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AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE FORTALEZA– CE
DISTRIBUIÇÃO URGENTE: PEDIDO DE LIMINAR
MAGNÓLIA (nome completo), brasileira, cearense, estado civil, profissão, portadora do RG n°xxxxxxxx-x, CPF: xxxxxxxx-x, Título de Eleitor n° xxxxxxxx-x, filha de xxxxxxxx-x (nome completo da Mãe), residente e domiciliada na xxxxxxxx, n° xx, Bairro xxxxxxxxx, Caicó – CE, CEP: xxxxx-xxx, com e-mail xxxxxxxxx@xxx.xxx.xx, vem por meio de sua procuração, Advogado (nome completo do advogado), OAB n° xxxx (n° da OAB), com e-mail xxxxxxx@xxxxx.xxx.xx, e endereço xxxxxxxxxxxxxxx, n° xx, Bairro xxxxxx, Cidade, CEP, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, LXXII, alínea a, e art. 109, VIII, da Constituição Federal e art. 7º e ss. da Lei 9.507, de 12 de novembro de 1997, impetrar o presente HABEAS DATA em face do DIRETOR (A) GERAL DO HOSPITAL PÚBLICO ESTADUAL DA CAPITAL DO ESTADO DO CEARÁ, órgão integrante da Administração Pública Direta do estado, e vinculado à SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO, sediada na rua xxxxxxxxxxxx, n° xxxxx, Bairro xxxxxxx, Ceará, pelas razões de fato de direito expostas a seguir: 
I - DOS FATOS 
A impetrante Magnólia, uma jovem de 24 anos, filha de pais humildes, com os quais acompanha na roça desde a adolescência na cidade de Caicó. Acontece que Magnólia, começou a sofrer com graves infeções, até que ela precisou ser internada com urgência no Hospital Estadual da rede Pública em Fortaleza, capital do Estado, onde lá foi submetida há diversos exames a qual foi diagnosticada como portadora de Lúpus. 
“Lúpus é uma doença inflamatória autoimune, que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro. Em casos mais graves, se não tratada adequadamente, pode matar. O nome científico da doença é "Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)".” Informação retirada do próprio site do SUS (Sistema Único de Saúde).
https://saude.gov.br/saude-de-a-z/lupus#:~:text=L%C3%BApus%20%C3%A9%20uma%20doen%C3%A7a%20inflamat%C3%B3ria,Eritematoso%20Sist%C3%AAmico%20(LES)%22.- Acessado em 12/09/2020
	Porém, após ser medicada, teve uma sensível melhora em seu quadro clínico, e recebeu alta do Hospital. Retornou para seu lar, sem nenhuma informação pertinente ao tratamento que devera seguir, e também não lhe foi fornecido nenhuma via do seu prontuário médico. Apenas foi informado que deveria tomar fazer o uso de medicação constante e estar sob supervisão médica. 
Sem saber como prosseguir, Magnólia procurou a Defensoria Pública do Estado, foi atendida e orientada por seu procurador, que a instruiu a voltar ao Hospital para formalizar o pedido da cópia do prontuário médico e de toda documentação. Magnólia assim o fez, foi até o Hospital e formalizou por escrito a solicitação junto à diretoria do hospital. 
Alguns dias depois, a impetrante recebeu a notícia que seu pedido foi negado, e que não teria acesso ao prontuário medico solicitado, e nem a cópia do mesmo, pois se tratavam se informações de conhecimento técnico, e de acesso somente aos médicos do hospital. Magnólia retornou na Defensoria Pública, informando a postura adotada pela diretoria do hospital, e pedir uma providência, pois é justamente da CÓPIA DO PRONTÁRIO MÉDICO que ela necessita, para continuar tendo acompanhamento e dar prosseguimento em seu tratamento. 
 II - GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Importa ressaltar a este juízo que o HABEAS DATA, trata-se de ação mandamental de natureza constitucional, caracterizando-se por sua vez, como ação essencialmente gratuita, na forma do Art 5°, LXXVII, da Constituição Federal, bem como o Art. 21 da Lei n° 9.507/97, pelo que não há o que falar em recolhimento de custas ou outras despesas processuais.
 
Art 5° - CF - LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
Lei nº 9.507/97
Regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data.
Lei n° 9.507- Art. 21 - São gratuitos o procedimento administrativo para acesso a informações e retificação de dados e para anotação de justificação, bem como a ação de habeas data.
III – DO DIREITO 
No Art. 5° da Constituição Federal, diz sobre o direito ao acesso e conhecimento de informações pessoais constantes de caráter público, entre as garantias fundamentais que assistem a todos os indivíduos, garantias estas que figuram como Cláusulas Pétreas. 
A impetrante teve seu direito fundamental efetivamente violado com a recusa de acesso a uma cópia de seu prontuário e das demais informações pertinentes, para que ela pudesse dar prosseguimento ao seu tratamento. 
Art 5°- CF - XIV - e assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Art 5°- CF – XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
Cabe salientar que tais informações solicitadas não podem, no caso concreto, serem tratadas como sigilosas, ou de uso privativo da instituição, e que o ato denegatório, nos termos que ocorreu, afronta o próprio Código de Medicina (Resolução CFM n° 1931/2009) que dispõe em seu capitulo X, Art. 88:
	É vedado ao médico:
Art. 88: Negar, ao paciente, acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros. 
O Hospital por ser um órgão de caráter público, e não pode negar acesso aos documentos de interesse da impetrante e não são sigilosos.  A Constituição Federal determina que o Estado, além de preservar a saúde dos indivíduos, tem o dever de promovê-la. No art. 23, II, da CF/88 há a previsão de que tal dever pertence aos três entes federativos: União, Estados e Municípios, nos seguintes termos:
Art. 23 – CF - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência.     
     
O Supremo Tribunal Federal já firmou o entendimento de que a interpretação do referido dispositivo constitucional deve ser no sentido de reconhecer a responsabilidade solidária entre todos os entes da Federação no que concerne às prestações para a efetivação do direito à saúde. Nesse sentido, foi a decisão proferida no RE 855178 RG / SE – SERGIPE.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO À SAÚDE. TRATAMENTO MÉDICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERADOS. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. O tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado, porquanto responsabilidade solidária dos entes federados. “O polo passivo pode ser composto por qualquer um deles, isoladamente ou conjuntamente” (RE 855178 RG/SE – Sergipe. Relator: Min. Luiz Fux. Julgamento: 05/03/2015. DJe – 050 Divulg 13-03-2015 Public 16-03-2015)	
	
IV – CABIMENTO E LEGITIMIDADE
A impetrante possui legitimidade ativa para utilização do presente remédio constitucional, por terem lhe sido negadas informações de caráter personalíssimo. Da legitimidade passiva responsável, em face da qual esse instrumento é impetrado, deve ser compelida a impetrante o acesso às suas informações pessoais outrora negadas.
E nos termos das alíneas a e b no inciso LXXII do Artigo 5º da Constituição Federal está prevista que o Habeas Data será concedido:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; 
E no mesmo sentido, no Art. 1°- Parágrafo único, da Lei de Nº 9.507/97 que dispõe:
Art. 1º (VETADO)Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações.
Da hipótese de cabimento, importa destacar que assim que dispõe a Constituição Federal Art. 5, XXII a, bem como a segue o Art. 7°, I, da Lei n° 9.507/97. 
Art. 7º- Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativa;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
Outro aspecto fundamental no tocante à legitimidade passiva se refere ao “caráter público” das entidades detentoras dos registros ou bancos de dados. [...] a legitimidade passiva não depende da natureza pública do órgão ou da entidade que detém a informação, mas sim da natureza da própria informação pretendida. Esta, sim, deve ter um caráter público.” (Manual de Direito Constitucional/ Marcelo Novelino. – 8° ed., Método, 2013, p. 579-580).
V - DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO
A Constituição Federal, em seu Artigo 6º, garante a saúde como direito social, e determina ao Estado o dever de fazer cumpri-lo, como versa os artigos 196 e 197:
Art. 196 - CF- A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art.197 – CF- São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Tais direitos sociais, entre eles a Saúde, são de eficácia imediata, conforme disposto no Art. 5°, da Constituição Federal, que exigem uma prestação positiva do Estado para sua efetividade, e o Poder Judiciário, sendo invocado, deve garantir esta aplicação. 
Além disso, o artigo 23, II (ainda da Constituição Federal) determina a competência solidária entre os entes no que diz respeito à saúde, como o demonstrado:
Art. 23- CF-. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
Os dispositivos constitucionais citados demonstram que é direito fundamental do cidadão ter sua saúde preservada, competindo aos entes federativos a obrigação de tomar todas as medidas necessárias para garantir que tal direito seja efetuado.
No mesmo sentido, a Lei n° 8.080/90 (que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde), em seu artigo 5º, III determina:
Art. 5º - São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas.
A referida Lei, ainda em seu artigo 6º, I, d dispõe:
Art. 6º - Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):
I - a execução de ações:
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
Assim, com base nas garantias de nosso ordenamento jurídico, é inegável que o fornecimento de medicamentos necessários a prevenção, recuperação e promoção da saúde são direitos a que a impetrante, enquanto cidadã, faz jus, e que deve ser assegurado pelo Estado. A cidadã, não pode ser punida, pela ineficácia da administração pública ou pela omissão de seus gestores.
 Diante toda a legislação estudada, é claro e límpido o direito da Impetrante. A mesma tem direito ao medicamento, assim como o Poder Público tem o dever de fornecê-lo. 
VI- DO PEDIDO LIMINAR 
Fundamentado nas razões de direito, a natureza do presente instrumento é caracterizado medida de emergência, com a necessidade de antecipação dos efeitos de tutela, a fim de que o transcorrer do tempo, não acabe por resultar na ineficácia da medida. Conforme prevê o Art. 7°, III, da Lei n° 12.016/19.
			Art. 7o - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: 
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. 
a) “Fumus boni juris”
Encontra-se aqui a obrigação do Estado em cumprir sua responsabilidade frente à Constituição Federal e a legislação. O direito líquido e certo da impetrante de receber existe, e sua recusa encontra-se eivada de vício. 
b) “Periculum in mora”
Existe ainda, o receio de que o lapso temporal até a decisão de mérito desta ação, seja ele qual for esse tempo, a impetrante necessita desses medicamentos para questão de sobrevivência, uma vez que o tempo é o seu maior inimigo. Conforme consta nos documentos médicos, ela precisa urgente ter acesso à medicação, para a manutenção de sua saúde e se o mesmo for negado, sua vida pode estar em risco, devido a gravidade de sua doença. E conforme prevê o Art. 300, da Lei n° 13.105/15.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
VII- PEDIDOS
	
	Ante o exposto, e tudo que dos autos constam, requer a impetrante r. juízo, digne-se a determinar:
A) a CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR, nos termos propostos, com fundamento no Art. 7°, III, da LMS, a fim de que seja fornecido desde logo o medicamento necessário a impetrante, expedindo-se notificação à autoridade impetrada, para cumprir integralmente a decisão;
B) a notificação da autoridade, responsável pelo ato denegatório, da ação interposta, para que, no prazo legal, preste as informações que julgar necessárias, nos termos do Art. 9° da Lei 9.507/97;
C) a oitiva do representante do Ministério Público, para oferecer parecer no prazo cabível, conforme o Art. 12 da Lei n° 9.507/97;
D) a prioridade do julgamento, em observância as disposições constantes no Art. 19 da Lei 9.507/97;
E) que ao final, a presente ação seja JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE, determinando que a impetrada preste as informações personalíssimas da impetrante de acordo com a liminar postulada.
Outrossim, a impetrante informa que seja juntados nesta inicial os seguintes documentos: na forma do Art. 6° da LMS:
1- Prontuário Médico da Impetrante;
2- Receita que prescreve o medicamento;
3- Recusas Administrativas;
4- Protocolo de Requerimento junto à Secretaria da Saúde.
VIII - VALOR DA CAUSA
 
	Em atendimentos aos requisitos dos Arts. 291 e 319, V, do Código de Processo Civil (Lei n° 13.105/15), dá-se a esta causa o valor de R$ xxxx (xxxx reais ) para fins de alçada. 
Termos em pede e espera deferimento.
Local, dia, mês e ano.
Advogado____________________________________
 OAB/CE n° _________

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