Buscar

CADERNO TFG (1)

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA NITERÓI - UNIAN 
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
DAVID FARIAS MAGALHÃES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO CULTURAL E RELIGIOSO DE UMBANDA: 
SOL DE ARUANDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NITERÓI 
2019 
 
 
 
DAVID FARIAS MAGALHÃES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO CULTURAL E RELIGIOSO DE UMBANDA: 
SOL DE ARUANDA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso a-
presentado ao curso de Arquitetura e 
Urbanismo da Universidade Anhan-
guera de Niterói requisito parcial à 
obtenção do título de Bacharel em 
Arquitetura e Urbanismo. 
 
Orientador (a): Prof. Luciano Senna 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NITERÓI 
2019 
 
 
 
 
DAVID FARIAS MAGALHÃES 
 
 
 
CENTRO CULTURAL E RELIGIOSO DE UMBANDA: 
SOL DE ARUANDA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso a-
presentado ao curso de Arquitetura e 
Urbanismo da Universidade Anhan-
guera de Niterói requisito parcial à 
obtenção do título de Bacharel em 
Arquitetura e Urbanismo. 
 
 
 
 
Niterói, 06 de Dezembro de 2018. 
 
 
 
 
 
 
___________________________________________ 
Orientador Luciano Senna 
Centro Universitário Anhanguera 
Professor Especialista 
 
 
 
 
__________________________________________ 
. Flavio Faria de Araújo 
 
 
 
 
_________________________________________ 
Thiago dos Santos Rangel 
 
 
 
 
_________________________________________ 
Rafael Carvalho de Souza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho primeira-
mente a Oxalá, meu Deus, cri-
ador de tudo e de todos, escri-
tor da minha caminhada e so-
corro presente nas horas difí-
ceis, а minha mãe Jucinéia, 
meu pai José Valter е аоs 
meus irmãos Danielly e Walter. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço de forma especial a minha mãe Jucinéia e ao meu pai 
José Valter, por não medirem esforços para que eu pudesse levar meus 
estudos adiante. Terem me dado todo apoio nos momentos mais difíceis 
e me ensinarem a ser quem sou hoje, através do respeito e amor para 
com o próximo. A distância é algo difícil para nós, mas a essência que 
nos liga atravessa qualquer barreira. 
 Aos meus irmãos Danielly e Walter Jr, por me apoiarem em todos 
os momentos e retribuírem todo o carinho que tenho por eles e entende-
rem a minha ausência. 
A minha tia Rosineia, por ter assumido o papel da minha mãe e 
não ter deixado me faltar afeto e carinho. Pois mesmo distante da minha 
mãe, me senti perto. 
Sou grato ao meu namorado Thiago, por todo amor e carinho, por 
estar ao meu lado sempre apoiando e incentivando para que eu nunca 
desista dos meus sonhos e alcance meus objetivos. 
Agradeço aos meus amigos, por confiarem em mim e estarem do 
meu lado em todos os momentos da vida. Em especial a Gêneses, Tiago, 
Samira e João, por sempre estarmos juntos na caminhada acadêmica e 
fora dela buscando a troca de conhecimento e amizade. 
Aos meus amigos Wellington e Artur, por assumirem o papel dos 
meus irmãos que estão distantes. Dando-me carinho e apoio nos momen-
tos de altos e baixos, e sempre aconselharem quando faço alguma loucu-
ra. 
Ao Professor Luciano Senna por toda sua atenção, dedicação e es-
forço para que eu pudesse ter confiança e segurança na realização deste 
trabalho. 
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha forma-
ção, o meu muito obrigado. 
E finalmente agradeço a Deus, pela minha vida, a vida dos meus 
pais, familiares e amigos. Por proporcionar estes agradecimentos a todos 
que tornaram minha vida mais afetuosa, além de ter me dado uma família 
maravilhosa, um namorado incrível e amigos sinceros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Ser humano é entender que a 
diversidade leva à unidade, 
que a unidade leva à solidariedade, 
que a solidariedade leva à igualdade, 
que a igualdade leva à liberdade, 
que a liberdade leva à diversidade.” 
 (Georges Bourdoukan) 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente projeto tem como objetivo, buscar uma representatividade a-
través da arquitetura para a religião afro-brasileira Umbanda. Partindo da 
sua perspectiva histórica e social, trazendo relevância para o resgate des-
ta cultura e possibilitando aos usuários se enxergarem neste ambiente e 
buscarem disseminar sua herança cultural, religiosa e social. Através do 
viés de empoderamento e resistências presentes no conceito no projeto. 
A Umbanda é patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro, no entanto 
é vinculada tão e somente as minorias, mas na sua base trata-se de uma 
expressão de cultura popular e de uma religião de raiz brasileira. Com o 
projeto será abordado seu cunho histórico e social através do Centro Cul-
tural, onde serão desenvolvidas atividades que apresentem a religião, a 
cultura afro-brasileira e a história por traz do surgimento da nossa socie-
dade e dessa cultura que dizem ser de “minorias”, com Centro Religioso 
será possível conhecer e desenvolver-se na religião, assim como realiza-
ção de cerimonias para que adeptos e não adeptos possam conhecer e 
desmitificar o que antes tratavam com algo restrito e escondido nas suas 
raízes históricas. Com uma arquitetura de representatividade e resgate 
cultura, procura-se trazer uma estética de reconhecimento através de 
uma imagem, dos indígenas aos africanos e europeus, uma vez que a 
Umbanda é a união de todos estes povos. Por fim o projeto abordara a 
arquitetura como uma ferramenta de empoderamento e inserção social e 
representatividade religioso de uma cultura que sempre viveu as margens 
da sociedade. 
 
 
Palavras-chave: Umbanda, Arquitetura, Cultura, Representatividade, 
Resistência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present project aims to seek representativeness through architecture 
for the Afro-Brazilian Umbanda religion. Starting from its historical and so-
cial perspective, bringing relevance to the rescue of this culture and enabl-
ing users to see themselves in this environment and seek to disseminate 
their cultural, religious and social heritage. Through the empowerment bi-
as and resistances present in the concept in the project. Umbanda is a 
cultural heritage of the city of Rio de Janeiro, where it is so closely linked 
to minorities, but at its base it is an expression of popular culture and a 
religion of Brazilian roots. The project will address its historical and social 
aspects through the Cultural Center, where activities will be developed 
that present the religion, the Afro-Brazilian culture and the history behind 
the emergence of our society and that culture that they claim to be "minori-
ties" with a Religious Center it will be possible to know and develop in reli-
gion, as well as to perform ceremonies so that adepts and non-followers 
can know and demystify what they have previously treated with something 
restricted and hidden in their historical roots. With an architecture of repre-
sentativeness and rescue of culture, it seeks to bring an aesthetic of rec-
ognition through an image, from the natives to the Africans and Euro-
peans, since Umbanda is the union of all these peoples. Finally, the 
project will approach architecture as a tool for empowerment and social 
insertion and religious representation of a culture that has always lived on 
the margins of society. 
 
Keywords: Umbanda, Architecture, Culture, Representativeness, Resis-
tance. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UMBANDA, QUEM ÉS? 
Por Elcy Barbosa 
 
- Quem sou? É difícil determinar. 
Sou a fuga para alguns, a coragem para outros. 
Sou o tambor que ecoa nos terreiros, trazendo o som das selvas e das 
senzalas. 
Sou o cântico que chama ao convívio seres de outros planos. 
Sou a senzala do Preto-velho, a ocara do Bugre, a cerimônia do Pajé, a 
encruzilhada do Exu, o jardim da Ibejada, a ioga do Hindu e o orun dos 
Orixás. 
Sou o café amargo
e o cachimbo do Preto-velho, o charuto do Caboclo e 
do Exu; o cigarro da Pomba-gira e o doce do Ibejê. 
Sou a gargalhada da Rosa caveira, o requebro da Maria Padilha, a serie-
dade do Seu Marabô. 
Sou o sorriso e a meiguice de Maria Conga e de Pai José; a traquinagem 
de Mariazinha, Riso-tinho, Joãozinho e a sabedoria do Caboclo Tupinam-
bá. 
Sou o fluido que se desprende das mãos do médium levando a saúde e a 
paz. 
Sou o isolamento dos orientais, onde o mantra se mistura ao perfume su-
ave do incenso. 
Sou o Templo dos sinceros e o teatro dos atores. 
Sou livre. Não tenho Papas. 
Sou determinada e forte. 
Minhas forças? Elas estão no homem que sofre e que clama por piedade, 
por amor, por caridade. 
Minhas forças estão nas entidades espirituais que me utilizam para seu 
crescimento. 
Estão nos elementos. Na água, na terra, no fogo e no ar; na pemba, na 
cuia, no mandala do ponto riscado. 
Estão finalmente na tua crença, na tua fé, que é o elemento mais impor-
tante na minha alquimia. 
Minhas forças estão em ti, no teu interior, lá no fundo, na última partícula 
da tua mente, onde te ligas ao Criador. 
Quem sou? 
Sou a humildade, mas cresço quando combatida. 
Sou a prece, a magia, o ensinamento milenar, sou cultura. 
Sou o mistério, o segredo, sou o amor e a esperança. Sou a cura. Sou de 
ti. Sou de Deus. 
Sou Umbanda. Só isso. 
Sou Umbanda. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 11 
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ............................................................. 11 
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................. 14 
1.3 DISCRIMINAÇÃO DAS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA ........... 16 
1.4 OBEJETIVO GERAL .......................................................................... 17 
2. ASPECTOS HISTÓRICOS DA UMBANDA ........................................ 18 
2.1 SURGIMENTO DA UMBANDA .......................................................... 18 
2.2 A UMBANDA NO RIO DE JANEIRO .................................................. 22 
3. O TERREIRO E SUA REPRESENTATIVIDADE ................................. 26 
4. ESTUDO DE CASO ............................................................................. 30 
4.1 TUMEO: TEMPLO DE UMBANDA MISSIONÁRIOS ESTRELA DO 
ORIENTE ................................................................................................. 30 
4.2 CENTRO ESPIRITA CASA DE JUREMA ........................................... 32 
5. PERFIL DO USUÁRIO ......................................................................... 34 
6. O CENTRO CULTURAL E RELIGIOSO .............................................. 35 
6.1 ANALISE DO TERRENO ................................................................... 35 
6.1.1 Contextualização ............................................................................. 35 
6.1.2 Características do terreno ............................................................... 38 
6.1.3 Legislação edilícia ........................................................................... 38 
6.1.4 Sistema viário do entorno ................................................................ 39 
6.1.5 Aspectos ambientais e físicos ......................................................... 39 
6.2 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ..................................... 41 
6.3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS .......................................................... 42 
6.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES /PREDIMENSIONAMENTO ....... 50 
6.5 SETORIZAÇÃO .................................................................................. 50 
6.6 FLUXOGRAMA .................................................................................. 51 
6.7 ESTUDO DE MASSAS....................................................................... 52 
6.8 IMPLANTAÇÃO .................................................................................. 53 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 
8. ANEXOS
10 
 
 
 
11 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA 
 
“Vou abrir minha jurema, 
Vou abrir meu juremá, 
Com a licença de Mamãe Oxum 
E nosso Pai Oxalá” 
(Ponto de Umbanda)
1
 
 
Partindo-se dos princípios fundamentais da Constituição da Repú-
blica Federativa do Brasil de 1988, Título II dos direitos e garantias fun-
damentais, Capitulo I dos direitos e deveres fundamentais e coletivos, Art. 
5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a in-
violabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade e termo VI - é inviolável a liberdade de consciência e de 
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garanti-
da, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. 
O projeto trata-se de uma ferramenta de resgate cultural e repre-
sentatividade onde serão desenvolvidos um Centro Cultural e Religioso 
de Umbanda, ambiente integrado entre cultura e religião, onde serão rea-
lizadas exposições sobre a história da religião, cultos, desenvolvimentos 
religiosos e apoios sociais, com a finalidade de disseminação da religião e 
cultura afro-brasileira. 
A umbanda é uma religião de origem brasileira que carrega em su-
as características raízes africana através do culto dos orixás2, dos cantos 
e danças expressivas oriundos das senzalas; indígenas, mediante a paje-
lança e o trabalho com elementos da natureza, com uso ervas para ba-
nhos, defumação e oferendas; europeia, utilizando-se de símbolos católi-
cos como imagens de santos e orações, como nos mostra PRANDI 
(1997): 
 
1
 Ponto de Umbanda cantado para iniciar reuniões 
2
 Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss, a palavra " Orixá" significa a " designação 
genérica das divindades cultuadas pelos iorubas doo Sudoeste da atual Nigéria, 
também de Benin e do Norte do Togo, trazidas para o Brasil pelos negros escravizados 
dessas áreas e aqui incorporadas por outras seitas religiosas[Os mitos dão-os freq. 
como ancestrais divinizados que se transformaram em rios, arvores, pedras e etc. e que 
fazem de intermediários entre os homens e as forças naturais e sobrenaturais.] 
(HOUAISS, 1998) 
12 
 
 
Dessas religiões, a Umbanda tem sido reiteradamente identifi-
cada como sendo a religião brasileira por excelência, pois, 
nascida no Brasil, ela resulta do encontro de tradições africa-
nas, espiritas e católicas. Como religião universal, isto é, dirigi-
da a todos, a Umbanda sempre procurou legitimar-se pelo a-
pagamento de feições herdadas do Candomblé
3
, sua matriz 
negra, especialmente os traços referidos a modelos de compor-
tamento e mentalidade que denotam a origem tribal e depois 
escrava, mantendo, contudo, estas marcas na constituição do 
panteão. Comparado ao do Candomblé, seu processo de inici-
ação é muito mais simples e menos oneroso e seus rituais evi-
tam e dispensam sacrifício de sangue. Os espíritos de caboclos 
e preto-velhos manifestam-se nos corpos dos iniciados durante 
as cerimonias de transe para dançar e, sobretudo orientar e cu-
rar aqueles que procuram por ajuda religiosa para a solução de 
seus males. A Umbanda absorveu do Kardecismo
4
 algo de seu 
apego às virtudes da caridade e do altruísmo, assim fazendo-
se mais ocidental que as demais religiões do espectro afro-
brasileiro, mas nunca completou este processo de ocidentali-
zação, ficando a meio caminho entre ser religião estica preocu-
pada com a orientação moral da conduta, e religião magica, 
voltada para a estrita manipulação do mundo. (PRANDI, 1997, 
p.17) 
 
Através deste projeto procuram-se resgatar a memória de um povo, 
suas raízes culturais e etnológicas. Para isto será desenvolvido um Cen-
tro Cultural a fim de apresentar as origens da Religião, a memória referen-
te à formação cultural de um povo através de danças, cantos, vestes e 
linguagem, uma vez que a Umbanda surgiu com o propósito de unir todas 
as influências da formação social e cultural do Brasil, nela têm-se influên-
cias de povos indígenas, negros e europeus, que são à base da nossa 
sociedade. 
 O Centro Religioso será um espaço para realização dos cultos e 
apresentação da religião a sociedade. Espaço este destinado as celebra-
ções, festividades e apoio educacional. Inserindo-os na cidade do Rio de 
Janeiro - RJ, local que desempenha papel fundamental de resistência e 
reconhecimento da religião. 
Ao ser desenvolvido o projeto buscará integrar a história do local a 
ser inserida, a formação social deste local, a identidade dos usuários, a 
 
3
 O candomblé, entre nós, surgiu primeiramente no Estado da Bahia, originário da 
mistura de rituais praticados pelos escravos que ali aportaram, vindos dos diversos 
países aos quais estavam submetidos e que, ramificando-se através dos estados 
circunvizinhos 
4
 Doutrina religiosa cujos preceitos afirmam ser possível a reencarnação do espírito, 
formulada por Allan Kardec (pseudônimo do escritor francês Hippolyte Léon Denizard 
Rivail) 
13 
 
 
resistência histórica e a reafirmação na sociedade. Para isto será realiza-
do um ambiente de proximidade a áreas históricas que possam auxiliar na 
visibilidade do projeto e facilitar o acesso. Possibilitando visitações e es-
timulando a população a tomar o espaço como seu e enxerga-lo além de 
um templo religioso, mas como um ambiente de integração e convívio so-
cial. 
“Um espaço de diversidade social permite que os cidadãos de-
senvolvam as suas atividades sem medo e o verdadeiro espíri-
to de identidade constrói um grupo mais coeso... ...De modo 
geral, pode se dizer que o "senso de comunidade" de uma so-
ciedade com uma vida pública vigorosa, nasce da união com 
uma ação compartilhada, sentimento compartilhado de ajuda 
coletiva "(R. Sennett, 1974) 
 
A proposta geral do projeto é criar ambientes de convívio social, 
desenvolvimento religioso, resgate cultural e educacional onde as pesso-
as se identifiquem com eles e passam a vê a sua religião como parte fun-
damental da história brasileira e não como algo marginalizado e exclusivo 
das minorias. Um ambiente de interação entre as origens e os usuários. 
O Centro Cultural e Religioso de Umbanda propõe-se como ferra-
menta para se opor a intolerância religiosa e buscar a reafirmação da reli-
gião, utilizando-se da disseminação do conhecimento, do amor, da cari-
dade e principalmente da história em torno da religião, rompendo barrei-
ras em torno da religião a colocando em um patamar que possa modificar 
as relações dos Umbandistas com a sociedade, com os visitantes e cida-
dãos que buscarão compreender a religião de forma respeitosa. 
Partindo da ideia que o Centro de Umbanda, também conhecido 
como “Terreiro” 5, é um local de representatividade, acolhimento e desen-
volvimento espiritual. Ambiente este usado para celebrações, apoios so-
ciais, festividades e preparações religiosas, busca-se através do conceito 
bastante presente de resistência, alia a arquitetura como uma ferramenta 
para desmistificação da religião e empoderamento, resultante da nossa 
multiculturalidade. 
Baseando-se nos princípios da Umbanda onde a relação entre u-
suário e natureza é a base para suas doutrinas, o projeto buscará relacio-
 
5
 É o local onde são realizadas as cerimônias dos cultos aos Orixás e onde são 
atendidos os que ali vão em busca de proteção. 
14 
 
 
nar esta doutrinação de contato extremos com a natureza e direciona-las 
aos parâmetros arquitetônicos, a fim de tornar este ambiente religioso e 
cultural em uma “paisagem cultural”, partindo do conceito de “paisagem 
natural” estabelecido pela UNESCO, onde: 
 “As paisagens culturais são "ilustrativas da evolução da socie-
dade e dos assentamentos humanos ao longo do tempo, sob a 
influência de condicionantes e/ou oportunidades físicas apre-
sentadas pelo seu ambiente natural, e de sucessivas forças 
sociais, econômicas e culturais, tanto externas quanto internas" 
 
Complementando-se por (NASCIMENTO; SCIFONI, 2010): 
“[...] paisagem cultural traz a marca das diferentes temporalida-
des da relação dos grupos sociais com a natureza, aparecen-
do, assim, como produto de uma construção que é social e his-
tórica e que se dá a partir de um suporte material, a natureza. 
A natureza é matéria-prima a partir da qual as sociedades pro-
duzem a sua realidade imediata, através de acréscimos e 
transformações a essa base material” (NASCIMENTO; SCIFO-
NI, 2010, p. 32). 
 
1.2. JUSTIFICATIVA 
 
A elaboração deste projeto justifica-se através do momento em que 
se vive, onde as minorias estão buscando o resgate cultural, o pertenci-
mento e a reafirmação na sociedade, indo à contrapartida ao isolamento, 
segregação e não pertencimento que a sociedade moderna impõe, com o 
propósito de resgatar as interações pessoais, a busca do coletivo e o de-
senvolvimento espiritual, a fim de humanizar a esfera religiosa onde o in-
divíduo se preocupe com a ajuda mutua através da busca pelo bem em 
comum e não como individual, uma vez que o princípio básico da Umban-
da é a caridade. 
A sua complexidade está na desmistificação do preconceito em 
torno das religiões de matriz africana, do culto restrito e do isolamento. 
Uma vez que pouco se sabe sobre a arquitetura presente neste local, pois 
a história os colocou em uma esfera marginalizada e sem estrutura ade-
quada, onde os locais são distantes, fundos de quintais e zonas periféri-
cas. Uma vez desenvolvendo uma modernização e restruturação destes 
locais, serão inseridos em grandes centros urbanos e possibilitará o de-
senvolvimento de uma identidade social para quem o frequenta. 
15 
 
 
Para isto foi escolhido para local de inserção deste projeto o bairro 
de Santo Cristo, localizado na região central da cidade do Rio de Janeiro, 
precisamente na Zona Portuária. A escolha desta localização foi pontuada 
pela importância histórica, cultural e arquitetônica que o bairro representa 
para cidade, por fazer parte Circuito Histórico e Arqueológico da Herança 
Africana, uma vez que estabelece proximidade ao sítio arqueológica Ce-
mitério dos Pretos Novos, Cais do Valongo e da Imperatriz, Pedra do Sal, 
Jardim suspenso do Valongo, Largo do Deposito, Centro Cultural Jose 
Bonifácio e também a Cidade do Samba (local que um grande número de 
adeptos da religião e simpatizantes), ambos os berços de história de cul-
tura afro-brasileira. Na Figura 1 pode-se visualizar a proximidades dos 
pontos do circuito e ligação entre eles. 
Figura 1 - Circuito Histórico e Arqueológico da Herança Africana 
 
Fonte: http://www.rio-turismo.com/mapas/rio-interativo.htm 
 
Outro fato importante é o regaste da memória local, uma vez que o 
bairro representa um marco histórico na chegada dos negros para o Brasil 
e por ter abrigado por muito tempo grandes redutos de cultura negra. 
Devido ao processo de expansão da região conhecida como “Zona 
Portuária”, através de grandes empreendimentos e embelezamento da 
mesma, esta região foi marcada por grandes remoções, expulsões e de-
sapropriações, ocasionando assim um soterramento das raízes históricas 
e da identidade presente na região. 
 
 
 
http://www.rio-turismo.com/mapas/rio-interativo.htm
16 
 
 
1.3. DISCRIMINAÇÃO DAS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA 
 
“Na rotina cotidiana, muitas pessoas enfrentam a discriminação 
baseada na religião ou na crença. Essa discriminação pode se 
manifestar através da limitação do acesso à educação pública, 
serviços de saúde ou publicações/expressões públicas. Nos 
casos extremos, membros das comunidades religiosas podem 
ser sequestrados ou mortos devido à sua religião." 
(Organização das Nações
Unidas, 2009) 
 
 As religiões de matriz africana sofrem discriminação deste o seu 
surgimento, pois as mesmas foram implantadas no Brasil em um cenário 
de repressão. No entanto, nos últimos anos tem sofrido duros ataques de 
diversos setores da sociedade. Destruição de terreiros, expulsão dos lo-
cais onde foram implantadas e violência contra o usuário, tem sido desta-
que em notícia de jornais, revistas e redes sociais. 
 Segundo o CCIR – Comissão de Combate a Intolerância Religiosa 
do estado do Rio de Janeiro, em torno de 70% de 1.014 dos casos de o-
fensas, atos violentos e abusos entre os anos de 2012 e 2015, foram di-
recionados aos praticantes de religiões de matriz africana. (CCIR, 2016) 
Quando se trata das religiões afro-brasileiras, as estatísticas 
sobre os seguidores costumam oferecer números subestima-
dos, o que se deve às circunstâncias históricas nas quais es-
sas religiões surgiram no século XIX, quando o catolicismo era 
a única religião tolerada no País, a religião oficial, e a fonte bá-
sica de legitimidade social. Para se viver no Brasil, mesmo 
sendo escravo, e principalmente depois, sendo negro livre, era 
indispensável, antes de mais nada, ser católico. Por isso, os 
negros que recriaram no Brasil as religiões africanas dos ori-
xás, voduns e inquices se diziam católicos e se comportavam 
como tais. Além dos rituais de seu ancestrais, frequentavam 
também os ritos católicos. Continuaram sendo e se dizendo ca-
tólicos, mesmo com o advento da República, no fim do século 
XIX, quando o catolicismo perdeu a condição de religião oficial 
e deixou de ser a única religião tolerada no país. [...]. Até re-
centemente, essas religiões eram proibidas e, por isso, dura-
mente perseguidas por órgãos oficiais. Continuam a sofrer a-
gressões, hoje menos da polícia e mais de seus rivais pente-
costais, e seguem sob forte preconceito, o mesmo preconceito 
que se volta contra os negros, independentemente de religião. 
Por tudo isso, é muito comum, mesmo atualmente, quando a li-
berdade de escolha religiosa já faz parte da vida brasileira, 
muitos seguidores das religiões afro-brasileiras ainda se decla-
rarem católicos, embora sempre haja uma boa parte que decla-
ra seguir a religião afro-brasileira que de fato professa. Isso faz 
com que as religiões afro-brasileiras apareçam subestimadas 
nos censos oficiais do Brasil, em que o quesito religião só pode 
ser pesquisado de modo superficial. (PRANDI, 2004, p. 224 e 
225) 
 
17 
 
 
 Para Francisco Rivas Neto, sacerdote e fundador da Faculdade de 
Teologia com ênfase em Religiões Afro-Brasileiras (FTU), a intolerância 
contra as religiões de matriz africana está associada ao preconceito con-
tra o escravo, o negro e o africano. “Os afro-brasileiros são discriminados, 
tratados com preconceito, para não dizer demonizados, por sermos de 
uma tradição africana/afrodescendente. Logo, estamos afirmando que o 
racismo é causa fundamental do preconceito ao candomblé e demais reli-
giões afro-brasileiras". 
 
1.4. OBJETIVO GERAL 
 
 O objetivo deste projeto é buscar através da arquitetura uma rela-
ção entre a construção e o resgate da identidade religiosa afro-brasileira, 
onde os indivíduos possam apropriar-se culturalmente do ambiente e os 
vejam representados. Tornando algo que se vive marginalizado, restrito e 
misterioso, como ambiente que se faz presente na formação social e cul-
tural brasileira, e com isso torna-lo visível e acessível, através de um es-
paço arquitetônico diversificado, acolhedor e representativo. Promovendo 
interações entre comunidade e usuários com o espaço urbano, cultural e 
religioso. Desvinculando a imagem de um local de refúgio e resistência, 
assumindo a postura de um ambiente representativo, de resgate cultural e 
convívio social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
2. ASPECTOS HISTÓRICOS DA UMBANDA 
2.1 SURGIMENTO DA UMBANDA 
 
A Umbanda em 15 de novembro de 1908, no Bairro de Neves em 
São Gonçalo-RJ, conforme promulga a lei Federal Lei 12.644 de 17 de 
maio de 2012 e os registros históricos, relatando também que a mesma 
surgiu a partir da junção do Kardecismo, Catolicismo, Culto Indígena e 
Candomblé. Segundo Linhares, sua origem se deu baseadas em alguns 
episódios de manifestação espiritual de Zélio Fernandino de Morares, on-
de aos 17 anos assumia uma postura diferente da sua, de característica 
de um velho e pronunciava falas desconexas. O mesmo foi levado a tra-
tamento médico, mas não foi diagnosticado com nenhum distúrbio, sendo 
direcionando posteriormente a um padre para que fosse realizadas ses-
sões de exorcismo. Ao perceber que nenhuma das sessões houve resul-
tado, foi então que se direcionou a Federação Kardecista de Niterói, onde 
ocorreu a primeira manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas e 
posteriormente o sincretismo da Umbanda (SACARENI, 2003, p.21). A-
baixo na figura 1 temos um registro fotográfico do local onde foi instalada 
esta primeira casa de Umbanda no Brasil. 
Figura 2- Residência de Zélio de Moraes, a primeira sede da Umbanda. 
 
Fonte: https://www.tensp.org/historia 
19 
 
 
Com isso Zélio fundou a primeira casa de Umbanda do Brasil, afim 
apresentar e expandir a religião. Com essa expansão houve o surgimento 
de outras entidades e linhas de Umbanda, devido às influências culturais 
em diferentes regiões do Brasil. Mas nunca distanciando da base principal 
desta religião que é a uma religião humanizada e de contato com os ele-
mentos da natureza, onde se prega a caridade, respeito, amor ao próxi-
mo, solidariedade, disciplina e constante estudo, alinhando estas caracte-
rísticas ao culto, a natureza e seus elementos. 
Segundo alguns relatos, a mistura de sincretismo se deu também 
devido a repressão sofrida pelos negros ao realizarem seus cultos religio-
sos nos seus assentamentos, diante de um quadro de opressão cultural 
os negros começaram a diminuir a qualidade do trabalho e da produção, 
com isto foi imposto que os mesmos poderiam realizar seus cultos religio-
sos e culturais com a condição de inclusão da cultural europeia pregada 
no Brasil através do catolicismo, a partir de então adaptaram os orixás de 
suas origens africanas aos santos que por sua vez possuem origens eu-
ropeias, fazendo com que assim os seus cultos religiosos fossem aceitos 
pelos patrões. 
Por isso vincula-se os 7 principais orixás, como mencionado anteri-
ormente são espíritos da natureza cultuados como divindades, ao sincre-
tismo católico como, na tabela 1 estão o nome e a qual santos são vincu-
lados no catolicismo e na figura 3 suas representações gráficas. 
Tabela1- Orixás e suas representações católicas 
 
Iemanjá 
 
Nossa Senhora da Conceição 
 
Iansã 
 
Santa Barbará 
 
Ogum 
 
São Jorge 
 
Oxalá 
 
Jesus Cristo 
 
Oxóssi 
 
São Sebastião 
 
Oxum 
 
Nossa Senhora Aparecida 
 
Xangô 
 
São Jeronimo 
 
 
 
20 
 
 
Figura 3 – Os 7 Orixás 
 
Fonte: http://reservapedagogica.blogspot.com/2010/02/calendario-liturgico-africano-no-
brasil.html 
 
Estes orixás desempenham um papel fundamental dentro da religi-
ão, pois está ligada a fundamentação básica da mesma que é a natureza. 
Cada orixá representa algum elemento da natureza, saudação, cor, per-
sonalidade, dia da semana e forma de culto dentro das cerimônias, com 
isso descrevem-se caracteristicamente da seguinte forma: Iemanjá – mãe 
do mar e de todos os orixás representa o amparo à maternidade; Iansã – 
senhora dos ventos e tempestades, representa a transformação e o com-
bate ao mal; Ogum – senhor das estradas, representa as batalhas da vi-
da, as guerras e a força do movimento; Oxalá - criado através do ar e das 
primeiras águas, representa o amor, a bondade, a paz e a fé; Oxóssi – rei 
das matas, representa a proteção dos animais, o grande guerreiro e a ali-
ança entre força e bom senso; Oxum - senhora da água doce e das ca-
choeiras, representa o amor, a fertilidade , o ouro e a beleza; Xangô – 
senhor
das pedreiras, representa a justiça, e a lei de causa e efeito. 
 Os Centros de Umbanda sempre são regidos por algum destes ori-
xás, que serão protetores da casa e do médium responsável. Utilizando-
se também das suas características, para darem identidade ao centro, 
através de nomenclatura, cores, formatos e indumentárias. No entanto 
21 
 
 
estas características são muito reclusas, visto que os centros normalmen-
te são em locais de difícil acesso, afastados dos centros urbanos e em 
locais improvisados, sem uma estrutura ou estética especifica da religião 
e cultura. 
 Os centros são desenvolvidos em galpões, barracos, fundo de 
quintais e/ou regiões com características mais rurais. O pouco que se sa-
be é que estes locais de desenvolvimento da religião possuem caracterís-
ticas mais rusticas e de extremo contato com a natureza. Onde os possibi-
lite a realização das celebrações em contato com meio externo e com os 
elementos da natureza em prol dos ideais da religião. 
 As religiões de matriz africana têm crescido em determinadas par-
tes do Brasil, pois ainda existe um preconceito em torno estas religiões, 
por terem vivido toda a sua história em volta de opressão e clandestinida-
de. A Umbanda, tem tido um maior destaque e adquirido novos adeptos 
em todo o Brasil, principalmente em regiões fora do eixo onde surgiu, no-
ta-se através dos dados do Mapa 1, que as regiões Sul e Sudeste são 
onde concentram maior partes dos fiéis umbandistas. 
Mapa 1 – A quantidade de Umbandista por regiões do Brasil 
 
Fonte: IBGE, Censo demográfico 2010 
 
22 
 
 
2.2 A UMBANDA NO RIO DE JANEIRO 
 
Conforme o texto acima, nascido no estado Rio de Janeiro a Um-
banda está presente em diversas cidades do estado e em especial na ci-
dade do Rio de Janeiro, onde se concentra a grande maioria dos Centros 
de Umbanda. A Umbanda desempenhou papel importante na formação 
sociocultural da cidade do Rio de Janeiro, visto que a mesma surgiu em 
um período de resistência e como refúgio para minorias. Como uma cida-
de de rota da escravidão o Rio de Janeiro adquiriu características mar-
cantes na África e uma delas é a religião. De acordo os censos de 2010 
do IBGE em torno de 78.780 pessoas declaram-se umbandista na cidade 
do Rio de Janeiro e no estado em torno de 24% da população se decla-
ram umbandistas, conforme mapa 2 abaixo: 
Mapa 2 – Porcentagem de Umbandistas por estados no Brasil 
 
Fonte: IBGE, Censo 2000 
 
Apesar de ter havido uma queda nos fieis declarados da religião 
entre os anos de 2000 e 2010, o estado do Rio de Janeiro possui uma 
parcela significativa da população adeptos da religião. Déficit ocasionado 
devido à intolerância religiosa frequente com nos últimos anos e o pre-
conceito em torno de religiões de matriz africana. 
O culto desta religião ainda carrega características adquiridas du-
rante o quadro social do seu surgimento, que é ser realizada em locais 
23 
 
 
mais escondidos e sem muita representatividade, devido a repressão que 
sofre até os dias de hoje com a crescente intolerância religiosa. 
Nota-se pelos locais onde os centros se concentram na cidade do 
Rio de Janeiro a maior parte estão localizados na zona norte, local que 
carrega uma grande herança cultural das raízes africanas, citando-se co-
mo exemplo o bairro de Madureira, que é considerado um polo de religi-
ões de matriz africana com inúmeros templos, lojas e festividades. 
Após um mapeamento das religiões de matriz africana em algumas 
regiões do estado do Rio de Janeiro, observou um aspecto importante 
que é a concentração em regiões mais populosas, com baixa infraestrutu-
ra e com aspectos culturais bastante oriundos das raízes africanas, visto 
que os terreiros sem concentram na região norte da cidade do Rio de Ja-
neiro conforme citado acima e na região da Baixada Fluminense, local 
onde estás religiões possuem grande representatividade, resistência e 
vem sofrendo ataques de intolerância religiosa. 
No mapa 3, sinaliza-se a presença de terreiros sem especificação 
da religião e as regiões ondem estão inseridos. 
Mapa 3 - Mapeamento das casas de religiões africanas no Rio de Janeiro 
 
Fonte: PUC-RIO/SEPPIR-PR, 2011 
 
24 
 
 
No mapa 4, nota-se a diferenciação entre a implantação de terrei-
ros, sendo eles de umbanda, candomblé ou híbridos. Tanto na cidade do 
Rio de Janeiro quanto em outros municípios do estado. Concluindo-se 
que a presença de terreiros de umbanda é baixa em relação aos de can-
domblé, uma vez que aproximadamente 25% da população fluminense se 
declaram umbandistas. 
Mapa 4 – Mapeamento das casas de religiões africanas no Rio de Janeiro 
 
Fonte: PUC-RIO/SEPPIR-PR, 2011 
 
Apesar de a religião possuir vários adeptos, a sua presença territo-
rial ainda é pequena. Fazendo-se necessário a expansão destes centros 
de umbanda para mais áreas, a fim de atender uma parte maior de fieis, 
buscando restaurar a importância desta religião na formação social da 
cidade do Rio de Janeiro. Como foi citado e mostrado através dos mapas 
a representatividade das religiões de matriz africana na região norte da 
cidade do Rio de Janeiro. 
25 
 
 
 Outra manifestação de influência da religião na cidade do Rio de 
Janeiro é São Jorge, santo cultuado dentro da umbanda como Ogum e de 
grande representatividade para religião. O dia 23 de abril que representa 
a data comemorativa do santo foi decretado feriado no estado do Rio de 
Janeiro conforme lei nº 5198, de 05 de março de 2008 do Rio de janeiro. 
O reconhecimento como Patrimônio Cultural Carioca, das festas de 
Iemanjá nas praias da cidade do Rio de Janeiro, conforme DECRETO Nº 
35020 de 29 de Dezembro de 2011, onde reitera ser uma festividade de 
tradicional das religiões de matriz africana da cidade e uma forma de ex-
pressão sincrética da cultura afro-brasileira. 
Outro momento importante foi tornar a Umbanda como Patrimônio 
Cultural Imaterial da cidade do Rio de Janeiro em 08 de novembro de 
2016. O reconhecimento veio para auxiliar nas reflexões sobre as religi-
ões de matriz africana e como indicador de políticas públicas de respeito 
a diversidade religiosa. Este reconhecimento elevou a Umbanda a um 
patamar de grande importância, visto que a repressão de intolerância reli-
giosa tem se tomado proporções absurdas na presenta situação social 
uma vez preservada esta religião não se perderá com o tempo e os adep-
tos se sentirão mais seguros em cultuá-la e dissemina-la. Segundo Wa-
shington Fajardo presidente do IRPH “Esta chancela destaca a expressão 
cultural do sincretismo religioso. Os terreiros são referências dentro dos 
bairros cariocas e valorizam a cultural de cada local” 
Cita-se também um momento importantíssimo que está acontecen-
do atualmente que um projeto de lei para tornar Cosme e Damião como 
Patrimônio Cultural Imaterial da cidade do Rio de Janeiro, que possui 
também um papel importante nos festejos da cidade, onde no dia 27 de 
setembro é comemorando pelos adeptos de religião de matriz africana, 
realizando distribuição de doces para as crianças e festas recreativas. 
Portanto, nota-se através de todos meios de preservação da religi-
ão e da cultura afro-brasileira na cidade do Rio de Janeiro, a importância 
desta ramificação cultural para o seu meio social, a fim de resgatar a me-
mória e o espaço dos usuários que se fizeram e fazem presente dentro da 
sociedade carioca e que carregam a base histórica e social da cidade, 
através das suas culturas, construções, religiões e manifestos culturais. 
26 
 
 
3. O TERREIRO E SUA REPRESENTATIVIDADE 
 
 O templo umbandista é um local tido como sagrado para os adep-
tos da religião. Visto que é o lugar onde são realizadas as atividades espi-
rituais, mediados pelos responsáveis pelo centro, através de orientações 
e amparos daqueles que os procuram, servindo com a pratica da carida-
de, que é à base desta religião. 
 Os templos de umbanda
são uma sociedade civil de direito privado, 
com caráter religioso, filosófico, cientifico e caritativo, regido pelas leis dos 
pais e diretrizes próprias estabelecidas pela Federação Brasileira de Um-
banda, que são: 
• Difundir e promover estudos filosóficos e religiosos em diversos ní-
veis, bem como estudar os fenômenos e manifestações espirituais. 
• Difundindo seu estudo teórico, experimental e prático, através da 
palavra e da ação. 
 A umbanda realiza alguns sacramentos semelhantes aos utilizados 
em outras religiões como: batismo, casamento e funeral, no entanto os 
mesmo são realizados por diferentes representantes do centro e de acor-
do com o grau espiritual e iniciação religiosa de cada um. Esses rituais 
seguem diretrizes conforme cada casa e as orientações do pai ou mãe-
de-santo responsável, regidos pelo seu orixá de cabeça e mediante as 
diretrizes estabelecidas pela federação. 
 No entanto em relação à disposição dos ambientes, os tem-
plos são divididos em setores que desempenham papeis fundamentais na 
realização das atividades religiosas. Cada um com sua captação energé-
tica dentro do ritual e de características próprias, estabelecidos para se-
guirem normas e funções dentro das cerimonias e celebrações, sejam 
essas abertas aos públicos ou fechadas. A disposição dos lugares e liga-
ção entre os mesmos, concentrando uma função especifica durante as 
celebrações e se alinharam trazendo energias espirituais para o congá, a 
figura 4 apresenta de forma pratica a disposição dos ambientes. Abaixo 
estão as definições e as finalidades de cada ambiente. 
 
 
27 
 
 
Figura 4 – Exemplo de planta baixa de um terreiro 
 
Fonte: OMOLUBÁ, Babalorixá. Almas e Orixás na Umbanda: Tudo o que você precisa 
saber sobre a religião. Rio de Janeiro: Pallas, 1996. Pág. 94 
 
1 - Tronqueira, local destinados as entidades designadas como Exus6, 
responsáveis pela proteção da casa e abertura dos caminhos para reali-
zação das obrigações religiosas; 
2 - Cruzeiro das Almas: uma cruz com cerca de 2 metros de altura; 
3 - Assistência, local destinado a visitantes, disposto logo na entrada do 
salão principal de frente para o congá e anterior aos médiuns da casa. 
Separados em alguns lugares por setor feminino e masculino, assim com 
a localização dos médiuns7; 
4 - O salão principal, local onde são realizados os rituais e incorporações, 
a fim de canalizar as energias materiais e espirituais para ajudar as pes-
soas que procuram os espíritos; 
 
6
 De uma forma geral, Exu é nome genérico dos espíritos que trabalham na Magia Negra. Assim, 
os Exus ou espíritos diabólicos, são considerados como servos ou escravos dos Orixás, servindo 
de intermediários entre os Orixás Menores é o homem. São essas entidades que se incumbem de 
castigar os filhos da fé quando erram, de vez que aos Orixás não é dado o direito ao castigo e 
tampouco incumbem da prática do mal. 
7
 É aquele que tem o privilégio de ser intermediário entre os espíritos e os seres encarnados. 
Nem todas as pessoas podem ser médiuns, pois que a mediunidade não 124 pode ser 
plenamente desenvolvida em qualquer um. A missão do médium, principalmente em Umbanda, 
é muito delicada e exige capacidade de sacrifício, espírito de caridade, bom comportamento e 
vida pura. (Dicionário da Umbanda, Altair Pinto, 6ª Ed., Editora Eco) 
28 
 
 
4A - Cadeiras para Zeladores em visita o templo; 
5 - O congá / peji, local altamente sagrado onde são direcionados todos 
os sentidos e energias, representados por um altar composto por elemen-
tos esculturais (estatuas), simbólicos e naturais, que desempenham re-
presentatividade diante dos orixás cultuados na casa; 
6 - Altar dos atabaques, local destinado a este instrumento que é utilizado 
para realização das giras8, servindo como base instrumental dos cantos e 
responsável pela atração de energias nas incorporações, importante res-
saltarem que os mesmos só podem ser tocados por pessoas autorizadas, 
visto que outras pessoas podem ocasionar o desequilíbrio da gira e medi-
único da corrente; 
7- Casa das Almas: local semelhante à de um cemitério, destino a acen-
der velas espíritos desencarnados, pedindo auxílios para almas para que 
estes espíritos estejam no caminho da evolução; 
8 - Quarto do zelador, destinado ao descanso e atendimento particular; 
9 - Quarto do Exu da casa, com suas representações e apetrechos. Per-
manentemente fechado; 
10 e 11 - Sanitários públicos; 
12 e 13 - Sanitários médiuns; 
14 - Cozinha; 
15 - Administração; 
16 - Deposito de materiais; 
17 - Creche para filhos de médiuns e assistentes; 
18 - Consultórios médicos e odontológicos; 
19 - Sala de reuniões administrativas e palestras doutrinariam. 
 Na figura 5, detalha-se a importância de cada ambiente e a ligação 
entre os mesmos. Uma vez que o “terreiro” é a harmonização do físico e 
visível com o espiritual e abstrato. Buscando a melhor sintonia a fim de 
desenvolver de forma coesa os preceitos da religião. Dispõe também so-
bre a ocupação dos setores, pessoas e adornos dentro do congá e o seu 
papel durante a celebração. 
 
 
 
8
 Corrente espiritual. Rua. Caminho. (Dicionário da Umbanda, Altair Pinto, 6ª Ed., Editora Eco) 
29 
 
 
Figura 5 - Como funciona o terreiro 
 
Fonte:http://www.wemystic.com.br/artigos/como-funciona-terreiroumbanda-saiba-passo-
a-passo/ 
 
 O terreiro é bem mais que um espaço de trabalho, e vai além do 
plano físico e visível, atua também no plano espiritual e abstrato. O espa-
ço físico compreende os lugares e as coisas, diante da ação do homem. 
O espaço invisível compreende as crenças, o sagrado, o axé. Com isso o 
terreiro trata-se de um espaço físico complementado por elementos, obje-
tos e ritos necessários para o culto dos orixás. 
(...) Não importa o tamanho ou a organização do peji, o que importa é o 
conjunto de objetos que ele guarda e a relação formal que o adepto ou vi-
sitante tem diante dele. O peji antes da impregnação dos elementos mági-
cos vindos dos rituais, é um espaço comum, o destino de lugar sagrado e 
privado é adquirido pelos instrumentos do Axé, através de ervas especiais, 
água lustral, imolação de animais, quando o sangue assume importância 
nos ritos de sacralidade. A colocação dos objetos e sua ordenação, segun-
do montagens específicas, irão representar o Orixá, tornando-se então o 
altar do culto. (LODY, Op Cit, p. 02). 
30 
 
 
4. ESTUDO DE CASO 
4.1 TUMEO: Templo de Umbanda Missionários Estrela do Oriente, Rio de 
Janeiro, RJ 
Figura 5 – Altar do TUMEO 
 
Fonte: Site TUMEO 
 
 O Templo de Umbanda Missionários Estrela do Oriente está locali-
zado no bairro da Penha, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, na Rua 
Tenente Araquém Batista, número 451. Foi construindo através de recur-
sos financeiros próprios da diretora espiritual da casa Jane dos Santos 
Pestana, criando assim uma entidade jurídica. A casa é administrada pe-
los dirigentes: Sergio Coelho de Barros, presidente; Jane dos Santos Pes-
tana, vice-presidente; Jamir Sidney dos Santos, diretor de patrimônio e 
Simone Peixoto Simões, tesoureira. 
Foi criada a partir da reforma de um imóvel adquirido neste ende-
reço, realizada em paralelo com o desenvolvimento da religião e festivi-
dades. Suas sessões são realizadas nos sábados com inicios as 17:00 
horas e as quartas-feiras (duas por mês) com início às 19:00hs. 
31 
 
 
Ao realizarem a reforma foi feio o registro fotográfico do processo 
de construção, onde mostra toda a evolução até ser o que conhecemos 
hoje, podemos notar através das fotos da figura 6. 
Figura 6 – Mosaico de construção do TUMEO 
 
Fonte: Site TUMEO 
 
 O surgimento o TUMEO em termos de espaço físico e arquitetura 
foram através da reforma de um local que antes fora uma residência, 
mantendo seu aspecto residência externamente sem descaracterizá-la
do 
entorno e mantendo assim o que é presente no histórico da religião, “o 
escondido”. A sua parte interna passou por adaptações para que pudesse 
receber as celebrações, mas mesmo assim de forma mais restrita e pouco 
estrutura. Devido ao espaço ser pequenos, poucos compartimentos foi 
construindo e de dimensões que inviabilização a recepção de muitas pes-
soas, restringindo assim a quantidade de frequentadores. 
 
32 
 
 
4.2 Centro Espirita Casa de Jurema 
Figura 7 – Altar do Centro Espirita Casa de Jurema 
 
Fonte: Site do Centro Espirita Casa de Jurema 
 
O Centro Espirita Casa de Jurema foi fundado em 1º de Janeiro de 
1952, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro – RJ, no bairro do Enge-
nho novo, na Rua Porto Alegre, número 15. O mesmo possui caráter jurí-
dico, sociedade civil e apolítica. 
Possui como corpo dirigente da casa: Jorge Washington Sarubbi, pre-
sidente; Carlos Roberto de Araújo, vice-presidente; Cirena de Araújo e 
Rejane Piza, diretora financeira; Mirian Cajaraville, diretora social; Sérgio 
Cajaraville, diretor de patrimônio; Ana Cristina Teixeira Bonecker, diretora 
de secretaria; Maria Fernanda Teixeira Sarubbi e Flávia da Silveira, direto-
ra do GEMZA; Sidney de Moraes Coelho, diretor de comunicação e Lívia 
Baitella, diretora de doutrina. 
O Centro Espirita Casa de Jurema fisicamente foi criado a partir do ze-
ro. Diferente de muitos não passou por um processo de adaptação de al-
gum local já existente. Construído a partir de um grande galpão, no estilo 
de quadra esportiva, onde acontecem suas celebrações e festividades, 
em volta deste galpão possui as construções auxiliares, como administra-
ção, apoio, depósitos entre outros. Uma diferença desta construção para 
a maioria dos “terreiros” implantados na cidade e que o mesmo possui 
semelhanças estruturais a de uma igreja. Externamente por se asseme-
lhar com uma igreja ou até mesmo salão comunitário, dificilmente é reco-
33 
 
 
nhecido por curiosos e leigos como um Centro de Umbanda. Voltando 
assim à estaca zero de viver as escondidas e o menos exposto possível, 
devido a discriminação em volta religião. 
Figura 8 - Mosaico Centro Espirita Casa de Jurema 
 
Fonte: Site do Centro Espirita Casa de Jurema 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
5. PERFIL DO USUÁRIO 
 
 O Centro Cultural e Religioso de Umbanda, não possui um perfil 
especifico de usuários, visto que se trata de uma religião que abrange 
todos os indivíduos sem quaisquer discriminações e procura dentro dos 
seus preceitos acolherem todos sem distinção. Se tratando também de 
um centro cultural, abrange todos os usuários: moradores do bairro, das 
adjacências, frequentadores do Circuito Histórico e Arqueológico da He-
rança Africana, frequentadores da Cidade do Samba, turistas, simpatizan-
tes e qualquer indivíduo que tenha interesse em conhecer a religião e sua 
história. 
 O objetivo do Centro Cultural e Religioso de Umbanda é justamen-
te trazer a comunidade para conhecer e disseminar o conhecimento e he-
rança da cultura afro-brasileira, através da história, das danças, do culto 
aos orixás e do acolhimento que é pregado pela religião. Com isso os u-
suários são todos com interesse de conhecer e desfrutar de uma religião 
de origem brasileira, adquirindo conhecimento para que possa ser disse-
minado e todos que estão abertos desvinculam-se de todo o mistério e 
discriminação em torno desta religião que é imposto desde seu surgimen-
to. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
6. O CENTRO CULTURAL E RELIGIOSO 
6.1 ANÁLISE DO TERRENO 
6.1.1 Contextualização 
 
O terreno está localizado na região metropolitana do estado do Rio 
de Janeiro conforme mapa 5, na cidade do Rio de Janeiro, seguido pelo 
mapa 6, no bairro Santo Cristo, indicado pelo mapa 8, 9 e 10, na zona 
Portuária da cidade do Rio de Janeiro, indicado pelo mapa 7. O terreno 
faz limites com as vias Arlindo Rodrigues, Via B4 a Avenida Rodrigues 
Alves. 
O bairro Santo Cristo surgiu em 1981 com municipalização da regi-
ão, faz parte da I Região Administrativa é limítrofe com os bairros, da 
Gamboa, Centro, Cidade Nova, Caju e Praça da Bandeira. Possui uma 
população em torno de 10mil habitantes, cerca de 3 mil domicílios e uma 
área em torno de 169 hectares, segundo o censo do IBGE (2003). 
Incialmente povoado por portugueses que desembarcavam no cais 
do porto adquiriu características comerciais e residências de sobrados e 
duplex, onde o comercio instalava-se no térreo e as residências no se-
gundo andar. Possuem na sua malha urbana, becos, ruas estreitas, tra-
vessas, ladeiras e escadarias. Marcado também na sua história pelo co-
mercia e tortura de escravos, assim como seus bairros vizinhos. 
Atualmente passa por um processo de modernização, recebendo 
empreendimentos de grande porte e restruturação da sua malha urbana. 
 No interior do bairro passa a linha do VLT que liga a Rodoviário 
Novo Rio como o Aeroporto Santo Dumont, ligação com o Boulevard O-
límpico e a cidade do Samba. Abriga vários núcleos de artes e barracões 
de escolas de samba do grupo de acesso. 
Está região está passando por um processo de restruturação e rea-
firmação cultural para cidade do Rio de Janeiro, uma vez que abriga he-
ranças da cultura afro-brasileira e por esta inserida no Circuito Histórico e 
Arqueológico da Herança Africana, trazendo assim uma maior visibilidade 
para localização e moradores. 
36 
 
 
Mapa 5 - Localização da região metropolitana no estado do Rio de Janeiro 
 
Fonte: Própria 
 
 
Mapa 6 - Localização da cidade do Rio de Janeiro na região metropolitana 
 
Fonte: Própria 
 
 
Mapa 7 - Divisão das regiões administrativas do Rio de Janeiro 
 
Fonte: Própria 
37 
 
 
Mapa 8 - Localização do Bairro da Gamboa 
 
Fonte: Google Maps 
 
Mapa 9 - Localização do terreno no bairro 
 
Fonte: Google Maps 
 
Mapa 10 - Localização do terreno no bairro, vista aproximada 
 
Fonte: Google Maps 
38 
 
 
6.1.2 Características do terreno 
 
 O terreno não possui relevo, trata-se de uma área plana de aterra-
mento, pois faz parte da área aterrada que compõe a zona portuária das 
margens dos morros a porto. O terreno possui fácil acesso pela Avenida 
Rodrigues Alves, Via B4 e Rua Arlindo Rodrigues, possui também uma 
estação de VLT em frente à sua fachada principal. No seu interior possui 
algumas arvores que serão mantidas e pequenas construções que serão 
demolidas. 
 
6.1.3 Legislação edilícia 
 
 O Decreto nº 322 de março de 1976, estabelece que o terreno per-
tencente à Zona Portuária e ao CB-2. No Art. 24 O culto religioso é permi-
tido na Zona Portuária em edificações de uso exclusivo. 
 Na Lei Complementar nº 101 de 23 de novembro de 2009, art. 2º, 
inciso 1º, item II - a valorização da paisagem urbana, do ambiente urbano 
e do patrimônio cultural material e imaterial; inciso 2º, item V – possibilitar 
a recuperação de imóveis com a importância para proteção do patrimônio 
cultural e a criação de circuito histórico-cultural, contemplando a devida 
identificação dos patrimônios materiais e imateriais, passados e presente, 
e capacitação técnica na área de turismo e hotelaria, visando promover o 
circuito; Estabelece também os parâmetros a seguir: 
Taxa de ocupação 70 % - CAB 1 - CAM 2,10 - 1 vaga a cada 50m² de á-
rea útil. 
 Conforme O Decreto n.º 23.226 de 30 de julho de 2003, estabelece 
que o índice de aproveitamento do terreno (IAT) neste setor é de 5,0 e a 
taxa de ocupação 70%. A altura máxima estabelecida pela lei comple-
mentar 101/2009 edificações afastadas das divisas poderão ter altura má-
xima de 90m e 30 pavimentos, edificações não afastadas, altura máxima 
de 15 mentos e 5 pavimentos. 
 O Art. 4° do Decreto n.º 5.281 do Município do Rio de Janeiro, de 
23 de agosto de 1985, determina que “os afastamentos laterais e de fun-
dos mínimos, quando exigidos, bem como os prismas de iluminação e 
39 
 
 
ventilação,
terão, dimensões mínimas de: I – 1,50m (um metro e cinquen-
ta centímetros) para as edificações de até 7,50m (sete metros e cinquenta 
centímetros) de altura. 
 
6.1.4 Sistema viário do entorno 
 
 Conforme mapa 10, as vias que permeiam a localização do terreno 
são: vias arteriais em vermelho - Via Binário do porto, Rua Arlindo Rodri-
gues, Avenida Rodrigues Alves, Rua do Equador e Rua Pereira Reis; se-
guida pelas vias coletoras: Via B4, Rua da Gamboa, Rua Rivadávia, Rua 
Correa, Rua Santo Cristo, Rua Pedro Ernesto, Rua Conselheiro Zacarias, 
Rua do Propósito, Rua da Gamboa e Ladeira Morro da Saúde. A região 
também possui a linha do VLT (veículo leve sobre trilhos) que liga do Ae-
roporto Santos Dumont a Rodoviária Novo Rio, passando pelo centro da 
cidade, Zona Portuária, Aquário e Cidade do Samba, ambos de extrema 
proximidade ao terreno. Passagem para pedestre pela Avenida Rodrigues 
Alves, Boulevard Olímpico e pela Rua Arlindo Rodrigues. 
Mapa 10 - Principais vias no entorno do terreno 
 
Fonte:Google Maps 
 
6.1.5 Aspectos ambientais e físicos 
 
 Os ventos predominantes da região são de duas frequências, su-
deste, presente em todas as estações do ano e relacionada a brisa marí-
tima diurna devido à proximidade com a Baía de Guanabara e, nordeste, 
40 
 
 
relacionada a circulação atmosférica e em partes pela brisa noturna ter-
restre. (De Souza et all, 1996). 
 Em relação a insolação, faz-se necessário o direcionamento da 
fachada principal para o sentido leste, diminuindo a incidência solar no 
interior da construção nos períodos de verão. 
 No mapa 11 e 12, tem-se uma representação gráfica do percorrer 
do sol e a direção dos ventos predominantes em relação ao terreno no 
verão e no inverno. Os horários do sol no verão são: 6hs04min16s nascer 
do sol, 12hs50min54s sol de meio-dia e 19hs37min32s pôr-do-sol. No in-
verno são: 6hs32min24s nascer do sol, 11hs54min33s sol de meio dia e 
17hs16min42s pôr-do-sol. Os ventos predominantes em boa parte do ano 
são ventos de sudeste e também brisa marítima. 
 
Mapas 11 - Condicionantes ambientais verão 
 
Fonte: https://www.suncalc.org/#/-22.8942,-43.1982,16/2018.12.21/11:54/1/0 
 
 
 
 
 
 
 
Ventos de Sudeste 
 
Brisa Marítima 
https://www.suncalc.org/#/-22.8942,-43.1982,16/2018.12.21/11:54/1/0
41 
 
 
Mapas 12 - Condicionantes ambientais inverno 
 
Fonte: https://www.suncalc.org/#/-22.8942,-43.1982,16/2019.06.21/11:54/1/0 
 
6.2 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETONICO 
 
 O conceito e partido adotado será de resistência. Uma vez que o 
projeto se justifica através deste viés, buscando resgatar a memória de 
um povo, cultura e religião. Conforme estabelecido por Foucault, a resis-
tência: 
São lutas que questionam o estatuto do indivíduo: por um 
lado, afirmam o direito de ser diferente e enfatizam tudo a-
quilo que torna os indivíduos verdadeiramente individuais. 
Por outro lado, atacam tudo aquilo que [...] força o indivíduo 
a se voltar para si mesmo e o liga à sua própria identidade 
de um modo coercitivo (FOUCAULT, 1995, p. 235) 
. 
A resistência será apresentada na disposição dos ambientes no terreno, 
onde o centro do projeto, representado pelo salão de cerimonias religio-
sas será abraçado pelos outros ambientes que compõem o centro cultu-
ral, estabelecendo uma relação onde a história protege um fruto da cultu-
ra afro-brasileira, apresentada neste projeto pela Umbanda. 
 Ao relacionar a resistência ao partido arquitetônico, desenvolverá 
na relação entre os materiais que serão utilizados, como: madeira, barro, 
Ventos de Sudeste 
 
Brisa Marítima 
https://www.suncalc.org/#/-22.8942,-43.1982,16/2019.06.21/11:54/1/0
42 
 
 
palha, cerâmica e a forma construtiva taipa e pilão, resgatando assim par-
te da cultura afro-brasileira na execução do projeto. E estabelecendo a 
relação com a natureza que a religião desfruta. 
 
6.3 REFERENCIAS PROJETUAIS 
 
 Baseado no conceito e partidos arquitetônicos onde os mesmos 
estão entrelaçados pela definição de resistência, as referências projetuais 
estabelece a ressignificação deste conceito/partido. Com isso foram sele-
cionados projetos que trazem esse resgate cultural e construtivo, através 
de formas, materiais e funções. A primeira referência apresentada é Salão 
Comunitário da Igreja Rural de Malawi, idealizada pela Architecture for a 
Change, na cidade Chimphamba, Mijinji, Malawi no ano de 2017, possu-
indo 145 m² de construção. A forma como foi projetado o salão principal e 
a sua relação com os outros ambientes e o entorno, traz para o projeto a 
inspiração para o salão principal onde serão realizadas as cerimonias re-
ligiosas, outra inspiração é sua forma construtiva, através da utilização de 
madeira, tijolos cerâmicos e concreto, trazendo uma característica rustica 
e que dá sequência a paisagem do entorno. 
Figura 9 - Vista externa 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
Figura 10 – Vista Interna Salão Figura 11 – Vista Interna Salão 
 
 
Figura 12 – Vista Interna 
 
Figura 13 – Detalhe parede externa Figura 14 – Vista Salão 
 
 
 
 
44 
 
 
Figura 15 – Vista externa 
 
Figura 16 – Planta Baixa Figura 17 – Detalhe Cobertura 
 
 
 O segundo referencial arquitetônico é o Centro Comunitário de El 
Rodeo de Mora, projetado pela Fournier Rojas Arquitectos, com o arquite-
to responsável Álvaro Rojas, está construído na cidade de San José, Cd 
Colón, Costa Rica, o projeto e do ano de 2016 e possui 750m² de cons-
trução. Assim como a primeira referência este projeto também traz inspi-
ração na forma construtiva e a implantação, que estabelece uma conexão 
com o entorno. A forma construtiva é outro ponto que se assemelha com 
anterior e está presente no partido arquitetônico do projeto. Um diferencia 
neste projeto é a sua cobertura que se assemelham a construções de 
bambu e faz um link com a contemporaneidade do projeto através da for-
ma construtiva de sobreposição de camadas e o aproveitamento da venti-
lação e iluminação natural. 
45 
 
 
Figura 17 – Vista Frontal 
 
 
Figura 18 – Vista Lateral Figura 19 – Vista Superior 
 
 
Figura 20 – Vista posterior 
 
 
 
 
 
46 
 
 
Figura 21 – Corte humanizado 
 
 
Figura 22 – Planta de Distribuição 
 
Figura 23 - Implantação 
 
 
47 
 
 
 A terceira referência traz a utilização do bambu na construção da 
cobertura, trata-se da Estrutura Espacial de Bambu para o Anfiteatro ao ar 
livre, está localizada na Rua Marquês de São Vicente, 225 - Gávea, Rio 
de Janeiro - RJ, 22451-000, Brasil, foi projetada pela Bambutec Design no 
ano de 2014 e possui 200m². Este projeto apresenta-se como referencial 
para a cobertura do Centro Cultural e Religioso de Umbanda, onde o 
mesmo estabelece através do seu conceito a resistência, e o bambu a-
presenta nas suas características esta resistência além de se relacionar 
com a presença da cultura indígena presenta na formação cultural desta 
religião. Ao se apresentar como forma construtiva para a cobertura estará 
se referindo a construções indígenas. 
Figura 24 – Vista Externa 
 
Figura 25 – Vista Interna 
 
 
48 
 
 
Figura 26 – Vista Interna 
 
 
Figura 27 – Vista Superior Interna 
 
Figura 28 – Vista Lateral Figura 29 – Vista Frontal 
 
 
 
 
49 
 
 
Figura 30 – Corte Lateral Figura 31 – Vista Superior 
 
Figura 32 - Croqui 
 
 
Figura 33 – Planta detalhamento cobertura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
 
 
6.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES /PRÉ-DIMENSIONAMENTO 
 
 Conforme apresentado como modelo de terreiro, por OMOLUBÁ no 
livro Almas e Orixás na Umbanda: tudo o que você precisa saber sobre a 
religião, em 1996 e com base nas referências projetuais para elaboração 
do projeto foi estabelecido o programa de necessidade apresentado na 
tabela 2. 
 
Tabela 2 – Programa
de Necessidades /Pré-dimensionamento 
 
 
6.5 SETORIZAÇÃO 
 
 O projeto divide-se em setores: administrativo, religioso, cultural, 
social e lazer. Na figura 34 apresentam-se os compartimentos de cada 
setor. 
 
 
 
 
51 
 
 
6.6 FLUXOGRAMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recepção 
Direção Sala Funci 
Secretária 
Depósito 
Sala reun 
Recepção 
Sanit Func 
Copa Func 
Setor Relig 
Sala Expo 
Salão 
Quarto Exu 
Tronqueira 
Casa das 
Almas 
 
Cruzeiro das 
 Almas 
Assistência 
Congá 
Sanitários 
Quarto 
Zelador 
Anfiteatro 
Sala Pasl 
Sala Dança 
Sala Estudo 
Biblioteca 
Sala Mídias 
Sala 
Artesanato 
Sala Música 
Setor Cultural 
Setor Social 
Lanchonetes Área de 
Convivência 
Cozinha 
 Social 
Consultórios Sanitários 
publico 
Sala de 
Palestra 
52 
 
 
6.7 ESTUDO DE MASSAS 
 
 Para elaboração do projeto foi utilizado com ponto de partida a 
forma circular, afim de trazer o sentido de “centro” algo comum em cape-
las, centros de convivência, onde o seu eixo central é o destaque da 
construção. Com isto foram realizadas subtrações conforme os estudos 2 
e 3 demonstram, buscando separar de modo que não perca o princípio da 
forma circular, separando assim as faces externas em dois anéis que se-
rão direcionadas os setores de apoio, administração e ao centro cultural. 
No meio foi deixado uma grande forma circular com o propósito torna-la 
em uma grande tenda de celebração da religião e festividades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
 
6.8 IMPLANTAÇÃO 
 
 
54 
 
 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BIRMAN, Patrícia. O que é Umbanda. São Paulo: Brasiliense, SP.1985. 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do 
Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. 
 
CRIOLA, A violência contra religiões de matriz africana. Rio de Janei-
ro, 2017. Disponível em: https://criola.org.br/a-violencia-contra-religioes-
de-matriz-africana/ 
 
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE UMBANDA. http://www.fbu.com.br/fbu.htm 
 
HAAG, Carlos. A força social da Umbanda, revista digital FAPESP, 
ED.188, São Paulo, SP. 2011. 
 
HONAISER, Fernando Alves. Terreiros: memórias e representações no 
espaço sagrado. Maceió, AL. 2006. 200 p. 
 
JARDIM, Tatiana. Umbanda: História cultura e resistência. Universidade 
Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, RJ. 2017. 112 p. 
 
MACHADO, Sandra Maria Chaves. Umbanda: reencantamento na pós-
modernidade? Goiânia, GO. 2003. 133 p. 
 
OLIVEIRA, Ilzver de Matos; Cittadino, Gisele Guimarães. Calem os tam-
bores e parem as palmas: repressão às religiões de matriz africana e a 
percepção social dos seus adeptos sobre o sistema de justiça em Sergi-
pe. Rio de Janeiro, 2014. 239p. Tese de Doutorado - Departamento de 
Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 
 
OMOLUBÁ, Babalorixá. Almas e Orixás na Umbanda: Tudo o que você 
precisa saber sobre a religião. Rio de Janeiro: Pallas, 1996. 
 
PERY, Iassan Ayporê, Umbanda - mitos e realidades. 
 
PINHEIRO, Robson. Tambores de Angola. 3ª edição. Contagem, MG: 
Casa dos Espíritos, 2015. 
 
PINTO, Altair. Dicionário da Umbanda: pequeno vocabulário da língua 
yorubá. 6ª Edição. Editora Eco. Rio de Janeiro 
 
PRANDI, Reginaldo. Referências sociais das religiões afro-brasileiras. 
In.: CAROSO, Bacelar e BACELAR, Jéferson (org.). Faces da tradição 
afro-brasileira: religiosidade, sincretismo, anti-sincretismo, reafricaniza-
ção, práticas terapêuticas, etnobotânica e comida. Rio de Janei-
ro/Salvador, RJ/BA: Pallas/CEAO, 1999. 
 
https://criola.org.br/a-violencia-contra-religioes-de-matriz-africana/
https://criola.org.br/a-violencia-contra-religioes-de-matriz-africana/
http://www.fbu.com.br/fbu.htm
55 
 
 
PUFF, Jefferson. Por que as religiões de matriz africana são o princi-
pal alvo de intolerância no Brasil? Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: 
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160120_intolerancia_rel
igioes_africanas_jp_rm 
 
SILVA, Carolina Gavioli e Maria de Oliveira B. Costa. Quem vem lá, Do-
cumentário. Juiz de Fora, MG. 2013. 
 
SILVA, Eliane Anselmo da, “Da mesa ao terreiro” origem, formação e 
estrutura do campo religioso afro-brasileiro da cidade de Areia Bran-
ca – RN. Recife, PE. 2005. 
 
RODRIGUES, Maria Luiza de Barros. O contexto urbano e o terreiro de 
Umbanda: estudo sócio espacial na Fraternidade Tabajara. Espirito San-
to, ES. 2016. 155 p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160120_intolerancia_religioes_africanas_jp_rm
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160120_intolerancia_religioes_africanas_jp_rm
56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?