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ESPELHO_CORRECAO_S1

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Seção 1 
ESPELHO DE CORREÇÃO 
DIREITO 
CIVIL 
 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
A petição adequada à defesa dos interesses de João é a petição inicial, devendo ser 
nomeada Ação de Usucapião Rural. Tenha em mente que as informações constantes no 
enunciado de sua prova não estão ali sem que haja uma razão. Veja que o enunciado da 
questão fala em “pequeno imóvel rural”, com o objetivo de eliminar a possibilidade de ser a 
usucapião especial urbana ou a usucapião especial urbana coletiva. Sobraram, então, as 
espécies usucapião ordinária, usucapião extraordinária e usucapião rural. 
Não seria possível utilizar a usucapião ordinária, pois o enunciado, em nenhum 
momento, fala de justo título e boa-fé, que são requisitos exclusivos dessa modalidade de 
usucapião. Ademais, não poderia se tratar de usucapião extraordinária, pois os prazos para 
a sua configuração são de 15 anos ou 10 anos. Como João ingressou no imóvel há nove 
anos e, agora, pretende a usucapião, não teria alcançado sequer o menor desses prazos. 
Resta-nos, portanto, a usucapião rural, que se confirma como a opção correta, pois 
o enunciado indica que a propriedade rural se constitui por 35 hectares, para que você 
conclua que é inferior aos 50 hectares previstos como requisito no art. 1.239, do CC/2002. 
Perceba que o enunciado diz que apenas João buscou os seus serviços advocatícios, 
logo, apenas ele deve figurar como autor. Mas, o seu companheiro, Marcos, também teria 
direito a usucapir o imóvel, não é mesmo? No caso que lhe foi apresentado, ao dizer que 
você deveria atuar apenas na defesa dos direitos de João, a intenção é saber se você tem 
conhecimento da regra constante no art. 73, caput, do CPC/15, que exige dos cônjuges (e 
também dos companheiros) o consentimento para propor ações que versem sobre direito 
real imobiliário. 
Já quanto aos réus, estes serão apenas Julião e Ruth, por serem os proprietários do 
imóvel. E não se esqueça: os confinantes do imóvel devem ser citados (art. 246, § 3º, 
CPC/15), mas seus nomes não devem constar como réus na petição inicial (eles poderão 
 
 
Seção 1 
DIREITO CIVIL 
Na prática! 
 
 3 
se tornar réus caso alguns deles venha ao processo e manifeste que o autor também tomou 
posse de um pedaço de sua propriedade, por exemplo). 
Nos fatos, você deverá mencionar desde quando o autor tem a posse do imóvel, 
indicar os dados do imóvel (endereço, número no registro imobiliário e área). Cite nos fatos 
que você está juntando à inicial o registro do imóvel atualizado e a planta dele, para 
demonstrar que você tem conhecimento que esses elementos são imprescindíveis na ação 
de usucapião. Não se esqueça de declarar, também, o fato de que seu cliente realizou uma 
construção, reside no local e utiliza o imóvel como fonte de renda, bem como apontar que a 
posse foi mansa e pacífica durante todo o período. Em caso de soma de posses, mencione 
quando o antigo possuidor ingressou no imóvel e quando ocorreu a mudança de posse para 
o seu cliente. 
Nos fundamentos jurídicos, em primeiro lugar, exponha a base legal da espécie de 
usucapião que o seu cliente tem direito. No caso do enunciado, como já vimos, a usucapião 
rural está prevista no art. 191, caput, da CF/88, e art. 1.239, do CC/02. A boa técnica ensina 
que sempre se deve começar mencionando as regras da Constituição Federal e, depois, as 
das leis. Logo após, demonstre que estão presentes cada um dos requisitos da usucapião, 
sendo possíveis breves menções aos fatos narrados anteriormente. 
O endereçamento da petição, por meio do qual já é possível identificar o foro 
competente para o ajuizamento, deve levar em consideração a regra especial, segundo a 
qual, se o objeto da ação trata de um direito real sobre imóveis, é competente o juízo do 
lugar do imóvel. Trata-se de regra prevista no art. 47, do CPC. 
Assim, ao final da petição, faça os pedidos pela citação da parte ré (fique atento à 
regra do art. 73, § 1º, inciso I, do CPC/15) e dos confinantes. Peça a intimação das Fazendas 
Públicas (municipal, estadual e da União) e a remessa dos autos ao Ministério Público. 
Ainda, saiba que o pedido mais importante será o requerimento, para que, na sentença, seja 
declarado o domínio do autor sobre o imóvel, condenando-se a parte vencida ao pagamento 
dos honorários advocatícios, das custas e das despesas processuais (arts. 82, § 2º, e 85, 
ambos do CPC/15). 
Aponte ao juiz que foram devidamente recolhidas as custas judiciais para o 
ajuizamento da ação e utilize a expressão “conforme as guias devidamente recolhidas e 
anexas a esta petição inicial”. Mostre esse recolhimento, pois não há informações sobre 
algum pedido de gratuidade da justiça no enunciado. Presuma, então, que as custas serão 
recolhidas, demonstrando que você conhece esse detalhe. 
 
 4 
Requeira, por derradeiro, a produção de prova testemunhal (art. 442, CPC). Depois, 
aponte o valor da causa, indique o local, a data em que protocolizou a petição, o nome 
completo e o número da OAB, acompanhado da expressão assinado digitalmente. 
 
 
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA 
COMARCA DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ 
 
 
 
JOÃO [nome completo], em união estável, trabalhador rural, [número do CPF], 
[endereço eletrônico], residente e domiciliado na Rua das Bromélias, nº 100, na cidade de 
Londrina/PR, CEP nº, devidamente representado por seu advogado (procuração anexa), vem 
respeitosamente à presença de Vossa Excelência expor a presente 
Ação de Usucapião Rural 
em face de JULIÃO [nome completo], casado, [profissão], [número do CPF], [endereço 
eletrônico], [endereço completo], e RUTH [nome completo], casada, [profissão], [número do 
CPF], [endereço eletrônico], [endereço completo], pelos motivos fáticos e fundamentos 
jurídicos expostos a seguir. 
1. DOS FATOS 
João e seu companheiro Marcos (cujo consentimento encontra-se em declaração 
anexa a esta exordial), há nove anos, têm a posse mansa, pacífica e ininterrupta do imóvel 
rural, registrado sob o nº (...), no Cartório de Registro de Imóveis (certidão em anexo), com 
área de 35 hectares, conforme planta em anexo, situado na Rua das Bromélias, nº 100, na 
cidade de Londrina/PR. 
O referido imóvel encontrava-se abandonado. Então, o requerente, após tomar 
posse, construiu uma casa, na qual mora até a presente data, e passou a tirar da terra o seu 
sustento. 
Desde que tomou posse do imóvel, o autor cuidou do imóvel com animus domini, 
pagando todos os tributos relacionados a ele desde então, conforme se pode observar dos 
Questão de ordem! 
4 
 
 5 
carnês de IPTU devidamente pagos anexados à presente petição inicial, nunca tendo 
aparecido qualquer pessoa para reclamar a propriedade do referido imóvel. 
Assim, o autor, que nunca foi proprietário de qualquer imóvel, apresenta a presente 
ação para regularizar a sua situação perante o imóvel em questão. 
 
2. FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
A Constituição Federal, em seu art. 191, caput, estabelece a usucapião rural: 
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como 
seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não 
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua 
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. (BRASIL, 1988, [s.p.]) 
 
O referido instituto também é tratado pelo Código Civil, o qual, em seu art. 1.239, 
estabelece: 
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua 
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural 
não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua 
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. (BRASIL, 2002, [s.p.]) 
 
Dito isso, passemos para a análise da presença de todos os requisitos, gerais e 
específicos, para comprovar o direito do autor a usucapir o imóvelem sua posse. 
Primeiro, há de se destacar que o imóvel é hábil para ser usucapido, já que não se 
trata de imóvel público, que, como se sabe, existe vedação expressa na Constituição Federal 
de 1988 (art. 183, § 3º). 
No que se refere à qualidade da posse, não resta dúvida se tratar de posse 
qualificada (ad usucapionem), pois sempre agiu com animus domini, tanto que construiu uma 
casa e pagou anualmente o IPTU do imóvel, conforme comprovam os documentos anexos. 
A referida posse foi mansa, pacífica e ininterrupta. 
Já quanto ao requisito referente ao tempo, o art. 191, caput, da CF/1988, e o art. 
1.239, do Código Civil, fixam o prazo mínimo de 5 anos, que restou cumprido pelo autor, já 
que permanece na posse há nove anos. 
Quanto aos requisitos específicos, todos encontram-se também presentes, já que 
a área do imóvel rural é inferior a 50 hectares, na qual o autor fez sua moradia e tornou a terra 
produtiva, não possuindo qualquer imóvel em seu nome. 
Portanto, observa-se que o autor atende a todos os requisitos para que seja 
declarado seu o domínio da propriedade. 
 
 6 
 
3. DOS PEDIDOS 
 
Posto isso, a parte autora pugna pela integral procedência da presente ação e, em 
especial, requer o atendimento dos seguintes pedidos: 
 
3.1. Citação. A citação pelo correio, nos moldes dos arts. 246 e 248, ambos do 
CPC/2015, para que apresente contestação, sob pena de revelia, conforme previsto no art. 
344, do CPC. Requer-se, também, a citação dos confinantes Fazenda da Paz Ltda. e dos 
cônjuges Francisco e Rosa, nos endereços apontados em documento anexo, que demonstra 
a situação de vizinhança, nos termos do art. 246, § 3º, do CPC. 
3.2. Cientificação. A cientificação das Fazendas Públicas Municipal, Estadual e da 
União. 
3.3. Nos termos do § 5º, do art. 334, o autor informa seu desinteresse na 
autocomposição. 
3.4. Produção de Provas. Requer-se a produção de todos os meios de prova 
admitidos em direito, em especial, a produção de prova testemunhal, conforme art. 442, do 
CPC, para demonstrar a presença dos elementos da usucapião rural. 
3.5. Declaração. Pugna-se pela procedência integral da presente ação, 
especialmente para o fim de que seja declarado o domínio do autor sobre o imóvel. 
3.6. Condenação. Pugna-se pela condenação da parte requerida ao pagamento 
dos honorários advocatícios, das custas e das despesas processuais, nos termos dos arts. 
82, § 2º, e 85, ambos do CPC/15. 
Pede-se a remessa dos autos ao Ministério Público. 
Informa-se o devido recolhimento das custas processuais iniciais. 
Atribui-se à causa o valor de R$ (...), com base no art. 292, inciso IV, do CPC. 
Termos em que pede deferimento. 
Londrina, dia/mês/ano. 
Nome do advogado e número de inscrição na OAB 
 
 7 
[Assinado digitalmente] 
 
 
 
1. Quando nosso cliente alega ter a posse de um imóvel por um longo período de tempo, 
como devemos instrumentalizar o Direito Civil e o Direito Processual Civil em seu 
favor? 
R.: Devemos utilizar a usucapião, com relação ao Direito Civil, como instrumento hábil 
a conferir a ele a propriedade do imóvel. Com relação à seara processual, a petição 
inicial, no caso telado, é a peça processual cabível. 
2. O que fazer para identificar se meu cliente está no imóvel como possuidor ou como 
detentor? 
R.: Você deve verificar se o seu cliente está no imóvel em uma das hipóteses 
enumeradas nos arts. 1.198 e 1.208, ambos do CC. Se não estiver, então, ele não é 
detentor, e sim possuidor. 
3. Se meu cliente herdou a posse de seu pai, eu posso somar os dois períodos de posse? 
R.: O art. 1.207, do CC, permite que o atual possuidor herde a posse do anterior, como 
se fosse uma mesma posse, somando-se os dois períodos. 
4. Se meu cliente estiver na posse de um bem público ou de sociedade de economia 
mista, posso requerer a usucapião para que ele tenha a propriedade do imóvel? 
R.: Se o seu cliente estiver na posse de um bem público, ele não tem direito a usucapir 
o imóvel, pois existe vedação expressa na Constituição (arts. 183, § 3º, e 191, 
parágrafo único). Já se ele estiver na posse de um imóvel de uma empresa de 
economia mista, via de regra, será possível a usucapião, pois o Código Civil 
estabelece que essa empresa tem natureza de direito privado (art. 98, do CC), porém, 
se ela for prestadora de serviços públicos, o STF entende não ser possível a 
usucapião. 
5. Quais são as especificidades processuais às quais devo ficar atento quando ingressar 
com uma petição inicial de usucapião? 
R.: O art. 246, § 3º, do CPC/15, exige a citação de todos os confinantes do imóvel que 
se pretende usucapir. Além disso, é documento indispensável à propositura da ação 
de usucapião a certidão do registro imobiliário e a planta do imóvel (art. 320, do 
CPC/15). Na petição inicial, você também deverá pedir a cientificação das Fazendas 
Estatais (município, estado e União), além da remessa dos autos ao Ministério 
Público. 
Resolução comentada 
 
 8 
Referências 
 
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 
DF: Presidência da República, [2019]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 7 dez. 2019. 
 
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência 
da República, [2019]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. 
Acesso em: 7 dez. 2019. 
 
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência 
da República, [2019]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 7 dez. 2019. 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm

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