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Principais patologias na infância Profa. Priscilla Sete de C. Onofre Principais doenças exantemáticas da infância Pele e suas funções: – Proteção contra o ambiente externo; – Barreira mecânica e química; – Termorregulação – Excreção de água e eletrólitos – Síntese de vitamina D – Detecção de estímulos sensoriais Tipos de exantemas Máculas: lesões planas não palpáveis Pápulas: lesões pequenas perceptíveis ao tato Vesículas: lesões pequenas com conteúdo líquido Bolhas: vesículas maiores Pústulas lesões com conteúdo purulento Placas: lesões planas, elevadas e às vezes purulentas Púrpuras: lesões com extravasamento de sangue – petéquias são as pequenas e equimoses as grandes. Dermatite seborréica Doença da pele e couro cabeludo que pode surgir no bebê logo após o nascimento mas tende a desaparecer até os 6 meses. Causada pelo fungo Pityrosporum ovale Sintomas: vermelhidão e escamas no couro cabeludo, face e dobras. Tratamento: remoção das crostas, uso de sabonete neutro e hidratação da pele. Pediculose Doença contagiosa parasitária causada pelo Pediculus humanis. Sintoma: Causa prurido intenso no couro cabeludo. Tratamento: remoção dos mosquitos e lêndeas, higiene e prevenção da família Brotoeja - Miliária Milium sebacium Causada pela dificuldade da eliminação do suor provocar obstrução parcial dos ductos sudoríparos. Sintomas e diagnósticos: pequenas lesões vesiculares avermelhadas sobre a pele, mais frequentes na região cervical e tronco. Cuidados de enfermagem: manter a pele limpa e seca Higiene corporal Banhos mornos sem sabonete Vestir a criança com roupas leves Dermatite atópica Doença de pele crônica Mais frequente em crianças com predisposição ao ressecamento da pele, aparecimento de outras alergias e maior sensibilidade às picadas de insetos. Sintomas: lesões avermelhadas, descamativas e pruriginosas Escabiose - sarna Doença contagiosa parasitária causada pelo ácaro Sarcoptes. O parasita escava túneis sob a pele onde a fêmea deposita ovos que eclodirão entre 7 e 10 dias. Sinais e sintomas: lesão típica com pequeno trajeto linear pouco elevado ligeiramente avermelhado Tratamento: Até 6 anos: óxido de enxofre tópico Escolares: tetmozol tópico Diarreia na infância No Brasil corresponde a quase 1/3 da mortalidade infantil – com grandes variações regionais. Ocupam terceiro lugar entre as causas de mortalidade entre crianças de 1 a 4 anos. Doenças diarreicas são umas das principais causas de morbidade e mortalidade infantil nas Américas. Nordeste: uma das principais causas de morte entre menores de 1 ano; Sudeste: 6% dos óbitos; Responsáveis pela redução da morbimortalidade: Programa de controle da doença diarreica - uso da TRO; alimentação adequada para idade e uso criterioso de medicamentos Tipo de Diarreia: 1- Diarreia aguda: Patologia caracterizada pela perda anormal de água e eletrólitos por via intestinal, decorrentes do rompimento do equilíbrio das funções fisiológicas do tubo digestivo (digestão, absorção e secreção), que resulta no aumento do volume e da freqüência das evacuações e diminuição da consistência das fezes, apresentando algumas vezes muco e sangue. Provocada por agente infeccioso e dura menos de 2 semanas e pode ser acompanhada por vômito e febre. Fatores de risco para morbimortalidade por diarreia: Nível sócio econômico - Amamentação: crianças desmamadas risco 14,2 vezes Água, saneamento e higiene doméstica e pessoal, Baixo peso ao nascer - crianças nascidas com o peso inferior a 2500g tem 2 vezes mais risco nos primeiros 6 meses. Estado nutricional: incidência maior em desnutridos Agentes causadores: Vírus: mais frequentes, rotavírus, adenovírus entérico, astrovírus, calicivírus, Norwalk vírus. Bactérias: Escherichia coli, Shigellae sp, Salmonellae sp, Campylobacter jejuni, Aeromonas hydrophila, Vibrio cholerae. Protozoários: Giardia Lamblia, Cryptosporidium sp, Entamoeba sp. O tratamento tem como objetivos: Prevenção da desidratação para os casos de diarreia sem desidratação; Correção da desidratação, quando presente; Manutenção da alimentação adequada para a idade; Orientação às mães quanto a evolução do episódio atual e prevenção de novos episódios; Durante os episódios de diarreia a criança deve continuar recebendo o leite materno. Leite de vaca: manter a ingestão em volume menor e maior frequência. Orientações de Enfermagem: • Estimular a ingestão de líquidos durante o processo diarreico. • Dieta com alimentos de fácil digestão e absorção. • O volume da refeição pode ser diminuído aumentando a gordura da dieta. • A adição de gorduras de mais fácil digestão A aceitação, pela criança, do tratamento dietético é, muitas vezes, difícil em função da anorexia. Manter sempre que possível os alimentos habituais da família. Frutas sob forma de sucos ou papas, ricas em fibras hidrossolúveis que retardam o trânsito intestinal (maçã, pera, goiaba). A escolha do alimento, modo de preparo e número de refeições depende da idade, história alimentar pregressa e do estado fisiológico da criança. Outros alimentos: estimular a utilização daqueles de maior digestibilidade. Com a alimentação ocorre aumento no número de evacuações. O melhor controle da doença é pela medida do peso. Contraindicado o uso de medicamentos: antiespasmódicos, adsorventes e antissecretores, que podem complicar a evolução da diarreia. Os antimicrobianos estão restritos aos casos com disseminação do processo infeccioso, ao período neonatal e imunodeprimidos, além da recomendação para os casos de: o diarreia com sangue e suspeita de Shigella sp. o Amebíase intestinal aguda o Giardíase aguda 2- Diarreia Persistente: Cerca de 10% das agudas, duram mais de 14 dias e dessa forma se tornam diarreias persistentes. Síndromes de má-absorção que cursam com diarreia crônica podem, inicialmente, serem confundidas com a diarreia persistente. A suspensão ou restrição da dieta durante a diarreia é um fator que contribui para agravar o estado nutricional da criança – mau prognóstico. Medicamentos que atuam diminuindo o peristaltismo ou o uso abusivo de antibióticos pode favorecer a proliferação de patógenos na porção proximal do intestino delgado. Tratamento: • Continuação do tratamento da diarreia aguda, redobrar os cuidados com a criança (retornos frequentes no serviço de saúde ou visitas domiciliares). • Parâmetros para avaliar a criança: estado geral de hidratação e evolução do peso. • Se em bom estado geral e ganhando ou mantendo peso = tratar a criança no domicílio mantendo a alimentação habitual para a idade. • Se sinais de desidratação: TRO em serviço de saúde, por risco maior de apresentarem distúrbios eletrolíticos ou requerem hidratação EV. • Criança desnutrida ou em situação de risco: informações sobre o tipo e a quantidade dos alimentos ingeridos, o número e o aspecto das evacuações e intercorrências como vômito e febre. • Os pais poderão ser excelentes informantes desde que bem orientados (anotar horário e tipo de dieta e evacuações). • Tratamento essencialmente dietético, manter estado nutricional e hidratação. 3- Diarreia Crônica Diarreia que ocorre por um período superior a 3 ou 4 semanas. Estão relacionadas a doenças crônicas do TGI (como doenças inflamatórias do intestino) ou intolerância persistente a algum alimento em específico. Ou ainda: da falta de lactase - fermento intestinal básico para bem digerirmos o leite, falta da insuficiência de suco pancreático com consequente má-absorção de gorduras, que passam a atuar como laxantes. Tratamento da diarreia crônica: O tratamento da diarreia crônica é determinado por sua causa. Assistência de enfermagem: • Educação da mãe para a saúde:• A mãe precisa conhecer informações a respeito da doença do filho afim de prevenir novos episódios e evitar disseminação; • Tem de reconhecer os sinais que demandam o seu retorno imediato ao serviço: a criança não consegue beber ou mamar, piora do estado geral infantil, aparecimento ou piora da febre e sangue nas fezes. • Considerar os conhecimentos maternos e sua realidade de vida é essencial. • Estimular o aleitamento materno; • Imunizações; • Saneamento básico; • Práticas adequadas de higiene pessoal: higiene das mãos, troca de fraldas para prevenção de dermatite (troca logo após a evacuação) – cuidados com a dermatite ou a pele hiperemiada. • Educação de crianças para a saúde; • Práticas adequadas de preparo e conservação de alimentos; Desidratação Infantil Conceito de Desidratação: Distúrbio - Perda de líquidos corporais e eletrólitos causado por uma eliminação total de líquido que ultrapassa a ingestão total. RESULTA DE DOENÇAS QUE PROVOCAM PERDAS como a Diarreia AGUDA– (CAUSA PRINCIPAL EM PAÍSES DE TERCEIRO MUNDO). OUTRAS CAUSAS: FALTA DE INGESTÃO ORAL, PERDAS ANORMAIS, QUEIMADURAS EXTENSAS, POUCA IDADE, DESNUTRIÇÃO, CLIMA QUENTE, HABITAÇÃO DESFAVORÁVEL E FALTA DE HIGIENE. Tipos de Desidratação: • Isotônica: quando há perda da mesma proporção de água e íons – a mais comum principalmente na diarreia aguda. • Hipertônica: quando há perda de mais de água do que íons – tipo raro. • Hipotônica: quando há perda de mais de íons que água – comum em desnutridos e diarreia prolongada. Alterações Fisiopatológicas na Desidratação: As principais alterações ocorrem devido a redução do volume extracelular, são elas: queda de PA, diminuição do fluxo plasmático nos rins (redução do volume urinário e concentração da urina). A tabela abaixo resume a classificação dos principais sinais clínicos do grau de desidratação: Sinais Clínicos Leve Moderada Desidratação grave Aspecto geral da criança Alerta Irritada com sede Deprimida/ comatosa Circulação - perfusão <3s 3 a 10 s Maior que 10s Pulso Normal ou aumentado aumentado Impalpável ou muito aumentado Elasticidade da pele normal diminuída Muito diminuída Olhos normais Ligeiramente fundos Fundos Fontanela plana pouco deprimida Deprimida PA Normal Normal ou diminuída diminuída Mucosa Úmidas ou pouco secas seca Muito ressecadas Débito urinário Normal ou pouco reduzido Oligúria (muito reduzido) Anúria (ausente) Tratamento da Desidratação: Desidratação leve: oferecer terapia de reidratação oral (TRO) Acompanhamento domiciliar Desidratação Moderada: oferecer terapia de reidratação oral (TRO) e observar por algumas horas até observar melhora. Se não apresentar melhora indicar a hospitalização Avaliação da melhora - duas micções espontâneas em grande quantidade. Desidratação Grave: Hidratação endovenosa Manter criança hospitalizada até estabilização do quadro. O enfermeiro deverá adotar medidas importantes e rápidas, pois se trata de uma criança grave. Deverá intervir no monitoramento contínuo das verificações de PA, FC, FR assim como a tempeatura corporal. Deverá controlar nível de consciência, perfusão periférica e controle hídrico e manter acesso venoso periférico de grosso calibre pérvio Esta criança necessita de monitorização cardíaca e de oximetria. Avaliação Clínica da Desidratação Grave: Fase rápida de hidratação: Observar a presença de urina, devendo ser clara e abundante. Assim como melhora do nível de consciência (caso a criança esteja inconsciente) A fase de manutenção da hidratação venosa somente deverá ser adotada depois de que a criança apresentar duas micções espontâneas e claras. Terapia de Reidratação Oral - TRO Papel importante na redução da mortalidade por diarreia, devido a sua eficácia, segurança, baixo custo e de fácil aplicação. Método de administração de uma solução de composição / concentração / osmolaridade estabelecidas; para prevenção e tratamento da desidratação. Princípios: repor no menor tempo possível o volume de líquidos e eletrólitos perdidos; não interromper o aleitamento materno, oferecer alimentos conforme aceitação da criança tão logo esteja reidratada, manter o estado de hidratação Orientações quanto ao preparo: • Sal reidratante (industrializado) guardados em envelopes de alumínio, para garantir a estabilidade, deve ser dissolvido em 1litro de água filtrada ou fervida em temperatura ambiente e mantida por 24 horas. (Distribuição nas Unidades Básicas de Saúde) • Soro caseiro: • 1 litro de água filtrada, fervida ou mineral engarrafada • 1 colher de sopa bem cheia de açúcar ou 2 colheres rasas de açúcar (20 g) • 1 colher de café de sal (3,5 g) • + ½ colher de chá de bicarbonato de sódio (se disponível) Com a colher específica – colher medida: Quantidade de TRO que deverá ser oferecida a criança: Quando a criança se encontra REIDRATADA PORÉM CONTINUA COM diarreia: oferecer 400 a 500 ml POR DIA Criança com Diarreia porém SEM DESIDRATAÇÃO, oferecer: -50 A 100 ml (ATÉ 01 ANO) A CADA EVACUAÇÃO -100 A 200ml (MAIS DE 01 ANO) A CADA EVACUAÇÃO. Orientações gerais: Vômitos: são comuns durante a TRO. Neste caso, deve-se realizar um pausa de 10 a 15 min e reiniciar a terapia mais lentamente. Se persistir, iniciar hidratação EV Febre: realizar controle da temperatura e aplicar compressas. A febre aumenta a sede e deve ceder durante a TRO. ATB: só devem ser usados em casos de diarreias infecciosas graves, nos quadros que não melhoram com reidratação, em crianças com baixa imunidade e com focos de infecção. Atuação de Enfermagem: • Incentivar a vacinação infantil • Incentivar o aleitamento materno • Saneamento básico e condições de vida da população • Programas educativos • Conhecer, orientar e combater as fontes de contágio e impedir a transmissão de agentes enteropatogênicos.
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