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ALEXANDRE-ARTIGO FINAL

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ANDRAGOGIA COMO COMPETÊNCIA DO DOCENTE UNIVERSITÁRIO 
DO SÉCULO XXI 
 
 
ALEXANDRE HENRIQUE VIEIRA DE SOUZA DOS ANJOS
1
 
MÁRCIO PEDRO CABRAL
2
 
 
 
RESUMO 
 
 
Estando no Século XXI e mergulhado na Pós-Modernidade, o homem busca aprimoramento 
em todos os aspectos de sua vida, inclusive, no aspecto profissional. No contexto da 
Andragogia, isto é, do ensino de adultos, e, de forma específica do adulto universitário, o 
docente encontra vários desafios quanto à sua profissão, bem como quanto à metodologia de 
ensino. Pensando nisso, o que fazer se não houver subsídios para direcioná-lo nesta tarefa de 
formar integralmente o ser humano como cidadão emancipado e consciente de suas 
atribuições na sociedade em que vive? Assim, para a formulação deste subsídio, contou-se 
com a colaboração de grandes pesquisadores estrangeiros na área específica de educação, tais 
como, Philippe Perrenoud, Malcolm Knowles, Roque Luis Ludojoski; e pesquisadores 
brasileiros, como, Roberto de Albuquerque Cavalcanti, Maria Zezina Bellan, entre outros. O 
presente artigo não pretende esgotar um assunto que ainda está em discussão no meio 
acadêmico, mas iniciar um processo de auxílio àqueles que lidam com educação de adultos, 
para, precisar as competências necessárias para ser um educador hoje. 
 
Palavras-chave: Knowles. Andragogia. Adulto. Perrenoud. Competência. 
 
 
 
1
 Formado em Filosofia e Teologia pelo Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília. Bacharel em Teologia 
pela Universidade Metodista de São Paulo. Pós graduando em Docência no Ensino Superior pela Unicesumar. 
Licenciando em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano. 
2
 Atualmente é Mestrando no Programa de Mestrado em Gestão do Conhecimento nas Organizações pela 
Unicesumar - Centro Universitário de Maringá. Possui graduação em Licenciatura em Filosofia pela PUCPR - 
Pontifícia Universidade Católica do Paraná; Graduando em Pedagogia pelo INSEP - Faculdade Instituto Superior 
de Educação do Paraná; Especialização em Filosofia, Sociologia e Ensino Religioso pela Faculdade de Ensino 
Superior Dom Bosco; Especialização em Psicopedagogia Institucional, Clínica e Hospitalar pela Faculdade de 
Ensino Superior Dom Bosco; Especialização em Docência no Ensino Superior pela Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná. 
 
2 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O professor encontra-se em pleno Século XXI e diante deste mundo globalizado, onde 
as mudanças ocorrem numa rapidez que não é percebida, a tarefa de ensinar crianças, jovens e 
adultos continua sendo um grande desafio. 
Para tanto, faz-se necessária uma reflexão sobre a educação e, sobretudo, no que diz 
respeito a como ensinar adultos levando em consideração suas características. 
Para isso, partindo da definição de Andragogia e da sua breve história, e passando pela 
definição de competência, será abordada a contribuição da andragogia na formação 
pedagógica do docente universitário, mostrando como o professor universitário deve se 
comportar como formador-mediador diante do grande desafio de ensinar adultos. 
O presente artigo será composto por três capítulos e está assim subdividido: no 
primeiro capítulo será abordada a definição de andragogia e competência, além de uma breve 
história sobre a andragogia, onde através de noções de grandes autores, como, Malcolm S. 
Knowles e Philippe Perrenoud, será introduzida a abordagem do tema em questão. 
No segundo capítulo será apresentada a finalidade da andragogia dentro do contexto 
educacional, por meio de reflexões de outros autores, buscando assim, fundamentar a 
finalidade da andragogia como ciência e arte de ensinar adultos. 
E, por fim, no terceiro capítulo, será evidenciada a contribuição da andragogia na 
formação profissional do docente universitário, tendo em conta a melhor qualificação daquele 
que, no contexto universitário, é o mediador no processo ensino-aprendizagem. 
Pretende-se com o presente artigo, contribuir para a formação do professor, mediante a 
compreensão das competências do trabalho docente. Espera-se que esta pesquisa venha a 
oferecer elementos teóricos que possibilitem condições para (re) significar práticas 
pedagógicas no ensino universitário, apontando alternativas de atuação que se voltem para 
uma nova práxis docente que verdadeiramente acrescente autonomia na vida dos alunos do 
ensino superior. 
 
 
 
3 
 
 
 
2. DEFININDO ANDRAGOGIA E COMPETÊNCIA - UMA BREVE HISTÓRIA 
 
2.1. ANDRAGOGIA – ORIGEM DO TERMO 
 
Inicialmente, 
 
muito significativa é a definição de pedagogia a partir de seu estudo etimológico. 
Sua origem em duas palavras gregas, paidós e agogia, que significam 
respectivamente criança e condução, e equivale, portanto, a condução da criança. 
(PEDROSA, V. Ma. & NAVARRO, Ma. et al, 2004, p. 856). 
 
Em segundo lugar, o termo Andragogia “deriva das palavras gregas andros (homem) + 
agein (conduzir), referindo-se à ciência da educação de adultos. Deve ser entendida como a 
filosofia, a ciência e a técnica da educação de adultos” (CAVALCANTI; GAYO, 2005, p. 
45). Foi usado pela primeira vez 
 
 
por Alexander Kapp (1833), professor alemão, para descrever elementos da Teoria 
de Educação de Platão. Voltou a ser utilizado por Rosenstock (1921), para significar 
o conjunto de filosofias, métodos e professores especiais necessários à educação de 
adultos. Na década de 1970, o termo era comumente empregado na França (Pierre 
Furter), Iugoslávia (Susan Savecevic) e Holanda para designar a ciência da educação 
de adultos. O nome de Malcolm Knowles surgiu nos Estados Unidos da América, a 
partir de 1973, como um dos mais dedicados autores a estudar o assunto. 
(CAVALCANTI; GAYO, 2005, p. 45). 
 
Malcolm Knowles (2005, p. 61, tradução nossa) define o termo “Andragogia” como “a 
arte e ciência de ajudar adultos a aprender, e foi ostensivamente a antítese do modelo 
pedagógico”. 
Pierre Furter (1974, p. 23), definiu Andragogia como “a filosofia, ciência e a técnica 
da educação de adultos”. A práxis andragógica é muito antiga. Para Malcolm Knowles (2005, 
p. 35, tradução nossa) remonta aos tempos antigos: 
 
todos os grandes professores dos tempos antigos - Confúcio e Lao Tsé da China, os 
profetas hebreus e Jesus nos tempos bíblicos; Aristóteles, Sócrates e Platão na 
Grécia antiga, e Cícero, Evelid e Quintiliano na Roma antiga - foram mestres de 
adultos, não de crianças. Porque as experiências deles foram com adultos, eles 
4 
 
 
 
desenvolveram um conceito muito diferente do processo ensino/aprendizagem do 
que mais tarde dominaria a educação formal. 
 
2.2. NOÇÃO DE COMPETÊNCIA 
 
Tendo em vista, de forma imediata, o exercício da docência, bem como a formação 
contínua do professor, será preciso agora analisar a noção de competência segundo o mundo 
da educação. A noção de competência é uma tarefa difícil devido ao sentido polissêmico do 
termo. Por exemplo, Philippe Perrenoud (1999, p. 7. 19, grifo do autor), diz que: 
 
São múltiplos os significados da noção de competência. Eu a definirei aqui como 
sendo uma capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, 
apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. Não existe uma definição 
clara e partilhada das competências. A palavra tem muitos significados, e ninguém 
pode pretender dar a definição. 
 
E o mesmo autor, numa outra obra diz: “a noção de competência designará aqui uma 
capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situações”. 
(PERRENOUD, 2000, p. 15, grifo do autor). 
Ainda, para PERRENOUD; THURLER; et al. (2002, pp. 140.141.143.145, grifo do 
autor), 
 
também é interessante analisar o parentesco semântico existente entre as ideias de 
competência e de competitividade. A origem comum é o verbo competir (com + 
petere), que em latim significa buscar junto com, esforçar-se junto com ou pedir 
junto
com. Apenas no latim tardio passou a prevalecer o significado de disputar 
junto com. No contexto educacional, a noção de competência é muito mais fecunda e 
abrangente, mantendo, com a ideia de disciplina, importantes vínculos, como, por 
exemplo, o caráter de mediação. (...) De fato, há uma espécie de consenso tácito no 
que se refere à semântica da palavra “competência”: as pessoas é que são ou não são 
competentes... A pessoalidade é, pois, a primeira característica absolutamente 
fundamental da ideia de competência. Um outro elemento fundamental para a 
caracterização de ideia de competência é justamente o âmbito no qual ela se exerce. 
Não existe uma competência sem a referência a um contexto no qual ela se 
materializa. Um terceiro elemento fundamental na composição da ideia de 
competência, além da pessoalidade e do âmbito, é a mobilização. Uma competência 
está sempre associada a uma mobilização de saberes. Não é um conhecimento 
“acumulado”, mas a virtualização de uma ação, a capacidade de recorrer ao que se 
sabe para realizar o que se deseja, o que se projeta. 
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Enfim, segundo Philippe Perrenoud (1999, p. 21), “as competências... são aquisições, 
aprendizados construídos”. 
 
 
3. QUAL A FINALIDADE DA ANDRAGOGIA? 
 
Primeiramente, de acordo com NOFFS; RODRIGUES (2011) existe uma crise no que 
tange à prática docente universitária por ainda fazer-se presente o uso pleno das práticas da 
pedagogia clássica nas salas de aula no Ensino Superior. Por isso, para CAVALCANTI; 
GAYO (2005, p. 50, grifo do autor), 
 
a solução para a Educação Universitária neste início de século XXI é a educação 
permanente, a educação continuada, a andragogia. Os alunos precisam aprender do 
modo mais rápido e eficiente, precisam dominar os conhecimentos básicos ou 
clássicos a partir dos quais estão se desenvolvendo as pesquisas e a construção de 
novas informações e, sobretudo, precisam aprender a aprender, para que possam, 
durante toda vida, independentes da Universidade, continuar construindo o seu 
saber, e se manterem atualizados e capazes de desenvolver a contento o seu papel na 
sociedade. O maior inconveniente da pedagogia clássica é limitar os alunos ao 
tamanho da Instituição ou de seus professores. 
 
Assim sendo, após a definição de andragogia e sua origem, explanadas no primeiro 
capítulo, a reflexão seguinte busca traçar as finalidades da andragogia para tentar ajudar os 
docentes em sua prática profissional, tendo em vista que, segundo ROCHA (2012, p. 1), 
 
o estudo da andragogia e de alguns dos seus pressupostos derivados dessa ciência 
pode abrir caminhos para novos rumos e estratégias de aprendizagem tanto no 
mundo empresarial quanto no acadêmico. Revela em suas concepções e conceitos 
aspectos teóricos, filosóficos e práticos de fundamental importância para aqueles 
que almejam explorar nas competências do adulto, características que lhes são 
peculiares e que fazem a diferença em processos de aprendizagem quando inseridas 
no contexto educacional que valoriza a experiência de vida, a visão crítica e a 
capacidade de intervenção do adulto como o centro das atenções. Nesse contexto, os 
pressupostos andragógicos se apresentam como elementos facilitadores, 
articuladores e orientadores na relação de aprendizagem entre adultos. 
 
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Para isso, deve-se procurar entrar pela porta da aprendizagem do homem adulto
3
, 
baseada na abordagem andragógica desenvolvida por Malcolm Knowles (1973, pp. 77-82, 
tradução nossa) em seus seis princípios, a saber: “1. A necessidade de conhecer; 2. O 
autoconceito de aprendiz; 3. O papel da experiência do aluno; 4. Vontade de aprender; 5. 
Orientação para a aprendizagem; 6. Motivação”. 
 
A figura abaixo (Cf. KNOWLES; HOLTON III; SWANSON, 2009, p. 159) amplia 
todos os princípios que norteiam esse modelo de Knowles na prática e, 
 
pode ser interpretada como representante do percurso da aprendizagem, no qual 
estão expostos, ao centro, os seis princípios, rodeados por outros fatores que afetam 
o processo de aprendizagem, tais como: as diferentes modalidades de aprendizagem, 
que individualmente possuímos, as influências sociais, culturais institucionais, entre 
outros”. (NOFFS; RODRIGUES, 2011, p. 290). 
 
 
 
3
 O termo adulto vem “do latim adultum, particípio passado de adolescere, crescido, desenvolvido, maduro, 
realizado, concluído” (MARESCOTTI, 2011, p. 3, tradução nossa). Segundo Knowles, existem 4 definições de 
adulto: biológica, legal, social e psicológica. Do ponto de vista da aprendizagem, a definição psicológica é a 
mais importante. Segundo sua definição psicológica, “tornamo-nos adultos psicologicamente quando chegamos a 
um conceito de nós mesmos como pessoas autônomas e responsáveis pela nossa vida.” (KNOWLES, 1973, p. 
76, tradução nossa). 
7 
 
 
 
 Outrossim, com o objetivo de ampliar um pouco mais a definição e as características 
da fase adulta, será acrescentada mais uma opinião, a de Roque Luis Ludojoski
4
 (1986 apud 
PÉREZ, 2009, p. 23, tradução nossa). Segundo ele, 
 
a andragogia deve encontrar seu fundamento não exclusivamente no social, senão 
obrigatoriamente nas características biológicas, psicológicas e sociais dos adultos. 
Parte da definição de adulto para fundamentar a andragogia: Adulto é o homem 
considerado como um ser em desenvolvimento histórico e que, herdeiro de sua 
infância, saído da adolescência e em caminho para a velhice, continua o processo da 
individualização de seu ser e sua personalidade. 
 
Para determinar o conceito de adulto, Ludojoski (1986 apud PÉREZ, 2009, p. 23, 
tradução nossa) utiliza os seguintes critérios: 
 
A aceitação de responsabilidades; O predomínio da razão; O equilíbrio da 
personalidade; A evolução psicofísica de sua estrutura morfológico-corporal, assim 
como de seus sentimentos e pensamentos; A assimetria como nota típica do adulto 
na plenitude de suas potencialidades. 
 
Além disso, segundo o CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO (1995, 
pp. 76-77), existem 
 
alguns indicadores da formação integral de adultos: Dura toda a vida: não tem 
limites de idade; Abarca a totalidade da personalidade: considera a pessoa como um 
ser integral e tem em conta suas dimensões (física, intelectual, afetivo-social, 
transcendental); Realiza-se em todo o lugar: toda experiência é fonte de 
aprendizagem; É um processo teórico-prático: reflete para melhorar a prática e se 
pratica para melhorar a reflexão; Realiza-se no diálogo: está fundamentada na inter-
relação ativa do “educador” e do “educando”; É intencional: através do uso do 
método democrático-participativo, o “educador” consegue que o “educando” 
aprenda; É libertadora: forma a consciência crítica e autorresponsável; É histórica: 
tem em conta o desenvolvimento da sociedade; É humanizadora: consegue a 
humanização do ser humano através da ação transformadora do indivíduo sobre o 
mundo que o rodeia, de maneira racional; É política: reconhece que a formação se dá 
em, pela e para a comunidade. 
 
 Dessa forma, após textos tão explícitos sobre a teoria andragógica e a fase adulta, fica 
mais fácil refletir sobre as finalidades da andragogia, pois, se a teoria prática de Knowles for, 
 
4
 Roque Luis Ludojoski, Doutor em Ciências da Educação, especialista em Psicologia (1970) pela Pontifícia 
Universidade Salesiana em Roma – Itália. Dentre os livros publicados, temos: Antropología Educacional del 
Hombre. Guadalupe, Buenos Aires, 1981 e Andragogía. Educación del Adulto. Guadalupe, Buenos Aires, 1986. 
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de fato, corretamente aplicada, revolucionará a práxis formativa tradicional (pedagogia) e 
ainda largamente difundida, através dos muitos e mais avançados educadores que a estão 
proclamando e alguns que a estão experimentando como uma formação voltada ao homem e à 
mulher inteiros,
certamente levando em conta o indivíduo e sua relação fixa com seu trabalho, 
mas também o indivíduo carregado de sua própria história, de sua experiência, de suas 
convictas ideias e experiências, de necessidades de motivações e por que não deveres. 
 Enfim, a sua finalidade dá-se na práxis educacional do homem/mulher adulto, isto é, 
na fundamentação didática para a realização do processo de aprendizagem efetiva e o 
desenvolvimento de competências de adultos, para que, enfim, o aluno adquira o 
conhecimento, seja capaz de chegar a uma real autonomia, em seus diversos aspectos 
(cognitivo, afetivo e comportamental), para agir em busca de seus próprios objetivos, seja 
articulando-os, seja modificando-os. Isso supõe um trabalho conjunto entre professor-aluno, e 
é o que será verificado no próximo capítulo. 
 
 
4. A UTILIDADE DA ANDRAGOGIA PARA A FORMAÇÃO DOCENTE 
UNIVERSITÁRIA 
 
 Após uma reflexão profunda sobre as bases andragógicas, faz-se necessário apresentar 
a andragogia capacitando o docente com uma série de competências necessárias para atuar 
profissionalmente, levando em consideração o universo adulto. 
Segundo Philippe Perrenoud (apud BESSA, 2008, pp. 151-152), 
 
para ensinarmos algo precisamos lançar mão da organização dos conteúdos a serem 
trabalhados, bem como favorecer, com o uso de estratégias diferenciadas, a 
assimilação dos conteúdos pelos alunos. Do mesmo modo, para aprendermos algo, 
precisamos mobilizar nossos saberes teóricos e práticos. Resumindo: o 
desenvolvimento de competências específicas não se faz sem a utilização de 
conteúdos (saberes) que as fundamente. As competências referem-se ao domínio 
prático de um tipo de tarefas e de situações. Tais domínios práticos só podem ser 
alcançados se junto com eles desenvolvemos também as habilidades dos alunos. 
 
 
9 
 
 
 
Conforme BELLAN (2008), a mudança de foco deve acontecer, e será do conteúdo 
para o processo educacional, isto é, que o conteúdo não seja desprezado, mas deve-se 
empregar mais tempo e energia no modo de ensinar, pois, a consideração do processo faz 
parte do tempo pós-moderno em que estamos inseridos. Segundo a autora, 
 
ao olharmos a aprendizagem de adultos através da andragogia, veremos que o papel 
do professor, como é tradicionalmente conhecido, precisa ser revisto e transformado. 
Porque os alunos são conscientes de suas habilidades e experiências e exigem mais 
envolvimento no processo de aprendizagem, o professor necessita transformar-se em 
um facilitador, um agente de mudança. ...a mudança de paradigmas do ensino 
tradicional para o modelo andragógico é no mínimo trabalhosa. (...) As tarefas do 
facilitador são diferentes das atribuições de um professor. Para ser um facilitador é 
preciso: - Comunicar-se com eficiência; - Promover o entusiasmo pelo aprendizado; 
- Demonstrar a importância prática do assunto a ser estudado; - Propagar a sensação 
de que aquele conhecimento fará diferença na vida dos alunos; - Transformar-se 
num orientador eficiente de atividades em grupos; - Passar a sensação de que aquela 
atividade está mudando a vida de todos e não apenas acrescentando informações 
inúteis; - Transmitir força e esperança. Para se ter maiores resultados nas atividades 
educativas, o facilitador deve explorar as características de aprendizagem dos alunos 
através de técnicas e métodos apropriados. (BELLAN, 2008, pp. 56-58). 
 
BELLAN (2008, p. 59) acrescenta que, para a obtenção de excelentes resultados 
andragógicos em sala de aula, 
 
estude seus alunos. descubra o que gostam, do que falam, como pensam, e: 
Aproveite a experiência acumulada dos alunos; Proponha problemas, novos 
conhecimentos e situações sincronizadas com o dia-a-dia deles; Justifique a 
necessidade e utilidade de cada conhecimento; Envolva-os no planejamento e na 
responsabilidade do aprendizado; Desperte a motivação interna para o aprendizado. 
 
Ainda, sobre as competências, Philippe Perrenoud (apud BESSA, 2008, p. 153) 
fornece um rol de competências indispensáveis aos docentes em sua práxis andragógica: 
 
1. organizar e dirigir situações de aprendizagem; 2. administrar a progressão das 
aprendizagens; 3. conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação; 4. envolver 
os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; 5. trabalhar em equipe; 6. 
participar da administração escolar; 7. informar e envolver os pais; 8. utilizar novas 
tecnologias; 9. enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; 10. administrar 
a própria formação. 
 
 Somando-se às competências acima descritas, continua BESSA (2008, p. 153): 
10 
 
 
 
 
Mais tarde, Perrenoud afirma a necessidade de se desenvolver uma décima primeira 
competência ligada ao trabalho docente, que está relacionada à ação do professor 
enquanto um ator coletivo no sistema de ensino e enquanto um direcionador do 
movimento dos educadores no sentido da profissionalização e da prática reflexiva 
sobre seu próprio fazer. Diante de tais competências profissionais, devemos, 
também, favorecer de forma organizada o desenvolvimento das habilidades 
requeridas no âmbito escolar. Para tanto, devemos rever os currículos escolares de 
forma a permitir que os conteúdos sejam, de fato, compreendidos pelos alunos, tanto 
pela via intelectual, quanto pela via prática. 
 
Dessa forma, o professor desenvolverá habilidades e competências no que diz respeito 
à epistemologia da educação adulta em si, adentrando nos meandros do ser humano, nos 
aspectos que o definem: biológico, legal, social e psicológico. 
Enfim, “o domínio de uma profissão não exclui o seu aperfeiçoamento. Ao contrário, 
será mestre quem continuar aprendendo”. (PIERRE FURTER apud BRANDÃO, Carlos 
Rodrigues, 2007, p. 82). 
 
 
5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
Metodologicamente, como procedimento para discutir, aprofundar e fundamentar a 
temática privilegia-se a fundamentação/pesquisa bibliográfica no sentido de nortear e embasar 
este artigo. Seguem os procedimentos utilizados na referida pesquisa. 
 Durante a pesquisa desenvolveram-se as seguintes atividades: 
1. Leitura (total e/ou parcial) da bibliografia; 2. Seleção de material (trechos textuais 
internos); 3. Comparação e análise dos dados (trechos textuais) e suas intrínsecas ligações; 4. 
Resumo e Fichamento; 5. Confecção do artigo. 
 
 
 
11 
 
 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O artigo em questão buscou definir andragogia e competência a fim de que fosse 
demonstrada a finalidade da andragogia e sua repercussão na formação do professor 
universitário. 
Espera-se que o leitor docente universitário possa extrair do presente artigo/subsídio 
pistas para a sua formação continuada sobre como ensinar adultos a fim de obter resultados 
plausíveis, tanto para si quanto para o discente universitário. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BELLAN, Zezina Soares. Andragogia em ação. Santa Bárbara d’Oeste/São Paulo: SOCEP, 
2008. 
 
BESSA, Valéria da Hora. Teorias da Aprendizagem. Curitiba: IESDE, 2008. 
 
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. São Paulo: Editora Brasiliense, 2007 
 
CAVALCANTI, Roberto de Albuquerque; GAYO. Maria Alice Fernandes da Silva. 
Andragogia na educação universitária. Revista Conceitos. Paraíba, pp. 44-51, Julho de 2004 
– Julho de 2005. Disponível em: 
<http://www.wr3ead.com.br/UNICEAD/andragogia_na_educacao_universitaria.pdf> Acesso 
em: 17 abr. 2016. 
 
CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Departamento de Leigos. Manual de 
Formação dos Leigos. Petrópolis: Vozes, 1995. 
 
FURTER, Pierre. Educação Permanente e Desenvolvimento Cultural. Petrópolis: Vozes, 
1974. 
 
KNOWLES, Malcolm S.; HOLTON III, Elwood F.; SWANSON, Richard A. Aprendizagem 
de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 
 
__________, Malcolm, et al., The Adult Learner: The Definitive Classic in Adult Education 
and Human Resource Development. Burlington,
MA. USA: Elsevier, 2005. 
 
__________, Malcolm. Quando l’adulto impara. Pedagogia e andragogia. Milano: 
FrancoAngeli, 1973. 
 
http://www.wr3ead.com.br/UNICEAD/andragogia_na_educacao_universitaria.pdf
12 
 
 
 
MARESCOTTI, Elena. Università degli Studi di Ferrara. “I loci argumentorum 
dell'educazione e della formazione in età adulta”. Italia, 2011. Apostila. Disponível em: 
<http://www.unife.it/letterefilosofia/scienzeeducazione/insegnamenti/educazione_adulti/mater
iale-
didattico/LOCI%20ARGUMENTORUM%20Lezione%20del%2028%20marzo%202011.pdf> 
Acesso em: 17 abr. 2016. 
 
NOFFS, Neide de Aquino; RODRIGUES, Carla Maria Rezende. Andragogia na 
psicopedagogia: a atuação com adultos. Revista Psicopedagogia. São Paulo. vol. 28, no. 87, 
p. 283-292, 2011. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v28n87/09.pdf> 
Acesso em: 16 abr. 2016. 
 
PÉREZ, Samuel Ubaldo (Compilador). Universidad del Valle de Mexico. “Modelo 
Andragógico – Fundamentos”. Mexico, 2009. Apostila. Disponível em: 
<https://my.laureate.net/faculty/docs/Faculty%20Documents/Andragogia.Fundamentos.pdf> 
Acesso em: 17 abr. 2016. 
 
PERRENOUD, Philippe. Construir competências desde a escola. Porto Alegre: ARTMED, 
1999. 
 
__________________. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: ARTMED, 
2000. 
 
PERRENOUD, Philippe. et al. As Competências para Ensinar no Século XXI: a formação 
dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: ARTMED. 2002. 
 
ROCHA. Enilton Ferreira. “Os dez pressupostos andragógicos da aprendizagem do adulto: 
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<http://www.abed.org.br/arquivos/os_10_pressupostos_andragogicos_ENILTON.pdf> 
Acesso em: 16 abr. 2016. 
 
http://www.unife.it/letterefilosofia/scienzeeducazione/insegnamenti/educazione_adulti/materiale-didattico/LOCI%20ARGUMENTORUM%20Lezione%20del%2028%20marzo%202011.pdf
http://www.unife.it/letterefilosofia/scienzeeducazione/insegnamenti/educazione_adulti/materiale-didattico/LOCI%20ARGUMENTORUM%20Lezione%20del%2028%20marzo%202011.pdf
http://www.unife.it/letterefilosofia/scienzeeducazione/insegnamenti/educazione_adulti/materiale-didattico/LOCI%20ARGUMENTORUM%20Lezione%20del%2028%20marzo%202011.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v28n87/09.pdf
https://my.laureate.net/faculty/docs/Faculty%20Documents/Andragogia.Fundamentos.pdf
http://www.abed.org.br/arquivos/os_10_pressupostos_andragogicos_ENILTON.pdf

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