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FACULDADE SANTA MARIA DA GLORIA GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM ana caroline tavares terezan Zoonoses e Vetores MARINGÁ 2020 ana caroline tavares terezan Zoonoses e Vetores Zoonoses e Vetores apresentado ao curso de enfermagem, na matéria de saúde ambi- ental. Professor(a): Vanessa Julia Pupulin Disciplina: Saúde Ambiental MARINGÁ 2020 Sumário 1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.1 Vigilância Rotineiramente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.1.1 Vigilância ativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.2 Prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.3 O que as equipes da zoonose fazem. . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.4 Como a zoonose atua na Cidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.5 Centro de Controle de Zoonoses Vetores e Pragas Urbanas . . . 10 2 Doenças transmitidas por Pombos, Morcegos. . . . . . . . . . . . 12 2.1 Doenças causadas por pombos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.2 Medidas de proteção e controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.3 Morcegos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.4 Como evitar as doenças transmitidas por morcegos . . . . . . . 14 3 Taxoplasmose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3.1 Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3.2 Sintomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3.3 Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 3.4 Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Vigilância da toxoplasmose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3.5 Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3.6 Prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3.7 Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.8 Relato de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 4 Doenças transmitidas por Baratas e Ratos . . . . . . . . . . . . . 21 4.1 Baratas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 4.2 Doenças causadas por Ratos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 5 Leptospirose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 5.1 Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 5.2 Sintomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 5.3 Diagnostico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 5.4 Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 5.5 Prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 5.6 Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 5.7 Relatos de Casos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 6 Doenças transmitidas por Pulgas e Carrapatos . . . . . . . . . . . 29 6.1 Doença transmitida por Carrapatos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 6.2 Doenças transmitidas por pulgas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 6.3 Prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 7 Tifo Murino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 7.1 Coceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 7.2 Tifo epidêmico ou exantemático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 7.3 Tifo endêmico ou murino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 7.4 Diagnostico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 7.5 Prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 7.6 Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 7.7 Sintomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 7.8 Caso Clinico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 8 Aranhas e escorpião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 8.1 Três gêneros de aranhas consideradas de importância médica no Brasil: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 8.2 Como prevenir acidentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 8.3 Sintomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 8.4 Relato de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 9 Escorpião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 9.1 Principais espécies causadoras de acidentes . . . . . . . . . . . . 39 9.2 Relato de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 10 Comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) . . . . . . . 42 11 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 12 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 4 1 Introdução A execução das ações, das atividades e das estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública, além de raiva e leishmani- oses, estende-se para outras doenças de transmissão vetorial. Assim, tais doenças subdividem-se em três grupos, sendo: zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde (MS), zoonoses de relevância regional ou local e zoonoses emergentes, ou emergentes. As zoonoses monitoradas por progra- mas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde são: peste, leptospirose, febre maculosa brasileira, hantavirose, doença de Chagas, febre-amarela, febre d e chikungunya e febre do Nilo Ocidental. Outras doenças de transmissão vetorial que acometem somente a espécie humana, como dengue e malária, também podem ser parte integrante das atribuições da área de vigilância de zoonoses. As zoonoses de relevância regional ou local, ou seja, que apresentam incidência e prevalência numa determinada área do território brasileiro, mas de magnitude, transcendência, severi- dade, gravidade, vulnerabilidade e potencial de disseminação também somente ao nível regional ou local, são: toxoplasmose, esporotricose, ancilostomíase, toxocaríase (larva migrans cutânea e visceral), histoplasmose, criptococose, complexa equinococose – hidatidose, entre outras. As zoonoses emergentes ou emergentes são, respectivamente, doenças novas (exóticas) e aquelas que reaparecem após período de declínio signifi- cativo ou com risco de aumento em breve, promovendo significativo impacto sobre o ser humano, devido à sua gravidade e à potencialidade de deixar sequelas e morte. Tais doenças podem ser incidentes ou prevalentes em outros países, e de alguma forma, envolvem uma ou mais espécies de animais no seu ciclo de transmissão, sendo introduzidas no Brasil por meio da entrada de pessoa(s), animal(is) ou de fômite(s) infectados. Para qualquer grupo de zoonoses, as ações, as atividades e as estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses executadas pela área de vigilância de zoonoses se pautam em atuar e intervir, direta ou indiretamente, sobre as populações de animais alvo, de modo a refletir em benefício direto (quanto à redução ou eliminação, quando possível, do risco iminente de transmissão de zoonose) à saúde da população humana. Assim, toda ação, atividade e estratégia de vigilância, prevenção e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública, desenvolvidas e executadas pela área de vigilância de zoonoses, devem ser precedidas por levantamento do contexto de impacto na saúde pública, por meio de avaliação da magnitude, da transcendência, do potencial de disseminação, da gravidade, da severidade e da vulnerabilidade referentes ao processo epidemiológico de instalação, transmissão e manutenção de zoonoses, considerando a população exposta, a espécie animal envolvida, a área afetada (alvo), em tempo determinado. Capítulo 1. Introdução 5 1.1 Vigilância Rotineiramente. A área de vigilância de zoonoses deve desenvolver e executar ações,atividades e estratégias de vigilância de zoonoses e, dependendo do contexto epidemiológico, também de prevenção, em seu território de atuação. Essas atividades são organizadas e executadas da seguinte forma: 1.1.1 Vigilância ativa • Zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde: as ações caracterizam-se por serem executadas de forma permanente interessar-se subsidiar os programas de controle existentes. Para o de- senvolvimento e a execução das ações de vigilância ativa, devem-se seguir as normas técnicas vigentes dos programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde. • Zoonoses de relevância regional ou local; zoonoses emergentes e reemer- gentes: caracteriza-se pelo desenvolvimento e pela execução sistemática de medidas que visem identificar, oportuna e precocemente, o risco real (iminente) de introdução ou a introdução/ reintrodução de uma zoonose, ou, ainda, a manutenção do ciclo de transmissão de uma zoonose prevalente na área em questão, a fim de que a área de vigilância de zoonoses local possa intervir com ações de controle. As ações desenvolvidas nesta etapa, que também se aplicam às ações de vigilância ativa relacionadas às zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde, consistem em: a) Articulação sistemática, com a área de vigilância epidemiológica local, para atualização quanto à ocorrência de casos humanos, sejam prevalentes ou inciden- tes, sejam no território de atuação ou em áreas circunvizinhas, bem como de outras informações pertinentes. b)Monitoramento constante e sistemático das populações de animais do território de atuação. c) Estruturação da rotina de identificação de informações geradas pela mídia sobre a incidência e a prevalência de zoonose na área alvo. d)Articulação sistemática com serviços e instituições públicas e privadas que, de alguma forma, trabalham com animais ou amostras biológicas de animais, tais como: consultórios, clínicas e hospitais veterinários, pet shops, órgãos ambientais, órgãos da agricultura, órgãos e entidades de proteção animal, laboratórios, universidades, entre outros, de modo que se identifique oportuna e precocemente a introdução de uma zoonose em uma determinada área ou seu risco iminente. e) Desenvolvimento de inquéritos epidemiológicos que envolvam determinadas populações de animais. Capítulo 1. Introdução 6 Vigilância passiva Caracteriza-se por viabilizar meios para a identificação oportuna e precoce de uma situação de risco real (iminente) relacionada a zoonoses ou de ocorrência de zoonoses na área em questão, possibilitando que a área de vigilância de zoonoses local possa intervir com ações de controle. Esses meios são: Disponibilidade de avaliação e recepção de um animal de relevância para a saúde pública, oportunizando o acesso da população e de instituições públicas e privadas para entrega desses animais. Esse procedimento só é possível quando o município ou a região possui uma Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ). O município que não possuir uma UVZ não tem a atribuição de viabilizar esse serviço. Canal de comunicação com a população para informações sobre animais de relevância para a saúde pública, bem como para que a população notifique a área de vigilância de zoonoses, quando diante de um animal suspeito de zoonose de relevância para a saúde pública. Os canais de comunicação podem ser viabilizados por números de telefones e de correios eletrônicos. É, também, por meio deste canal que se originam as atividades de Inspeção Zoossanitária • Integração e articulação com serviços e instituições públicos e privados que, de alguma forma, trabalham com animais ou amostras de animais, tais como: consultórios, clínicas e hospitais veterinários, pet shops, órgãos ambientais, órgãos da agricultura, órgãos e entidades de proteção animal, laboratórios, universidades, entre outros, de modo que se sensibilize, incentive e oriente esses serviços e instituições a notificar a área de vigilância de zoonoses quando diante de um animal suspeito de zoonose de relevância para a saúde pública. 1.2 Prevenção . As ações de prevenção de zoonoses caracterizam-se por serem executadas de forma temporária ou permanente, dependendo do contexto epidemiológico, por meio de ações, atividades e estratégias de educação em saúde, manejo ambiental e vacinação animal: • Educação em saúde: devem-se desenvolver atividades de educação em saúde na comunidade como um todo, visando à prevenção de zoonoses. É necessário priorizar as localidades mais vulneráveis, atuando em escolas e outros locais em que se possa atingir o público-alvo, de forma intensa e mais abrangente possível, utilizando- se também de meios de comunicação, como rádio, TV, correspondência e internet. (consultar tópico “Educação em saúde” deste Manual). • Manejo ambiental: realizado somente quando possível (diferenciando-se das ações de correção do ambiente, sendo esta uma atribuição legal dos órgãos de Meio Ambiente), para controlar ou, quando viável, eliminar vetores e roedores. Deve-se incentivar, orientar e educar a população na realização do manejo ambiental, realizando- as, quando necessário. Capítulo 1. Introdução 7 • Vacinação animal: deve-se realizar a vacinação antirrábica de cães e gatos, de acordo com o preconizado para cada região, conforme o contexto epidemiológico da raiva na área local e com o preconizado no Programa Nacional de Vigilância e Controle da Raiva do Ministério da Saúde (consultar tópico “Vacinação animal” deste Manual). Observação: deve-se considerar o contexto epidemiológico das zoonoses na área em questão, para definir as ações de prevenção que serão estratégicas e prioritárias. Controle Uma vez constatada a situação real de risco de transmissão de zoonose (risco iminente) ou a introdução de zoonose(s) de relevância para a saúde pública no território local, a área de vigilância de zoonoses deve iniciar a etapa de desenvolvimento e execução do controle da doença, por meio de medidas cabíveis e viáveis a serem aplicadas direta e indiretamente sobre a população animal alva, de modo a interromper o ciclo de transmissão da(s) zoonose(s) alvo. As ações, as atividades e as estratégias de controle de zoonoses subdividem-se em três tipos: Controle do risco iminente de transmissão de zoonose Constatada a situação real de risco (risco iminente) de transmissão de zoonose (de relevância para a saúde pública) em uma determinada área, relacionado a uma população animal alvo, deve- -se proceder às medidas de controle cabíveis, além da manutenção das medidas de vigilância e intensificação das medidas de prevenção, ambas adequadas à nova realidade epidemiológica. Esse controle se caracteriza pelo desenvolvimento de ações, atividades e estratégias que visem ao alcance da redução ou da eliminação, quando possível, do risco iminente de transmissão da zoonose para a população humana. Controle da zoonose incidente Uma vez instalado o ciclo de transmissão de determinada zoonose em certa área, em que uma população animal esteja relacionada, deve-se proceder às medidas de controle para a redução ou a eliminação, quando possível, do número de casos humanos da doença, intervindo de forma efetiva na interrupção do ciclo de transmissão. Controle da zoonose prevalente Diante de uma zoonose prevalente na área- alvo, em que uma população animal esteja relacionada à transmissão dela, devem-se manter, sistematicamente, as medidas de vigilância, ativa e passiva, e de prevenção, procedendo às medidas de controle para a redução ou eliminação, quando possível, do número de casos humanos da doença, intervindo de forma efetiva na interrupção do ciclo de transmissão. Se a zoonose reincidir com frequência na área-alvo, é ne- cessário rever as medidas adotadas, na tentativa de alcançar sua eliminação. Para o desenvolvimento das ações, das atividades e das estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública, devem-se consultar os manuais técnicosdo Ministério da Saúde, além de outras orientações técnicas vigentes, bem como orientações específicas deste Manual. Quando estas não forem suficientes para o controle da doença e for necessário buscar outras indicações técnicas, deve-se pautar sempre por escolher e executar medidas que sejam técnicas, científica (sob o crivo de alto rigor metodológico científico) e metodologicamente viáveis e efetivas, com Capítulo 1. Introdução 8 comprovação do alcance de resultados satisfatórios. Monitoramento e avaliação Após e durante a aplicação das medidas de con- trole da (zoonose) alvo, deve-se monitorar e avaliar sua efetividade. Dependendo do resultado da avaliação, é preciso continuar com as medidas de controle, até o alcance do objetivo (reduzir ou eliminar, quando possível, a doença ou o risco iminente). As medidas de vigilância são permanentes. Observação: atentar para as orientações pre- conizadas nos programas específicos de vigilância e controle de zoonoses do Ministério da Saúde. Importante: 1. Para o desenvolvimento e a execução das ações, das atividades e das estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses (bem como de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos) de relevância para a saúde pública, deve-se proceder à articulação, à interlocução e à parceria sistemática com a área de vigilância epidemiológica local, visando à consonância e à efetividade delas. 2. Deve-se atentar para as mudanças e atualizações quanto às ações, às atividades e às estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses (bem como de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos) de relevância para a saúde pública, normatizadas pelo Ministério da Saúde. 1.3 O que as equipes da zoonose fazem. Equipes da Unidade de Vigilância de Zoonoses, Vigilância em saúde e da Regional do Tatuquara, fizeram uma ação na Vila 29 de outubro, no (bairro) Caxumba, para orientar os moradores e preveni-los acerca dos riscos das zoonoses, doenças causadas por animais, principalmente a esporotricose. A esporotricose é uma micose provocada por fungos patogênicos do gênero Sporothrix, que afeta humanos e outros animais. Geralmente atinge vasos linfáticos e pele, mas pode causar quadros mais graves em pessoas imunodeprimidas. Desde 2010, Curitiba não registra caso de raiva em felinos. Não há registro de casos de raiva canina na cidade desde 1981. E, desde 1975, não há casos em humanos. Tutores de animais devem ficar em alerta para a importância da vacinação anual de cães e gatos, para mantê-los protegidos. Os animais de estimação devem ser vacinados anualmente contra a raiva. Mesmo animais idosos e que não tenham acesso às ruas devem ser vacinados, uma vez que os morcegos podem entrar nas casas. Além disso, cães e gatos têm hábitos de caça e podem entrar em contato com estes morcegos. Os morcegos têm papel biológico muito importante e não devem ser mortos. Caso encontre um morcego em situação fora do normal entre em contato com a Saúde, através do 156. Participaram também da ação na Vila 29 de outubro, Cristina Yano, coordenação de vigilância em saúde do Distrito Sanitário Tatuquara, Gisele Barros, chefia de serviços Capítulo 1. Introdução 9 da vigilância Epidemiológica e técnicos em ações sanitárias. 1.4 Como a zoonose atua na Cidade Responsável por controlar e traçar estratégias de combate à transmissão de doenças por animais ao homem, a Unidade de Vigilância de Zoonoses, localizada na Cidade Universitária, desempenha um importante papel para a saúde e bem-estar da população de Maceió. O serviço ofertado é o teste rápido para leishmaniose em cães, como explica o coordenador-geral da UVZ, Samy Barros. “Durante o atendimento clínico, caso o médico veterinário suspeite que o animal é portador da leishmaniose é feito esse teste rápido. Também é feito caso a população desconfie que esse animal é portador da doença. Neste caso, é só trazer à UVZ que o veterinário irá analisar se indica ou não o teste”. Outro serviço ofertado é o teste rápido para leishmaniose em cães, como explica o coordenador-geral da UVZ, Samy Barros. “Durante o atendimento clínico, caso o médico veterinário suspeite que o animal é portador da leishmaniose é feito esse teste rápido. Também é feito caso a população desconfie que esse animal é portador da doença. Neste caso, é só trazer à UVZ que o veterinário irá analisar se indica ou não o teste”. Quando o teste rápido aponta um resultado positivo, o animal passa pelo teste confirmatório, também realizado na unidade. “Antes esse teste era feito pelo Estado, mas hoje a UVZ já dispões de equipamento e pessoal treinado para fazer esse exame. Ele serve para dar firmeza se o animal é ou não portador da leishmaniose”, completa o coordenador. Na unidade, a vacinação antirrábica animal acontece durante todo o ano. E a castração de cães e gatos também é feita no próprio centro cirúrgico da unidade. Para isso, deve o animal passe por uma triagem pela clínica, em seguida, é encaminhado para que faça um hemograma e, com a liberação do exame, é marcado o procedimento. Outro serviço muito importante disponibilizado pela UVZ é a fiscalização de possíveis focos de zoonoses. “Nós temos fiscais que fazem fiscalizações em todo o município e são visitas técnicas voltadas para o combate e extermínio de focos de zoonoses”, pontua Samy. Também é realizada a captura e apreensão de animais com suspeita ou compro- vadamente portadores de zoonoses. “Nós não fazemos a captura de qualquer que seja o animal, simplesmente por ele estar em via pública. Recolhemos em apenas duas situações, que é se ele for suspeito ou confirmado como portador de zoonoses, ou se tratando de um animal de grande porte solto”, menciona o coordenador. Além de todo o trabalho mencionado, há ainda o trabalho de campo, que é o momento em que a população tem mais contato com os profissionais. Esse trabalho é desempenhado Capítulo 1. Introdução 10 pelos agentes de endemias, que visam o combate da dengue, zika, chikungunya, leishmaniose e também o controle da proliferação de alguns animais, como pombos, escorpiões, rato. A atividade conhecida como entoparasitário também é desempenhada pela UVZ. “Nós ainda fazemos a análise de fezes humanas coletadas em pontos estratégicos do município, identificando a verminose que estará presente nas fezes e, a partir dali, é direcionado um tratamento adequado para o cidadão”. A unidade também recebe estudantes de Medicina Veterinária e agentes de endemia de todo o estado, que conhecem a estrutura da UVZ e a atuação com os animais e a saúde pública. Nas visitas, os profissionais explicam ainda sobre as leis de bem-estar dos animais. 1.5 Centro de Controle de Zoonoses Vetores e Pragas Urbanas Em Maringá temos o Centro de Controle de Zoonoses Vetores e Pragas Urbanas que Gerência de Vigilância de Zoonoses e Vetores coordena as ações do Centro de Controle de Zoonoses, Vetores e Pragas Urbanas (CCZ) do Município de Maringá, um órgão da Secretaria Municipal de Saúde responsável pelas ações e serviços públicos de saúde voltados para a vigilância, prevenção e controle das zoonoses, visando a profilaxia de doenças transmitidas por vetores com relevância para a saúde pública, e a promoção e bem-estar entre animais e homens. O principal foco de atendimento do CCZ está relaciono às primatas, morcegos, cães agressivos, escorpiões, aranhas, cobras e animais suspeitos de zoonoses. As ações realizadas pelo CCZ são preventivas, baseadas em trabalhos educativos com a colaboração e participação de toda a sociedade, complementada por ações legais e fiscais, tais como: Controle de Raiva: os casos de mordedura/arranhadura de cães, gatos e ou- tros animais com risco para transmissão de raiva são acompanhados pelos médicos veterinários, além do acompanhamento e análise de morcegos, cães e gatos, que apresentam sintomas de raiva; Controle da febre-amarela, leishmaniose e outras doenças transmitidas por vetores: acompanhamentos da presença dos flebotomíneos em nossas matas e outros arbovírus, e dos reservatórios,por exemplo, primatas e outros animais. Controle dos acidentes com animais peçonhentos: vistoria dos imóveis, captura dos animais e acompanhamento dos acidentes, com orientação sobre venenos e/ou peçonha de animais domésticos e sinantrópicos; Desenvolvimento de atividades que visam a posse responsável de animais domésticos, seu cuidado e higienização, conforme a legislação vigente; Recolhimento de animais que representam risco à saúde pública e/ou com suspeita de zoonoses. Capítulo 1. Introdução 11 Uma das preocupações do CCZ é a presença do escorpião amarelo no município, uma praga urbana, adaptada e distribuída em todo o território, e sua proliferação está associada a alguns fatores: a presença de alimento (outros insetos) e água, esconderijos (entulhos) e a ausência de predadores naturais (algumas aves), por isso a necessidade de manter os lotes urbanos não edificados limpos, sem a presença de madeiras, restos de obras e entulhos de modo geral. A equipe responsável são: Resposavel: Suélen Teixeira Faria Graduação em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Especialização em Farmacologia pela UEM; Especialização em Preceptoria no Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio Libanês: Mestrado em Enfermagem pela UEM. Gerente de Vigilância de Zoonoses e Vetores Telefône: (44) 3218-3188 Email: saude_zoonoses_gerencia@maringa.pr.gov.br 12 2 Doenças transmitidas por Pombos, Morcegos. Muitas pessoas gostam de alimentá-los com pedaços de pão, restos de comida, pipocas, que são alimentos inadequados, que viciam os animais e prejudicam a sua saúde. Os pombos dificilmente são caçados por outros animais, por isso sua população cresce muito rápido. Eles costumam morar em edificações, fazendo seus ninhos em telhados, forros, caixas de ar condicionado, marquises, etc. Mas, além de causarem prejuízos ao danifi- car as estruturas dos prédios, tornaram-se um grave problema de saúde, provocando doenças graves, que podem levar à morte ou deixar sequelas. 2.1 Doenças causadas por pombos • Criptococose: transmitida pela inalação da poeira contendo fezes secas de pombos. Compromete o pulmão e pode afetar o sistema nervoso central, cau- sando alergias, micose profunda e até meningite subaguda ou crônica. • Dermatites: parasitose causada pelo piolho do pombo, que provoca erupções na pele e coceiras semelhantes às de picadas de insetos. • Histoplasmose: doença provocada por fungos que se proliferam nas fezes de aves e morcegos. A contaminação ao homem ocorre pela inalação dos esporos (células reprodutoras do fungo). • Ornitose: doença infecciosa provocada por bactérias. A contaminação ao ho- mem ocorre pelo contato com aves portadoras da bactéria ou com seus dejetos. • Salmonelose: causada pela ingestão de ovos ou carne contaminados pela bactéria Salmonella spp. Presente nas fezes de pombos e outros animais. Gera uma toxinfecção alimentar com sintomas como febre, diarreia, vômitos e dores abdominais 2.2 Medidas de proteção e controle É muito importante para nossa saúde controlar a população de pombos, fazendo com que eles procurem locais mais adequados para viver, com alimentação correta e longe dos perigos das cidades. Entre as medidas que podem colaborar para este fim, temos: • Nunca alimentar os pombos. • Não deixar restos de alimentos que possam servir de alimento aos pombos, como ração de cães e gatos. Capítulo 2. Doenças transmitidas por Pombos, Morcegos. 13 • Colocar telas em varandas, janelas e caixas de ar condicionado. • Tapar buracos ou vãos entre paredes, telhados e forros. • Retirar ninhos e ovos. • Umedecer as fezes dos pombos com desinfetante antes de varrê-las. • Utilizar luvas e máscara para cobrir o nariz e a boca ao fazer a limpeza do local onde estão as fezes 2.3 Morcegos Os morcegos são animais capazes de carregar uma enorme quantidade de vírus, bactérias e parasitas e transmitir para as pessoas, ao mesmo tempo, que a doença se desenvolve em seu organismo. Apesar de a maioria dos morcegos serem capazes de transmitir doenças, nem todos mordem as pessoas e transmitem o microrganismo, apenas os morcegos que se alimentam de sangue ou aqueles que se alimentam de frutos e que se sentem ameaçados, por exemplo. Apesar de uma das estratégias para evitar as doenças causadas por morcegos é a eliminação desse animal, essa medida não é recomendada, isso porque o morcego desempenha papel ecológico fundamental, sendo importante para dispersar sementes e transportar pólen, por exemplo. Apesar de poder ser reservatório e vetor de várias doenças infecciosas, as principais doenças causadas por morcegos são: • Raiva:é a principal doença transmitida pelos morcegos, e acontece quando o morcego infectado pelo vírus da família Rhabdoviridae, morde a pessoa, fazendo com que o vírus presente em sua saliva, entre no organismo da pessoa, podendo se espalhar rapidamente pela corrente sanguínea e chegar no sistema nervoso, causando encefalopatia, por exemplo. • Histoplasmose: é uma doença infecciosa causada pelo fungo Histoplasma capsulatum, que é encontrado no solo, mas que tem seu crescimento favorecido nas fezes de morcegos, por exemplo. Assim, quando o morcego defeca, o fungo pode desenvolver-se ali e ser espalhado pelo ar, podendo infectar as pessoas ao ser inalado. • Covid-19 :Embora não se saiba qual é o vetor da pandemia do novo coronavírus, todos os olhos estão voltados para o morcego. Esses animais já haviam sido a origem de outras epidemias de coronavírus Capítulo 2. Doenças transmitidas por Pombos, Morcegos. 14 2.4 Como evitar as doenças transmitidas por morcegos Para evitar as doenças transmitidas por morcegos é recomendado adotar algu- mas medidas simples, como por exemplo: • Iluminar as áreas externas da casa, sendo possível visualizar os morcegos e fazendo também com que eles se afastem do local; • Colocar telas ou redes plásticas na janelas; • Fechar buracos ou passagens pelos quais os morcegos podem entrar; • Fechar as janelas, principalmente à noite. Caso seja verificada a presença de fezes de morcego, é recomendado que a limpeza seja feita utilizando-se luvas, máscaras e óculos de proteção, pois assim é possível evitar a inalação dos fungos presentes nas fezes dos morcegos, por exemplo. Além disso, caso tenha havido contato com o morcego, é importante tomar a vacina contra a raiva para evitar a ocorrência da doença. Importância Os morcegos são extremamente úteis aos seres humanos, servindo-lhes como material de pesquisa em estudos epidemiológicos, farmacológicos, de mecanismo de resistência a doenças e no desenvolvimento de vacinas. Servem também como recurso alimentar para alguns povos na África e até para algumas tribos no Bra- sil.Frequentemente são tidos como prejudiciais pelas doenças que podem veicular e transmitir, tais como viroses e micoses. 15 3 Taxoplasmose 3.1 Conceito A toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário chamado “Toxo- plasma Gondii”, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais. É causada pela ingestão de água ou alimentos conta- minados e é uma das zoonoses (doenças transmitidas por animais) mais comuns em todo o mundo. Os casos agudos são, geralmente, limitados e com baixas incidências. A fase aguda da infecção tem cura, mas o parasita persiste por toda a vida da pessoa e pode se manifestar ou não em outros momentos, com diferentes tipos de sintomas. Quanto à infecção crônica, a taxa de incidência é baixa até os cinco anos de idade e começa a aumentar a partir dos 20. 3.2 Sintomas A maioria das pessoas infectadas pela primeira vez não apresenta sintomas e, por isso, não precisam de tratamentos específicos. A doença em outros estágios, no entanto, pode trazer complicações, como sequelas pela infecção congênita (gestantes para os filhos), toxoplasmose ocular e toxoplasmose cerebral em pessoas que têm o sistema imunológico enfraquecido, como transplantados, pacientes infectados com o HIV ou em tratamento oncológico. Os sintomasda toxoplasmose são variáveis e associados ao estágio da infecção, (agudo ou crônico). Os sintomas normalmente são leves, similares à gripe, dengue e podem incluir dores musculares e alterações nos gânglios linfáticos. Pessoas com baixa imunidade: podem apresentar sintomas mais graves, in- cluindo febre, dor de cabeça, confusão mental, falta de coordenação e convulsões. Gestantes: mulheres infectadas durante a gestação podem ter abortamento ou nascimento de criança com icterícia, macrocefalia, microcefalia e crises convulsivas. Recém-nascidos: dos recém-nascidos infectados (Toxoplasmose Congênita), cerca de 85% dos casos não apresentam sinais clínicos evidentes ao nascimento. No entanto, essas crianças podem indicar alterações como restrição do crescimento intrauterino, prematuridade, anormalidades visuais e neurológicas. Sequelas tardias são mais frequentes na toxoplasmose congênita não tratada. Há casos relatados de surgimento de sequelas da doença, não diagnosticadas previamente, ocorrendo apenas na adolescência ou na idade adulta. Os recém-nascidos que apresentam manifestações clínicas podem ter sinais no período neonatal ou nos primeiros meses de vida. Esses casos costumam ter, com mais frequência, sequelas graves, como acometimento visual em graus variados, retardo Capítulo 3. Taxoplasmose 16 mental, anormalidades motoras e surdez. As sequelas são ainda mais frequentes e mais graves nos RN que já apresentam sinais ao nascer, com acometimento visual em graus variados, retardo mental, crises convulsivas, anormalidades motoras e surdez. Infecções sintomáticas podem se apresentar de várias formas: • Toxoplasmose aguda • Toxoplasmose do SNC • Toxoplasmose congênita • Toxoplasmose ocular • Doença disseminada ou não SNC em pacientes imunocomprometido Toxoplasmose aguda A infecção aguda é normalmente assintomática, mas 10 a 20% dos pacientes podem desenvolver linfadenopatia bilateral, cervical, ou axilar discreta e autolimitada. Alguns desses casos também podem apresentar leve síndrome gripal com febre, mal-estar, mialgia, hepatoesplenomegalia e, com menos frequência, faringite, que pode mimetizar a mononucleose infecciosa e apresentar linfadenite. Linfocitose atípica, anemia leve, leucopenia e enzimas hepáticas ligeiramente elevadas são comuns. A síndrome pode persistir durante semanas a meses, mas é quase sempre autolimitada. Toxoplasmose do SNC A maioria dos pacientes com aids ou outros pacientes imunocomprometidos com toxoplasmose apresentam encefalite e lesões intracranianas maciças com captaçãodo contraste em anel na TC. O risco é maior entre aqueles com contagens de CD4 de < 50/μL; encefalite por toxoplasmose é rara quando a contagem de CD4 é > 200/μL. Esses pacientes têm tipicamente cefaleia, alteração do estado mental, convulsões, coma, febre e, algumas vezes, déficits neurológicos focais, com perda motora ou sensorial, paralisia de nervo craniano, alterações visuais e convulsões focais. Toxoplasmose congênita Este tipo resulta de uma infecção aguda primária, frequentemente assintomática, adquirida pela mãe durante gestação. Mulheres infectadas antes da concepção em geral não transmitem toxoplasmose ao feto, a menos que a infecção seja reativada durante a gestação por imunossupressão. Aborto espontâneo, natimortalidade ou defeitos de nascimento podem ocorrer. A porcentagem de fetos sobreviventes com Capítulo 3. Taxoplasmose 17 toxoplasmose depende de quando a infecção materna foi adquirida; aumenta de 15% durante o 1º trimestre para 30% durante o 2º e para 60% durante o 3º. A doença pode ser grave nos recém-nascidos, em particular se adquirida no início da gestação; os sinais e sintomas são icterícia, exantema, hepatoesplenomegalia e a tétrade de anomalias características: • Retinocoroidite bilateral • Calcificações cerebrais • Hidrocefalia ou microcefalia • Retardo psicomotor Muitas crianças com infecções menos graves e a maioria das crianças nascidas de mães infectadas durante o 3.º trimestre parecem saudáveis ao nascimento, mas apresentam alto risco de ter convulsões, retardo mental, retino corioidite, ou outros sintomas que se desenvolvem meses, ou até mesmo anos mais tarde. Infecção disseminada sem envolvimento do SNC A doença fora do olho e do SNC é muito menos comum e ocorre principalmente nos pacientes imunocomprometidos. Estes podem apresentar pneumonite, miocardite, meningoencefalite, polimiosite, rash cutâneo maculopapular difuso, febre alta, calafrios e prostração. Em pneumonite por toxoplasmose, infiltrado intersticial difuso pode progredir rapidamente para consolidação e provocar insuficiência respiratória, ao passo que endarterite pode causar infarto de pequenos segmentos do pulmão. Miocardite, em que defeitos de condução são comuns, mas em geral assintomáticos, pode levar rapidamente à insuficiência cardíaca.Infecções disseminadas, sem tratamento, são normalmente fatais. Diagnóstico Exames sorológicos No comprometimento do SNC, tomografia computadorizada ou ressonância magnética (RM) e punção lombar Avaliação histopatológica das biópsias Ensaios baseados em PCR do sangue, líquido cefalorraquidiano (LCR), tecido ou, durante a gestação, do líquido amniótico Capítulo 3. Taxoplasmose 18 Toxoplasmose ocular Este tipo normalmente é o resultado de uma infecção congênita reativada, na maioria das vezes na adolescência e por volta dos 20 anos de idade, mas que, rara- mente, pode ocorrer com infecções adquiridas. Retinite necrosante focal e inflamação granulomatosa secundária de coroide ocorrem e podem provocar dor ocular, visão borrada e, às vezes, cegueira. Recorrências são comuns. 3.3 Transmissão As principais vias de transmissão da toxoplasmose são: Via oral (ingestão de alimentos e água contaminados) Congênita (transmitido de mãe para filho durante gestação), sendo raros os casos de transmissão por inalação de aerossóis contaminados, inoculação acidental, transfusão sanguínea e transplante de órgão É importante saber que o contato com gatos não causa a doença. O perigo está no contato com as fezes contaminadas do felino e no consumo de água contaminada e alimentos mal lavados ou mal cozido. 3.4 Tratamento A toxoplasmose normalmente evolui sem sequelas em pessoas com boa imuni- dade, desta forma não se recomenda tratamento específico, apenas tratamento para combater os sintomas. Pacientes com imunidade comprometida ou que já tenham de- senvolvido complicações da doença (cegueira, diminuição auditiva) são encaminhados para acompanhamento médico especializado. O tratamento e acompanhamento da doença estão disponíveis, de forma integral e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde. Em caso de toxoplasmose na gravidez, é importante o acompanhamento no pré-natal e a pratica das orientações que forem repassadas pelas equipes de saúde. Para gestantes e crianças, o Ministério da Saúde publicou protocolos com recomendações a serem seguidas, caso a caso. 19 Vigilância da toxoplasmose O Ministério da Saúde vem articulando, desde 2015, uma vigilância integrada a secretarias e outras instituições, da toxoplasmose gestacional, congênita e adquirida em surtos. O objetivo é padronizar conceitos, métodos e atendimentos já adotados por estados e Governo Federal. A notificação, investigação e o diagnóstico oportuno dos casos agudos em gestantes viabilizam a identificação de surtos, o bloqueio rápido da fonte de transmissão e a tomada de medidas de prevenção e controle em tempo, além da intervenção terapêutica adequada e consequente redução de complicações, sequelas e óbitos. Já a investigação em recém-nascidos permite a intervenção precoce em casos em que a doença seja confirmada. 3.5 Diagnóstico O diagnóstico da toxoplasmose é baseado, principalmente, em exames de sangue. Em alguns casos, pode ser necessário combinar outros tipos de exames laboratoriais para uma avaliação mais detalhada. Contaminação por água e alimentos: a confirmação de casos de toxoplasmose decorrentes de surtos de transmissão por água ou alimentos deve ser feita, neces- sariamente,por critério laboratorial específico a partir dos resultados dos exames de sangue, uma vez que a doença é comum em diversas regiões. Adquirida ou congênita: é diagnosticada principalmente pela identificação de anticorpos específicos contra o parasito. A sorologia é sensível, específica e possível de ser realizada em laboratórios de menor complexidade. Em situações de surto, a identificação do vínculo de casos à fonte de transmissão deve ser feita criteriosamente, considerando sempre os achados laboratoriais que indicam o tempo provável da infecção. Durante a investigação de surtos, o diagnóstico laboratorial deve ser feito por exames realizados nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública, Laboratórios de Re- ferência Regional ou Nacional ou Centros Colaboradores do Ministério da Saúde. Na ausência de surtos, a confirmação dos casos de toxoplasmose deve ocorrer por meio de avaliação clínica em conjunto com exames laboratoriais realizados de acordo com avaliação e recomendações médicas 3.6 Prevenção A principal medida de prevenção da toxoplasmose é a promoção de ações de educação em saúde, principalmente em mulheres que estão em idade fértil e pessoas com imunidade comprometida. É fundamental manter uma higiene alimentar. Saiba Vigilância da toxoplasmose 20 mais sobre as medidas de prevenção e controle que devem ser adotados para evitar a infecção por toxoplasmose. 3.7 Fisiopatologia T. gondii é onipresente em pássaros e mamíferos. Esse parasita intracelular obrigatório invade e multiplica-se assexualmente como taquizoíta dentro do citoplasma de qualquer célula com núcleo ( Ciclo de vida do Toxoplasma gondii .). Quando o hospedeiro cria imunidade, a multiplicação de taquizoítas cessa e formam-se cistos teciduais, que persistem, dormentes, durante anos, em especial no cérebro, nos olhos e nos músculos. As formas dormentes de Toxoplasma no interior dos cistos são denominadas bradizoítas. A reprodução sexual de T. gondii somente ocorre no intestino de gatos; os oocistos resultantes, eliminados nas fezes, permanecem infectantes por meses em terra úmida. 3.8 Relato de Caso Paciente de 18 anos, primigesta, iniciou acompanhamento pré-natal em uma Unidade Básica de Saúde de Maringá, Paraná, na 12ª semana de gestação, com IgM e IgG anti-T. gondii reagentes. A paciente iniciou tratamento com espiramicina na 22ª semana de gestação. Na 32ª semana de gestação foi encaminhada ao Ambulatório de Gestação de Alto Risco do Hospital Universitário Regional de Maringá da Universidade Estadual de Maringá (HU/UEM). Essas imunoglobulinas permaneceram reagentes e o exame ultrassonográfico obstétrico não demonstrou qualquer anormalidade. A IgA anti-T. gondii foi reagente. Na 33ª semana de gestação foi realizada a amniocentese. O exame ultrassonográfico obstétrico, realizado na 33ª semana, evidenciou aumento dos ventrículos cerebrais laterais, microcalcificações encefálicas (Figura 1) e placento- megalia. A paciente relatou que durante a gestação manteve contato com gatos, lixo peridomiciliar e ocasionalmente consumia queijos frescos e vegetais in natura, mas não carnes cruas ou mal passadas. O diagnóstico do líquido amniótico foi positivo para T. gondii, tanto na PCR (Polimerase Chain Reaction) como no ensaio biológico durante a terceira passagem sucessiva em camundongos Swiss. Após esses resultados, foi administrado esquema tríplice (sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico) alternando a cada três semanas com espiramicina, até o final da gestação. O parto foi normal, com 39 semanas. O recémnascido, de sexo feminino, na tomografia de crânio apresentou dilatação ventricu- lar e microcalcificações cerebrais (Figura 2). Em mapeamento da retina constatou-se comprometimento ocular. A lactente está em uso de sulfadiazina, pirimetamina, ácido folínico e hidrocortisona. 21 4 Doenças transmitidas por Baratas e Ratos 4.1 Baratas As baratas poderão ser um problema realmente sério, já que elas poderão trans- mitir bactérias causadoras de doenças graves, por isso procure manter sempre a sua casa limpa e os alimentos bem armazenados. Ela que é a grande vilã das mulheres e do ambiente de casa, são consideradas nojentas, assustadoras e ainda poderão transmitir doenças. Muitos até mesmo de- fendem a teoria de que elas próprias não são as verdadeiras transmissoras como os mosquitos-da-dengue e da febre-amarela, apesar disto em suas patas existem milhões de microrganismos que poderão contaminar tanto alimentos como objetos pessoais além de transmitir uma série de doenças sérias. • Baratas Transmitem a Hepatite A: é uma das doenças que as baratas poderão transmitir para os seres humanos. Sua transmissão acontece devido à ingestão de água, bem como alimentos e ainda objetos pessoais que estiverem contami- nados. Assim que alcançarem os intestinos elas deverão infectar os enterócitos da mucosa e se multiplicam, depois disto se espalham pelo sangue, fazendo assim com que exista a infecção no fígado. Como principais sintomas da doença temos febre, dores abdominais, náuseas, e ainda diarreia por pelo menos um mês. Alguns doentes poderão ficar com os olhos e a pele bem amarelada, mas 99% dos casos tem recuperação e cura. • Tuberculose: Doença por bactéria que afeta principalmente os pulmões, cau- sando febre, sudorese noturna, tosse e perda de peso. Prevenir é sempre a melhor solução, por isso acondicione os alimentos de forma correta, não acumule papelões ou entulhos, mantenha os ralos sempre fechados, higienizem o local de refeições. Em caso de infestação procure sempre uma empresa especializada. Existem outras categorias de doenças que podem ser transmitidas por baratas, podem ser elas a febre tifoide, que é causada pela Salmonellatyphi, somente os seres humanos podem adquirir essa bactéria. Este problema é transmitido através da ingestão de alimentos ou água contaminada, mas poderá se adquirir através de um beijo. Além da febre tifoide as baratas podem também transmitir a tuberculose, con- juntivites, infecções urinárias, lepra, pneumonia, de natureza gastro-intestinal, como enteroviroses, salmoneloses, shigeloses, e outras. Em tese, o vibrião do cólera pode ser transportado do esgoto para o ambiente humano através de baratas. Essa ca- racterística como vetor de doenças não era considerada até pouco tempo atrás, no Capítulo 4. Doenças transmitidas por Baratas e Ratos 22 entanto estudos epidemiológicos apontam as baratas como responsáveis por surtos de diarréias e estão relacionados a ocorrências de alergias. Para que se possa evitar que a sua casa seja invadida por baratas, a recomendação é procurar sempre manter a casa limpa, alimentos bem lavados e também guardados, e ainda beber apenas água para que possa restabelecer o organismo. Outro problema de ordem de saúde ocasionado por baratas são as reações alérgicas. Provocadas por restos deteriorados de seu corpo e suas fezes pulverizadas no ambiente são inaladas por pessoas desencadeando um processo alérgico. 4.2 Doenças causadas por Ratos. Estima-se que que os roedores são responsáveis pela transmissão de 40 do- enças, e o rato é considerado o principal transmissor. Entre todas as enfermidades podemos citar: leptospirose, peste bubônica, tifo murinho, febre de mordida de rato, raiva, sarnas, triquinose, salmonelose, micoses, hantavirose etc. • Leptospirose: trata-se de uma infecção aguda, uma doença bacteriana que afeta seres humanos e animais causada por uma bactéria do gênero Leptospsira. É altamente recomendável prevenir-se, pois a leptospirose pode ser assinto- mática. Porém, quando os sintomas são manifestados é comum a presença de febre alta, dor muscular (especialmente na panturrilha, cabeça e tórax), olhos vermelhos, tosse, cansaço, calafrios, náuseas, diarreia, desidratação, manchas vermelhas no corpo e meningite. • Hantavirose: é uma doença potencialmente fatal transmitida aos seres humanos por roedores. Em alguns casos, a hantavirose não manifesta sintomas. Todavia, nas fases iniciais os principais sintomas são febre alta, dor muscular, náuseas, vômitos,diarreia e dor de cabeça. • Escabiose (sarna): é uma doença infecciosa, causada pelo parasita Sarcoptes scabie, esse parasita alimenta-se de queratina, a proteína que constitui a camada superficial da pele. Os sintomas manifestam-se na pele por meio de pequenas lesões eritematosas quem podem formar uma crosta por causa da coceira. • Peste bubônica: trata-se de uma doença grave e muitas vezes fatal. É causada pela bactéria da peste, Yersínia pestis, que é transmitida por roedores. A maioria dos indivíduos que não procuram tratamento morrem nas 48 horas que sucedem o início dos sintomas. Os sintomas são febre alta, apatia, vertigens, tremores, intolerância à luz, cefaleia, aumento da frequência cardíaca, cansaço, tosse seca e depois com sangue e aumento dos linfonodos. A doença matou muitas pessoas durante a Idade Média, mas, até nos dias de hoje diversos casos da peste bubônica são registrados. 23 5 Leptospirose 5.1 Conceito A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que resulta da exposição direta ou indireta a urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira; sua penetração ocorre através da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de mucosas. O período de incubação, ou seja, tempo entre a infecção da doença até o momento que a pessoa leva para manifestar os sintomas, pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco. As manifestações clínicas variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros graves, associados a manifestações fulminantes. São divididas em duas fases: fase precoce e fase tardia. A doença apresenta elevada incidência em determinadas áreas além do risco de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Sua ocorrência está relacionada às condições precárias de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados. 5.2 Sintomas Os principais da fase precoce são: • Febre • Dor de cabeça • Dor muscular, principalmente nas panturrilhas • Falta de apetite • Náuseas/vômitos • Podem ocorrer diarreia, dor nas articulações, vermelhidão ou hemorragia conjun- tival, fotofobia, dor ocular, tosse; mais raramente podem manifestar exantema, aumento do fígado e/ou baço, aumento de linfonodos e sufusão conjuntival. Em cerca de 15% dos pacientes com leptospirose, ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que normalmente iniciam-se após a primeira semana de doença. Nas formas graves, a manifestação clássica da leptospirose é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia (tonalidade alaranjada muito intensa - icterícia rubínica), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. Pode haver necessidade de internação hospitalar. Manifestações na fase tardia: Capítulo 5. Leptospirose 24 • Síndrome de Weil - tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias • Síndrome de hemorragia pulmonar - lesão pulmonar aguda e sangramento maciço • Comprometimento pulmonar - tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica • Síndrome da angústia respiratória aguda – SARA Manifestações hemorrágicas • pulmonar • pele • mucosas • órgãos • sistema nervoso central Quais são as complicações da Leptospirose • Insuficiência renal aguda - não oligúrica e hipocalêmica • Insuficiência renal oligúrica por azotemia pré-renal • Necrose tubular aguda • Miocardite - acompanhada ou não de choque e arritmias por distúrbios eletrolíti- cos • Pancreatite • Anemia • Distúrbios neurológicos (confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação meníngea) A leptospirose é uma causa relativamente frequente de meningite asséptica. Raramente ocorrem: encefalite, paralisias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, radiculite, síndrome de Guillain-BarréGuillain-Barré e mielite. Capítulo 5. Leptospirose 25 5.3 Diagnostico Diagnóstico laboratorial Fase precoce: • Exame direto • Cultura Detecção do DNA pela reação em cadeia da polimerase (PCR) Fase tardia: • Cultura • ELISA-IgM • Microaglutinação (MAT) Esses exames devem ser realizados pelos Lacens, pertencentes à Rede Nacio- nal de Laboratórios de Saúde Pública. Exames inespecíficos • Hemograma • Bioquímica (ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, TGO, TGP, gama-GT, fosfatase alcalina e CPK, Na+ e K+) • Radiografia de tórax • Eletrocardiograma (ECG) • Gasometria arterial Considerando-se que a leptospirose tem um amplo espectro clínico, os principais diagnósticos diferenciais são: Fase precoce :dengue, ‘influenza’ (síndrome gripal), malária, riquetsioses, do- ença de Chagas aguda, toxoplasmose, febre tifóide, entre outras doenças. Fase tardia :hepatites virais agudas, hantavirose, febre-amarela, malária grave, dengue hemorrágica, febre tifóide, endocardite, riquetsioses, doença de Chagas aguda, pneumonias, pielonefrite aguda, apendicite aguda, sepse, meningites, colangite, co- lecistite aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da gravidez, síndrome hepatorrenal, síndrome hemolíticourêmica, outras vasculites, incluindo lúpus eritematoso sistêmico, dentre outras. Capítulo 5. Leptospirose 26 5.4 Tratamento Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, nos casos graves, a hospitalização deve ser imediata, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. A automedicação não é indicada. Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco. A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da doença, mas sua eficácia costuma ser maior na 1ª semana do início dos sintomas. Na fase precoce, são utilizados Doxiciclina ou Amoxicilina; para a fase tardia, Penicilina cristalina, Penicilina G cristalina, Ampicilina, Ceftriaxona ou Cefotaxima. Ações de Enfermagem Proporcionar tranquilidade e conforto; incentivar atividades que reduzam a tensão; observar e determinar junto ao paciente sua necessidade e capacidade de autocuidado; auxiliar o paciente nas atividades necessárias de banho corporal e alimentação; proporcionar privacidade durante a rotina de banho. Avaliar o tipo, a intensidade, a localização e a duração da dor; Identificar os fatores que intensificam a a dor para evitá-los e os que a amenizam; Administrar medicação conforme prescrição médica e avaliar sua eficácia; Verificar e anotar a temperatura corporal frequentemente; Administrar antitérmicos conforme prescrição médica; Higienização das mãos antes e após os procedimentos; reduzir o fluxo de pessoas na unidade do paciente; garantir uma adequada higienização dos pacientes. 5.5 Prevenção A prevenção da Leptospirose ocorre por medidas como: Obras de saneamento básico (drenagem de águas paradas suspeitas de con- taminação, rede de coleta e abastecimento de água, construção e manutenção de galerias de esgoto e águas pluviais, coleta e tratamento de lixo e esgotos, desassorea- mento, limpeza e canalização de córregos), melhorias nas habitações humanas e o controle de roedores. Evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem, ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés). Capítulo 5. Leptospirose 27 A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptospiras e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um litro de água sanitária para cada 1,000 litros de água do reservatório. Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2 xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos. Controle de roedores - acondicionamento e destino adequado do lixo, armaze- namento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes, etc.O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por técnicos devidamente capacitados Ações de prevenção em situações emergenciais I – Vacinação Não existe uma vacina para uso humano contra a leptospirose no Brasil. A vacinação de animais domésticos e de produção (cães, bovinos e suínos) evita o adoecimento e transmissão da doença por aqueles sorovares que a vacina protege. Está disponível em serviços particulares, ficando a critério do proprietário vacinar ou não o animal, sendo válida como estratégia de proteção individual. II - Quimioprofilaxia para leptospirose Qualquer indivíduo que entrou em contato com água ou lama de enchente está suscetível à infecção e pode manifestar sintomas da doença, configurando-se uma situação em que não há indicação técnica para realizar quimioprofilaxia contra a leptospirose, como medida de saúde pública. Nas áreas com ocorrência de enchentes, as medidas a serem adotadas são as seguintes: Divulgar ações de proteção entre a população vulnerável; Manter vigilância ativa para identificação oportuna de casos suspeitos de leptos- pirose; tendo em vista que o período de incubação da doença pode ser de 1 a 30 dias (média de 5 a 14 após a exposição); Notificar imediatamente todo caso suspeito da doença, conforme a Portaria do MS de consolidação Nº 4 de 03 de outubro de 2017; Realizar tratamento oportuno dos casos suspeitos. 5.6 Fisiopatologia A leptospira apresenta dupla membrana celular que apresenta importante papel patogênico. Os fatores de virulência ainda não são totalmente definidos, mas sabe-se que os lipo polissacárides da leptospira interagem com o receptor Toll-like ou TLR4 e iniciam os mecanismos da cascata da sepse. Outros mecanismos implicados na patogênese da leptospirose são a indução de apoptose, a existência de proteína que se liga à fibronectina e a interferência em canais Na-K-ATPase dependentes em segmentos isolados de néfrons. Capítulo 5. Leptospirose 28 A leptospira atinge a corrente sanguínea disseminando-se por múltiplos órgãos e tecidos, incluindo o fígado, onde causam disfunção hepatocelular com diminuição da síntese de fatores de coagulação, albumina e diminuição da esterificação do colesterol. Nos rins, a leptospira causa danos tubulares pela formação de imunocomplexos, por hipoxemia e, às vezes, por efeito tóxico direto das leptospiras com quadro de nefrite in- tersticial e necrose tubular com insuficiência renal. Em músculos, as alterações incluem formação de vacúolos citoplasmáticos e miosite Os pacientes podem desenvolver vasculite com destruição endotelial e infiltrados inflamatórios, sendo este processo de vasculite o responsável pelas principais manifestações da doença 5.7 Relatos de Casos paciente do sexo masculino, com 24 anos de idade, mulato, solteiro, desem- pregado, residente em São Miguel Paulista (Região Metropolitana de São Paulo). O paciente informou que em 15 de abril de 1988 apresentou febre alta (38,5°C), calafrios, sudorese, cefaléia de pequena intensidade e dor epigástrica. Procurou atendimento médico, sendo medicado com dipirona por via oral, penicilina benzatina por via in- tramuscular, sem obter melhora. Procurou outra vez atendimento médico, recebendo ampicilina por via oral, durante 4 dias. Com o agravamento do quadro clínico, aumento de intensidade da cefaléia, aparecimento de dores no corpo, náuseas, vômitos, tosse com expectoração amarelada, urina de coloração avermelhada e queda do estado geral, foi encaminhado ao Pronto-Socorro do Hospital Emilio Ribas, em 21/04/88, com suspeita de meningite. Ao exame físico, encontrava-se em bom estado geral, corado, hidratado, anictérico, com pressão arterial de 120 x 75 mmHg, pulso e freqüência cardíaca de 88 batimentos por minuto e temperatura axilar de 38,5°C. A propedêutica cardio-pulmonar foi normal, e a palpação profunda da região epigástrica foi dolorosa, sem visceromegalia. Observou-se ausência de sinais de irritação meníngea e de gân- glios palpáveis nas cadeias ganglionares periféricas. O paciente foi internado com diagnóstico de meningite bacteriana indeterminada„ e medicado com ampicilina por via endovenosa. No segundo dia de internação, houve piora da dor muscular, princi- palmente em panturrilhas, que dificultava a deambulação, estabelecendo-se, então, a hipótese diagnostica de leptospirose, e colhido material para exames específicos. O paciente negou antecedentes epidemiológicos para leptospirose, e durante a internação declarou ter comportamento homossexual, sem parceiro fixo; diante dessa informação foi solicitada a pesquisa de anticorpos antivírus da imunodeficiência adquirida (anti- HIV), . O paciente apresentou boa evolução, recebendo alta hospitalar no dia 04/05/88, sendo acompanhado em ambulatório durante sete meses, sem manifestações clínicas. 29 6 Doenças transmitidas por Pulgas e Carrapatos 6.1 Doença transmitida por Carrapatos • Doença de Lyme: Entre as doenças transmitidas por carrapatos está a doença de Lyme. Os sintomas são febres, perda de apetite e letargia. Se não for tratada, pode levar à doença renal grave. • Citauxzoonose :A citauxzoonose é uma doença comum transmitida pelo carra- pato que geralmente afeta gatos. Os sintomas podem incluir depressão, anemia, febre alta, icterícia, e dificuldade em respirar. Infelizmente, os tratamentos são em grande parte ineficazes e a morte pode ocorrer apenas sete dias após a infecção. • Hepatozoonose Canina :A hepatozoonose canina é causada pela ingestão de um carrapato e não por picadas. A hepatozoonose canina pode levar a uma infecção grave, por vezes fatal, que produz sintomas como febre alta, rigidez, dor, perda de peso e músculo. Mesmo que seu cão se recupere, ele ainda pode precisar de tratamento continuo vários anos após o tratamento. • Tularemia :A tularemia afeta mais os gatos do que os cães e pode levar à febre elevada, inchaço dos gânglios linfáticos e abscessos. Em cães, a doença pode causar depressão, perda de apetite e febre baixa. Não existe vacina para esta doença, mas pode ser tratada com antibióticos. 6.2 Doenças transmitidas por pulgas DAPP – dermatite alérgica a picada de pulgas :A DAPP está entre os problemas mais comuns causados pela picada da pulga. Picadas de pulgas podem causar irritação e inchaço no local da picada, mas, em casos de DAPP, a reação é muito mais forte. Esta condição é causada por uma reação alérgica à saliva da pulga, não apenas à picada. Os sintomas podem incluir coceira intensa e inflamação na pele do animal. • Doença do arranhão do gato :Cerca de 40 por cento dos gatos terão a doença do arranhão do gato em algum momento de suas vidas. A transmissão de um gato para outro ocorre através das pulgas. Esta doença pode causar fadiga, dores de cabeça e febre em seres humanos. • Peste :Outra doença espalhada por pulgas é a peste. Esta é a mesma doença que matou cerca de 30% da população europeia durante a Idade Média e ainda pode afetar animais de estimação hoje, embora seja atualmente incomum em humanos. Pode causar febre, inchaço dos gânglios linfáticos, e até morte súbita do seu pet. Capítulo 6. Doenças transmitidas por Pulgas e Carrapatos 30 • Tênia :Além de transmitirem a peste, as pulgas também são vetores da tênia. Se o seu cão ingere uma pulga que está carregando vermes ele pode se infectar e ter sintomas como perda de peso, irritação e vômitos. 6.3 Prevenção Sabem, pulgas e carrapatos podem espalhar algumas doenças muito perigosas. Felizmente, a prevenção de pulgas e carrapatos é, na verdade, bastante simples. Tratar seu cão ou gato com um medicamento preventivo tópico todos os meses costumam ser suficiente para manter estas pragas sob controle. Tenha em mente que pulgas e carrapatos podem afetar o seu cão em qualquer época do ano, mesmo durante o inverno. O segredo para proteger o seu animal de estimação contra doenças perigosas é se manter consistente em seus métodos de prevenção de pulgas e carrapatos. Mantenha-se atualizado quanto às opções de prevenção tópica. E nas consultas de rotina, sempre peça ao veterinário que verifiquese há carrapatos ou pulgas em seu pet. Se suspeitar de algum problema com pulgas ou carrapatos, entre imediatamente em contato com seu veterinário. 31 7 Tifo Murino 7.1 Coceito Tifo é o nome genérico de várias doenças infectocontagiosas, classificadas como riquetsioses por serem causadas por bactérias do gênero Rickettsias. A maior parte dessas bactérias se desenvolve num reservatório animal e é transmitida ao homem pela picada de insetos infectados (geralmente um artrópode, como os piolhos-do-corpo, a pulga dos rato e os carrapatos), ou pela contaminação com suas fezes. No interior do corpo humano, as bactérias proliferam nas células endoteliais dos pequenos vasos sanguíneos e podem provocar lesões graves, muitas vezes irreversíveis. Há focos dessas (doenças) espalhados pelo mundo todo. A infecção ocorre especialmente em áreas geográficas com más condições sanitárias e de higiene e com grande aglomeração de pessoas, como campos de refugiados, prisões, etc. Entre as diversas categorias de tifo existentes, os mais comuns são o tifo epidêmico ou exantemático, transmitido pelo piolho-do-corpo humano, e o tifo epidêmico ou murino, transmitido pela pulga-do-rato. Observação importante: É de extrema importância esclarecer que febre tifoide e tifo são duas entidades distintas, transmitidas por micro-organismos diferentes. A primeira é transmitida pela Salmonella typhi e o tifo por bactérias do gênero Rickettsia. 7.2 Tifo epidêmico ou exantemático É uma doença grave causada pela bactéria Rickettsia prowazekii, transmitida pelas fezes do piolho-do-corpo humano (Pediculus humanus), que penetram no or- ganismo do homem, quando ele coça o local da picada ou quando, depois de secas, invadem o trato respiratório e os olhos. Os pródromos (febre, dor de cabeça e calafrios) surgem repentinamente após um período de incubação que se estende de sete a 14 dias. A seguir, aparecem sintomas parecidos com os da influenza: febre alta, persistente e difícil de controlar, dor de cabeça muito forte, prostração. Com o agravamento do quadro, eles evoluem para delírio e estupor (inconsciência profunda). Por volta do quarto ou sétimo dia, as manchas rosadas (exantema maculopapular) que se formam primeiramente nas axilas, alastram-se por todo o corpo, poupando apenas a face, a palma das mãos e a planta dos pés. Nos casos mais graves, essas lesões adquirem caráter hemorrágico e podem ocorrer complicações, como pneumonia, tromboses, vasculite, gangrena, colapso circulatório, miocardite e uremia. Capítulo 7. Tifo Murino 32 7.3 Tifo endêmico ou murino A Rickettsia typhi ou aRickettsia mooseri, bactérias causadoras do tifo endêmico ou murino, são transmitidas para os humanos pelas pulgas-do-rato (Xenopsylla cheopis) e, provavelmente, pelas do gato (Clenocephalides felis), apenas quando cresce muito o número de animais contaminados, o que as obrigas a procurar novos hospedeiros e facilita a disseminação da enfermidade. Quando esses insetos picam o homem, liberam fezes infectadas pelas bactérias que penetram no organismo humano e provocam uma doença cujos sintomas são parecidos com os do tifo epidêmico, mas de menor duração e intensidade. Também a erupção maculopapular, que se concentra no tronco, persiste por menos tempo. O problema é que ela pode ser confundida com as lesões do sarampo, da rubéola ou da roséola.Focos do tifo endêmico ou murino são registrados no mundo todo 7.4 Diagnostico Geralmente, o diagnóstico desses duas categorias de tifo (riquetsioses) é clínico e considera os sintomas e os dados epidemiológicos a respeito da incidência da infecção nos lugares onde o paciente vive ou esteve recentemente. Existem apenas alguns exames laboratoriais que ajudam a isolar os micro-organismos nos homens ou a determinar a presença de anticorpos específicos para os antígenos da bactéria. O diagnóstico diferencial é de grande valor para orientar o tratamento. Entretanto, especialmente em relação à febre maculosa, uma riquetsiose transmitida pela picada de carrapatos, o tratamento deve ser instituído imediatamente, mesmo antes de o diagnóstico diferencial estar fechado, por causa da gravidade da doença. O diagnóstico precoce está ligado à suspeita clínica, não devendo o tratamento ser adiado até se obter confirmação laboratorial. O principal método de confirmação laboratorial é serológico e o diagnóstico serológico é retrospectivo, porque os títulos positivos começam a aparecer ao fim de 1 semana do início da doença e generalizam-se a todos os doentes só ao fim de 2 semanas. A reacção de Weil-Felix, que é inespecífica e pouco sensível, não serve para estabelecer um diagnóstico definitivo, devendo, em vez disso, serem usados testes serológicos específicos feitos com antigénios de R. typhi (IFA). Pode-se ainda confirmar o diagnóstico por PCR ou por demonstração imuno- histológica de R. typhi nos tecidos. Muitos doentes começam por ser investigados por febre de origem indeterminada, mas a presença de manifestações sistêmico associadas com febre deve-nos fazer pensar em tifo murino, sendo esta a única forma de chegar ao diagnóstico precoce desta doença Capítulo 7. Tifo Murino 33 7.5 Prevenção A melhor forma de prevenção consiste em adotar medidas sanitárias e de higiene para controle dos insetos vetores que transmitem a infecção e para conter a proliferação descontrolada dos animais que servem de reservatório para a bactéria. Examinar cuidadosamente o corpo e a roupa para localizar e remover os insetos que, por acaso ali estejam, assim como o uso repelentes químicos e de roupas que cubram praticamente todo o corpo borrifadas com inseticidas são também medidas importantes para prevenir as doenças transmitidas pelas Rickettsias, especialmentenas regiões onde há risco maior de ser infectado. Vacinas As vacinas (vivas ou inativadas) que imunizam contra o tifo epidêmico existem, mas não são facilmente encontradas. Quanto ao tifo murino ou endêmico, ainda não existe vacina eficaz contra a doença. 7.6 Tratamento O tratamento desses duas categorias de tifo consiste na utilização de antibióticos (clorafenicol e tetraciclina) e em cuidados de suporte para aliviar os sintomas. Nos casos de doença atacante, pode ser necessário administrar medicamentos à base de cortiscosteroides. Recomendaçao: Faça a sua parte. Mantenha o ambiente em que vive em perfeitas condições de higiene; Exija que as autoridades públicas façam a parte no que lhes cabe no que se refere ao fornecimento de água potável, à coleta e tratamento dos esgotos e do lixo e ao controle de pragas que possam pôr em risco a saúde da população. 7.7 Sintomas Os sintomas de tifo murino começam cerca de 6 a 18 dias após a bactéria entrar no corpo. As pessoas têm calafrios, febre e dor de cabeça. A febre dura cerca de 10 dias. Pode surgir uma erupção cutânea poucos dias depois dos outros sintomas. Primeiro, ela ocorre apenas em alguns lugares do dorso; depois, se alastra para os membros.O tifo murino raramente causa morte, mas a morte é provável em pessoas idosas. Capítulo 7. Tifo Murino 34 7.8 Caso Clinico Uma mulher de 54 anos, de raça negra, natural de Cabo Verde, residente em Oeiras há 20 anos, casada, funcionária do Ministério da Agricultura, foi internada no Serviço de Medicina II do Hospital Egas Moniz em 21 de Agosto de 1995 por síndroma febril de etiologia a esclarecer. Da história epidemiológica salienta-se habitação em meio urbano com condições sanitárias razoáveis e ausência de contacto com animais, incluindo ratos e pulgas. Não tinham ocorrido deslocações recentes. Os antecedentes pessoais e familiares eram irrelevantes. Cerca de oito dias antes do internamento iniciara quadro súbito de cefaleias frontais intensas, calafrios, febre, artralgias meta- carpofalângicas, do joelho e tornozelo esquerdos e tosse seca esporádica. No dia do internamento apresentava-se febril (39ºC), com exantema maculopapular no dorso das mãos e face anterior das pernas, prurido cutâneo generalizado e edema periorbitário bilateral. Dois dias depois o exantema já tinha desaparecido.Dos exames complementa- res de diagnóstico destacavase uma anemia ligeira (Hb - 10,3 g/dl) com características laboratoriais de anemia de doença crónica (ferro sérico de 10μg/dl, ferritina >1200ng/ml e transferrina de 1,83), velocidade de sedimentação muito elevada (91mm/h), PCR elevada (58.7), alteração ligeira da bioquímica hepática (TGO de 62 U/l e LDH de 1220 U/l) e reacção de WeilFelix (OX2) positiva a 1/640. As provas de função renal, os testes de coagulação, a análise sumária de urina, os anticorpos antinucleares, os anticorpos anticardiolipina, os testes de Coombs directo e indirecto, as reacções de Widal, Hudleson e Paul-Bunnel, o VDRL, o TASO, as serologias para Borrelia burgdoferi, VIH 1e 2, VHC e Parvovírus B19 e o teste de Mantoux foram negativos. As serologias para VHB, CMV, VEB e toxoplasmose foram compatíveis com infecção antiga. Várias hemoculturas e uroculturas e uma mielocultura – em meio Universal, em Bactec e em meio NNN para Leishmania – foram também negativas. A radiografia do tórax, o ecocardiograma, a ecografia abdominal, renal e pélvica e a TAC toracoabdominal foram normais. A biopsia hepática não mostrou alterações. Entretanto, durante o internamento foi pedida serologia para Rickettsias, tendo sido enviada uma amostra de sangue para o Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas (CEVDI-INSA). O resultado da 1ª titulação (títulos de anticorpos anti - R. typhi IgM 1/40 e IgG 1/512) aponta para o diagnóstico de tifo murino. Este diagnóstico foi posteriormente confirmado pelas 2ª, 3ª e 4ª titulações, feitas, respectivamente, em Outubro, Novembro de 1995 e Maio de 1996, em que se verificou uma negativação do título de IgM (Novembro de 1995) e uma subida do título de IgG para 1/1024 (Outubro de 1995) e posterior descida para 1/256. A situação da doente evoluiu de forma benigna, tendo-se verificado, a partir do 12ºdia de internamento, redução gradual da pirexia, embora com alguns episódios de temperatura sub-febril já na fase de convalescença, e desaparecimento progressivo mas lento dos sintomas e do mal estar. Não foi instituída qualquer terapêutica antibiótica. 35 8 Aranhas e escorpião Os acidentes causados por aranhas são comuns, porém, a maioria não apre- senta repercussão clínica. Os gêneros de importância em saúde pública no Brasil são a aranha-marrom (Loxosceles), aranha-armadeira ou macaca (Phoneutria) e viúva-negra (Latrodectus). Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, porém, sem relevância em saúde pública, sendo que os principais grupos pertencem, principal- mente, às aranhas que vivem nas casas ou suas proximidades, como caranguejeiras e aranhas de grama ou jardim. 8.1 Três gêneros de aranhas consideradas de importância médica no Brasil: • Aranha-marrom (Loxosceles) - Não é agressiva, pica geralmente quando com- primida contra o corpo. Tem um centímetro de corpo e até três de comprimento total. Possui hábitos noturnos, constrói teia irregular como “algodão esfiapado”. Esconde-se em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões, e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação. • Aranha armadeira ou macaca (Phoneutria) - Bastante agressiva, assume po- sição de defesa saltando até 40 cm de distância. O corpo pode atingir 4 cm, com 15 cm de envergadura. Ela é caçadora, com atividade noturna. Abriga-se sob troncos, palmeiras, bromélias e entre folhas de bananeira. Pode se alojar também em sapatos, atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos, materiais de construção, etc. • Viúva-negra (Latrodectus) - Não é agressiva. A fêmea pode chegar a 2 cm e o macho de 2 a 3 cm. Tem atividade noturna e hábito de viver em grupos. Faz teia irregular em arbustos, gramíneas, cascas de coco, canaletas de chuva ou sob pedras. É encontrada próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como frestas, sob cadeiras e mesas em jardins. • Caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae) - As aranhas caranguejeiras, em- bora grandes e frequentemente encontradas em residências, não causam aci- dentes considerados graves. 8.2 Como prevenir acidentes • Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas; Capítulo 8. Aranhas e escorpião 36 • Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada; • Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas; • Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois, as aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo; • Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres; • Usar calçados e luvas de raspas de couro pode evitar acidentes; • Vedar soleiras das portas e janelas ao escurecer, pois, muitos desses animais têm hábitos noturnos; • Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas e telas nas janelas; • Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques; • Combater a proliferação de insetos para evitar o aparecimento das aranhas que deles se alimentam; • Afastar as camas e berços das paredes. Evitar que roupas de cama e mosquitei- ros encostem no chão. Inspecionar sapatos e tênis antes de calçá-los; • Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos no- turnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, coatis, entre outros (na zona rural). 8.3 Sintomas Acidentes com aranha causam sintomas que podem ser leves a severos. Em raros casos, pode levar à morte. Aranha-armadeira: causa dor imediata e intensa, com poucos sinais visíveis no local. Raramente pode ocorrer agitação, náuseas, vômitos e diminuição da pressão sanguínea. Aranha-marrom: a picada é pouco dolorosa e uma lesão endurecida e escura costuma surgir várias horas após, podendo evoluir para ferida com necrose de difícil cicatrização. Em casos raros, pode ocorrer o escurecimento da urina. Viúva-negra: dor na região da picada, contrações nos músculos, suor generali- zado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos. O que fazer em caso de acidente Capítulo 8. Aranhas e escorpião 37 • Lavar o local da picada; • Usar compressas mornas, pois, ajudam no alívio da dor; • Elevar o local da mordida; • Procurar o serviço médico mais próximo; • Quando possível, levar o animal para identificação. • Atenção ao que não se deve fazer após acidente • Não fazer torniquete ou garrote; • Não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida; • Não aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções; • Não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país. 8.4 Relato de Caso Paciente do sexo masculino, 11 anos, estudante, procedente do bairro Cidade Nova, Manaus, Amazonas, referindo ter sido picado por aranha que descreveu como pequena e manchada de vermelho. Não trouxe o animal, mas achou semelhança com a aranha que o acidentou em um exemplar vivo de Latrodectus curacaviensis, coletado no mês anterior em Manaus, na área do Campus da Universidade do Amazonas, que lhe foi mostrado. O acidente aconteceu sob uma árvore, à margem de um campo de futebol, num acampamento de escoteiros na periferia da cidade, às 13 horas do dia 02 de julho de 1995, sendo o local da picada a região retroauricular esquerda. Evoluiu com dores na região dorsal e lombar e em membros inferiores. Chegou ao Hospital Nelson Antunes, no Instituto de Medicina Tropical do Amazonas, às 15 horas e trinta, evoluindo com cefaléia, epigastralgia, náuseas, vômitos, dor abdominal difusa em cólicas, febre, sudorese, tremores e delírios. F.R.= 40 ir/min., PA = 130 x 80mmHg. Apresentava abalos musculares generalizados, alternando agitação psicomotora com sonolência. Hiperemia conjuntival, edema facial e periorbitário.
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