros, 
bem como todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, tais como 
os organismos de caráter internacional, como, por exemplo, a ONU (Organização das 
Nações Unidas). 
As pessoas jurídicas de direito privado, cuja existência legal começa com a inscrição do ato 
constitutivo no respectivo registro com autorização do Poder Executivo, sempre necessário, 
são enumeradas no artigo 44 do Código: 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
 
 
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IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos. 
Os podees de administração devem ser exercidos nos limites do ato constitutivo da pessoa 
jurídica para que a obriguem, aplicando-se às pessoas jurídicas os direitos inerentes à 
personalidade. Para tanto, o registro deverá indicar, conforme o artigo 46, do Código Civil: 
Art. 46. O registro declarará: 
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando 
houver; 
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; 
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e 
extrajudicialmente; 
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; 
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; 
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse 
caso. 
 
 
 
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UNIDADE 8 
Objetivo: Entender as disposições sobre bens no código civil brasileiro, assim como conhecer 
sua classificação para o direito brasileiro. 
OS BENS 
 
 
O Livro II da Parte Geral do Código Civil trata da disciplina dos bens. Em seus três capítulos 
aborda duas formas de considerar os bens para classificá-los e, no terceiro capítulo 
apresenta a disciplina dos bens públicos. 
 
Bens considerados em si mesmos 
A primeira das formas de considerar os bens para classificá-los consiste em considerá-los 
em si mesmos, segundo suas características que lhe são peculiares. 
Os bens imóveis são o solo e tudo que a ele for incorporado natural ou artificialmente; além 
disso, consideram-se bens imóveis os direitos reais sobre imóveis e as ações que os 
asseguram, o direito à sucessão aberta e quaisquer outros bens que outros dispositivos 
legais assim estabelecerem. 
 
 
 
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O artigo 81 do Código Civil alerta o seguinte: 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: 
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem 
removidas para outro local; 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
 
São bens móveis aqueles suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, 
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Assim como os materiais 
provenientes da demolição de edificações, os materiais destinados a alguma construção, 
enquanto não empregados, preservam a qualidade de móveis. 
A lei também define alguns bens específicos como móveis: 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: 
I - as energias que tenham valor econômico; 
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
 
São bens fungíveis aqueles móveis que podem ser substituídos por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade, conforme definição apresentada pelo artigo 85 do Código 
Civil. 
Consideram-se bens consumíveis os bens móveis que têm seu uso vinculado à destruição 
imediata da própria substância, como os alimentos. O Código Civil, em seu artigo 86, 
esclarece que também são considerados consumíveis os bens móveis destinados a 
alienação. 
 
 
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Os bens divisíveis podem ser fracionados sem alteração da substância, diminuição 
considerável de valor, ou prejuízo ao uso a que são destinados, de acordo com o comando 
do artigo 87 do Código Civil; entretanto, os bens divisíveis podem se tornar indivisíveis por 
determinação legal ou por ocasião de vontade das partes. 
São bens singulares os que são considerados individualmente, ainda que reunidos, de 
maneira independente dos demais. O Código Civil define que a pluralidade de bens 
singulares pertencentes a uma mesma pessoa e que tenham mesma destinação constitui 
uma universalidade. No mesmo sentido, o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, 
dotadas de valor econômico, constitui em universalidade de direito. 
 
Bens reciprocamente considerados 
A segunda maneira de considerar os bens para classificação consiste em analisá-los tendo 
em vista a sua relação com outros bens. 
Sob essa ótica, são principais os bens que existem independentemente da existência de 
outro bem; têm razão de ser em si mesmos. Ao contrário, os bens acessórios necessitam do 
principal para existir e a eles devem a sua razão de ser. 
Pertenças são os bens que, embora não sejam parte integrante do principal, destinam-se ao 
uso, serviço ou aformoseamento dele. Salvo se determinado em lei, convencionado entre as 
partes ou conforme as circunstâncias do caso, o negócio realizado tendo por objeto o 
principal não abrange as pertenças. 
Conforme preceitua o Código Civil, os frutos e produtos, mesmo enquanto ainda não 
separados do principal, podem ser objeto de negócio jurídico. 
As benfeitorias são melhoramentos ou acréscimos realizados no bem pelo proprietário, 
possuidor ou detentor, valorizando-o. 
Consideram-se voluptuárias as benfeitorias que, embora tornem o bem mais agradável ou 
sejam de elevado valor, não aumentam o seu uso habitual, servindo para mero deleite ou 
 
 
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recreio. As benfeitorias são úteis quando aumentam ou facilitam o uso do bem. Podem ser 
ainda necessárias, quando objetivam conservar o bem ou evitar sua deterioração. 
Bens públicos 
De acordo com o comando do artigo 98 do Código Civil, são bens públicos aqueles 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; sendo, portanto, todos os 
demais, particulares. 
O artigo 99 menciona, ainda, um rol exemplificativo, dispondo que 
Art. 99. São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou 
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive 
os de suas autarquias; 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito 
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de 
direito privado. 
Os bens de uso comum, referidos no artigo citado, assim como aqueles de uso especial, são 
inalienáveis, ou seja, não podem ser objeto de negócio jurídico que lhe transfiram a 
propriedade, enquanto sua qualificação como tais estiver conservada. Os bens públicos 
dominicais podem ser alienados. 
O uso comum dos bens mencionados no artigo 99, I, poderá ser gratuito ou retribuído, de 
acordo com a determinação da entidade que os administrem. Os bens públicos não podem 
ser objeto de usucapião. 
 
 
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UNIDADE 9 
Objetivo: Compreender o que são os fatos jurídicos, em especial os negócios jurídicos. 
DOS FATOSJURÍDICOS 
 
 
Fatos comuns ocorrem a todo o momento em todos os lugares; nem todos esses fatos são 
interessantes para a ciência do direito, mas podem a vir a ser, toda vez que a sua ocorrência 
implicar em uma conseqüência jurídica. 
Os fatos que alcançam uma importância no mundo do direito são denominados fatos 
jurídicos. Os fatos jurídicos derivados de ações humanas recebem o nome de atos jurídicos. 
 
Negócio jurídico 
Os atos jurídicos voluntários, que impliquem em criação, modificação ou extinção de direitos 
são chamados de negócios jurídicos. 
O Código Civil disciplina os negócios jurídicos, tendo como dispositivo mais importante o 
artigo 104, que determina os requisitos para que um negócio jurídico seja considerado válido, 
como se observa abaixo: 
 
 
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Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
Em relação ao agente capaz, deve-se atentar para as condições mencionadas no capítulo 
referente às pessoas para que o agente seja capaz de praticar os atos da vida civil. Em 
regra, a declaração da vontade não depende de qualquer formalidade para que seja válida; 
em casos em que for requerida, a lei expressamente o determinará. 
Em se tratando bens imóveis de valor superior ao maior salário mínimo vigente no país, os 
negócios que pretendam realizar a transferência, modificação ou renúncia de direitos reais 
apenas serão válidos se formalizados em escritura pública. 
O silêncio pode importar anuência quando as circunstâncias do caso ou os costumes o 
autorizem, desde que não seja necessária a declaração expressa da vontade. 
Deve-se interpretar os negócios jurídicos de acordo com a boa-fé e os costumes do lugar 
onde foi celebrado, sendo que nos negócios benéficos, ou seja, que importarem em evidente 
vantagem para uma das partes, e a renúncia devem ser interpretados estritamente. Isso quer 
dizer que, nesses casos, não se deve interpretar além daquilo que é evidenciado pela 
declaração da vontade. 
 
Representação 
Na representação são conferidos poderes decorrentes da lei ou do próprio interessado, que 
manifesta sua vontade nos limites de seus poderes, o que produz efeitos em relação ao 
representado. Via de regra as disposições acerca da representação legal são as mesma da 
representação voluntária. 
 
 
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Deve-se atentar que, o representante apenas pode celebrar negócios jurídicos, em nome do 
representado, consigo mesmo, no seu interesse ou de outro, se houver permissão legal ou 
do representado. Isso deve ser observado, pelo representante, também se os poderes 
estiverem sido substabelecidos, ou seja, transferidos para uma terceira pessoa. 
Para atuar em nome do representado, o representante é obrigado a provar a sua condição a 
quem for tratar, demonstrando a qualidade e extensão de seus poderes, respondendo pelos 
atos que agir com excesso. 
O negócio jurídico que for celebrado pelo representante em conflito de interesses com o 
representado é anulável, se for ou devesse ser do conhecimento daquele com que se tratou, 
no prazo de cento e oitenta dias contados da conclusão do negócio ou de quando terminar a 
incapacidade do representado. 
 
Condições e termo 
São permitidas às partes realizar negócios jurídicos vinculados a uma condição, entendida 
como um evento futuro e incerto, a cuja ocorrência ficará subordinada a efetivação do 
negócio. 
As condições devem advir exclusivamente da vontade das partes, sendo lícitas, a não ser 
por disposição expressa, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos 
bons costumes. Proíbem-se as condições que privem todo o efeito do negócio ou o sujeitem 
ao arbítrio de apenas uma das partes envolvidas. 
Além disso, há algumas condições que também podem invalidar o negócio jurídico celebrado 
mediante vinculação a evento futuro: 
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: 
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
 
 
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III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. 
 
Conforme o inciso I do mencionado artigo do Código Civil, são inexistentes as condições 
impossíveis, mas também o são as de não fazer coisa impossível, vez que não figura como 
condição verdadeira. 
A condição poderá ser suspensiva, postergando os efeitos do negócio jurídicos até a sua 
ocorrência, ou resolutiva, quando sua ocorrência determinar o término do negócio celebrado, 
podendo-se, por conseqüência, exercer até aquele momento o direito. 
O termo é entendido como tempo, ou prazo. Pode ser inicial ou final; se inicial, permanecerá 
suspenso o exercício do negócio jurídico, embora haja a aquisição do direito. 
Conforme o artigo 132 do Código Civil, “salvo disposição legal ou convencional em contrário, 
computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento”, consistindo, 
essa, a regra-base da contagem de prazos no direito brasileiro. 
Além da regra-matriz, o referido artigo traz ainda regras auxiliares para a contagem dos 
prazos: 
Art. 132. [...] 
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado considerar-se-á prorrogado o prazo até o 
seguinte dia útil. 
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. 
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no 
imediato, se faltar exata correspondência. 
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. 
 
 
 
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Nos casos em que for celebrado negócio jurídico sem a estipulação de prazos, eles são 
exeqüíveis desde logo, salvo se definida condição. 
Há ainda a presunção de prazos em casos específicos, quando houver dúvida quando da 
sua contagem. De acordo com o artigo 133 do Código Civil, 
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em 
proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, 
resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes. 
 
 
 
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UNIDADE 10 
Objetivo: Analisar os defeitos do negócio jurídico o erro substancial e a invalidade do negócio 
jurídico. 
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
Nem sempre os negócios jurídicos observarão os procedimentos definidos na lei, estando, 
dessa forma, passível de anulação. O artigo 171 do Código Civil exemplifica quando 
ocorrerão tais casos: 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio 
jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra 
credores. 
 
Em caso de a declaração da vontade de celebrar o negócio jurídico emanar de erro 
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, o negócio é anulável. 
O erro é substancial, importando na anulabilidade do negócio quando, conforme o artigo 139 
do Código Civil: 
Art. 139. [...] 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das 
qualidades a ele essenciais; 
 
 
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II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a 
declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou 
principal do negócio jurídico. 
 
Necessário mencionar que o erro de cálculo autoriza apenas a retificação da declaração de 
vontade, não consistindo em motivo para a anulaçãodo negócio. Além disso, “O erro não 
prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de 
vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do 
manifestante”, de acordo com o comando do artigo 144 do Código Civil. 
Outra circunstância que torna o negócio anulável é o dolo, quando essa for a causa. Constitui 
omissão dolosa, por exemplo, se houver o silêncio intencional de uma das partes sobre fato 
ou qualidade que a outra parte tenha ignorado se, sabendo, o negócio poderia não ter sido 
realizado. Até mesmo um terceiro pode ser responsabilizado pelo dolo em relação às perdas 
e danos sofridos pela parte que ludibriou. 
O dolo do representante apenas obrigará o representado até o limite da vantagem que este 
houver auferido, no caso de representação legal. Se a situação for de representação 
convencional, o representado responde solidariamente com o representante quanto a 
eventuais perdas e danos provocados. Em caso de ambas as partes proceder com dolo, não 
poderá, qualquer delas, alega-lo a fim de anular o negócio, ou mesmo requerer indenização. 
Também vicia a declaração da vontade a coação, entendida como a situação que causa 
fundado temor de dano iminente e considerável a sua pessoa, família ou bens; pode ser 
configurada também a coação com relação a ameaça a pessoa que não pertença à família 
do coagido, a critério do juiz. 
A coação exercida por terceiro também vivia o negócio jurídico e a parte que se beneficie 
dela tiver conhecimento do fato, ou devesse tê-lo, respondendo solidariamente pelas perdas 
e danos. Se a parte que se beneficia da coação dela não tiver conhecimento, e não devesse 
 
 
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ter, não será invalidado o negócio, respondendo o autor da coação pelas perdas e danos 
resultantes do seu ato. 
O estado de perigo poderá, também, ser utilizado como argumento para invalidar o negócio; 
ocorre quando o agente, constrangido pela necessidade de se salvar ou salvar alguém de 
sua família de grave dano conhecido da outra parte, assume obrigação excessivamente 
onerosa, que não faria em circunstâncias habituais. 
Há a lesão quando uma pessoa, por extrema necessidade, ou mesmo por inexperiência, 
acaba por se obrigar a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação 
assumida pela outra parte. Em todos os casos, antes de invalidar o negócio, o juiz deverá 
tentar estabelecer o equilíbrio entre as prestações assumidas pelas partes. 
Configura-se a fraude contra credores quando o devedor já insolvente, ou insolvente devido 
a este ato, transmite gratuitamente, ou de forma excessivamente desproporcional, ou exerce 
remissão de dívidas, a fim de frustrar o pagamento das dívidas perante seus credores. Estes, 
então, poderão requerer a anulação desses atos, vez que são lesivos aos seus direitos. 
 
Invalidade do negócio jurídico 
Nos casos apresentados até aqui, o negócio jurídico sofria de vício tal que permitia a sua 
invalidação. Ou seja, chegada a demanda ao juiz, este poderia decretar a sua anulação. 
De maneira diversa, a seguir são apresentados os casos em que o negócio é considerado 
nulo e eventual demanda judicial apenas irá declarar a existência dessa situação. O Código 
Civil Brasileiro, em seu artigo 166 o seguinte: 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
 
 
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IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 
 
Há ainda a previsão da nulidade dos negócios jurídicos simulados no artigo 167 do mesmo 
diploma legal: 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se 
válido for na substância e na forma. 
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais 
realmente se conferem, ou transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do 
negócio jurídico simulado. 
 
Conforme disposto em seguida, as nulidades previstas nesses dispositivos podem ser 
alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, nos casos em que lhe couber 
intervir. Ao contrário dos vícios que podem acarretar a anulação do negócio jurídico, nesses 
casos de nulidade não há a possibilidade de convalidação dos atos praticados e 
conseqüente aproveitamento do negócio, salvo se preenchidos os requisitos de negócio 
jurídico diverso do viciado. 
 
 
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O prazo decadencial, que tem a parte, para requerer a anulação do negócio jurídico encontra 
previsão expressa no artigo 178 do código civil, a saber: 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do 
negócio jurídico, contado: 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que 
se realizou o negócio jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. 
 
Em seguida, o referido código, no artigo 179, determina que “quando a lei dispuser que 
determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de 
dois anos, a contar da data da conclusão do ato”. 
Quanto aos demais atos jurídicos lícitos, que não constituem negócios jurídicos, devem ser 
aplicadas as disposições constantes da disciplina dos negócios jurídicos no que lhe couber. 
Em relação aos atos ilícitos, é definido que estes ocorrem quando um agente, “por ação ou 
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda 
que exclusivamente moral”. 
Da mesma forma, também estará praticando ato ilícito o titular de um direito que o exercer 
evidentemente além dos limites que lhe são impostos pelo objetivo econômico e social do 
ato, além da boa-fé e os bons costumes. No entanto, a parte estará juridicamente amparada 
sempre que as circunstâncias exigirem uma postura mais agressiva na defesa dos seus 
direitos individuais. É o que se extrai da redação do artigo 188, que assim versa: 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
 
 
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II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de 
remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as 
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do 
indispensável para a remoção do perigo. 
 
Assim, nesses casos o agente, via de regra, ultrapassará os limites normalmente 
estabelecidos para a defesa do seu direito; no entanto, ainda assim deverá agir com 
moderação e probidade, sob pena de ser responsabilizado pelo seu excesso posteriormente. 
 
 
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UNIDADE 11 
Objetivo: Conhecer o sistema de obrigações instituído pelo código civil brasileiro. 
DAS OBRIGAÇÕES 
 
 
Fruto do negócio jurídico, a obrigação é a expressão jurídica do crédito de natureza 
econômica, embora não seja necessariamente de naturezamonetária. 
No direito das obrigações, o credor é titular do crédito e o devedor deve cumprir a obrigação 
expressa numa prestação. O cumprimento da prestação é denominado de tradição. 
Sendo assim, a obrigação é a relação jurídica estabelecida entre devedor e credor, tendo por 
objeto uma prestação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa. Em direito das obrigações a 
responsabilidade é pessoal, ao contrário dos direitos reais, realidade dos quais o direito é 
exercido sobre a coisa. 
A partir dessa conceituação, podem-se extrair os elementos das obrigações; a saber, o 
elemento subjetivo, representado pelo credor e devedor, o elemento objetivo, formado pelo 
objeto da obrigação, ou seja, a prestação, e o vínculo jurídico, que determina e sujeita o 
devedor ao cumprimento da obrigação em favor do credor. 
 
 
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Obrigações de dar coisa certa 
Nas obrigações de dar coisa certa, o devedor deve, por ocasião da tradição, entregar ao 
credor uma coisa já previamente determinada. Em regra, abrange também os acessórios da 
coisa se não mencionados, a menos que houver estipulação em contrário ou tal conclusão 
resultar das circunstâncias do caso. 
Em caso de perda da coisa antes da tradição, deverá ser avaliada a culpa do devedor, que 
deveria entregá-la. Se a perda houver ocorrido sem culpa do devedor resolve-se a obrigação, 
ou seja, retorna-se à situação inicial de antes do negócio jurídico. Quer dizer, não há que se 
falar em indenizar o credor, a menos que o devedor tenha auferido alguma vantagem sob a 
condição de entregar a coisa. 
Se a coisa houver sido perdida com culpa do devedor, este deverá responder pelo 
equivalente, ou seja, entregar coisa ou valor equivalente, sem prejuízo de eventuais perdas e 
danos que o credor tenha sofrido. 
Se o caso for de deterioração do objeto da obrigação, não sendo o devedor culpado, poderá 
o credor resolver a obrigação ou aceitar a coisa, abatido o valor perdido. Se houver culpa do 
devedor, pode o credor exigir o equivalente ou aceitar a coisa como se encontra, 
reclamando, neste caso, eventuais perdas e danos. 
A coisa pertence ao devedor até a tradição, assim como os frutos percebidos; os frutos 
pendentes cabem ao credor. Havendo acrescidos, pode o devedor exigir aumento 
proporcional do preço, que deverá ter anuência do credor; a falta de anuência do devedor 
autoriza a resolução da obrigação. 
 
Obrigações de dar coisa incerta 
A obrigação de dar pode recair, também, sobre coisa incerta, o que significa que, ao tempo 
da celebração do negócio o credor apenas tem definidos o gênero e a quantidade do produto 
 
 
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que pretende receber. A escolha caberá ao devedor, que não poderá dar a pior, nem será 
obrigado a dar a melhor. 
Antes da escolha, o devedor não poderá alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que 
por caso fortuito ou força maior, vez que não há um único objeto possível de ser entregue, 
mas sim um gênero e uma quantidade previamente combinada. 
Após a escolha, por parte do devedor, salvo se estipulado em contrário, a coisa passa a ser 
determinada e a sua disciplina passa a ser a mesma das obrigações daquela natureza. 
 
 
 
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UNIDADE 12 
Objetivo: Ampliar o conhecimento do sistema de obrigações, instituído pelo código civil 
brasileiro. 
OBRIGAÇÕES DE FAZER 
 
Nas obrigações de fazer, o devedor assume o compromisso de realizar prestação 
pessoalmente, incorrendo no pagamento de valor correspondente a perdas e danos caso 
não seja possível cumprir o acordado por sua culpa. Não havendo culpa do devedor, 
resolver-se-á a obrigação. 
No caso de recusa ou mora do devedor em cumprir a obrigação, podendo a prestação ser 
realizada por terceiro, o credor terá a faculdade de mandar executar às custas do devedor, 
ou mesmo executar ou mandar exercutar às suas expensas, sem prejuízo do correspondente 
ressarcimento posterior. 
 
Obrigações de não fazer 
Nas obrigações de não fazer, o devedor se compromete a abster-se da prática de 
determinado ato. A obrigação será extinta se, sem culpa do devedor, se tornar impossível a 
absenção do ato que se obrigou a não praticar. 
 
 
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Caso seja praticado o ato a cuja abstenção esteja vinculado o devedor, o credor poderá 
exigir que o desfaça, ou desfazer à sua custa, sendo ressarcido posteriormente, inclusive 
com perdas e danos. O credo pode desfazer ou mandar desfazer o ato independentemente 
de autorização judicial em caso de urgência. 
 
Obrigações Alternativas 
No âmbito das obrigações alternativas, a prestação a ser cumprida ainda não está definida, 
consistindo em uma escolha entre duas ou mais opções possíveis. Em regra, a escolha cabe 
ao devedor, salvo estipulação em contrário quando da celebração do negócio jurídico entre 
as partes. 
Os parágrafos do artigo 252 do código civil determinam a disciplina dessa espécie de 
obrigação, dispondo o seguinte: 
Art. 252. [...] 
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte 
em outra. 
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá 
ser exercida em cada período. 
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, 
decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. 
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, 
caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. 
 
Se, por ventura, uma das prestações se tornar impossível de ser executada, o débito 
subsistirá em relação às demais. Se isso ocorrer sem que haja culpa do devedor, a 
 
 
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obrigação deverá ser resolvida, retornando, às partes, ao status que se encontravam antes 
da celebração do negócio. 
Em caso de impossibilidade de cumprimento da prestação por culpa do devedor, ficará este 
obrigado apagar o valor correspondente a que por último foi impossibilitada, acrescido de 
eventuais perdas e danos. 
Quando as prestações se tornarem inexeqüíveis quando a escolha recairia sobre o credo, 
este poderá reclamar o valor de qualquer delas, além de perdas e danos. 
 
Obrigações divisíveis e indivisíveis 
Se em relação a uma obrigação houver mais de um devedor, ou mais de um credor, e ela 
puder ser dividida em obrigações menores, tantas quanto o número de credores ou de 
devedores, diz-se-á que é divisível. 
Em contrapartida, será indivisível a obrigação cuja prestação tiver por objeto uma coisa ou 
fato que não sejam passíveis de divisão, seja por sua natureza, por motivo de ordem 
econômica, ou por acordo ou razão resultante do negócio jurídico. 
No caso de obrigação indivisível, havendo mais de um devedor, cada um será obrigado por 
toda a dívida, ressalvando-se ao devedor que pagar a divida o direito de cobrar dos demais 
coobrigados suas respectivas quotas. 
Se houver mais de um credor, haverá duas possibilidades de pagamento que desobrigará o 
devedor, ou devedores, mencionadas no artigo 260 do código civil, que a presenta a seguinte 
redação: 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida 
inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
I - a todos conjuntamente; 
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. 
 
 
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Dessa maneira, apenas um credor poderá receber a prestação por inteiro, cabendo aos 
outros exigir dele, em dinheiro, a parte que lhe caiba no total. 
Em caso de perdão da dívida por parte de um dos credores, a obrigação não ficará extinta 
para com os outros, que poderão exigi-la, desde descontada a quota do credor remitente; o 
mesmose observa nos caso de transação, novação, compensação ou confusão, institutos 
previstos no Código Civil. 
O artigo 263 determina que a obrigação que for resolvida em perdas e danos perderá a sua 
qualidade de indivisível, acrescentando que: 
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e 
danos. 
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, 
responderão todos por partes iguais. 
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse 
pelas perdas e danos. 
 
Obrigações solidárias 
Diz-se que a obrigação é solidária quando, havendo mais de um credor (solidariedade ativa), 
ou mais de um devedor (solidariedade passiva), cada um tem direito à dívida toda. Tal 
característica não pode ser presumida, resultando da lei ou da vontade das partes 
envolvidas. 
Em relação à solidariedade ativa, enquanto alguns dos credores solidários não demandarem 
o devedor comum, este poderá pagar a qualquer daqueles, extinguindo a dívida, assim, até o 
montante que foi pago. 
 
 
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Em caso de morte de um dos credores da obrigação solidária, cada um dos herdeiros poderá 
exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, exceto se 
se tratar de obrigação indivisível. 
A conversão da prestação em perdas e danos não altera, para todos os efeitos, o caráter de 
indivisibilidade da obrigação. 
No caso de solidariedade passiva, o credor tem o direito de exigir e receber de um ou de 
alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; observa-se que se houver 
pagamento parcial da dívida, por parte de um dos devedores, todos devedores continuam 
obrigados solidariamente pelo resto. 
Se sobrevier falecimento de um dos devedores solidários, deixando herdeiros, nenhum 
destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, 
salvo se a obrigação for indivisível; mas consideram-se todos reunidos como um devedor 
solidário em relação aos demais devedores. 
O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os 
devedores, mas propositura de demanda judicial em face de apenas um, ou de alguns, dos 
devedores, não faz desaparecer o caráter de solidariedade da obrigação, já que é facultado 
ao credor demandar qualquer deles. 
 
 
 
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UNIDADE 13 
Objetivo: Compreender a função do direito imobiliário, bem como as leis que a regula. 
AS LEIS DO DIREITO IMOBILIÁRIO 
 
 
O Direito Imobiliário é um ramo do Direito Civil, a partir do Direito das Coisas, que, por sua 
vez, se subdivide em posse e propriedade imóvel. Estudam-se nessa área as várias formas 
de aquisição e perda da propriedade, o direito de construir e o direito de vizinhança. Estuda-
se também o condomínio. E ainda os direitos reais sobre coisas alheias, como a servidão, o 
direito de superfície e a hipoteca. Estas matérias encontram-se no Código Civil vigente, entre 
os artigos 485 e 862. Inúmeros outros dispositivos também fazem parte do direito imobiliário, 
como o livro III (do direito das obrigações). 
São grandes as mudanças no novo Código Civil, que entrou em vigor em janeiro de 2.003, 
preservando-se, contudo, a essência dos principais institutos que norteiam o direito 
imobiliário. 
 
 
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A Lei 4.591/64, que regula o condomínio especial ou de edificações, teve sua primeira parte 
(artigos 1o a 27) inserida no novo Código Civil, que cria a denominação de condomínio 
edilício. Alguns poucos dispositivos continuam em vigor, por não terem sido regulados no 
novo Código Civil. A segunda parte da Lei, relativa às incorporações imobiliárias, continuará 
em vigor, pois esta matéria não foi contemplada no novo Código Civil. 
Há inúmeras outras leis especiais, de grande importância, que cuidam do direito imobiliário. 
Como exemplos, podem-se mencionar as Leis 8.245/91 (locações), 4.380/64 (sistema 
financeiro da habitação), 6.015/73 (registros públicos). É de se ressaltar ainda a Lei 8.078/90 
(Código de Defesa do Consumidor), que criou novas regras em defesa do hipossuficiente e 
enterrou velhos conceitos clássicos, valorizando a boa fé contratual e punindo a onerosidade 
excessiva. 
 
 
A Lei 8.935/94- Regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços 
notariais e de registro. Art. 22. Os notários e oficiais de registro responderão pelos danos 
que eles e seus prepostos causem a terceiros, na prática de atos próprios da serventia, 
assegurado aos primeiros direito de regresso no caso de dolo ou culpa dos prepostos.Art. 
24. A responsabilidade criminal será individualizada, aplicando-se, no que couber, a 
legislação relativa aos crimes contra a administração pública. Parágrafo único. 7 Lei 
4.380/64. Institui a correção monetária nos contratos imobiliários de interesse social, o 
sistema financeiro para aquisição da casa própria, cria o Banco Nacional da Habitação 
(BNH), e sociedades de crédito imobiliário, as letras imobiliárias, o Serviço Federal de 
Habitação e Urbanismo e dá outras providências. 
 
 
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UNIDADE 14 
Objetivo: Entender o direito imobiliário a partir do direito das coisas , posse e propriedade. 
DIREITO IMOBILIÁRIO 
 
 
Quanto ao intitulado direito imobiliário também nasceu em conseqüência de uma evolução da 
coluna social. Primeiro, o déficit habitacional; segundo a forma como a habitação servia e 
ainda serve de renda (fruição); terceiro, a evolução destas relações cada vez mais 
modernas, a ponto de termos diversas leis especiais tratando da matéria. 
O Sistema Financeiro de Habitação, com a edição da Lei 4.3807 de 21.08.1964, é a nosso 
juízo a única manifestação oficial que o país teve uma política habitacional abrangente e 
completa. Mas, o movimento social é dinâmico. Terminou, como afirmamos, gerando uma 
grande insegurança jurídica, no momento em que o sistema não flexibilizou a transferência 
destes financiamentos. 
O Cunho de criação do Sistema Financeiro de Habitação era social. Por isso faltaram regras 
que poderiam suportar o movimento de mercado destes imóveis financiados, gerando o 
chamado contrato de gaveta. O contrato de gaveta constituiu-se no contrato que não é 
 
 
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levado a registro ficando a transferência da posse e demais obrigações fechada entre o 
comprador e vendedor, tornando estes negócios totalmente informais. A jurisprudência teve 
papel fundamental na proteção dos promitentes compradores. 
As leis do inquilinato, em número de oito na nossa história, demonstram claramente esta 
evolução. Iniciou-se protegendo o inquilino, continuou protegendo o inquilino e no meio do 
caminho, foi dado um pouco de proteção ao proprietário, para equilibrar o mercado, já que a 
proteção exclusiva do inquilino levava o mercado a escassez de imóveis para locar, tendo 
em vista a falta de atrativos para o investidor. Diante desta realidade, a escassez de 
mercadoria, a lei mudou. 
Os contornos evolutivos do parcelamento do Solo desde o Dec. Lei 58/37, que criou a 
Promessa de Compra e Venda como instrumento jurídico de aquisição de um imóvel loteado 
em razão do seu pagamento a prazo, até a aplicação deste instrumento e sua recepção pelo 
registro de imóveis não loteados, foi de grande valia e aplicação no mercado imobiliário, 
fomentando além do direito material as questões envolvendo o direito imobiliário. Lembro que 
a discussão foi longa a respeito dos efeitos gerados pelo Contrato de Promessa de Compra e 
Venda. 
Os contratos emitem direitos reais ou geram apenas obrigações aos contratantes. No 
momento em que há sua recepção do Ofício do Registro de Imóveis o contrato de promessa

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