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Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. 1 G a b r i e l a G o m e s d a S i l v a | P s i c o l o g i a | 6 º p e r í o d o | @ p s i c o m g a b i RESUMO DESDOBRAMENTOS DA TEORIA PSICANALÍTICA A TÉCNICA PSICANALÍTICA ATRAVÉS DO BRINCAR Quando Klein atendeu sua primeira criança, já havia um trabalho psicanalítico desenvolvido pela doutora Hug Hellmuth, mas esta nunca havia atendido crianças menores de 6 anos. Na época, os psicanalistas tinham receio de empreender a Psicanálise em crianças, que era indicada somente para as que estivessem no período de latência em diante. Klein estabeleceu que as interpretações dela teriam pequenas dosagens, porque de modo geral a Psicanálise tinha medo de explorar o inconsciente infantil. Seu primeiro paciente era seu próprio filho de 5 anos, mas a identidade divulgada era a de “Fritz”. Ela sugeriu que deveria encorajar a criança a discutir livremente com ela questões não verbalizadas. Klein passou a interpretar tudo o que era apresentado por Fritz. Percebeu defesas que a criança usava conta suas próprias ansiedades. Essas ansiedades eram agudas, e embora estivesse no caminho certo para aliviá-las, novas ansiedades surgiam. O brincar revelou muito da criança para Klein, porque o que os adultos expressavam em palavras, as crianças expressavam não só na fala, mas na forma como se relacionavam com brinquedos. CASO RITA De 1920 a 1923, atendeu diversas crianças, mas uma em especial contribuiu significativamente com a técnica: Rita, uma criança de 2 anos e 9 meses analisada em 1923. Rita sofria de terror noturno, tinha medo dos animais, era ambivalente com a mãe, não se permitia ficar sozinha, apresentava neurose obsessiva acentuada, às vezes era muito deprimida e seu brincar era inibido, tinha inabilidade de tolerar frustração e era controladora. Klein ficou hesitante em atender essa criança devido a sua idade. Na primeira sessão vai até sua casa, fica sozinha no quarto com ela e Rita já demonstra uma transferência negativa, pedindo para ir ao jardim da casa. Mais tarde Rita se mostra amistosa com Klein, o que se deu fora da casa quando Klein percebe a transferência negativa se manifestando. Ela percebeu o medo da criança em ficar sozinha com ela no quarto, se referindo ao terror noturno, o medo de ser atacada por uma mulher enquanto estivesse só. Depois dessa interpretação, Klein sugeriu à Rita que voltassem para o quarto, e a menina aceitou. O brincar de Rita era muito inibido, no máximo às vezes ela vestia e desvestia o boneco, e logo Klein interpretou as ansiedades por trás das suas obsessões. A partir deste caso, Klein fica convicta de que a pré- condição da análise da criança é compreender e interpretar suas fantasias e tudo aquilo o que fosse expresso durante o brincar, ou no caso de haver inibição do brincar, investigar as causas da inibição. Klein chegou à conclusão de que o trabalho psicanalítico não deveria ser feito na casa da criança, e sim no consultório. Outra observação foi feita a partir do atendimento de uma menina de 7 anos naquele mesmo ano, que apresentava dificuldades neuróticas aparentemente não graves, e que embora muito inteligente, não acompanhava os colegas da sua idade. Seus pais tinham a preocupação com seu desenvolvimento intelectual. Ela tinha uma relação amistosa com a mãe, mas com o início da vida escolar, a menina passou a ser silenciosa e reservada. Pelas falas, estava muito claro que ela não gostava de ir para a escola. Durante uma sessão em que a criança se mostrava muito retraída e indiferente, Klein foi até os quartos dos seus filhos e separou brinquedos, e ao recebê-los, a criança ficou desinibida. Ela deu para Klein um brinquedo que representava ela e outro que representava um amigo, e o restante parecia tentar interferir nessa relação. Tudo terminava em catástrofe, batida de carro, quedas e colisões, de maneira repetitiva e que demonstrava sinais de ansiedade crescente. Klein interpreta que ela estava com medo de que as outras pessoas descobrissem sobre essa relação. Percebeu que a criança ficava tão ansiosa que parecia que ia parar de brincar a qualquer momento. Pareceu-lhe que ela tinha medo de a diretora descobrir a relação com o colega e puni-la, e sobretudo estava com medo da mãe. A partir disso, poderia também ficar desconfiada de Klein. Essa interpretação aumentou a ansiedade da criança no início, mas depois deu lugar ao alívio e tornou seu brincar mais livre, passou a melhorar sua relação com a família e desenvolver interesse em fazer as lições da escola. A partir daí, Klein foi selecionando brinquedos diversos, que permitissem com que a criança imaginasse Klein baseia seu trabalho na exploração do inconsciente e na análise da transferência O brincar é equivalente à associação livre Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. 2 G a b r i e l a G o m e s d a S i l v a | P s i c o l o g i a | 6 º p e r í o d o | @ p s i c o m g a b i diferentes papéis, ampliando seu repertório de fantasias. Klein sugere que esses brinquedos sejam guardados numa caixa, só da criança. Ao abrir e fechar, são colocados conceitos importantes em análise. AGRESSIVIDADE INFANTIL A agressividade da criança é expressa de diversas formas: brinquedo quebra, bate na mesa, tinta para todo lado, “cenário de guerra”. Neste cenário, Klein consegue transmitir à criança que não tolera ataques físicos a ela mesma. Tal atitude protege o analista e evita ansiedades persecutórias desnecessárias. Contudo, é importante trazer essa agressividade à tona, buscando compreender na relação transferencial como os impulsos agressivos se manifestam e quais suas consequências na mente da criança. Ex: culpa ao quebrar um brinquedo que representasse um objeto significativo para ela; muitas vezes ela deixa um boneco danificado de lado, e demonstra que esse objeto atacado representasse retaliação, surgindo o sentimento persecutório que pode ser reforçado pela culpa e depressão. Esse sentimento de perseguição, quando forte, pode encobrir o de culpa e depressão, e quando esses são despertados pela percepção do dano, resultam em melhora. Nesse caso, se o brinquedo danificado representasse o irmão, por exemplo, como resultado a relação com esse irmão irá melhorar, e os sentimentos de reparação, culpa, depressão e amor voltam para o primeiro plano. O excesso de repressão tem a ver com o sentimento de culpa e depressão. Quem tem muita culpa, quando apanha “sente alívio”.
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