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doc_1389344_14-06-2020_20h19

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FACULDADE SANTA MARIA DA GLORIA
GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM
ana caroline tavares terezan
Zoonoses e Vetores
MARINGÁ
2020
ana caroline tavares terezan
Zoonoses e Vetores
Zoonoses e Vetores apresentado ao curso
de enfermagem, na matéria de saúde ambi-
ental.
Professor(a): Vanessa Julia Pupulin
Disciplina: Saúde Ambiental
MARINGÁ
2020
Sumário
1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1 Vigilância Rotineiramente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.1 Vigilância ativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 O que as equipes da zoonose fazem. . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4 Como a zoonose atua na Cidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.5 Centro de Controle de Zoonoses Vetores e Pragas Urbanas . . . 10
2 Doenças transmitidas por Pombos, Morcegos. . . . . . . . . . . . 12
2.1 Doenças causadas por pombos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2 Medidas de proteção e controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3 Morcegos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.4 Como evitar as doenças transmitidas por morcegos . . . . . . . 14
3 Taxoplasmose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.1 Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.2 Sintomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.3 Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.4 Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Vigilância da toxoplasmose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.5 Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.6 Prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.7 Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.8 Relato de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4 Doenças transmitidas por Baratas e Ratos . . . . . . . . . . . . . 21
4.1 Baratas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.2 Doenças causadas por Ratos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5 Leptospirose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5.1 Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5.2 Sintomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5.3 Diagnostico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5.4 Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5.5 Prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5.6 Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5.7 Relatos de Casos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
6 Doenças transmitidas por Pulgas e Carrapatos . . . . . . . . . . . 29
6.1 Doença transmitida por Carrapatos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
6.2 Doenças transmitidas por pulgas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
6.3 Prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
7 Tifo Murino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
7.1 Coceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
7.2 Tifo epidêmico ou exantemático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
7.3 Tifo endêmico ou murino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
7.4 Diagnostico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
7.5 Prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
7.6 Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
7.7 Sintomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
7.8 Caso Clinico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
8 Aranhas e escorpião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
8.1 Três gêneros de aranhas consideradas de importância médica
no Brasil: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
8.2 Como prevenir acidentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
8.3 Sintomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
8.4 Relato de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
9 Escorpião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
9.1 Principais espécies causadoras de acidentes . . . . . . . . . . . . 39
9.2 Relato de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
10 Comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) . . . . . . . 42
11 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
12 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4
1 Introdução
A execução das ações, das atividades e das estratégias de vigilância, prevenção
e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública, além de raiva e leishmani-
oses, estende-se para outras doenças de transmissão vetorial. Assim, tais doenças
subdividem-se em três grupos, sendo: zoonoses monitoradas por programas nacionais
de vigilância e controle do Ministério da Saúde (MS), zoonoses de relevância regional
ou local e zoonoses emergentes, ou emergentes. As zoonoses monitoradas por progra-
mas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde são: peste, leptospirose,
febre maculosa brasileira, hantavirose, doença de Chagas, febre-amarela, febre d e
chikungunya e febre do Nilo Ocidental. Outras doenças de transmissão vetorial que
acometem somente a espécie humana, como dengue e malária, também podem ser
parte integrante das atribuições da área de vigilância de zoonoses. As zoonoses de
relevância regional ou local, ou seja, que apresentam incidência e prevalência numa
determinada área do território brasileiro, mas de magnitude, transcendência, severi-
dade, gravidade, vulnerabilidade e potencial de disseminação também somente ao nível
regional ou local, são: toxoplasmose, esporotricose, ancilostomíase, toxocaríase (larva
migrans cutânea e visceral), histoplasmose, criptococose, complexa equinococose –
hidatidose, entre outras. As zoonoses emergentes ou emergentes são, respectivamente,
doenças novas (exóticas) e aquelas que reaparecem após período de declínio signifi-
cativo ou com risco de aumento em breve, promovendo significativo impacto sobre o
ser humano, devido à sua gravidade e à potencialidade de deixar sequelas e morte.
Tais doenças podem ser incidentes ou prevalentes em outros países, e de alguma
forma, envolvem uma ou mais espécies de animais no seu ciclo de transmissão, sendo
introduzidas no Brasil por meio da entrada de pessoa(s), animal(is) ou de fômite(s)
infectados. Para qualquer grupo de zoonoses, as ações, as atividades e as estratégias
de vigilância, prevenção e controle de zoonoses executadas pela área de vigilância de
zoonoses se pautam em atuar e intervir, direta ou indiretamente, sobre as populações
de animais alvo, de modo a refletir em benefício direto (quanto à redução ou eliminação,
quando possível, do risco iminente de transmissão de zoonose) à saúde da população
humana. Assim, toda ação, atividade e estratégia de vigilância, prevenção e controle
de zoonoses de relevância para a saúde pública, desenvolvidas e executadas pela
área de vigilância de zoonoses, devem ser precedidas por levantamento do contexto de
impacto na saúde pública, por meio de avaliação da magnitude, da transcendência, do
potencial de disseminação, da gravidade, da severidade e da vulnerabilidade referentes
ao processo epidemiológico de instalação, transmissão e manutenção de zoonoses,
considerando a população exposta, a espécie animal envolvida, a área afetada (alvo),
em tempo determinado.
Capítulo 1. Introdução 5
1.1 Vigilância Rotineiramente.
A área de vigilância de zoonoses deve desenvolver e executar ações,atividades
e estratégias de vigilância de zoonoses e, dependendo do contexto epidemiológico,
também de prevenção, em seu território de atuação. Essas atividades são organizadas
e executadas da seguinte forma:
1.1.1 Vigilância ativa
• Zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle
do Ministério da Saúde: as ações caracterizam-se por serem executadas de forma
permanente interessar-se subsidiar os programas de controle existentes. Para o de-
senvolvimento e a execução das ações de vigilância ativa, devem-se seguir as normas
técnicas vigentes dos programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da
Saúde.
• Zoonoses de relevância regional ou local; zoonoses emergentes e reemer-
gentes: caracteriza-se pelo desenvolvimento e pela execução sistemática de medidas
que visem identificar, oportuna e precocemente, o risco real (iminente) de introdução
ou a introdução/ reintrodução de uma zoonose, ou, ainda, a manutenção do ciclo de
transmissão de uma zoonose prevalente na área em questão, a fim de que a área de
vigilância de zoonoses local possa intervir com ações de controle.
As ações desenvolvidas nesta etapa, que também se aplicam às ações de
vigilância ativa relacionadas às zoonoses monitoradas por programas nacionais de
vigilância e controle do Ministério da Saúde, consistem em:
a) Articulação sistemática, com a área de vigilância epidemiológica local, para
atualização quanto à ocorrência de casos humanos, sejam prevalentes ou inciden-
tes, sejam no território de atuação ou em áreas circunvizinhas, bem como de outras
informações pertinentes.
b)Monitoramento constante e sistemático das populações de animais do território
de atuação. c) Estruturação da rotina de identificação de informações geradas pela
mídia sobre a incidência e a prevalência de zoonose na área alvo.
d)Articulação sistemática com serviços e instituições públicas e privadas que, de
alguma forma, trabalham com animais ou amostras biológicas de animais, tais como:
consultórios, clínicas e hospitais veterinários, pet shops, órgãos ambientais, órgãos da
agricultura, órgãos e entidades de proteção animal, laboratórios, universidades, entre
outros, de modo que se identifique oportuna e precocemente a introdução de uma
zoonose em uma determinada área ou seu risco iminente.
e) Desenvolvimento de inquéritos epidemiológicos que envolvam determinadas
populações de animais.
Capítulo 1. Introdução 6
Vigilância passiva Caracteriza-se por viabilizar meios para a identificação
oportuna e precoce de uma situação de risco real (iminente) relacionada a zoonoses ou
de ocorrência de zoonoses na área em questão, possibilitando que a área de vigilância
de zoonoses local possa intervir com ações de controle. Esses meios são:
Disponibilidade de avaliação e recepção de um animal de relevância para
a saúde pública, oportunizando o acesso da população e de instituições públicas
e privadas para entrega desses animais. Esse procedimento só é possível quando
o município ou a região possui uma Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ). O
município que não possuir uma UVZ não tem a atribuição de viabilizar esse serviço.
Canal de comunicação com a população para informações sobre animais de
relevância para a saúde pública, bem como para que a população notifique a área de
vigilância de zoonoses, quando diante de um animal suspeito de zoonose de relevância
para a saúde pública. Os canais de comunicação podem ser viabilizados por números
de telefones e de correios eletrônicos. É, também, por meio deste canal que se originam
as atividades de Inspeção Zoossanitária
• Integração e articulação com serviços e instituições públicos e privados que, de
alguma forma, trabalham com animais ou amostras de animais, tais como: consultórios,
clínicas e hospitais veterinários, pet shops, órgãos ambientais, órgãos da agricultura,
órgãos e entidades de proteção animal, laboratórios, universidades, entre outros, de
modo que se sensibilize, incentive e oriente esses serviços e instituições a notificar a
área de vigilância de zoonoses quando diante de um animal suspeito de zoonose de
relevância para a saúde pública.
1.2 Prevenção .
As ações de prevenção de zoonoses caracterizam-se por serem executadas de
forma temporária ou permanente, dependendo do contexto epidemiológico, por meio de
ações, atividades e estratégias de educação em saúde, manejo ambiental e vacinação
animal: • Educação em saúde: devem-se desenvolver atividades de educação em
saúde na comunidade como um todo, visando à prevenção de zoonoses. É necessário
priorizar as localidades mais vulneráveis, atuando em escolas e outros locais em que
se possa atingir o público-alvo, de forma intensa e mais abrangente possível, utilizando-
se também de meios de comunicação, como rádio, TV, correspondência e internet.
(consultar tópico “Educação em saúde” deste Manual).
• Manejo ambiental: realizado somente quando possível (diferenciando-se das
ações de correção do ambiente, sendo esta uma atribuição legal dos órgãos de Meio
Ambiente), para controlar ou, quando viável, eliminar vetores e roedores. Deve-se
incentivar, orientar e educar a população na realização do manejo ambiental, realizando-
as, quando necessário.
Capítulo 1. Introdução 7
• Vacinação animal: deve-se realizar a vacinação antirrábica de cães e gatos,
de acordo com o preconizado para cada região, conforme o contexto epidemiológico da
raiva na área local e com o preconizado no Programa Nacional de Vigilância e Controle
da Raiva do Ministério da Saúde (consultar tópico “Vacinação animal” deste Manual).
Observação: deve-se considerar o contexto epidemiológico das zoonoses na área em
questão, para definir as ações de prevenção que serão estratégicas e prioritárias.
Controle Uma vez constatada a situação real de risco de transmissão de zoonose
(risco iminente) ou a introdução de zoonose(s) de relevância para a saúde pública no
território local, a área de vigilância de zoonoses deve iniciar a etapa de desenvolvimento
e execução do controle da doença, por meio de medidas cabíveis e viáveis a serem
aplicadas direta e indiretamente sobre a população animal alva, de modo a interromper
o ciclo de transmissão da(s) zoonose(s) alvo. As ações, as atividades e as estratégias
de controle de zoonoses subdividem-se em três tipos:
Controle do risco iminente de transmissão de zoonose Constatada a situação
real de risco (risco iminente) de transmissão de zoonose (de relevância para a saúde
pública) em uma determinada área, relacionado a uma população animal alvo, deve-
-se proceder às medidas de controle cabíveis, além da manutenção das medidas
de vigilância e intensificação das medidas de prevenção, ambas adequadas à nova
realidade epidemiológica. Esse controle se caracteriza pelo desenvolvimento de ações,
atividades e estratégias que visem ao alcance da redução ou da eliminação, quando
possível, do risco iminente de transmissão da zoonose para a população humana.
Controle da zoonose incidente Uma vez instalado o ciclo de transmissão de
determinada zoonose em certa área, em que uma população animal esteja relacionada,
deve-se proceder às medidas de controle para a redução ou a eliminação, quando
possível, do número de casos humanos da doença, intervindo de forma efetiva na
interrupção do ciclo de transmissão.
Controle da zoonose prevalente Diante de uma zoonose prevalente na área-
alvo, em que uma população animal esteja relacionada à transmissão dela, devem-se
manter, sistematicamente, as medidas de vigilância, ativa e passiva, e de prevenção,
procedendo às medidas de controle para a redução ou eliminação, quando possível,
do número de casos humanos da doença, intervindo de forma efetiva na interrupção
do ciclo de transmissão. Se a zoonose reincidir com frequência na área-alvo, é ne-
cessário rever as medidas adotadas, na tentativa de alcançar sua eliminação. Para o
desenvolvimento das ações, das atividades e das estratégias de vigilância, prevenção
e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública, devem-se consultar os
manuais técnicosdo Ministério da Saúde, além de outras orientações técnicas vigentes,
bem como orientações específicas deste Manual. Quando estas não forem suficientes
para o controle da doença e for necessário buscar outras indicações técnicas, deve-se
pautar sempre por escolher e executar medidas que sejam técnicas, científica (sob o
crivo de alto rigor metodológico científico) e metodologicamente viáveis e efetivas, com
Capítulo 1. Introdução 8
comprovação do alcance de resultados satisfatórios.
Monitoramento e avaliação Após e durante a aplicação das medidas de con-
trole da (zoonose) alvo, deve-se monitorar e avaliar sua efetividade. Dependendo do
resultado da avaliação, é preciso continuar com as medidas de controle, até o alcance
do objetivo (reduzir ou eliminar, quando possível, a doença ou o risco iminente). As
medidas de vigilância são permanentes. Observação: atentar para as orientações pre-
conizadas nos programas específicos de vigilância e controle de zoonoses do Ministério
da Saúde.
Importante:
1. Para o desenvolvimento e a execução das ações, das atividades e das
estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses (bem como de acidentes
causados por animais peçonhentos e venenosos) de relevância para a saúde pública,
deve-se proceder à articulação, à interlocução e à parceria sistemática com a área de
vigilância epidemiológica local, visando à consonância e à efetividade delas.
2. Deve-se atentar para as mudanças e atualizações quanto às ações, às
atividades e às estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses (bem como
de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos) de relevância para a
saúde pública, normatizadas pelo Ministério da Saúde.
1.3 O que as equipes da zoonose fazem.
Equipes da Unidade de Vigilância de Zoonoses, Vigilância em saúde e da
Regional do Tatuquara, fizeram uma ação na Vila 29 de outubro, no (bairro) Caxumba,
para orientar os moradores e preveni-los acerca dos riscos das zoonoses, doenças
causadas por animais, principalmente a esporotricose.
A esporotricose é uma micose provocada por fungos patogênicos do gênero
Sporothrix, que afeta humanos e outros animais. Geralmente atinge vasos linfáticos e
pele, mas pode causar quadros mais graves em pessoas imunodeprimidas.
Desde 2010, Curitiba não registra caso de raiva em felinos. Não há registro
de casos de raiva canina na cidade desde 1981. E, desde 1975, não há casos em
humanos. Tutores de animais devem ficar em alerta para a importância da vacinação
anual de cães e gatos, para mantê-los protegidos. Os animais de estimação devem
ser vacinados anualmente contra a raiva. Mesmo animais idosos e que não tenham
acesso às ruas devem ser vacinados, uma vez que os morcegos podem entrar nas
casas. Além disso, cães e gatos têm hábitos de caça e podem entrar em contato com
estes morcegos. Os morcegos têm papel biológico muito importante e não devem ser
mortos. Caso encontre um morcego em situação fora do normal entre em contato com
a Saúde, através do 156.
Participaram também da ação na Vila 29 de outubro, Cristina Yano, coordenação
de vigilância em saúde do Distrito Sanitário Tatuquara, Gisele Barros, chefia de serviços
Capítulo 1. Introdução 9
da vigilância Epidemiológica e técnicos em ações sanitárias.
1.4 Como a zoonose atua na Cidade
Responsável por controlar e traçar estratégias de combate à transmissão de
doenças por animais ao homem, a Unidade de Vigilância de Zoonoses, localizada na
Cidade Universitária, desempenha um importante papel para a saúde e bem-estar da
população de Maceió.
O serviço ofertado é o teste rápido para leishmaniose em cães, como explica
o coordenador-geral da UVZ, Samy Barros. “Durante o atendimento clínico, caso o
médico veterinário suspeite que o animal é portador da leishmaniose é feito esse teste
rápido. Também é feito caso a população desconfie que esse animal é portador da
doença. Neste caso, é só trazer à UVZ que o veterinário irá analisar se indica ou não o
teste”.
Outro serviço ofertado é o teste rápido para leishmaniose em cães, como explica
o coordenador-geral da UVZ, Samy Barros. “Durante o atendimento clínico, caso o
médico veterinário suspeite que o animal é portador da leishmaniose é feito esse teste
rápido. Também é feito caso a população desconfie que esse animal é portador da
doença. Neste caso, é só trazer à UVZ que o veterinário irá analisar se indica ou não o
teste”.
Quando o teste rápido aponta um resultado positivo, o animal passa pelo teste
confirmatório, também realizado na unidade. “Antes esse teste era feito pelo Estado,
mas hoje a UVZ já dispões de equipamento e pessoal treinado para fazer esse exame.
Ele serve para dar firmeza se o animal é ou não portador da leishmaniose”, completa o
coordenador.
Na unidade, a vacinação antirrábica animal acontece durante todo o ano. E a
castração de cães e gatos também é feita no próprio centro cirúrgico da unidade. Para
isso, deve o animal passe por uma triagem pela clínica, em seguida, é encaminhado
para que faça um hemograma e, com a liberação do exame, é marcado o procedimento.
Outro serviço muito importante disponibilizado pela UVZ é a fiscalização de
possíveis focos de zoonoses. “Nós temos fiscais que fazem fiscalizações em todo o
município e são visitas técnicas voltadas para o combate e extermínio de focos de
zoonoses”, pontua Samy.
Também é realizada a captura e apreensão de animais com suspeita ou compro-
vadamente portadores de zoonoses. “Nós não fazemos a captura de qualquer que seja
o animal, simplesmente por ele estar em via pública. Recolhemos em apenas duas
situações, que é se ele for suspeito ou confirmado como portador de zoonoses, ou
se tratando de um animal de grande porte solto”, menciona o coordenador. Além de
todo o trabalho mencionado, há ainda o trabalho de campo, que é o momento em que
a população tem mais contato com os profissionais. Esse trabalho é desempenhado
Capítulo 1. Introdução 10
pelos agentes de endemias, que visam o combate da dengue, zika, chikungunya,
leishmaniose e também o controle da proliferação de alguns animais, como pombos,
escorpiões, rato.
A atividade conhecida como entoparasitário também é desempenhada pela UVZ.
“Nós ainda fazemos a análise de fezes humanas coletadas em pontos estratégicos do
município, identificando a verminose que estará presente nas fezes e, a partir dali, é
direcionado um tratamento adequado para o cidadão”.
A unidade também recebe estudantes de Medicina Veterinária e agentes de
endemia de todo o estado, que conhecem a estrutura da UVZ e a atuação com os
animais e a saúde pública. Nas visitas, os profissionais explicam ainda sobre as leis de
bem-estar dos animais.
1.5 Centro de Controle de Zoonoses Vetores e Pragas Urbanas
Em Maringá temos o Centro de Controle de Zoonoses Vetores e Pragas Urbanas
que Gerência de Vigilância de Zoonoses e Vetores coordena as ações do Centro de
Controle de Zoonoses, Vetores e Pragas Urbanas (CCZ) do Município de Maringá, um
órgão da Secretaria Municipal de Saúde responsável pelas ações e serviços públicos
de saúde voltados para a vigilância, prevenção e controle das zoonoses, visando a
profilaxia de doenças transmitidas por vetores com relevância para a saúde pública, e
a promoção e bem-estar entre animais e homens.
O principal foco de atendimento do CCZ está relaciono às primatas, morcegos,
cães agressivos, escorpiões, aranhas, cobras e animais suspeitos de zoonoses. As
ações realizadas pelo CCZ são preventivas, baseadas em trabalhos educativos com a
colaboração e participação de toda a sociedade, complementada por ações legais e
fiscais, tais como:
Controle de Raiva: os casos de mordedura/arranhadura de cães, gatos e ou-
tros animais com risco para transmissão de raiva são acompanhados pelos médicos
veterinários, além do acompanhamento e análise de morcegos, cães e gatos, que
apresentam sintomas de raiva;
Controle da febre-amarela, leishmaniose e outras doenças transmitidas por
vetores: acompanhamentos da presença dos flebotomíneos em nossas matas e outros
arbovírus, e dos reservatórios,por exemplo, primatas e outros animais.
Controle dos acidentes com animais peçonhentos: vistoria dos imóveis, captura
dos animais e acompanhamento dos acidentes, com orientação sobre venenos e/ou
peçonha de animais domésticos e sinantrópicos;
Desenvolvimento de atividades que visam a posse responsável de animais
domésticos, seu cuidado e higienização, conforme a legislação vigente;
Recolhimento de animais que representam risco à saúde pública e/ou com
suspeita de zoonoses.
Capítulo 1. Introdução 11
Uma das preocupações do CCZ é a presença do escorpião amarelo no município,
uma praga urbana, adaptada e distribuída em todo o território, e sua proliferação
está associada a alguns fatores: a presença de alimento (outros insetos) e água,
esconderijos (entulhos) e a ausência de predadores naturais (algumas aves), por isso
a necessidade de manter os lotes urbanos não edificados limpos, sem a presença de
madeiras, restos de obras e entulhos de modo geral.
A equipe responsável são:
Resposavel: Suélen Teixeira Faria
Graduação em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Especialização em Farmacologia pela UEM;
Especialização em Preceptoria no Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Instituto
de Ensino e Pesquisa Sírio Libanês:
Mestrado em Enfermagem pela UEM.
Gerente de Vigilância de Zoonoses e Vetores
Telefône: (44) 3218-3188
Email: saude_zoonoses_gerencia@maringa.pr.gov.br
12
2 Doenças transmitidas por Pombos, Morcegos.
Muitas pessoas gostam de alimentá-los com pedaços de pão, restos de comida,
pipocas, que são alimentos inadequados, que viciam os animais e prejudicam a sua
saúde. Os pombos dificilmente são caçados por outros animais, por isso sua população
cresce muito rápido.
Eles costumam morar em edificações, fazendo seus ninhos em telhados, forros,
caixas de ar condicionado, marquises, etc. Mas, além de causarem prejuízos ao danifi-
car as estruturas dos prédios, tornaram-se um grave problema de saúde, provocando
doenças graves, que podem levar à morte ou deixar sequelas.
2.1 Doenças causadas por pombos
• Criptococose: transmitida pela inalação da poeira contendo fezes secas de
pombos. Compromete o pulmão e pode afetar o sistema nervoso central, cau-
sando alergias, micose profunda e até meningite subaguda ou crônica.
• Dermatites: parasitose causada pelo piolho do pombo, que provoca erupções
na pele e coceiras semelhantes às de picadas de insetos.
• Histoplasmose: doença provocada por fungos que se proliferam nas fezes de
aves e morcegos. A contaminação ao homem ocorre pela inalação dos esporos
(células reprodutoras do fungo).
• Ornitose: doença infecciosa provocada por bactérias. A contaminação ao ho-
mem ocorre pelo contato com aves portadoras da bactéria ou com seus dejetos.
• Salmonelose: causada pela ingestão de ovos ou carne contaminados pela
bactéria Salmonella spp. Presente nas fezes de pombos e outros animais. Gera
uma toxinfecção alimentar com sintomas como febre, diarreia, vômitos e dores
abdominais
2.2 Medidas de proteção e controle
É muito importante para nossa saúde controlar a população de pombos, fazendo
com que eles procurem locais mais adequados para viver, com alimentação correta e
longe dos perigos das cidades. Entre as medidas que podem colaborar para este fim,
temos:
• Nunca alimentar os pombos.
• Não deixar restos de alimentos que possam servir de alimento aos pombos,
como ração de cães e gatos.
Capítulo 2. Doenças transmitidas por Pombos, Morcegos. 13
• Colocar telas em varandas, janelas e caixas de ar condicionado.
• Tapar buracos ou vãos entre paredes, telhados e forros.
• Retirar ninhos e ovos.
• Umedecer as fezes dos pombos com desinfetante antes de varrê-las.
• Utilizar luvas e máscara para cobrir o nariz e a boca ao fazer a limpeza do local
onde estão as fezes
2.3 Morcegos
Os morcegos são animais capazes de carregar uma enorme quantidade de vírus,
bactérias e parasitas e transmitir para as pessoas, ao mesmo tempo, que a doença
se desenvolve em seu organismo. Apesar de a maioria dos morcegos serem capazes
de transmitir doenças, nem todos mordem as pessoas e transmitem o microrganismo,
apenas os morcegos que se alimentam de sangue ou aqueles que se alimentam de
frutos e que se sentem ameaçados, por exemplo.
Apesar de uma das estratégias para evitar as doenças causadas por morcegos
é a eliminação desse animal, essa medida não é recomendada, isso porque o morcego
desempenha papel ecológico fundamental, sendo importante para dispersar sementes
e transportar pólen, por exemplo.
Apesar de poder ser reservatório e vetor de várias doenças infecciosas, as
principais doenças causadas por morcegos são:
• Raiva:é a principal doença transmitida pelos morcegos, e acontece quando o
morcego infectado pelo vírus da família Rhabdoviridae, morde a pessoa, fazendo
com que o vírus presente em sua saliva, entre no organismo da pessoa, podendo
se espalhar rapidamente pela corrente sanguínea e chegar no sistema nervoso,
causando encefalopatia, por exemplo.
• Histoplasmose: é uma doença infecciosa causada pelo fungo Histoplasma
capsulatum, que é encontrado no solo, mas que tem seu crescimento favorecido
nas fezes de morcegos, por exemplo. Assim, quando o morcego defeca, o fungo
pode desenvolver-se ali e ser espalhado pelo ar, podendo infectar as pessoas
ao ser inalado.
• Covid-19 :Embora não se saiba qual é o vetor da pandemia do novo coronavírus,
todos os olhos estão voltados para o morcego. Esses animais já haviam sido a
origem de outras epidemias de coronavírus
Capítulo 2. Doenças transmitidas por Pombos, Morcegos. 14
2.4 Como evitar as doenças transmitidas por morcegos
Para evitar as doenças transmitidas por morcegos é recomendado adotar algu-
mas medidas simples, como por exemplo:
• Iluminar as áreas externas da casa, sendo possível visualizar os morcegos e
fazendo também com que eles se afastem do local;
• Colocar telas ou redes plásticas na janelas;
• Fechar buracos ou passagens pelos quais os morcegos podem entrar;
• Fechar as janelas, principalmente à noite.
Caso seja verificada a presença de fezes de morcego, é recomendado que a
limpeza seja feita utilizando-se luvas, máscaras e óculos de proteção, pois assim é
possível evitar a inalação dos fungos presentes nas fezes dos morcegos, por exemplo.
Além disso, caso tenha havido contato com o morcego, é importante tomar a vacina
contra a raiva para evitar a ocorrência da doença.
Importância
Os morcegos são extremamente úteis aos seres humanos, servindo-lhes como
material de pesquisa em estudos epidemiológicos, farmacológicos, de mecanismo
de resistência a doenças e no desenvolvimento de vacinas. Servem também como
recurso alimentar para alguns povos na África e até para algumas tribos no Bra-
sil.Frequentemente são tidos como prejudiciais pelas doenças que podem veicular e
transmitir, tais como viroses e micoses.
15
3 Taxoplasmose
3.1 Conceito
A toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário chamado “Toxo-
plasma Gondii”, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar
em humanos e outros animais. É causada pela ingestão de água ou alimentos conta-
minados e é uma das zoonoses (doenças transmitidas por animais) mais comuns em
todo o mundo.
Os casos agudos são, geralmente, limitados e com baixas incidências. A fase
aguda da infecção tem cura, mas o parasita persiste por toda a vida da pessoa e pode
se manifestar ou não em outros momentos, com diferentes tipos de sintomas. Quanto à
infecção crônica, a taxa de incidência é baixa até os cinco anos de idade e começa a
aumentar a partir dos 20.
3.2 Sintomas
A maioria das pessoas infectadas pela primeira vez não apresenta sintomas e,
por isso, não precisam de tratamentos específicos. A doença em outros estágios, no
entanto, pode trazer complicações, como sequelas pela infecção congênita (gestantes
para os filhos), toxoplasmose ocular e toxoplasmose cerebral em pessoas que têm o
sistema imunológico enfraquecido, como transplantados, pacientes infectados com o
HIV ou em tratamento oncológico.
Os sintomasda toxoplasmose são variáveis e associados ao estágio da infecção,
(agudo ou crônico). Os sintomas normalmente são leves, similares à gripe, dengue e
podem incluir dores musculares e alterações nos gânglios linfáticos.
Pessoas com baixa imunidade: podem apresentar sintomas mais graves, in-
cluindo febre, dor de cabeça, confusão mental, falta de coordenação e convulsões.
Gestantes: mulheres infectadas durante a gestação podem ter abortamento ou
nascimento de criança com icterícia, macrocefalia, microcefalia e crises convulsivas.
Recém-nascidos: dos recém-nascidos infectados (Toxoplasmose Congênita),
cerca de 85% dos casos não apresentam sinais clínicos evidentes ao nascimento.
No entanto, essas crianças podem indicar alterações como restrição do crescimento
intrauterino, prematuridade, anormalidades visuais e neurológicas. Sequelas tardias
são mais frequentes na toxoplasmose congênita não tratada. Há casos relatados de
surgimento de sequelas da doença, não diagnosticadas previamente, ocorrendo apenas
na adolescência ou na idade adulta.
Os recém-nascidos que apresentam manifestações clínicas podem ter sinais no
período neonatal ou nos primeiros meses de vida. Esses casos costumam ter, com mais
frequência, sequelas graves, como acometimento visual em graus variados, retardo
Capítulo 3. Taxoplasmose 16
mental, anormalidades motoras e surdez. As sequelas são ainda mais frequentes e
mais graves nos RN que já apresentam sinais ao nascer, com acometimento visual em
graus variados, retardo mental, crises convulsivas, anormalidades motoras e surdez.
Infecções sintomáticas podem se apresentar de várias formas:
• Toxoplasmose aguda
• Toxoplasmose do SNC
• Toxoplasmose congênita
• Toxoplasmose ocular
• Doença disseminada ou não SNC em pacientes imunocomprometido
Toxoplasmose aguda
A infecção aguda é normalmente assintomática, mas 10 a 20% dos pacientes
podem desenvolver linfadenopatia bilateral, cervical, ou axilar discreta e autolimitada.
Alguns desses casos também podem apresentar leve síndrome gripal com febre,
mal-estar, mialgia, hepatoesplenomegalia e, com menos frequência, faringite, que
pode mimetizar a mononucleose infecciosa e apresentar linfadenite. Linfocitose atípica,
anemia leve, leucopenia e enzimas hepáticas ligeiramente elevadas são comuns. A
síndrome pode persistir durante semanas a meses, mas é quase sempre autolimitada.
Toxoplasmose do SNC
A maioria dos pacientes com aids ou outros pacientes imunocomprometidos com
toxoplasmose apresentam encefalite e lesões intracranianas maciças com captaçãodo
contraste em anel na TC. O risco é maior entre aqueles com contagens de CD4 de
< 50/μL; encefalite por toxoplasmose é rara quando a contagem de CD4 é > 200/μL.
Esses pacientes têm tipicamente cefaleia, alteração do estado mental, convulsões,
coma, febre e, algumas vezes, déficits neurológicos focais, com perda motora ou
sensorial, paralisia de nervo craniano, alterações visuais e convulsões focais.
Toxoplasmose congênita
Este tipo resulta de uma infecção aguda primária, frequentemente assintomática,
adquirida pela mãe durante gestação. Mulheres infectadas antes da concepção em
geral não transmitem toxoplasmose ao feto, a menos que a infecção seja reativada
durante a gestação por imunossupressão. Aborto espontâneo, natimortalidade ou
defeitos de nascimento podem ocorrer. A porcentagem de fetos sobreviventes com
Capítulo 3. Taxoplasmose 17
toxoplasmose depende de quando a infecção materna foi adquirida; aumenta de 15%
durante o 1º trimestre para 30% durante o 2º e para 60% durante o 3º.
A doença pode ser grave nos recém-nascidos, em particular se adquirida no
início da gestação; os sinais e sintomas são icterícia, exantema, hepatoesplenomegalia
e a tétrade de anomalias características:
• Retinocoroidite bilateral
• Calcificações cerebrais
• Hidrocefalia ou microcefalia
• Retardo psicomotor
Muitas crianças com infecções menos graves e a maioria das crianças nascidas
de mães infectadas durante o 3.º trimestre parecem saudáveis ao nascimento, mas
apresentam alto risco de ter convulsões, retardo mental, retino corioidite, ou outros
sintomas que se desenvolvem meses, ou até mesmo anos mais tarde.
Infecção disseminada sem envolvimento do SNC
A doença fora do olho e do SNC é muito menos comum e ocorre principalmente
nos pacientes imunocomprometidos. Estes podem apresentar pneumonite, miocardite,
meningoencefalite, polimiosite, rash cutâneo maculopapular difuso, febre alta, calafrios
e prostração.
Em pneumonite por toxoplasmose, infiltrado intersticial difuso pode progredir
rapidamente para consolidação e provocar insuficiência respiratória, ao passo que
endarterite pode causar infarto de pequenos segmentos do pulmão. Miocardite, em
que defeitos de condução são comuns, mas em geral assintomáticos, pode levar
rapidamente à insuficiência cardíaca.Infecções disseminadas, sem tratamento, são
normalmente fatais.
Diagnóstico
Exames sorológicos
No comprometimento do SNC, tomografia computadorizada ou ressonância
magnética (RM) e punção lombar
Avaliação histopatológica das biópsias
Ensaios baseados em PCR do sangue, líquido cefalorraquidiano (LCR), tecido
ou, durante a gestação, do líquido amniótico
Capítulo 3. Taxoplasmose 18
Toxoplasmose ocular
Este tipo normalmente é o resultado de uma infecção congênita reativada, na
maioria das vezes na adolescência e por volta dos 20 anos de idade, mas que, rara-
mente, pode ocorrer com infecções adquiridas. Retinite necrosante focal e inflamação
granulomatosa secundária de coroide ocorrem e podem provocar dor ocular, visão
borrada e, às vezes, cegueira. Recorrências são comuns.
3.3 Transmissão
As principais vias de transmissão da toxoplasmose são:
Via oral (ingestão de alimentos e água contaminados)
Congênita (transmitido de mãe para filho durante gestação), sendo raros os
casos de transmissão por inalação de aerossóis contaminados, inoculação acidental,
transfusão sanguínea e transplante de órgão
É importante saber que o contato com gatos não causa a doença. O perigo está
no contato com as fezes contaminadas do felino e no consumo de água contaminada e
alimentos mal lavados ou mal cozido.
3.4 Tratamento
A toxoplasmose normalmente evolui sem sequelas em pessoas com boa imuni-
dade, desta forma não se recomenda tratamento específico, apenas tratamento para
combater os sintomas. Pacientes com imunidade comprometida ou que já tenham de-
senvolvido complicações da doença (cegueira, diminuição auditiva) são encaminhados
para acompanhamento médico especializado.
O tratamento e acompanhamento da doença estão disponíveis, de forma integral
e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde. Em caso de toxoplasmose na gravidez, é
importante o acompanhamento no pré-natal e a pratica das orientações que forem
repassadas pelas equipes de saúde.
Para gestantes e crianças, o Ministério da Saúde publicou protocolos com
recomendações a serem seguidas, caso a caso.
19
Vigilância da toxoplasmose
O Ministério da Saúde vem articulando, desde 2015, uma vigilância integrada a
secretarias e outras instituições, da toxoplasmose gestacional, congênita e adquirida
em surtos. O objetivo é padronizar conceitos, métodos e atendimentos já adotados por
estados e Governo Federal.
A notificação, investigação e o diagnóstico oportuno dos casos agudos em
gestantes viabilizam a identificação de surtos, o bloqueio rápido da fonte de transmissão
e a tomada de medidas de prevenção e controle em tempo, além da intervenção
terapêutica adequada e consequente redução de complicações, sequelas e óbitos. Já
a investigação em recém-nascidos permite a intervenção precoce em casos em que a
doença seja confirmada.
3.5 Diagnóstico
O diagnóstico da toxoplasmose é baseado, principalmente, em exames de
sangue. Em alguns casos, pode ser necessário combinar outros tipos de exames
laboratoriais para uma avaliação mais detalhada.
Contaminação por água e alimentos: a confirmação de casos de toxoplasmose
decorrentes de surtos de transmissão por água ou alimentos deve ser feita, neces-
sariamente,por critério laboratorial específico a partir dos resultados dos exames de
sangue, uma vez que a doença é comum em diversas regiões.
Adquirida ou congênita: é diagnosticada principalmente pela identificação de
anticorpos específicos contra o parasito. A sorologia é sensível, específica e possível
de ser realizada em laboratórios de menor complexidade. Em situações de surto, a
identificação do vínculo de casos à fonte de transmissão deve ser feita criteriosamente,
considerando sempre os achados laboratoriais que indicam o tempo provável da
infecção.
Durante a investigação de surtos, o diagnóstico laboratorial deve ser feito por
exames realizados nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública, Laboratórios de Re-
ferência Regional ou Nacional ou Centros Colaboradores do Ministério da Saúde. Na
ausência de surtos, a confirmação dos casos de toxoplasmose deve ocorrer por meio
de avaliação clínica em conjunto com exames laboratoriais realizados de acordo com
avaliação e recomendações médicas
3.6 Prevenção
A principal medida de prevenção da toxoplasmose é a promoção de ações de
educação em saúde, principalmente em mulheres que estão em idade fértil e pessoas
com imunidade comprometida. É fundamental manter uma higiene alimentar. Saiba
Vigilância da toxoplasmose 20
mais sobre as medidas de prevenção e controle que devem ser adotados para evitar a
infecção por toxoplasmose.
3.7 Fisiopatologia
T. gondii é onipresente em pássaros e mamíferos. Esse parasita intracelular
obrigatório invade e multiplica-se assexualmente como taquizoíta dentro do citoplasma
de qualquer célula com núcleo ( Ciclo de vida do Toxoplasma gondii .). Quando o
hospedeiro cria imunidade, a multiplicação de taquizoítas cessa e formam-se cistos
teciduais, que persistem, dormentes, durante anos, em especial no cérebro, nos olhos
e nos músculos. As formas dormentes de Toxoplasma no interior dos cistos são
denominadas bradizoítas.
A reprodução sexual de T. gondii somente ocorre no intestino de gatos; os
oocistos resultantes, eliminados nas fezes, permanecem infectantes por meses em
terra úmida.
3.8 Relato de Caso
Paciente de 18 anos, primigesta, iniciou acompanhamento pré-natal em uma
Unidade Básica de Saúde de Maringá, Paraná, na 12ª semana de gestação, com IgM
e IgG anti-T. gondii reagentes. A paciente iniciou tratamento com espiramicina na 22ª
semana de gestação. Na 32ª semana de gestação foi encaminhada ao Ambulatório de
Gestação de Alto Risco do Hospital Universitário Regional de Maringá da Universidade
Estadual de Maringá (HU/UEM). Essas imunoglobulinas permaneceram reagentes e
o exame ultrassonográfico obstétrico não demonstrou qualquer anormalidade. A IgA
anti-T. gondii foi reagente. Na 33ª semana de gestação foi realizada a amniocentese.
O exame ultrassonográfico obstétrico, realizado na 33ª semana, evidenciou aumento
dos ventrículos cerebrais laterais, microcalcificações encefálicas (Figura 1) e placento-
megalia. A paciente relatou que durante a gestação manteve contato com gatos, lixo
peridomiciliar e ocasionalmente consumia queijos frescos e vegetais in natura, mas
não carnes cruas ou mal passadas.
O diagnóstico do líquido amniótico foi positivo para T. gondii, tanto na PCR
(Polimerase Chain Reaction) como no ensaio biológico durante a terceira passagem
sucessiva em camundongos Swiss. Após esses resultados, foi administrado esquema
tríplice (sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico) alternando a cada três semanas
com espiramicina, até o final da gestação. O parto foi normal, com 39 semanas. O
recémnascido, de sexo feminino, na tomografia de crânio apresentou dilatação ventricu-
lar e microcalcificações cerebrais (Figura 2). Em mapeamento da retina constatou-se
comprometimento ocular. A lactente está em uso de sulfadiazina, pirimetamina, ácido
folínico e hidrocortisona.
21
4 Doenças transmitidas por Baratas e Ratos
4.1 Baratas
As baratas poderão ser um problema realmente sério, já que elas poderão trans-
mitir bactérias causadoras de doenças graves, por isso procure manter sempre a sua
casa limpa e os alimentos bem armazenados.
Ela que é a grande vilã das mulheres e do ambiente de casa, são consideradas
nojentas, assustadoras e ainda poderão transmitir doenças. Muitos até mesmo de-
fendem a teoria de que elas próprias não são as verdadeiras transmissoras como os
mosquitos-da-dengue e da febre-amarela, apesar disto em suas patas existem milhões
de microrganismos que poderão contaminar tanto alimentos como objetos pessoais
além de transmitir uma série de doenças sérias.
• Baratas Transmitem a Hepatite A: é uma das doenças que as baratas poderão
transmitir para os seres humanos. Sua transmissão acontece devido à ingestão
de água, bem como alimentos e ainda objetos pessoais que estiverem contami-
nados. Assim que alcançarem os intestinos elas deverão infectar os enterócitos
da mucosa e se multiplicam, depois disto se espalham pelo sangue, fazendo
assim com que exista a infecção no fígado.
Como principais sintomas da doença temos febre, dores abdominais, náuseas,
e ainda diarreia por pelo menos um mês. Alguns doentes poderão ficar com os olhos e
a pele bem amarelada, mas 99% dos casos tem recuperação e cura.
• Tuberculose: Doença por bactéria que afeta principalmente os pulmões, cau-
sando febre, sudorese noturna, tosse e perda de peso.
Prevenir é sempre a melhor solução, por isso acondicione os alimentos de forma
correta, não acumule papelões ou entulhos, mantenha os ralos sempre fechados,
higienizem o local de refeições. Em caso de infestação procure sempre uma empresa
especializada.
Existem outras categorias de doenças que podem ser transmitidas por baratas, podem
ser elas a febre tifoide, que é causada pela Salmonellatyphi, somente os seres humanos
podem adquirir essa bactéria. Este problema é transmitido através da ingestão de
alimentos ou água contaminada, mas poderá se adquirir através de um beijo.
Além da febre tifoide as baratas podem também transmitir a tuberculose, con-
juntivites, infecções urinárias, lepra, pneumonia, de natureza gastro-intestinal, como
enteroviroses, salmoneloses, shigeloses, e outras. Em tese, o vibrião do cólera pode
ser transportado do esgoto para o ambiente humano através de baratas. Essa ca-
racterística como vetor de doenças não era considerada até pouco tempo atrás, no
Capítulo 4. Doenças transmitidas por Baratas e Ratos 22
entanto estudos epidemiológicos apontam as baratas como responsáveis por surtos de
diarréias e estão relacionados a ocorrências de alergias. Para que se possa evitar que a
sua casa seja invadida por baratas, a recomendação é procurar sempre manter a casa
limpa, alimentos bem lavados e também guardados, e ainda beber apenas água para
que possa restabelecer o organismo. Outro problema de ordem de saúde ocasionado
por baratas são as reações alérgicas. Provocadas por restos deteriorados de seu corpo
e suas fezes pulverizadas no ambiente são inaladas por pessoas desencadeando um
processo alérgico.
4.2 Doenças causadas por Ratos.
Estima-se que que os roedores são responsáveis pela transmissão de 40 do-
enças, e o rato é considerado o principal transmissor. Entre todas as enfermidades
podemos citar: leptospirose, peste bubônica, tifo murinho, febre de mordida de rato,
raiva, sarnas, triquinose, salmonelose, micoses, hantavirose etc.
• Leptospirose: trata-se de uma infecção aguda, uma doença bacteriana que
afeta seres humanos e animais causada por uma bactéria do gênero Leptospsira.
É altamente recomendável prevenir-se, pois a leptospirose pode ser assinto-
mática. Porém, quando os sintomas são manifestados é comum a presença de
febre alta, dor muscular (especialmente na panturrilha, cabeça e tórax), olhos
vermelhos, tosse, cansaço, calafrios, náuseas, diarreia, desidratação, manchas
vermelhas no corpo e meningite.
• Hantavirose: é uma doença potencialmente fatal transmitida aos seres humanos
por roedores. Em alguns casos, a hantavirose não manifesta sintomas. Todavia,
nas fases iniciais os principais sintomas são febre alta, dor muscular, náuseas,
vômitos,diarreia e dor de cabeça.
• Escabiose (sarna): é uma doença infecciosa, causada pelo parasita Sarcoptes
scabie, esse parasita alimenta-se de queratina, a proteína que constitui a camada
superficial da pele. Os sintomas manifestam-se na pele por meio de pequenas
lesões eritematosas quem podem formar uma crosta por causa da coceira.
• Peste bubônica: trata-se de uma doença grave e muitas vezes fatal. É causada
pela bactéria da peste, Yersínia pestis, que é transmitida por roedores. A maioria
dos indivíduos que não procuram tratamento morrem nas 48 horas que sucedem
o início dos sintomas. Os sintomas são febre alta, apatia, vertigens, tremores,
intolerância à luz, cefaleia, aumento da frequência cardíaca, cansaço, tosse
seca e depois com sangue e aumento dos linfonodos. A doença matou muitas
pessoas durante a Idade Média, mas, até nos dias de hoje diversos casos da
peste bubônica são registrados.
23
5 Leptospirose
5.1 Conceito
A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que resulta da exposição
direta ou indireta a urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria
Leptospira; sua penetração ocorre através da pele com lesões, pele íntegra imersa por
longos períodos em água contaminada ou através de mucosas.
O período de incubação, ou seja, tempo entre a infecção da doença até o
momento que a pessoa leva para manifestar os sintomas, pode variar de 1 a 30 dias
e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco. As
manifestações clínicas variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros
graves, associados a manifestações fulminantes. São divididas em duas fases: fase
precoce e fase tardia.
A doença apresenta elevada incidência em determinadas áreas além do risco
de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Sua ocorrência está
relacionada às condições precárias de infraestrutura sanitária e alta infestação de
roedores infectados.
5.2 Sintomas
Os principais da fase precoce são:
• Febre
• Dor de cabeça
• Dor muscular, principalmente nas panturrilhas
• Falta de apetite
• Náuseas/vômitos
• Podem ocorrer diarreia, dor nas articulações, vermelhidão ou hemorragia conjun-
tival, fotofobia, dor ocular, tosse; mais raramente podem manifestar exantema,
aumento do fígado e/ou baço, aumento de linfonodos e sufusão conjuntival.
Em cerca de 15% dos pacientes com leptospirose, ocorre a evolução para
manifestações clínicas graves, que normalmente iniciam-se após a primeira semana
de doença. Nas formas graves, a manifestação clássica da leptospirose é a síndrome
de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia (tonalidade alaranjada muito intensa -
icterícia rubínica), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. Pode
haver necessidade de internação hospitalar.
Manifestações na fase tardia:
Capítulo 5. Leptospirose 24
• Síndrome de Weil - tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias
• Síndrome de hemorragia pulmonar - lesão pulmonar aguda e sangramento
maciço
• Comprometimento pulmonar - tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica
• Síndrome da angústia respiratória aguda – SARA
Manifestações hemorrágicas
• pulmonar
• pele
• mucosas
• órgãos
• sistema nervoso central
Quais são as complicações da Leptospirose
• Insuficiência renal aguda - não oligúrica e hipocalêmica
• Insuficiência renal oligúrica por azotemia pré-renal
• Necrose tubular aguda
• Miocardite - acompanhada ou não de choque e arritmias por distúrbios eletrolíti-
cos
• Pancreatite
• Anemia
• Distúrbios neurológicos (confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação
meníngea)
A leptospirose é uma causa relativamente frequente de meningite asséptica.
Raramente ocorrem: encefalite, paralisias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões,
distúrbios visuais de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos,
radiculite, síndrome de Guillain-BarréGuillain-Barré e mielite.
Capítulo 5. Leptospirose 25
5.3 Diagnostico
Diagnóstico laboratorial
Fase precoce:
• Exame direto
• Cultura
Detecção do DNA pela reação em cadeia da polimerase (PCR)
Fase tardia:
• Cultura
• ELISA-IgM
• Microaglutinação (MAT)
Esses exames devem ser realizados pelos Lacens, pertencentes à Rede Nacio-
nal de Laboratórios de Saúde Pública.
Exames inespecíficos
• Hemograma
• Bioquímica (ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, TGO, TGP, gama-GT,
fosfatase alcalina e CPK, Na+ e K+)
• Radiografia de tórax
• Eletrocardiograma (ECG)
• Gasometria arterial
Considerando-se que a leptospirose tem um amplo espectro clínico, os principais
diagnósticos diferenciais são:
Fase precoce :dengue, ‘influenza’ (síndrome gripal), malária, riquetsioses, do-
ença de Chagas aguda, toxoplasmose, febre tifóide, entre outras doenças.
Fase tardia :hepatites virais agudas, hantavirose, febre-amarela, malária grave,
dengue hemorrágica, febre tifóide, endocardite, riquetsioses, doença de Chagas aguda,
pneumonias, pielonefrite aguda, apendicite aguda, sepse, meningites, colangite, co-
lecistite aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da gravidez, síndrome hepatorrenal,
síndrome hemolíticourêmica, outras vasculites, incluindo lúpus eritematoso sistêmico,
dentre outras.
Capítulo 5. Leptospirose 26
5.4 Tratamento
Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, nos casos graves, a
hospitalização deve ser imediata, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. A
automedicação não é indicada. Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar
um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco.
A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da doença, mas sua
eficácia costuma ser maior na 1ª semana do início dos sintomas. Na fase precoce, são
utilizados Doxiciclina ou Amoxicilina; para a fase tardia, Penicilina cristalina, Penicilina
G cristalina, Ampicilina, Ceftriaxona ou Cefotaxima.
Ações de Enfermagem
Proporcionar tranquilidade e conforto;
incentivar atividades que reduzam a tensão;
observar e determinar junto ao paciente sua necessidade e capacidade de autocuidado;
auxiliar o paciente nas atividades necessárias de banho corporal e alimentação;
proporcionar privacidade durante a rotina de banho.
Avaliar o tipo, a intensidade, a localização e a duração da dor;
Identificar os fatores que intensificam a a dor para evitá-los e os que a amenizam;
Administrar medicação conforme prescrição médica e avaliar sua eficácia;
Verificar e anotar a temperatura corporal frequentemente;
Administrar antitérmicos conforme prescrição médica;
Higienização das mãos antes e após os procedimentos;
reduzir o fluxo de pessoas na unidade do paciente;
garantir uma adequada higienização dos pacientes.
5.5 Prevenção
A prevenção da Leptospirose ocorre por medidas como:
Obras de saneamento básico (drenagem de águas paradas suspeitas de con-
taminação, rede de coleta e abastecimento de água, construção e manutenção de
galerias de esgoto e águas pluviais, coleta e tratamento de lixo e esgotos, desassorea-
mento, limpeza e canalização de córregos), melhorias nas habitações humanas e o
controle de roedores.
Evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem,
ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e
desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos
duplos amarrados nas mãos e nos pés).
Capítulo 5. Leptospirose 27
A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptospiras e deve ser
utilizada para desinfetar reservatórios de água: um litro de água sanitária para cada
1,000 litros de água do reservatório. Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que
entraram em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2 xícaras de
chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15
minutos.
Controle de roedores - acondicionamento e destino adequado do lixo, armaze-
namento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação
de frestas e aberturas em portas e paredes, etc.O uso de raticidas (desratização) deve
ser feito por técnicos devidamente capacitados
Ações de prevenção em situações emergenciais
I – Vacinação
Não existe uma vacina para uso humano contra a leptospirose no Brasil.
A vacinação de animais domésticos e de produção (cães, bovinos e suínos) evita
o adoecimento e transmissão da doença por aqueles sorovares que a vacina protege.
Está disponível em serviços particulares, ficando a critério do proprietário vacinar ou
não o animal, sendo válida como estratégia de proteção individual.
II - Quimioprofilaxia para leptospirose
Qualquer indivíduo que entrou em contato com água ou lama de enchente
está suscetível à infecção e pode manifestar sintomas da doença, configurando-se
uma situação em que não há indicação técnica para realizar quimioprofilaxia contra a
leptospirose, como medida de saúde pública. Nas áreas com ocorrência de enchentes,
as medidas a serem adotadas são as seguintes:
Divulgar ações de proteção entre a população vulnerável;
Manter vigilância ativa para identificação oportuna de casos suspeitos de leptos-
pirose; tendo em vista que o período de incubação da doença pode ser de 1 a 30 dias
(média de 5 a 14 após a exposição);
Notificar imediatamente todo caso suspeito da doença, conforme a Portaria do
MS de consolidação Nº 4 de 03 de outubro de 2017;
Realizar tratamento oportuno dos casos suspeitos.
5.6 Fisiopatologia
A leptospira apresenta dupla membrana celular que apresenta importante papel
patogênico. Os fatores de virulência ainda não são totalmente definidos, mas sabe-se
que os lipo polissacárides da leptospira interagem com o receptor Toll-like ou TLR4
e iniciam os mecanismos da cascata da sepse. Outros mecanismos implicados na
patogênese da leptospirose são a indução de apoptose, a existência de proteína
que se liga à fibronectina e a interferência em canais Na-K-ATPase dependentes em
segmentos isolados de néfrons.
Capítulo 5. Leptospirose 28
A leptospira atinge a corrente sanguínea disseminando-se por múltiplos órgãos
e tecidos, incluindo o fígado, onde causam disfunção hepatocelular com diminuição da
síntese de fatores de coagulação, albumina e diminuição da esterificação do colesterol.
Nos rins, a leptospira causa danos tubulares pela formação de imunocomplexos, por
hipoxemia e, às vezes, por efeito tóxico direto das leptospiras com quadro de nefrite in-
tersticial e necrose tubular com insuficiência renal. Em músculos, as alterações incluem
formação de vacúolos citoplasmáticos e miosite Os pacientes podem desenvolver
vasculite com destruição endotelial e infiltrados inflamatórios, sendo este processo de
vasculite o responsável pelas principais manifestações da doença
5.7 Relatos de Casos
paciente do sexo masculino, com 24 anos de idade, mulato, solteiro, desem-
pregado, residente em São Miguel Paulista (Região Metropolitana de São Paulo). O
paciente informou que em 15 de abril de 1988 apresentou febre alta (38,5°C), calafrios,
sudorese, cefaléia de pequena intensidade e dor epigástrica. Procurou atendimento
médico, sendo medicado com dipirona por via oral, penicilina benzatina por via in-
tramuscular, sem obter melhora. Procurou outra vez atendimento médico, recebendo
ampicilina por via oral, durante 4 dias. Com o agravamento do quadro clínico, aumento
de intensidade da cefaléia, aparecimento de dores no corpo, náuseas, vômitos, tosse
com expectoração amarelada, urina de coloração avermelhada e queda do estado
geral, foi encaminhado ao Pronto-Socorro do Hospital Emilio Ribas, em 21/04/88, com
suspeita de meningite. Ao exame físico, encontrava-se em bom estado geral, corado,
hidratado, anictérico, com pressão arterial de 120 x 75 mmHg, pulso e freqüência
cardíaca de 88 batimentos por minuto e temperatura axilar de 38,5°C. A propedêutica
cardio-pulmonar foi normal, e a palpação profunda da região epigástrica foi dolorosa,
sem visceromegalia. Observou-se ausência de sinais de irritação meníngea e de gân-
glios palpáveis nas cadeias ganglionares periféricas. O paciente foi internado com
diagnóstico de meningite bacteriana indeterminada„ e medicado com ampicilina por
via endovenosa. No segundo dia de internação, houve piora da dor muscular, princi-
palmente em panturrilhas, que dificultava a deambulação, estabelecendo-se, então, a
hipótese diagnostica de leptospirose, e colhido material para exames específicos. O
paciente negou antecedentes epidemiológicos para leptospirose, e durante a internação
declarou ter comportamento homossexual, sem parceiro fixo; diante dessa informação
foi solicitada a pesquisa de anticorpos antivírus da imunodeficiência adquirida (anti-
HIV), . O paciente apresentou boa evolução, recebendo alta hospitalar no dia 04/05/88,
sendo acompanhado em ambulatório durante sete meses, sem manifestações clínicas.
29
6 Doenças transmitidas por Pulgas e Carrapatos
6.1 Doença transmitida por Carrapatos
• Doença de Lyme: Entre as doenças transmitidas por carrapatos está a doença
de Lyme. Os sintomas são febres, perda de apetite e letargia. Se não for tratada,
pode levar à doença renal grave.
• Citauxzoonose :A citauxzoonose é uma doença comum transmitida pelo carra-
pato que geralmente afeta gatos. Os sintomas podem incluir depressão, anemia,
febre alta, icterícia, e dificuldade em respirar. Infelizmente, os tratamentos são
em grande parte ineficazes e a morte pode ocorrer apenas sete dias após a
infecção.
• Hepatozoonose Canina :A hepatozoonose canina é causada pela ingestão de
um carrapato e não por picadas. A hepatozoonose canina pode levar a uma
infecção grave, por vezes fatal, que produz sintomas como febre alta, rigidez,
dor, perda de peso e músculo. Mesmo que seu cão se recupere, ele ainda pode
precisar de tratamento continuo vários anos após o tratamento.
• Tularemia :A tularemia afeta mais os gatos do que os cães e pode levar à febre
elevada, inchaço dos gânglios linfáticos e abscessos. Em cães, a doença pode
causar depressão, perda de apetite e febre baixa. Não existe vacina para esta
doença, mas pode ser tratada com antibióticos.
6.2 Doenças transmitidas por pulgas
DAPP – dermatite alérgica a picada de pulgas :A DAPP está entre os problemas
mais comuns causados pela picada da pulga. Picadas de pulgas podem causar irritação
e inchaço no local da picada, mas, em casos de DAPP, a reação é muito mais forte.
Esta condição é causada por uma reação alérgica à saliva da pulga, não apenas à
picada. Os sintomas podem incluir coceira intensa e inflamação na pele do animal.
• Doença do arranhão do gato :Cerca de 40 por cento dos gatos terão a doença
do arranhão do gato em algum momento de suas vidas. A transmissão de um
gato para outro ocorre através das pulgas. Esta doença pode causar fadiga,
dores de cabeça e febre em seres humanos.
• Peste :Outra doença espalhada por pulgas é a peste. Esta é a mesma doença
que matou cerca de 30% da população europeia durante a Idade Média e ainda
pode afetar animais de estimação hoje, embora seja atualmente incomum em
humanos. Pode causar febre, inchaço dos gânglios linfáticos, e até morte súbita
do seu pet.
Capítulo 6. Doenças transmitidas por Pulgas e Carrapatos 30
• Tênia :Além de transmitirem a peste, as pulgas também são vetores da tênia.
Se o seu cão ingere uma pulga que está carregando vermes ele pode se infectar
e ter sintomas como perda de peso, irritação e vômitos.
6.3 Prevenção
Sabem, pulgas e carrapatos podem espalhar algumas doenças muito perigosas.
Felizmente, a prevenção de pulgas e carrapatos é, na verdade, bastante simples. Tratar
seu cão ou gato com um medicamento preventivo tópico todos os meses costumam
ser suficiente para manter estas pragas sob controle. Tenha em mente que pulgas
e carrapatos podem afetar o seu cão em qualquer época do ano, mesmo durante o
inverno. O segredo para proteger o seu animal de estimação contra doenças perigosas
é se manter consistente em seus métodos de prevenção de pulgas e carrapatos.
Mantenha-se atualizado quanto às opções de prevenção tópica. E nas consultas de
rotina, sempre peça ao veterinário que verifiquese há carrapatos ou pulgas em seu
pet. Se suspeitar de algum problema com pulgas ou carrapatos, entre imediatamente
em contato com seu veterinário.
31
7 Tifo Murino
7.1 Coceito
Tifo é o nome genérico de várias doenças infectocontagiosas, classificadas como
riquetsioses por serem causadas por bactérias do gênero Rickettsias. A maior parte
dessas bactérias se desenvolve num reservatório animal e é transmitida ao homem
pela picada de insetos infectados (geralmente um artrópode, como os piolhos-do-corpo,
a pulga dos rato e os carrapatos), ou pela contaminação com suas fezes. No interior
do corpo humano, as bactérias proliferam nas células endoteliais dos pequenos vasos
sanguíneos e podem provocar lesões graves, muitas vezes irreversíveis.
Há focos dessas (doenças) espalhados pelo mundo todo. A infecção ocorre
especialmente em áreas geográficas com más condições sanitárias e de higiene e
com grande aglomeração de pessoas, como campos de refugiados, prisões, etc. Entre
as diversas categorias de tifo existentes, os mais comuns são o tifo epidêmico ou
exantemático, transmitido pelo piolho-do-corpo humano, e o tifo epidêmico ou murino,
transmitido pela pulga-do-rato.
Observação importante: É de extrema importância esclarecer que febre tifoide
e tifo são duas entidades distintas, transmitidas por micro-organismos diferentes. A
primeira é transmitida pela Salmonella typhi e o tifo por bactérias do gênero Rickettsia.
7.2 Tifo epidêmico ou exantemático
É uma doença grave causada pela bactéria Rickettsia prowazekii, transmitida
pelas fezes do piolho-do-corpo humano (Pediculus humanus), que penetram no or-
ganismo do homem, quando ele coça o local da picada ou quando, depois de secas,
invadem o trato respiratório e os olhos.
Os pródromos (febre, dor de cabeça e calafrios) surgem repentinamente após
um período de incubação que se estende de sete a 14 dias. A seguir, aparecem
sintomas parecidos com os da influenza: febre alta, persistente e difícil de controlar,
dor de cabeça muito forte, prostração. Com o agravamento do quadro, eles evoluem
para delírio e estupor (inconsciência profunda). Por volta do quarto ou sétimo dia,
as manchas rosadas (exantema maculopapular) que se formam primeiramente nas
axilas, alastram-se por todo o corpo, poupando apenas a face, a palma das mãos e a
planta dos pés. Nos casos mais graves, essas lesões adquirem caráter hemorrágico
e podem ocorrer complicações, como pneumonia, tromboses, vasculite, gangrena,
colapso circulatório, miocardite e uremia.
Capítulo 7. Tifo Murino 32
7.3 Tifo endêmico ou murino
A Rickettsia typhi ou aRickettsia mooseri, bactérias causadoras do tifo endêmico
ou murino, são transmitidas para os humanos pelas pulgas-do-rato (Xenopsylla cheopis)
e, provavelmente, pelas do gato (Clenocephalides felis), apenas quando cresce muito o
número de animais contaminados, o que as obrigas a procurar novos hospedeiros e
facilita a disseminação da enfermidade.
Quando esses insetos picam o homem, liberam fezes infectadas pelas bactérias
que penetram no organismo humano e provocam uma doença cujos sintomas são
parecidos com os do tifo epidêmico, mas de menor duração e intensidade. Também
a erupção maculopapular, que se concentra no tronco, persiste por menos tempo. O
problema é que ela pode ser confundida com as lesões do sarampo, da rubéola ou da
roséola.Focos do tifo endêmico ou murino são registrados no mundo todo
7.4 Diagnostico
Geralmente, o diagnóstico desses duas categorias de tifo (riquetsioses) é clínico
e considera os sintomas e os dados epidemiológicos a respeito da incidência da
infecção nos lugares onde o paciente vive ou esteve recentemente. Existem apenas
alguns exames laboratoriais que ajudam a isolar os micro-organismos nos homens ou
a determinar a presença de anticorpos específicos para os antígenos da bactéria.
O diagnóstico diferencial é de grande valor para orientar o tratamento. Entretanto,
especialmente em relação à febre maculosa, uma riquetsiose transmitida pela picada
de carrapatos, o tratamento deve ser instituído imediatamente, mesmo antes de o
diagnóstico diferencial estar fechado, por causa da gravidade da doença.
O diagnóstico precoce está ligado à suspeita clínica, não devendo o tratamento
ser adiado até se obter confirmação laboratorial. O principal método de confirmação
laboratorial é serológico e o diagnóstico serológico é retrospectivo, porque os títulos
positivos começam a aparecer ao fim de 1 semana do início da doença e generalizam-se
a todos os doentes só ao fim de 2 semanas. A reacção de Weil-Felix, que é inespecífica
e pouco sensível, não serve para estabelecer um diagnóstico definitivo, devendo, em
vez disso, serem usados testes serológicos específicos feitos com antigénios de R.
typhi (IFA). Pode-se ainda confirmar o diagnóstico por PCR ou por demonstração imuno-
histológica de R. typhi nos tecidos. Muitos doentes começam por ser investigados por
febre de origem indeterminada, mas a presença de manifestações sistêmico associadas
com febre deve-nos fazer pensar em tifo murino, sendo esta a única forma de chegar
ao diagnóstico precoce desta doença
Capítulo 7. Tifo Murino 33
7.5 Prevenção
A melhor forma de prevenção consiste em adotar medidas sanitárias e de higiene
para controle dos insetos vetores que transmitem a infecção e para conter a proliferação
descontrolada dos animais que servem de reservatório para a bactéria.
Examinar cuidadosamente o corpo e a roupa para localizar e remover os insetos
que, por acaso ali estejam, assim como o uso repelentes químicos e de roupas que
cubram praticamente todo o corpo borrifadas com inseticidas são também medidas
importantes para prevenir as doenças transmitidas pelas Rickettsias, especialmentenas
regiões onde há risco maior de ser infectado.
Vacinas
As vacinas (vivas ou inativadas) que imunizam contra o tifo epidêmico existem,
mas não são facilmente encontradas. Quanto ao tifo murino ou endêmico, ainda não
existe vacina eficaz contra a doença.
7.6 Tratamento
O tratamento desses duas categorias de tifo consiste na utilização de antibióticos
(clorafenicol e tetraciclina) e em cuidados de suporte para aliviar os sintomas. Nos
casos de doença atacante, pode ser necessário administrar medicamentos à base de
cortiscosteroides.
Recomendaçao:
Faça a sua parte. Mantenha o ambiente em que vive em perfeitas condições de
higiene;
Exija que as autoridades públicas façam a parte no que lhes cabe no que se
refere ao fornecimento de água potável, à coleta e tratamento dos esgotos e do lixo e
ao controle de pragas que possam pôr em risco a saúde da população.
7.7 Sintomas
Os sintomas de tifo murino começam cerca de 6 a 18 dias após a bactéria entrar
no corpo. As pessoas têm calafrios, febre e dor de cabeça. A febre dura cerca de
10 dias. Pode surgir uma erupção cutânea poucos dias depois dos outros sintomas.
Primeiro, ela ocorre apenas em alguns lugares do dorso; depois, se alastra para os
membros.O tifo murino raramente causa morte, mas a morte é provável em pessoas
idosas.
Capítulo 7. Tifo Murino 34
7.8 Caso Clinico
Uma mulher de 54 anos, de raça negra, natural de Cabo Verde, residente em
Oeiras há 20 anos, casada, funcionária do Ministério da Agricultura, foi internada no
Serviço de Medicina II do Hospital Egas Moniz em 21 de Agosto de 1995 por síndroma
febril de etiologia a esclarecer. Da história epidemiológica salienta-se habitação em
meio urbano com condições sanitárias razoáveis e ausência de contacto com animais,
incluindo ratos e pulgas. Não tinham ocorrido deslocações recentes. Os antecedentes
pessoais e familiares eram irrelevantes. Cerca de oito dias antes do internamento
iniciara quadro súbito de cefaleias frontais intensas, calafrios, febre, artralgias meta-
carpofalângicas, do joelho e tornozelo esquerdos e tosse seca esporádica. No dia do
internamento apresentava-se febril (39ºC), com exantema maculopapular no dorso das
mãos e face anterior das pernas, prurido cutâneo generalizado e edema periorbitário
bilateral. Dois dias depois o exantema já tinha desaparecido.Dos exames complementa-
res de diagnóstico destacavase uma anemia ligeira (Hb - 10,3 g/dl) com características
laboratoriais de anemia de doença crónica (ferro sérico de 10μg/dl, ferritina >1200ng/ml
e transferrina de 1,83), velocidade de sedimentação muito elevada (91mm/h), PCR
elevada (58.7), alteração ligeira da bioquímica hepática (TGO de 62 U/l e LDH de
1220 U/l) e reacção de WeilFelix (OX2) positiva a 1/640. As provas de função renal,
os testes de coagulação, a análise sumária de urina, os anticorpos antinucleares, os
anticorpos anticardiolipina, os testes de Coombs directo e indirecto, as reacções de
Widal, Hudleson e Paul-Bunnel, o VDRL, o TASO, as serologias para Borrelia burgdoferi,
VIH 1e 2, VHC e Parvovírus B19 e o teste de Mantoux foram negativos. As serologias
para VHB, CMV, VEB e toxoplasmose foram compatíveis com infecção antiga. Várias
hemoculturas e uroculturas e uma mielocultura – em meio Universal, em Bactec e
em meio NNN para Leishmania – foram também negativas. A radiografia do tórax, o
ecocardiograma, a ecografia abdominal, renal e pélvica e a TAC toracoabdominal foram
normais. A biopsia hepática não mostrou alterações. Entretanto, durante o internamento
foi pedida serologia para Rickettsias, tendo sido enviada uma amostra de sangue para
o Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas (CEVDI-INSA). O resultado
da 1ª titulação (títulos de anticorpos anti - R. typhi IgM 1/40 e IgG 1/512) aponta para
o diagnóstico de tifo murino. Este diagnóstico foi posteriormente confirmado pelas 2ª,
3ª e 4ª titulações, feitas, respectivamente, em Outubro, Novembro de 1995 e Maio de
1996, em que se verificou uma negativação do título de IgM (Novembro de 1995) e uma
subida do título de IgG para 1/1024 (Outubro de 1995) e posterior descida para 1/256. A
situação da doente evoluiu de forma benigna, tendo-se verificado, a partir do 12ºdia de
internamento, redução gradual da pirexia, embora com alguns episódios de temperatura
sub-febril já na fase de convalescença, e desaparecimento progressivo mas lento dos
sintomas e do mal estar. Não foi instituída qualquer terapêutica antibiótica.
35
8 Aranhas e escorpião
Os acidentes causados por aranhas são comuns, porém, a maioria não apre-
senta repercussão clínica. Os gêneros de importância em saúde pública no Brasil são a
aranha-marrom (Loxosceles), aranha-armadeira ou macaca (Phoneutria) e viúva-negra
(Latrodectus). Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, porém, sem
relevância em saúde pública, sendo que os principais grupos pertencem, principal-
mente, às aranhas que vivem nas casas ou suas proximidades, como caranguejeiras e
aranhas de grama ou jardim.
8.1 Três gêneros de aranhas consideradas de importância médica no Brasil:
• Aranha-marrom (Loxosceles) - Não é agressiva, pica geralmente quando com-
primida contra o corpo. Tem um centímetro de corpo e até três de comprimento
total. Possui hábitos noturnos, constrói teia irregular como “algodão esfiapado”.
Esconde-se em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros,
rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões, e
outros ambientes com pouca iluminação e movimentação.
• Aranha armadeira ou macaca (Phoneutria) - Bastante agressiva, assume po-
sição de defesa saltando até 40 cm de distância. O corpo pode atingir 4 cm,
com 15 cm de envergadura. Ela é caçadora, com atividade noturna. Abriga-se
sob troncos, palmeiras, bromélias e entre folhas de bananeira. Pode se alojar
também em sapatos, atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos, materiais
de construção, etc.
• Viúva-negra (Latrodectus) - Não é agressiva. A fêmea pode chegar a 2 cm e o
macho de 2 a 3 cm. Tem atividade noturna e hábito de viver em grupos. Faz teia
irregular em arbustos, gramíneas, cascas de coco, canaletas de chuva ou sob
pedras. É encontrada próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados,
como frestas, sob cadeiras e mesas em jardins.
• Caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae) - As aranhas caranguejeiras, em-
bora grandes e frequentemente encontradas em residências, não causam aci-
dentes considerados graves.
8.2 Como prevenir acidentes
• Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo
doméstico, material de construção nas proximidades das casas;
Capítulo 8. Aranhas e escorpião 36
• Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras
e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada;
• Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de
um a dois metros junto das casas;
• Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois, as aranhas e escorpiões podem
se esconder neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo;
• Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres;
• Usar calçados e luvas de raspas de couro pode evitar acidentes;
• Vedar soleiras das portas e janelas ao escurecer, pois, muitos desses animais
têm hábitos noturnos;
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes,
consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas e telas
nas janelas;
• Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques;
• Combater a proliferação de insetos para evitar o aparecimento das aranhas que
deles se alimentam;
• Afastar as camas e berços das paredes. Evitar que roupas de cama e mosquitei-
ros encostem no chão. Inspecionar sapatos e tênis antes de calçá-los;
• Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos no-
turnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, coatis,
entre outros (na zona rural).
8.3 Sintomas
Acidentes com aranha causam sintomas que podem ser leves a severos. Em
raros casos, pode levar à morte.
Aranha-armadeira: causa dor imediata e intensa, com poucos sinais visíveis
no local. Raramente pode ocorrer agitação, náuseas, vômitos e diminuição da pressão
sanguínea.
Aranha-marrom: a picada é pouco dolorosa e uma lesão endurecida e escura
costuma surgir várias horas após, podendo evoluir para ferida com necrose de difícil
cicatrização. Em casos raros, pode ocorrer o escurecimento da urina.
Viúva-negra: dor na região da picada, contrações nos músculos, suor generali-
zado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.
O que fazer em caso de acidente
Capítulo 8. Aranhas e escorpião 37
• Lavar o local da picada;
• Usar compressas mornas, pois, ajudam no alívio da dor;
• Elevar o local da mordida;
• Procurar o serviço médico mais próximo;
• Quando possível, levar o animal para identificação.
• Atenção ao que não se deve fazer após acidente
• Não fazer torniquete ou garrote;
• Não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida;
• Não aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções;
• Não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas
regiões do país.
8.4 Relato de Caso
Paciente do sexo masculino, 11 anos, estudante, procedente do bairro Cidade
Nova, Manaus, Amazonas, referindo ter sido picado por aranha que descreveu como
pequena e manchada de vermelho. Não trouxe o animal, mas achou semelhança com
a aranha que o acidentou em um exemplar vivo de Latrodectus curacaviensis, coletado
no mês anterior em Manaus, na área do Campus da Universidade do Amazonas, que
lhe foi mostrado. O acidente aconteceu sob uma árvore, à margem de um campo
de futebol, num acampamento de escoteiros na periferia da cidade, às 13 horas do
dia 02 de julho de 1995, sendo o local da picada a região retroauricular esquerda.
Evoluiu com dores na região dorsal e lombar e em membros inferiores. Chegou ao
Hospital Nelson Antunes, no Instituto de Medicina Tropical do Amazonas, às 15 horas e
trinta, evoluindo com cefaléia, epigastralgia, náuseas, vômitos, dor abdominal difusa
em cólicas, febre, sudorese, tremores e delírios. F.R.= 40 ir/min., PA = 130 x 80mmHg.
Apresentava abalos musculares generalizados, alternando agitação psicomotora com
sonolência. Hiperemia conjuntival, edema facial e periorbitário.

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