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Constitucional Habeas Data Magnólia

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) DE DIREITO DA ___ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE FORTALEZA/CE
MAGNÓLIA, trabalhadora rural, portadora do RG, inscrita no CPF sob o n., residente e domiciliada na rua, n., bairro, Caicó/CE, CEP, com endereço eletrônico, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, representada pelo seu Advogado (procuração anexa), com endereço profissional na rua, n., bairro, cidade/estado, CEP, para ajuizar apresente ação de 
HABEAS DATAS
Em face do(a) Diretor(a) Geral do Hospital Público Estadual, integrante da Administração Pública Direta do Estado, e vinculado à Secretaria de Saúde do Estado, com sede na rua, n., bairro, Fortaleza/CE, CEP, pelas razões de fato e de direito expostas a seguir:
I – FATOS
Magnólia, uma jovem moça de 24 anos, filha de pais humildes, que trabalha na roça na cidade de Caicó, desde os 10 anos de idade para ajudar no sustento da família. 
Há alguns meses ela sofre com graves e recorrentes infecções em seu organismo. Diante do agravamento do seu estado de saúde, Magnólia foi internada com urgência no hospital estadual da rede pública em Fortaleza, capital do Estado, onde foi submetida a diversos exames através dos quais foi diagnosticada como portadora de Lúpus, uma grave doença autoimune. 
Entretanto, após uma sensível melhora em seu quadro clínico, Magnólia recebeu alta, porém sem ter acesso a uma via do seu prontuário médico e demais informações necessárias para o andamento do seu tratamento, apenas lhe tendo sido dito que deveria fazer uso de medicação constante e estar sob supervisão médica. 
Como precisava das suas informações constantes no prontuário médico para poder dar prosseguimento ao seu tratamento, sem saber como proceder para obtê-las, a jovem procurou a Defensoria Pública para saber como proceder e foi atendida por José Afonso. Ao escutar os fatos narrados por Magnólia, José Afonso recomendou que ela voltasse ao Hospital para formalizar o requerimento da documentação, instruindo-a a fazer por escrito à solicitação junto à diretoria do hospital. 
Assim Magnólia procedeu, e poucos dias depois, recebeu a resposta de que não poderia ter acesso ao prontuário médico solicitado, pois eram informações técnicas de conhecimento e acesso restrito aos médicos do hospital. 
Assim, fica claro, que a impetrante, portadora de uma doença grave que não tem cura, está impossibilitada de começar o seu tratamento, para melhorias em seu estado clínico, devido à recusa da Diretoria do Hospital, em lhe fornecer seu prontuário.
II – DO DIREITO
O artigo 7º da Lei 9.507, de novembro de 1997, menciona que:
“Art. 7º Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.” (Sic, destacou-se).
Nesse mesmo sentido o art. 5º, inciso LXXVIII, alínea A, da CF, denota que:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” (Sic).
Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, a resolução do CFM de n.1.931/09 (código de ética médica), em seus artigos 88 e 89, e direito da Impetrante de ter acesso ao seu prontuário médico, senão veja:
“Art. 88. Negar, ao paciente, acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros.” e; 
“Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por escrito, pelo paciente, para atender ordem judicial ou para a sua própria defesa. 
§ 1º Quando requisitado judicialmente o prontuário será disponibilizado ao perito médico nomeado pelo juiz. 
§ 2º Quando o prontuário for apresentado em sua própria defesa, o médico deverá solicitar que seja observado o sigilo profissional.” 
Destarte, além da negativa que obteve de seu prontuário médico, a Impetrante não teve também nenhuma informação sobre o tratamento de sua doença, pois, de acordo com a Resolução supracitada, é direito do médico: II - Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas às práticas cientificamente reconhecidas e respeitada à legislação vigente. 
III – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência que determine: 
 
1) A citação do Impetrado, no endereço contido no preâmbulo dessa peça, para responder a presente ação ou justificar os motivos da recusa do pedido formulado através do protocolo de requerimento n., dentro do prazo de 10 dias nos termos do artigo 9º da Lei 9.507/97. 
 
2) Que seja assegurado a impetrante cópia autenticada dos documentos de seu interesse ; 
 
3) Que seja cumprido o disposto no artigo 21 da Lei 9.507/97 . 
4) Por fim, seja o impetrado, condenado às custas judiciais e dos honorários advocatícios, no valor de 20%, nos parâmetros previstos no artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil; 
Dá-se à causa o valor de R$10.000,00 (dez mil reais) para fins legais. 
 
Instruem a presente exordial os seguintes documentos: 
I - Recusa administrativa; 
II – Protocolo do requerimento administrativo; 
 
Nestes Termos, 
Pede e espera deferimento. 
 
Caicó/CE, data, mês, ano. 
 
 
Advogado
OAB

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