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ESPELHO_CORRECAO_S4_CONSTITUCIONAL

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Seção 4 
ESPELHO DE CORREÇÃO 
DIREITO 
CONSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá, aluno! 
A peça cabível é o Recurso Especial (art. 105, III, CF/88), afinal, ele é o meio processual adequado 
para buscar a modificação de qualquer decisão judicial julgada, em única ou última instância, pelos 
tribunais regionais ou federais ou pelos tribunais dos estados, do Distrito Federal e territórios, quando 
a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de 
governo local contestado em face de lei federal (redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 
2004); c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe seja atribuída em outro tribunal. 
O art. 105, III, da Constituição Federal de 1988, aponta a competência recursal do STJ. O CPC/15, 
em seu art. 1.029, prevê que: 
Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na 
Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do 
Tribunal recorrido, em petições distintas que conterão: 
I - a exposição do fato e do direito; 
II - a demonstração do cabimento do recurso interposto; 
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida. 
§ 1º Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova 
da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, 
oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado 
o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede 
mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em 
qualquer caso, mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os 
casos confrontados. (BRASIL, 2015, [s.p.]) 
 
Lembre-se de que o pedido de um recurso é a reforma da decisão que está sendo combatida. 
O objetivo do presente Recurso Especial é a correta aplicação da Lei da Ação Popular – Lei Federal 
nº 4.717, de 29 de junho de 1965 –, que não foi corretamente aplicada em seu art. 11, pois foi negado 
o pedido de devolução dos valores recebidos indevidamente em razão da ilegal concessão do serviço 
de “Zona Azul” à Associação de Comerciantes de São Caetano, pelo Decreto nº 01/2019, sem a 
realização de licitação prévia. 
Seção 4 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Na prática! 
 
Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade 
do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis 
pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os 
funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa. (BRASIL, 1965, 
[s.p.]) 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO. 
 
PROCESSO Nº 
RECORRENTE: LUIZ AUGUSTO 
RECORRIDOS: Jacinto Jacaré, Município de São Caetano e Associação Comercial de São 
Caetano 
 
 
LUIZ AUGUSTO, cidadão em pleno gozo dos direitos políticos, brasileiro, comerciante, já 
qualificado nos presentes autos de Ação Popular, vem, respeitosamente, à presença de Vossas 
Excelências, por seu advogado infra-assinado, interpor o presente RECURSO ESPECIAL, 
tempestivamente, com fulcro no art. 105, III, da Constituição Federal, e no art. 1.029 e seguintes, do 
Código de Processo Civil, requerendo que o presente recebido seja processado e provido, 
determinando-se sua remessa ao Colendo Superior Tribunal de Justiça para apreciação e 
julgamento. 
 
Termos em que pede deferimento. 
Local, dia, mês e ano. 
Nome, assinatura e nº da OAB do advogado. 
 
Questão de ordem! 
 
PROCESSO Nº 
RECORRENTE: LUIZ AUGUSTO 
RECORRIDOS: Jacinto Jacaré, Município de São Caetano e Associação Comercial de São 
Caetano 
 
RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL 
 
Egrégio Superior Tribunal de Justiça, 
Colenda Turma, 
Eméritos Ministros, 
Douta Procuradoria. 
 
 
O presente Recurso trata-se de inconformismo contra a decisão que julgou parcialmente 
procedente a Ação Popular manejada em razão de ato administrativo ilícito e imoral praticado pelo 
Exmo. Sr. Prefeito do Município de São Caetano, Senhor Jacinto Jacaré, o qual, sem licitação, 
transferiu a concessão de exploração do serviço de estacionamento público “Zona Azul” para a 
Associação de Comerciantes de São Caetano, presidida por seu amigo e maior contribuinte de 
campanha eleitoral. 
Por meio de um decreto (Decreto Municipal nº 01/2019), o Prefeito Jacinto Jacaré transferiu 
a cobrança do serviço de estacionamento em locais públicos, denominado “Zona Azul”, para uma 
associação de comerciantes locais (ACSC-PE), cujo presidente, Sr. Sombra, é seu amigo pessoal e 
principal colaborador de sua campanha eleitoral. 
O respeitável Acórdão proferido pelo Egrégio Tribunal de Justiça de Pernambuco, de forma 
correta, anulou o combatido Decreto nº 01/2019 em razão da violação dos princípios da 
Administração Pública previstos na Constituição Federal expostos na inicial, o que se configura como 
ato lesivo à moralidade administrativa, como comprovado nos presentes autos. Contudo, a 
respeitável decisão deixou de observar o pedido de devolução dos valores recebidos ilegalmente 
pela ACSC-PE, desde a entrada em vigor do decreto até a sua anulação, sendo, portanto, objeto de 
Embargos de Declaração em que foi devidamente prequestionada a matéria. 
 
No entanto, ao ser complementada a omissão quanto ao pedido formulado, o Tribunal a quo 
indeferiu o pedido sob o fundamento de que é “impossível a devolução dos valores recebidos 
irregularmente pela associação ré, em razão de a Lei da Ação Popular prever apenas a anulação do 
ato ilegal realizado, não a reparação dos danos decorrentes desse ato”. 
Conforme será demonstrado, houve clara infringência de dispositivo de Lei Federal (art. 11, 
Lei nº 4.717/65), razão pela qual tal decisão merece reforma. 
DO CABIMENTO 
Nos termos do art. 105, III, a), CF/88, e art. 1.029, do CPC/15, quanto ao cabimento do 
presente Recurso Especial, dispõem: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, 
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito 
Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei 
federal, ou negar-lhes vigência. (BRASIL, 1988, [s.p.], grifos nossos) 
 
Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na 
Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do 
tribunal recorrido, em petições distintas que conterão: 
I - a exposição do fato e do direito; 
II - a demonstração do cabimento do recurso interposto; 
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida. 
(BRASIL, 2015, [s.p.], grifos nossos) 
 
Assim, resta claro o cabimento do presente Recurso Especial. 
DA TEMPESTIVIDADE 
O presente Recurso é tempestivo, pois é interposto dentro do prazo legal de 15 dias úteis da 
data da intimação, em absoluto respeito ao preconizado no art. 1.003, § 5º, do CPC/15. 
DO PREPARO 
Deixa de juntar guias de comprovação de pagamento de custas de preparo, em razão da 
imunidade constitucional das Ações Populares e expressa previsão legal. 
DO PREQUESTIONAMENTO 
 Os requisitos do art. 1.025, do CPC/15, estão cumpridos, uma vez que foram opostos os 
Embargos de Declaração sobre a omissão do Acórdão quanto à necessidade da devolução do 
numerário indevidamente recebido pela associação ré, como comprovado nos autos. Assim afirma o 
artigo em questão: “Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante 
suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos 
 
ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou 
obscuridade” (BRASIL, 2015, [s.p.]). 
 
DAS RAZÕES RECURSAIS 
Com a devida vênia, equivocou-se o Tribunal deJustiça pernambucano, contrariando 
expressa disposição do art. 11, da Lei da Ação Popular (Lei nº 4.717/65), que não deixa margem 
para interpretações sobre a peremptória necessidade de devolução de valores públicos 
indevidamente recebidos por meio de ato lesivo ao patrimônio público. 
Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade 
do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis 
pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os 
funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa. (BRASIL, 1965, 
[s.p.]) 
 
Não se trata de faculdade ou qualquer discricionariedade do magistrado, sendo a devolução 
de bens e valores públicos que, eventualmente, tenham recebido de forma ilícita, uma medida 
republicana imposta a todos, como foi o caso aqui julgado, inclusive, tendo transitado em julgado a 
questão quanto à anulação do Decreto Municipal nº 01/2019. 
Com a nulidade do decreto, pois eivado de patente ilegalidade e inconstitucionalidade, uma 
vez que realizou a concessão de serviço público sem licitação, a devolução dos valores recebidos 
(apontados no curso do processo como sendo de 3 (três) milhões de reais) é medida de rigor, 
reformando-se, neste ponto, a decisão do Tribunal a quo. 
DOS PEDIDOS 
 Diante de todo o exposto, requer-se de Vossas Excelências que seja recebido, conhecido e 
provido o presente recurso com a reforma do Acórdão do Tribunal de Justiça de Pernambuco, para 
que os réus sejam condenados à devolução aos cofres municipais dos valores indevidamente 
recebidos em decorrência do serviço ilegalmente concedido à associação ré. 
JUSTIÇA! 
Local, dia, mês e ano. 
Nome e assinatura do advogado. 
Nº da OAB 
 
 
 
 
 
1. O que são os termos “Tribunal a quo” e “ad quem”? 
2. Qual é a diferença entre o Recurso Especial e o Recurso Extraordinário? 
3. Esses recursos podem ser interpostos juntos? 
4. Todas as decisões de segundo grau podem ser objeto de Recurso Especial, inclusive, as 
dos Colégios Recursais? 
5. O art. 105, III, a), da CF/88, prevê o cabimento de Recurso Especial perante o STJ quando 
a decisão contraria um tratado ou uma lei federal, ou nega-lhes vigência. No que diz 
respeito ao descumprimento de tratados internacionais, todos eles são paradigmas ao 
Recurso Especial? Eles possuem o mesmo status no ordenamento jurídico? Há tratados 
que podem ser objeto de Recurso Extraordinário perante o STF? 
 
Referências 
 
BRASIL. Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965. Regula a ação popular. Brasília, DF: Presidência da 
República, [2019]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4717.htm. Acesso em: 
26 dez. 2019. 
 
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 
DF: Presidência da República, [2019]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 26 dez. 2019. 
 
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência 
da República, [2019]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 26 dez. 2019. 
 
Resolução comentada 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4717.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm

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