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Aula 5: Multiculturalismo e formação de identidades I

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Linguagens da Arte e Regionalidades
Aula 5: Multiculturalismo e formação de identidades I
Apresentação
Nessa aula, você conhecerá a riqueza de nossa identidade brasileira e os elementos multiculturais que compõem
nossa nacionalidade.
Objetivos
Compreender o conceito de multiculturalismo.
identi�car elementos culturais que compõem a identidade nacional.
re�etir sobre a visão de mundo representada pelas manifestações culturais brasileiras.
 As contribuições étnicas dos indígenas americanos
O povo indígena mais antigo do Brasil denomina-se Tupy, que signi�ca "Tu" (som) e "py" (pé), ou seja, o som-de-pé;
portanto, ser indígena é uma qualidade de espírito posta em harmonia com o corpo. Essa é uma identidade cultural que
de�ne um pouco a cultura brasileira.
É verdade que a cultura de vários outros povos tem sua
origem na cultura indígena, mas, de uma forma muito
particular, mantivemos uma relação estreita com os
ameríndios, seja por contato direto, seja por manutenção
de sua cultura, ainda que modi�cada pela adaptação dos
 modelos indígenas às formas de arte praticadas no
Brasil.
 
O primeiro contato mais próximo e permanente com os indígenas foi estabelecido pelos jesuítas que aportaram na
Bahia, em 1549, para �ns de catequização. Manuel da Nóbrega e José de Anchieta destacaram-se no trabalho de
evangelização promovido pela Companhia de Jesus, ainda no século XVI. No século XVII, padre António Vieira de�ne
uma nova relação com os indígenas brasileiros, pois os considerava os primeiros donos da terra que habitavam e, por
esse motivo, segundo Vieira, não deveriam ser escravizados.
Não havia dúvidas, então, de que os povos indígenas são humanos, daí a necessidade de evangelizá-los, tanto para que
a fé cristã fosse expandida, como para que se tornassem �éis aos colonizadores portugueses.
Descoberto o Novo Mundo, era preciso inseri-lo na História da Humanidade. Assim, o tratamento dispensado aos
indígenas tem caráter pedagógico.
O catecismo e o teatro de Anchieta atribuem uma nova imagem ao índio.
No "Diálogo da Conversão do Gentio" Nóbrega põe em cena as dúvidas e os preconceitos dos missionários, deixando
perceber que a visão jesuítica sobre os indígenas não é homogênea. Ele próprio, aliás, parte de uma posição humanista
e letrada, contrário à ideia corrente de que os indígenas descenderiam de Cam, �lho de Noé amaldiçoado por haver
desnudado seu pai, o que explicaria a nudez dos indígenas.
Comentário
O humanismo de padre Manuel da Nóbrega gera frutos e o indígena passa a ser identi�cado por sua aparência limpa e
pela organização da vida comunitária. Antes, era visto apenas como um canibal voraz. Porém, apesar dessa visão
humanista, o império e a Igreja Católica acreditam que o indígena não possui autoridade constituída e, portanto, pode ser
facilmente evangelizado e doutrinado para servir ao homem branco, ideologia conhecida como eurocentrismo, a qual
estabelece Europa como centro da civilização.
Além de ignorar o sistema hierárquico indígena, o
europeu investe-se do direito de escravizar os “�lhos da
terra”, o que, como dissemos, será questionado por
Padre António Vieira, um dos motivos pelos quais ele foi
levado aos tribunais da Inquisição.
Apesar dessa tentativa de massacre humano e cultural — que, infelizmente, teve como consequência a dizimação de
diversas etnias ameríndias — o estilo de vida e a arte dos indígenas brasileiros tornaram-se conhecidos e in�uenciaram
bastante o modo de vida e a criação artística no Brasil.
O senso estético aguçado do indígena é veri�cável em
seus enfeites e pinturas corporais.
Esses costumes eram considerados bárbaros e, só
recentemente, vemos uma valorização dessa prática
cultural através de estudos que nos levam à
compreensão de que essa forma de representação une
estética e ideologia, ou seja, as pinturas e enfeites
utilizados (penas, contas etc.) estão relacionados a
crenças especí�cas.
 Cerâmica marajoara
Embora não tenhamos adotado costumes indígenas em
nosso dia a dia (a não ser em festas comemorativas,
como o carnaval), a arte re�ete de forma muito clara as
referências culturais indígenas, além de serem
conhecidas nacionalmente as cerâmicas marajoaras.
O estilo de vida dos indígenas é hoje também objeto de
estudos acadêmicos.
A sociedade indígena se organiza com um pajé
responsável pela cultura e pela religião, um cacique
como chefe político e demais membros da comunidade
(homens, mulheres e crianças) com funções especí�cas.
A ética comportamental adota regras que exigem o
respeito à individualidade e ações coletivas em favor da
tribo; A sustentabilidade se mantém com técnicas de
cultivo que respeitam o ritmo da natureza. Essas são
algumas práticas que expressam um equilíbrio entre o
homem e o seu meio que foi, há muito, perdida pelo
homem ocidental.
 Estilo de vida indígena
As línguas indígenas emprestam vocábulos para denominar pessoas, lugares e objetos que fazem parte de nosso
cotidiano, mas, de um modo geral, perdemos a relação entre o signi�cante (o nome propriamente dito) e o signi�cado (o
que ele representa)
pedra = ITA Iguaçu = água grande
Ipanema = água ruim Itapuã = pedra erguida
Assim se compõem os nomes de muitos lugares que conhecemos, iniciados com as palavras i = água e ita = pedra:
Iguaçu (“água grande”)
Exemplo
Outros exemplos de palavras que usamos no cotidiano e possuem origem indígena são: abacaxi (do tupi i’bá = fruto +
kati = aroma agradável); açaí (do tupi yasa’i = fruta que chora); caipira (do tupi kai’pira = habitante do interior); carioca
(do tupi kari’oka = casa do branco); mandioca (do tupi mãdi’og; teria origem na lenda da deusa Maní, enterrada na
própria oca e que gerou a raiz alimentícia).
Veja mais no site:
//www.numaboa.net.br/glossarios/indigenas
No entanto, o imaginário que foi construído a respeito do indígena e de seu modo de viver, muitas vezes, não
corresponde à realidade veri�cável.
Isso porque as primeiras impressões que recebemos
dos indígenas vêm das representações artísticas do
século XIX, as quais se orientam pelos modelos
europeus.
O indígena que �gura nas artes plásticas ou nas letras
de romances e poemas tem suas características
modi�cadas para atender a um padrão de beleza e
comportamento eurocêntricos.
Essa é a visão que passará a ser difundida pela
literatura: vigor físico, pureza de alma, docilidade e
submissão, beleza realçada pela relação estreita com a
natureza.
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O Uraguai, de Basílio da Gama, atribui ao indígena
dignidade e bravura sob uma ótica ocidental: Acorda o
indígena valeroso, e salta / Longe da curva rede, e sem
demora / O arco e as setas arrebata, e fere / O chão com
o pé: quer sobre o largo rio /Ir peito a peito a contrastar
co’a morte.
Em Caramuru, Santa-Rita Durão opõe as crenças do
indígena à religiosidade cristã, ocidentalizando o
pensamento: Louvores a Tupã, que en�m chegaste; /
Que o caminho me ensinas. (Tupã = Deus cristão)
O indígena brasileiro aparece como integrante da
natureza no poema Vila Rica, do poeta árcade Cláudio
Manuel da Costa: Recolhidos a um tempo os
companheiros, / Junto aos troncos, nas grutas dos
outeiros / Se armam as mesas.
Encontramos exemplos mais signi�cativos desse olhar
ocidental sobre o ameríndio em dois autores expoentes
do Romantismo brasileiro: José de Alencar, com suas
obras Iracema, O Guarani e Ubirajara, e Gonçalves Dias,
com seus poemas indigenistas. Em Iracema, �ca muito
evidente a transformação do indígena brasileiro pelo
olhar etnocêntrico: Além, muito além daquela serra, que
ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a
virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais
negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe
de palmeira.
No contexto de construção imagética dos indígenas, não
se pode deixar de mencionar a “Carta de Pero Vaz de
Caminha”, na qual o indígena é descrito com extrema
docilidade e exotismo.
Por �m, devem ser destacadas duas exceções que, ao
invés de enobrecer os indígenas, como �zeram os
autores acima citados, construíram estereótiposnegativos: Bento Teixeira, autor de Prosopopéia, associa
o indígena à bestialidade, alienando-o do processo
histórico-cultural brasileiro; e Gregório de Matos, autor
que inclui o indígena em suas sátiras marcadas pelo
preconceito racial.
A história dos indígenas africanos registra-se de forma diferente da que veri�camos ter ocorrido com os indígenas que
viviam no Brasil antes da colonização. Não sendo nativos das terras brasileiras, os africanos de diversas etnias foram
transportados para o Brasil a partir do século XIX como consequência do trá�co negreiro. Com a ocupação da colônia
brasileira, era necessário que houvesse mão de obra su�ciente para trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar. Como
os indígenas não se deixavam escravizar com facilidade, já que fugiam constantemente por conhecerem bem a terra
em que nasceram, os africanos foram transportados de regiões da África também colonizada, principalmente, por
Portugal, Inglaterra e França.
A escravidão era justi�cada por um discurso religioso de
que os africanos não possuíam alma. Uma das
estratégias da escravização era aprisionar, primeiro, os
reis e líderes africanos, pois assim a tribo se fragilizava e
era vencida com menos resistência. É preciso deixar
claro que se tratava de uma guerra desigual, já que os
europeus lutavam com armas de fogo e os africanos
com arcos, �echas e azagaias. Esse quadro de
desumanidade foi representado com vigor por Castro
Alves em seu poema “O Navio Negreiro”. Outra diferença
fundamental na relação dos indígenas africanos com os
colonizadores, em comparação com os ameríndios, é a
proximidade mantida entre escravos africanos e
senhores de engenho. Isso possibilitou um intercâmbio
cultural que marcou nossa identidade de�nitivamente.
A miscigenação física de�niu nosso rosto, nosso corpo e nossos
movimentos, o que a literatura brasileira apreendeu e analisou em livros
como O Cortiço, de Aluísio Azevedo, em que se destacam a mulata Rita
Baiana, detentora de uma beleza exótica e uma sensualidade que se
expressa na sua liberdade de agir e amar, e o capoeira Firmo, mestiço alegre
e valente.
Muitos dos nossos hábitos cotidianos são heranças das
culturas africanas que se registram na alimentação, na
vestimenta, nos modos de agir e, como veremos mais
detidamente a seguir, no sincretismo religioso e nas
práticas culturais como música e dança.
A ideia de que o povo brasileiro tem vocação para a
alegria, estado de espírito que se expressa de forma
muito natural através de ritmos variados, tem origem no
modo de vida das etnias africanas que foram
introduzidas no Brasil colonial.
A mescla das línguas africanas com a  língua portuguesa é uma das contribuições mais importantes à identidade
brasileira, pois vocábulos africanos se incorporaram à língua portuguesa com muita naturalidade. Hoje, pronunciamos
palavras diversas sem nos darmos conta de sua origem africana (especialmente do quimbundo), do que são exemplos:
cafuné (kifunate = torcedura) cochilar (kukoxila)
moleque (mu’leke = menino) samba (semba = umbigada)
 A arte regional brasileira
Literatura de Cordel é como se denominam os textos
literários impressos em folhetos, alguns com desenhos
em xilogravura, e que são pendurados e expostos para
venda. Essa manifestação cultural, típica do Nordeste
brasileiro, tem origem na oralidade da Idade Média
(quando não havia a tradição da expressão escrita) e foi
introduzida no Brasil pelos portugueses. José Ramos
Tinhorão esclarece que a literatura de cordel talvez seja
o mais antigo processo de memorização pelo ritmo das
palavras que teve continuidade até nossos dias.
Os temas discutidos pelos cordelistas, tanto de forma
dramática quanto satírica, podem ser regionais, como a
saga do cangaceiro Lampião, ou nacionais, como fatos
políticos relevantes. Também são versados assuntos do
cotidiano. O poeta Patativa do Assaré, embora não se
considerasse um cordelista, é o grande divulgador dessa
arte.
"O que é Brasí caboco?
É um Brasí diferente 
Do Brasí das capitá.
É um Brasí brasilêro,
Sem mistura de instrangero,
Um Brasí nacioná!”"
- Brasí Caboco, de Zé da Luz – fragmento
Embora a tradição esteja vinculada à cultura do
Nordeste, esse tipo de literatura se expandiu e, hoje,
encontramos cordelistas em todas as regiões do Brasil,
principalmente no Sul e no Sudeste.
Mas a permanência e resistência dessa manifestação
cultural continuam dependendo, quase exclusivamente,
da vontade de artistas e intelectuais como Ariano
Suassuna, criador do Movimento Armorial. Lançado em
1970, o projeto tem como objetivo reunir artistas
populares em torno da Literatura de Cordel e seus
elementos integrantes: os versos, a música que
acompanha a declamação dos poemas que é tocada em
viola, rabeca e pífaro, os desenhos em xilogravura.
O multiculturalismo que forma a identidade brasileira
também se traduz nas festas sincréticas religiosas. A
origem delas encontra-se, principalmente, em
adaptações da mescla entre a cultura portuguesa e as
culturas africanas. No entanto, pela permanência das
transformações, as festas adquirem um caráter
nacional, e as in�uências europeias e africanas são
identi�cáveis em seus elementos integrantes.
 Maracatu
São exemplos de festas sincréticas a Irmandade da Boa
Morte, do Recôncavo Baiano, composta só por mulheres
e que representam a ancestralidade dos africanos; o
Candomblé que, para ser entendido corretamente, deve-
se levar em conta não somente o animismo africano
(crença na existência da alma)  como, também, a
religiosidade indígena e o cristianismo europeu; o Lundu,
uma dança típica do Maranhão praticada por homens e
mulheres com músicas tocadas por instrumentos de
percussão e versos maliciosos e satíricos; o Tambor de
Crioula, uma dança também encontrada no Maranhão e
que homenageia São Benedito.
O Congado, festa de origem bantu representada no
Triângulo Mineiro em homenagem a Chico Rei, o rei
negro que lutou pela libertação dos escravos; o
Maculelê, uma dança em forma de luta, mesclada com
elementos indígenas, que reproduz nos gestos a
resistência dos africanos à escravidão; o Maracatu, mais
representado em Pernambuco, um cortejo que
homenageia a nobreza africana; o Jongo, dança festiva
da qual também participam as crianças, surgida na
Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro; as
Cavalhadas, torneios medievais trazidas pelos
portugueses, praticadas hoje mais na região central do
Brasil, e que representam a luta entre cristãos e mouros.  
Jongo
 Festa Junina
Muitas outras festas religiosas sincréticas são
encontradas em todo Brasil. Também devem ser
registradas as festas juninas, em homenagem a santos
católicos, e que se difundiram pelo país. Embora
marcadas pela regionalidade, é inegável a representação
da identidade nacional encontrada nessas
manifestações culturais.
Registram-se, nesta aula, ainda, as lendas e mitos que
compõem o folclore brasileiro. Do norte ao sul do país,
personagens com capacidade de metamorfose
(transformação do corpo) e fatos inexplicáveis povoam
o imaginário de crianças e adultos. Evidenciam-se,
nessas narrativas, a contribuição de indígenas
ameríndios e africanos.
Há, também, o registro da maldição nas famosas lendas
do Lobisomem, o homem que se transforma em lobo
nas noites de lua cheia, e da Mula-sem-Cabeça, mulher
amaldiçoada por ter seduzido um padre, e que solta fogo
pelas narinas. O Saci Pererê e o Negrinho do Pastoreio
(lenda da região Sul) são outros mitos que ganharam
alcance nacional.
O tema não se esgota, e cabem outros registros
culturais. No norte do país, a Festa de Parintins e o
Bumba-meu-Boi (ou Boi-Bumbá) contribuem para a
formação da identidade nacional. Quanto à região Sul —
ainda que no imaginário da população suas culturas
estejam sempre associadas a um modelo europeu que
parece não interagir com as demais regiões do Brasil.
Algumas narrativas apresentam a defesa da natureza e dos mais fracos e o senso de justiça. Quem desrespeita a
natureza pode ser perseguido pelo Boitatá, uma cobra gigante, ou pelo Curupira, um menino (ou anão)que tem os pés
virados para trás. Outros contos são marcados pela sensualidade, como vemos na lenda do Boto Cor-de-Rosa, que se
metamorfoseia num homem jovem e bonito e seduz as mulheres da Amazônia, engravidando-as, e na história de Yara, a
mãe-dágua, a sereia que encanta os homens levando-os para o fundo dos rios.
A divulgação de sua cultura tem possibilitado que suas festas e o estilo de vida de seus habitantes se popularizem. Já
são bem conhecidas no Brasil a �gura tradicional do gaúcho e os sabores das comidas típicas dos estados sulistas.
O tema não se esgota, e cabem outros registros culturais. No norte do país, a Festa de Parintins e o Bumba-meu-Boi (ou
Boi-Bumbá) contribuem para a formação da identidade nacional.
Quanto à região Sul — ainda que no imaginário da população suas culturas estejam sempre associadas a um modelo
europeu que parece não interagir com as demais regiões do Brasil —, a divulgação de sua cultura tem possibilitado que
suas festas e o estilo de vida de seus habitantes se popularizem. Já são bem conhecidas no Brasil a �gura tradicional
do gaúcho e os sabores das comidas típicas dos estados sulistas. 
As lendas incorporaram-se às nossas práticas
cotidianas e são contadas para as crianças, além de
serem integradas à nossa música, às artes plásticas e à
nossa literatura, do que é exemplo a maravilhosa obra
Macunaíma, de Mário de Andrade.
Notas
Referências
AUERBACH, Erich. Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. São Paulo: Perspectiva, 2004.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e �loso�a da linguagem. São Paulo: Editora Hucitec, 2004.
BOSI, Alfredo. Re�exões sobre a arte. São Paulo: Ática, 1991.
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Global, 2005.
DURIGAN, Jesus Antônio. Erotismo e literatura. São Paulo: Ática, 1986.
HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Lisboa: Edições 70, 2007.
HAUSER, Arnold. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. São Paulo: Papirus Editora, 2009.
ROSENFELD, Anatol. Cinema: arte & indústria. São Paulo: Perspectiva, 2002.
SANTIAGO, Silviano. Literatura nos trópicos: ensaios sobre dependência cultural. 2. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
SODRÉ, Nelson Werneck. Síntese de história da cultura brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand, 2003.
TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. São Paulo: Ed. 34, 2005.
VIANNA, Hermano. Mistério do samba. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2004.
Bibliogra�a complementar:
BOSI, Alfredo. “Sobre alguns modos de ler poesia: memórias e re�exões”. in. Leitura de poesia. São Paulo: Ática, 1996.
LIPOVETSKY, Gilles. “Narcisismo ou a estratégia do vazio”, “Modernismo e pós-modernismo”. in. A era do vazio. São
Paulo: Manole, 2006.
Próxima aula
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