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CRIMINOLOGÍA CRÍTICA Y CONTROL SOCIAL: EL PODER PUNITIVO DEL ESTADO

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CRIMINOLOGÍA CRÍTICA Y CONTROL SOCIAL: EL PODER PUNITIVO DEL ESTADO
1. O fracasso da criminologia: A necessidade de um realismo radical – JOCK YOUNG
O autor faz um escorço sobre a conformação histórica do pensamento criminológico.
Fala-se muito da crise da criminologia radical, mas a verdade é que a crise está na corrente principal ou hegemônica da disciplina. Se houve, em alguma medida, uma falta de êxito por parte da criminologia radical, seria o fracasso em resgatar a criminologia hegemônica do caos conceitual. O autor crê que o núcleo do problema gira em torno das causas do delito e que essa crise etiológica (estudo ou ciência das causas) surgiu mais descaradamente na década de sessenta gerando um desenvolvimento intenso da disciplina, incluindo o surgimento da criminologia radical. Nos anos 80 chega uma contrarrevolução silenciosa dentro da corrente hegemônica com a emergência da nova criminologia administrativa, o que implicou a retirada de todo a discussão sobre causalidade, observou-se o abandono da busca das causas do delito pela criminologia.
A crise e o fracasso do positivismo
Durante os anos sessenta a corrente hegemônica dos EUA e Grã-Bretanha era caracterizada pelo pragmatismo[footnoteRef:1], por uma aproximação multidisciplinar eclética, pelo correcionalismo[footnoteRef:2] e pelo positivismo[footnoteRef:3]. Nesse período é difícil enxergar a crise da criminologia, mas é possível enxergar que ela havia perdido todo o apoio explicativo do fenômeno que supostamente estava estudando. Barbara Wootton, em 1959, por exemplo, revelou doze das mais prováveis hipóteses criminológicas, oscilando desde casas destroçadas ao estado social baixo como causas da delinquência e concluiu que essa coleção de estudos produz somente generalizações pobre e duvidosamente fundadas. Dez anos mais tarde, uma das mais longas e custosas peças da investigação criminológica britânica, D. J. West (1969), sugeriu que havia um contato entre pobreza e delinquência mesmo que não assegurava o porquê. [1: O pragmatismo constitui uma escola de filosofia estabelecida no final do século XIX, com origem no Metaphysical Club, um grupo de especulação filosófica liderado pelo lógico Charles Sanders Peirce, pelo psicólogo William James e pelo jurista Oliver Wendell Holmes, Jr., congregando em seguida acadêmicos importantes dos Estados Unidos. Segundo essa doutrina metafísica, o sentido de uma ideia corresponde ao conjunto dos seus desdobramentos práticos.] [2: Escola proposta por Krause, desenvolvida por Röder, renovada e ampliada, principalmente, por Dorado Montero e Concepción Arenal que concebe que o delinquente e o delito nada mais é que a manifestação da debilidade, que de uma maneira ou de outra, faz com que os criminosos sejam estimados como seres perigosos para a vida social ordenada.] [3: O positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França no começo do século XIX. Os principais idealizadores do positivismo foram os pensadores Auguste Comte e John Stuart Mill. O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é correta se ela foi comprovada através de métodos científicos válidos. Os positivistas não consideram os conhecimentos ligados a crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos.] 
A partir de 1945, a taxa de delitos da Grã-Bretanha continuou aumentando inexoravelmente, acelerando-se na medida que se entrava nos anos sessenta, marcados pelo consumismo. Todos os fatores que deveriam ter conduzido a um declínio da delinquência – se a corrente hegemônica da criminologia houvesse pelo menos metade de razão – haviam sido majorados, ocorrendo o efeito inverso. Essa crise etiológica foi uma anomalia empírica que, embora não tenha sacudido imediatamente a criminologia hegemônica, certamente incentivou a emergência de outras. 
Nos EUA, a crise etiológica foi ainda mais anômala e ameaçadora ao positivismo. Os crimes de rua se tornaram o temos número um do público americano e a criminologia do establishment[footnoteRef:4] pareceu ter dado poucas advertências a seu respeito. Além disso, a tradição sensacionalista americana e o trabalho de E. H. Sutherland[footnoteRef:5] foram revividos nesse período através dos estudos de self-report que mostraram que havia uma considerável cifra obscura da delinquência da classe média e de relatórios jornalísticos que acerca do delito nos altos níveis do poder político e das corporações. Esses ameaçavam constantemente a crença convencional do positivismo que associava o delito com a pobreza e com os padrões de socialização da classe baixa. [4: O termo inglês establishment refere-se à ordem ideológica, econômica e política que constitui uma sociedade ou um Estado. Em sentido depreciativo, designa uma elite social, econômica e política que exerce forte controle sobre o conjunto da sociedade, funcionando como base dos poderes estabelecidos. O termo se estende às instituições controladas pelas classes dominantes, que decidem ou cujos interesses influem fortemente sobre decisões políticas, econômicas, culturais, etc., e que portanto controlam, no seu próprio interesse e segundo suas próprias concepções, as principais organizações públicas e privadas de um país, em detrimento da maioria dos eleitores, consumidores, pequenos acionistas, etc.] [5: Teoria da ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL – Sutherland e Gabriel Tarde – A teoria da associação diferencial assenta-se na consideração de que o processo de comunicação é determinante para a prática delitiva. Os valores dominantes no seio do grupo “ensinam” o delito. Uma pessoa converte-se em delinquente quando as definições favoráveis à violação da norma superam às desfavoráveis. A causa sistemática do comportamento criminoso é a desorganização social ou organização social diferencial Crítica: a teoria ignora os aspectos da aprendizagem. Por que nem todas as pessoas expostas à cultura criminosa a ela não aderem?] 
Nos EUA e na GB existia paralelamente uma tradição reformista[footnoteRef:6] que influenciava não só a criminologia, como também os ideais da nova penologia que encabeçou reformas penitenciárias desde os anos 30. Esse impulso liberal-reformista, em nível de políticas públicas, foi focado na exclusão de quase todo o resto que não fosse a humanização das prisões e a reabilitação dos internos. [6: O impulso reformista se tornou respeitável pelo triunfo do positivismo sobre o classicismo, do empirismo sobre a filosofia especulativa, da perspectiva clínica sobre a legal e de focar no ator e não na ação delitiva.] 
Assim como a criminologia ortodoxa fracassou ao explicar o alcance, distribuição e mudança dos índices oficiais do delito, a penologia do establishment fracassou plenamente em controlar o delito e reabilitar. Os delitos se incrementaram ao mesmo tempo que os índices de reincidência nas prisões.
Os americanos foram mais capazes naquele momento em deter a crise etiológica do que os britânicos. Mesmo que não hegemônica, existia uma sofisticada tradição na criminologia sociológica, que incluiu a Escola de Chicago, ao interacionismo simbólico e ao estrutural-funcionalismo. Seguindo estas bases teóricas, surgiram três escolas criminológicas separadas e politicamente diferentes:
a) a teoria do etiquetamento[footnoteRef:7], enraizada no interacionismo simbólico, intentou explicar a anomalia etiológica em termos de administração da justiça diferenciada e injusta. O etiquetamento injusto explicava o fato de que o desvio da classe média foi ocultado, que o incremento da vigilância policial e o pânico moral exacerbaram a onda delitiva e que a estigmatização causara reincidência; [7: PARADIGMA DA REAÇÃO SOCIAL - Howard Becker - Outsiders: estudos de sociologia do desvio, Erving Goffman - Manicômios, Prisões e Conventos - Se o objeto da criminologia era o crime e o criminoso anteriormente, a partirdesse marco passa a ser os distintos modos de reação social e institucional diante de diferentes práticas por diferentes atores – parte-se da concepção de que o crime é uma construção social discursiva operada por pessoas e grupos que detém o poder de definição, o crime é um etiqueta que eu coloco em determinados sujeitos e comportamentos e apenas a partir dessa etiqueta eles serão materialmente considerados crimes e criminosos e, não necessariamente essas etiquetas estão relacionadas com a relevância do dano que causou a sociedade. Essa reação institucional por meio da estigmatização, que vai ser chamado de processo de criminalização divididos entre primários e secundários, formais e informais, terão papéis constitutivos diante do crime. Não é possível pensar o crime sem pensar o modo específico de operacionalização das agências responsáveis pelo controle penal. Essa atuação dessas agências é imprescindível na constituição do crime. Por isso que em Sutherland, apesar da criminalidade de colarinho branco ser vasta, aquilo não era materialmente crime no sentido de ser perseguido pelas agências de controle. Nem o comportamento nem os agentes possuíam etiquetas de criminosos. 
Problema fenomenológico 1: concernente aos efeitos que a aplicação de uma definição de criminoso a certos indivíduos – isto é, a atribuição a estes da qualificação de criminoso, e de um status social correspondente – tem sobre o comportamento sucessivo do indivíduo. Estudo das carreiras desviantes:
Edwin M. Lemert – delinquência primária e secundária – alternativa a teoria mertoniana.
Edwin M. Schur. Becker – Mudança da identidade social do indivíduo – quando é introduzido no status de desviante (usa como exemplo os maconheiros dos EUA);
Howard S. Becker - Formação da identidade desviante – efeitos da estigmatização na formação do status social - reação social ou a punição de um primeiro comportamento desviante tem a função de mudar a identidade social do indivíduo assim estigmatizado;
Problema 2: Interpretação sociopolítica do fenômeno pelo qual certos indivíduos, em uma dada sociedade, pertencentes a certos grupos sociais e representantes de certas instituições, são dotados de poder de definição de quais crimes serão perseguidos e quais pessoas devem ser perseguidas.] 
b) a teoria da subcultura[footnoteRef:8] (Albert K. Cohen), derivada do funcionalismo estrutural mertoniano[footnoteRef:9], utilizou o conceito de privação relativa para explicar o aumento delitivo apesar do crescimento da pobreza absoluta. Apontou a maneira pela qual as subculturas eram uma solução para essa privação e que as penas de prisão davam lugar ao fortalecimento de uma subcultura carcerária a qual incrementava um pacto entre criminalidade e reincidência. Essa teoria chegou a reconhecer que a privação relativa não era somente um fenômeno da classe trabalhadora; [8: Características da subcultura: não utilitarismo, malvadeza, negativismo. Essa teoria nega o princípio da culpabilidade na medida que nega que o delito possa ser considerado expressão de uma atitude contrária aos valores e as normas sociais gerais e afirma que existem valores e normas específicos dos diversos grupos sociais (subculturas). Esses valores e normas, através de mecanismos de interação e aprendizagem no interior dos grupos, são interiorizados pelos indivíduos pertencentes aos mesmos grupos e determinam, portanto, o comportamento, em concurso com os valores e nas normas institucionalizadas pelo direito ou pela moral oficial. Não existe, pois, UM sistema de valores, ou O sistema de valores em face dos quais o indivíduo é livre de determinar-se, sendo culpável a atitude daqueles que, podendo, não se deixam ‘determinar pelo valor’ como quer uma concepção antropológica da culpabilidade (concepção normativa/finalista). Só aparentemente está à disposição do sujeito escolher o sistema de valores ao qual adere. Em realidade, condições estruturais e mecanismos de comunicação e de aprendizagem determinam a pertença dos indivíduos e subgrupos ou subculturas, e a transmissão aos indivíduos de valores, normas, modelos de comportamento e técnicas, mesmo ilegítimos.	] [9: Robert Merton e Emile Durkheim – Teoria da ANOMIA – sempre que a sociedade acentuar a importância de determinadas metas, sem oferecer à maioria das pessoas a possibilidade de atingi-las por meios legítimos, estar-se-á diante de uma situação de anomia. As causas do delito não devem ser pesquisadas em fatores bioantropológicos e naturais; o desvio é um fenômeno normal de toda estrutura social; o comportamento desviante, dentro de seus limites funcionais, é um fator necessário e útil para o equilíbrio e desenvolvimento sociocultural. A origem do comportamento desviante estaria na desproporção entre os fins culturalmente reconhecidos como válidos e os meios legítimos à disposição do indivíduo que estimula o comportamento inovador. Estrutura social x cultura. Propõe a existência de cinco modelos de adequação social: o conformismo, o ritualismo, o retraimento (apatia), a inovação e rebelião.] 
c) a teoria da desintegração social[footnoteRef:10] representava a desintegração comunitária no sentido de que a quebra dos controles informais geravam o delito entre os pobres e através de toda a estrutura da sociedade, ainda mais, não fornecia uma comunidade a qual o ex-presidiário poderia retornar. [10: Emile Durkheim - vê a anomia como um estado de desintegração social. Devido a uma mudança social de grande alcance — e aqui podemos citar primeiramente a industrialização, a qual introduziu o princípio estrutural da divisão do trabalho —, naturalmente aumentou-se a diferenciação social (por exemplo, pobres, moradores urbanos, residentes rurais, religiosos, secularizados, etc.). A diminuição dos antigos princípios estruturais e organizacionais enfraqueceu a coesão social, ou seja, quanto maior a sociedade maior e mais difícil será o seu controle, além disso, mais pessoas poderão estar “insatisfeitas” com o sistema. Como resultado, as regras sociais gerais não são mais consideradas; a ordem coletiva se dissolve e um estado de anomia vem à luz. As consequências disso são o aumento das taxas de suicídio e crime.] 
Essas teorias, a que enfatiza a reação social, a que remarca a causa da ação desviada e a que se centra no contexto organizacional da ação, não são excludentes ente si, elas estavam fragmentadas por razões políticas e não pela realidade. Poucos sociólogos perceberam isso, por exemplo, Albert Cohen (1965), Cloward y Ohlin (1960) e David Matza (1969). Foi essa tradição americana que formou as bases do desenvolvimento da Nova Teoria do Desvio (NTD) que foi subsequentemente importada para a BG. A influência básica da NTD foi a teoria do etiquetamento, da subcultura e da Escola de Chicago. Essa teoria rechaçou a noção acerca da desorganização social como causa do desvio. Organização e contra-organização, cultura e contra-cultura, socialização diferenciada e pluralismo se tornaram a ordem do dia.
A NTD pode ser entendida através de deus oponentes principais, ou seja, mediante uma inversão negativa. Em vez de condenar o desviante, ela defende uma apreciação das realidades desviantes desde uma perspectiva dos controlados, não dos controladores. Enquanto o positivismo despojava a ação desviante de significado, o NTD reconhecia um significado e um racionalismo rigoroso. O consenso foi substituído pelo pluralismo radical, A patologia foi despejada por definições diferenciadas de normalidade e o correcionalismo, por convicção dos especialistas. A NTD foi a semente da criminologia radical.
As tarefas do paradigma radical
O impacto da criminologia radical foi muito menos devastador do que se acreditava durante os dias mais emocionantes do início dos anos 1970. A criminologia radical não alcançou nenhum grau significativo em desafiar a criminologia do establishment, isto se deu devido ao rápido crescimento tanto nos EUA como na GB do que é denominado criminologia administrativa. Por isso, a transformação qualitativa da criminologia do establishment– o declive do positivismo - autonomamente seguiu a ascensão da criminologia radical como um paradigma rival.
A criminologia administrativa: a revolução silenciosa
Com o início dos anos 80, houve um aumento da criminalidade urbana, principalmente do tráfico de drogas e dos crimes contra o patrimônio, o que exigiu uma postura diferente e uma maior intervenção do Estado para resolução dos problemas de segurança pública. Diante desse contexto, criminólogos, em determinadas partes do mundo, passaram a desenvolver as suas investigações aos serviços das próprias instâncias formais de controle, surgindo assim, a Criminologia Administrativa. Tal vertente da Criminologia surgiu como reação à ascensão da criminalidade, defendendo a idéia de utilização de elementos eletrônicos como meios eficazes na prevenção da criminalidade. Igualmente, a criminologia administrativa apresenta como peculiaridade a renúncia à descoberta das causas dos crimes e afirma que o crime é, em muitos casos, oportuno e, fruto de uma decisão fundamentada do autor.
Donald Cressey – “A tragédia está na tendência dos criminólogos modernos a diminuir a busca das causas e unir-se a políticos mais do que desenvolver melhores ideias acerca do porquê floresce o delito. Por exemplo, os criminólogos Wilson y vann den Haag, Ehrlich, Fogel, Morris y Hawkins, entre outros, parecem satisfeitos com uma criminologia tecnológica, cujo máximo interesse é mostrar aos decisores políticos como reprimir os delinquentes e fazer a justiça penal trabalhar mais eficientemente.
Bases comuns em todos os autores: um antagonismo as noções de que o delito é determinado por circunstâncias sociais, uma falta de interesse na etiologia, crença na escolha humana durante o ato delitivo e apoiam a prevenção. Basicamente estavam desinteressados nas causas do crime, essa era uma questão secundária.
O foco parece estar em fazer com que as oportunidades de cometer delitos sejam mais dificultosas através do endurecimento dos objetivos e incrementos dos riscos de ser capturado. Esse deslizamento a uma criminologia administrativa (ou variedades da teoria do controle) representa o surgimento em grande escala da teoria neoclássica. A teoria clássica de Beccaria e Bentham teria alguns defeitos, entre eles, uma noção uniforme acerca do impacto de diferentes dispositivos preventivos legislados para controlar o delito. Com a introdução de conceitos como risco e oportunidade como variáveis que podem ser modificadas pelos criadores de políticas e pela polícia sobre as bases territoriais, esse modelo de controle é refinado.
O idealismo de esquerda: a perda de uma criminologia
Os princípios do idealismo de esquerda são: o delito é visto ocorrendo dentro da classe trabalhadora como resultado inevitável da pobreza, o delinquente vê através da natureza injusta da sociedade atual e o delito é uma tentativa – ainda que torpe e mal intencionada – de restabelecer o equilíbrio. Se a causa do delito da classe trabalhadora é a pobreza, então a causa do leito da classe alta é a ganância e a persecução do poder por parte dos poderosos promotores dos ditames do capital. Nesse contexto, o direito penal é uma expressão direta da classe dirigente interessada na proteção de suas propriedades e na consolidação de seu poder político. A função real da atividade policial é a política mais do que, em si, controlar o delito. É a ordem social, mais que o controle do delito, a razão de ser da política.
Adaptando: a perda do passado
O idealismo de esquerda pretendia uma mudança de tal magnitude que muitas das descobertas da velha criminologia foram descartadas como insuficientes para complementar as novas exigências marxistas. Trabalhos muito valiosos como os de Goffman, Becker, Matza e Albert Cohen se tornaram textos uniformes.
Devido a isso, para o autor, a teoria do direito sofisticada foi emparelhada com uma noção de criminalidade muito pouco desenvolvida, contudo, sua influência na criminologia radical foi uma sociologia do direito extremamente desenvolvida, mas uma ausência de criminologia. Consequências: perda nos níveis de análise médios e baixos acerca do delito que poderiam fornecer fontes estrutural-funcionalista e interacionista; regressão a alguns debates dos anos 60; perda de métodos de investigação etnográficos e qualitativos e; fácil aceitação de ideias muito economicistas da Nova Esquerda na questão devido a ausência de discussão sobre a etiologia do delito. Esse é um ponto teórico importante dentro da tradição radical – para a maioria da corrente principal da criminologia idealista de esquerda houve uma ruptura dramática com o passado e um abraço total as noções mais simplistas acerca do delito e da criminalidade.
Seguir dando voltas em círculo: a perda da desorganização
Como teoria marxista putativa, o idealismo de esquerda não pode rechaçar o determinismo – é mais bem caracterizado como uma força determinante distante – enquanto a ação imediata está dentro da esfera da liberdade, do acordo e da decisão. Dessa maneira, a patologia é descartada. O desviado, o criminoso e vários membros de contra culturas são retratados como cientes da desigualdade da vida cotidiana. Isso resulta no conhecimento de uma racionalidade do ator criminal, enfatizando excessivamente o nível de organização dos grupos desviados e ignorando sua desorganização, outorgando-os muita coerência e rebeldia, quando na verdade suas opiniões são frequentemente incoerente e convencionais, pintando-os como se tivesse atuado com livre arbítrio enquanto, em grande parte, estão compelidos por circunstancias imediatas.
Em síntese, rechaçar o conceito de patologia com suas conotações médicas e reducionistas, não resultou numa negociação da desorganização, o determinismo e a falta de reflexibilidade por partes dos atores desviantes e suas atividades.
A centralidade da desordem: a perda do delito
A voz autêntica do idealismo de esquerda contemporâneo: a comunidade se adapta ao seu dilema material, se ajusta por si mesma o cinto para amortecer e superar a privação, entretanto, o que é omitido é o lado sombrio da dialética: o conformismo ritual e a desorganização social são também um resultado da opressão.
O idealismo de esquerda ignora o fato de que muitos dos delitos da classe trabalhadora são dirigidos a gente de classe trabalhadora e que o desafio as relações de propriedade é mais frequente a apropriação da propriedade da classe trabalhadora do que uma ameaça ao capitalismo.
Explicações de cima para baixo: funcionalismo, instrumentalismo e a perda da economia política
Um importante setor dos criminólogos radicais seguiram a direção de Paul Hirst e declararam que a criminologia radical era incompatível com o marxismo. Alguns dos radicais optaram pela sociologia do direito cujo objetivo de estudo se transformou na relação entre a lei (sua forma e conteúdo) e o capital (ver resumo do texto nas anotações da UFG).
A teoria idealista de esquerda está centrada na natureza do Estado e seu impacto sobre os cidadãos. Não se concentra no porquê das pessoas se tornarem criminosas e sim como o Estado criminaliza as pessoas. Dessa maneira, a administração da justiça se torna de suma importância, com um estilo de cima para baixo, enquanto as determinantes estruturais do delito são ignoradas ou tomadas como óbvios.
O processo de criminalização em si é um elemento chave, servindo para criar bodes expiatórios que distraiam a atenção pública dos reais problemas de uma sociedade capitalista. No funcionalismo de esquerda a possibilidade de reformas progressivas em instituições existes são excluídas do campo. A noção instrumentalista do Estado não incorpora a ideia de reformas progressivas que se sucederam de lutas populares e as contradições dentro das agências do Estado. Medidas de bem estar social apaziguam a revolta popular particularmente entre os desempregados. O problema disso é que o Estado de bem estar social é uma agência de controle social e quando alguém quando alguém entra nas áreas do Estado de bem estar social que lidam com o crime, está lidandocom a extensão da rede de um estado coercitivo.
Uma questão central para a perspectiva marxista é que o capital cria as condições e possibilidades para a sua própria morte, ou seja, o equilíbrio funcional não é alcançado. A suposição de que os valores e instituições do capitalismo obviamente ajudam no seu equilíbrio é a debilidade chave do funcionalismo de esquerda.
A perda da etiologia
Em síntese, no nível da criminologia, o idealismo de esquerda absorveu a mesma noção monetarista da natureza humana que a criminologia administrativa. A crise etiológica é um não-evento para os idealistas. Em primeiro lugar, se o delito não é um grande problema, logo, poucas razões há para explicá-lo. Em segundo lugar, cada aumento dos delitos é visto simplesmente como um incremento da atividade policial mais do que um aumento na comissão de delitos. O problema se torna o porquê a criminalização tem aumentado e não o porquê de ter havido um incremento na comissão de delitos. Em terceiro, não tendo que postular um aumento, a resposta do porquê ocorre os delitos é vista como óbvia.
A natureza do realismo de esquerda
O princípio central do realismo de esquerda é refletir a realidade do delito, que está nas suas origens, sua natureza e seu impacto. Isso implica em rechaçar tendências românticas ou patológicas do delito, que o analisem apenas do ponto de vista da administração do delito e o ator social e subestimem o delito ou o exagerem. 
O delito é realmente um problema
O realismo de esquerda observa que a classe trabalhadora é vítima de crimes de todas as direções. Observa que quanto mais vulnerável uma pessoa é econômica e socialmente, maior a probabilidade de sofrer crimes da classe trabalhadora e de colarinho branco contra ela; Além disso, observe que o crime é um símbolo poderoso da natureza anti-social do capitalismo e é a maneira mais imediata de as pessoas experimentarem outros problemas, como desemprego ou individualismo competitivo. Realismo não é empirismo. Crime e desvio são os principais locais de ansiedade e tensão moral em uma sociedade repleta de desigualdades e injustiças reais.
Certamente, há um elemento fantástico na concepção do crime; as imagens da identidade do criminoso e seu modus operandi são, como vimos, altamente distorcidas. E, sem dúvida, ocorre o deslocamento do medo, onde ansiedades reais sobre um tipo de crime são projetadas em outro, unidirecionalmente, onde apenas alguns tipos de crime são temidos, embora a evidência de uma infraestrutura substancial de racionalidade seja considerável.
O que resta agora é a tarefa de criar criminologia realista. Embora a negação do crime pelos idealistas de esquerda esteja sendo cada vez mais rejeitada, as tarefas da criminologia radical ainda permanecem. Ou seja, criando uma explicação adequada do crime, vitimização e reação do Estado. E isso é o mais importante, dado que a nova criminologia administrativa abdicou de toda a sua responsabilidade a esse respeito e que, de fato, compartilha algumas convergências com o idealismo de esquerda.
RESUMÃO E CONCLUSÃO
Foi traçado o alcance da crise que ocorreu na criminologia nos últimos vinte anos, tentando localizá-la em seu contexto empírico, social e político. O desaparecimento do positivismo social-democrata, o principal paradigma da criminologia britânica e americana daquele período, tem sido central para a crise. Isso tem sido principalmente uma resposta ao que foi chamado de crise etiológica: o aumento contínuo das taxas de criminalidade em todo o mundo, bem como todas as “causas” conhecidas do crime foram sistematicamente reduzidas e melhoradas. E isso foi complementado, em uma escala de tempo ligeiramente diferente, com um colapso nos comentários positivistas sobre a reabilitação nas prisões. 
A resposta mais imediata a essa crise foi um fermento criativo marcado dentro da disciplina. Sob diferentes perspectivas, a teoria do etiquetamento, a tensão (anomia) e, em menor grau, as teorias da desorganização social tentaram interromper a anomalia. Foi por essas razões que surgiram as NTD e a criminologia radical. O que aconteceu naquela época - apesar do desprezo geral – foi a expansão da temática. A necessidade de convocar o crime a um contexto de uma sociedade mais ampla, de relacionar os níveis de análises macro ao micro, estudar ações e reações, colocar a disciplina dentro do contexto mais amplo da teoria social, tornou-se o fundamental da temática.
Por um período – embora ocultas - as raízes filosóficas e sociológicas das diferentes correntes do pensamento criminológico foram reveladas e foi um momento de reexame dos textos clássicos em termos de que luz eles poderiam lançar sobre o debate. Marx, Durkheim, Mead, Merton, as escolas de interacionismo simbólico, da fenomenologia e de Chicago, foram todas invocadas e examinadas criticamente. Não foi por acaso que a criminologia e a sociologia do desvio, durante os anos sessenta e setenta, se tornaram o tema principal em muitos dos debates dentro da metodologia e da sociologia. O potencial de uma criminologia radical elaborada foi, por um tempo, enorme. E, de fato, sua influência no ensino superior expandiu-se rapidamente pela disseminação das ideias da Nova Esquerda. Embora houvesse falhas substanciais, tanto em suas raízes quanto no contexto sócio-político que se desenvolveu.
A velha história da crítica ao investimento, que assombra o pensamento criminológico desde o século XIX, voltou como vingança. A NTD flutuou em direção ao positivismo invertido: seus atores se tornaram muito racionais e a atividade criminosa foi ao mesmo tempo minimizada e romantizada, enquanto a desorganização social como noção desapareceu de seu vocabulário. Os ditames do pensamento “realmente” radical corrigiram uma cauterização do passado. Já não era moda aprender com o funcionalismo estrutural ou com a teoria do etiquetamento - o processo de legitimação havia começado. Ironicamente, quando o funcionalismo estrutural mertoniano foi escoltado até a porta, o funcionalismo althusseriano entrou atrás. 
Muitos pensavam que a criminologia radical era, por si só, uma impossibilidade conceitual e se moviam em direção à sociologia do direito, outros pensavam que o crime em si era um problema menor que não merecia consideração - a maioria, que o interesse real deveria ser o Estado. No total, isso criou uma espécie de teoria unidimensional e “de cima para baixo”, funcionalista em sua essência, cujo interesse não estava nas causas do crime, mas na relação da reação do Estado às necessidades políticas e econômicas do capitalismo. E, com uma totalidade trabalhando dessa maneira, a reforma, seja nas ruas ou nas prisões, tornou-se uma impossibilidade. Foi assim que surgiu o idealismo de esquerda e confirmou sua predominância na criminologia socialista com a recessão. Como o desemprego e a pobreza aumentaram acentuadamente, o motivo do aumento da taxa de criminalidade não permaneceu um problema - a resposta era óbvia e não merecia reflexão. Para os radicais, a crise etiológica havia desaparecido temporariamente. 
Enquanto isso, uma revolução palaciana silenciosa ocorreu dentro da criminologia ortodoxa com o surgimento e a rápida expansão da nova criminologia administrativa, cujo empirismo obcecado faz com que apareça como positivismo, nada mais longe disso. Como a busca histórica por causalidade foi abandonada, um neoclassicismo tomou seu lugar. Não havia mais noção alguma a respeito de solucionar o delito aumentando a justiça social, ao contrário, a ênfase voltou-se para a vigilância, policiamento e controle. 
Uma convergência entre o idealismo de esquerda e a nova criminologia administrativa emergiu inconscientemente. Ambos pensavam que a investigação da causalidade não era proveitosa, ambos pensavam que o controle do crime por meio da implementação de programas de justiça econômica e social não alcançaria seu objetivo, ambos focaram na reação do Estado, ambos estavam desinteressados ​​nas teorias do passado, ambos tentavam explicar a eficácia do controle do crime sem explicá-lo, e ambos acreditavamque era possível generalizar de tal maneira que ignoravam profundamente a especificidade das circunstâncias.
Dessa forma, a criminologia atingiu seu ponto mais baixo. No entanto, a disciplina se desenvolveu de maneira que relacionou as mudanças em seu contexto empírico e social. Se a crise etiológica foi o motor dos anos 1960, os estudos sobre vitimização criminal foram o motor dos anos 80, enquanto para criminologistas radicais, a vitimologia administrativa cria poucas surpresas. É pouco - dentro do paradigma - que pode ser particularmente abalado pela pergunta: quem é a vítima? De fato, o fornecimento de mapas dos objetivos do delito causa um desgaste na teoria do controle. Porém, as evidências sobre a alta vitimização criminal da classe trabalhadora e sua natureza intraclasse estabelecem sérios problemas na teoria idealista da esquerda - em parte porque inevitavelmente destaca problemas de desorganização da comunidade.
E o trabalho pioneiro de criminologistas feministas, tanto no campo das mulheres como vítimas quanto de infratoras, tem sido de grande importância ao forçar os radicais a reexaminar suas posições em relação à penalidade e às causas do crime. Isso foi sublinhado pela preocupação geral com o problema dos ataques racistas nas comunidades da classe trabalhadora e a disseminação do uso de heroína na classe trabalhadora de muitas cidades europeias. Politicamente, isso foi combinado com a necessidade de conselhos socialistas de bairro nas áreas deprimidas do centro da cidade para desenvolver uma política que detenha esses problemas e que não tenha - com o aumento do desemprego – que depender do objetivo tradicional dentro dos lugares de trabalho. Dessa forma, todos os pré-requisitos para o surgimento da criminologia realista de esquerda são agora apresentados. 
Este artigo argumentou a respeito da necessidade de um programa sistemático dentro da criminologia radical, que tivesse componentes teóricos, investigativos e de políticas concretos. Devemos desenvolver uma teoria realista que abranja adequadamente o escopo do ato criminoso. Ou seja, deve lidar com os níveis macro e micro, com as causas da ação criminal e reação social, e com a inter-relação triangular entre o agressor, a vítima e o Estado. O autor afirma categoricamente que a principal tarefa da criminologia radical é buscar uma solução para o problema do crime e que uma política socialista concreta é reduzir substancialmente a taxa de criminalidade. Como socialistas, é importante acentuar a circunstância de que grande parte dos delitos da classe trabalhadora são intraclasse.
O crime é de importância política, pois seu descontrole divide a comunidade da classe trabalhadora e é material e moralmente a base da desorganização: a perda do controle político. É também um potencial unificador - um tema realista, entre outros, para recriar a comunidade.
Uma teoria total do delito deve ter a ver com a realidade contraditória do fenômeno assim como deve propor qualquer estratégia para combatê-lo. Deve, ainda, analisar como as atitudes da classe trabalhadora em relação ao crime não são meramente o resultado de ideias falsas derivadas da mídia de massa e similares, mas têm uma base racional de cada vez, uma realidade contraditória e erroneamente contextualizada.
2. Pânico social e fragilidade do Estado de direito: conflitos instrumentais entre Administração e jurisdição penitenciária (ou para deixar de falar do “sexo dos anjos” na questão penitenciária – ROBERTO BERGALLI
Análise a partir do contexto histórico da Espanha, principalmente, e outros países europeus a partir da crise de 1973 que gerou, desde o centro do capitalismo de concentração, restrições a intervenção pública nos âmbitos da educação, da saúde e da assistência social que agravaram o conflito social intrínseco. Amparadas por um falso discurso liberal, as políticas sociais e econômicas dos EUA, da GB e da Alemanha, exacerbaram situações de pobreza que levaram, vinte anos depois, a atuais tensões presentes nas sociedades desses países, repercussões que transcenderam suas fronteiras e constituem hoje em dia terreno fértil para palpáveis antagonismos internacionais.
O modelo da sociedade atual de uma sociedade dividida se expandiu, com mais força nos âmbitos distantes do centro do capitalismo de concentração e tem efeitos verdadeiramente perversos em sua periferia. A caída do muro de Berlin em 1989, ainda que com suas consequências positivas para quem sofria a ditadura e o Gulag soviéticos, de fato cresceu de forma alarmante o muro que separa o planeta de norte a sul provocando o surgimento de velhos fantasmas que sempre atravessaram a Europa: o racismo e a intolerância.
Em um segundo terreno, ou seja, no nível das políticas de controle social, o neoliberalismo se tornou ainda mais falacioso e, já na década de 70, provocou notáveis restrições das liberdades cidadãs, justificadas pelas chamadas lutas contra fenômenos nascidos nesse contexto de excessiva cultura consumista e de crescente desequilíbrio social. Além das situações concretas, outras explosões do terrorismo na Europa nesses anos se apresentaram como formas de dissidência política que optavam por uma luta armada contra os Estados que revelavam a crise do welfare, contanto que não fossem formas de terrorismo negro exercidas em cumplicidade com órgãos separados. Entretanto, muitas dessas reações se traduziram em manifestas violações de garantias constitucionais, quando não foram agressões aos direitos humanos. Essa situação foi descrita como fruto de uma cultura de emergência, enquanto a legislação penal especial que nasceu com seu amparo era apresentada como necessária para proteger o Estado de direito.
Os sistemas penitenciários da maior parte da Europa comunitária foram os que mais demonstraram essa permeabilidade: as prisões de segurança máxima, nascidas como uma descoberta da luta antiterrorista, se converteram em uma instituição de alojamento para a criminalidade comum.
É nesse quadro de verdadeiro desafio para o Estado de direito europeu que se produziu a transição em direção a democracia e sanciona-se na Espanha a Constituição de 1978. Contemporaneamente, se inicia o processo de adesão as comunidades europeias com o qual o Estado espanhol paulatinamente se obriga a adoção de muitas medidas que incorporam uma estratégia comum de controle social, adequadas a situação de derrocada do welfare.
O autor encerra a introdução dizendo que uma cultura progressista não deve deixar de levar em conta a permanente e estreita relação que existe entre a criação e aplicação do Direito com as transformações que ocorrem nas esferas econômica e política da sociedade. 
Em 1979, foi promulgada na Espanha a Lei orgânica Geral Penitenciaria (LOGP) que criou a Jurisdição de Vigilância com o objetivo de proteger os direitos dos internos e corrigir os abusos e desvios que poderiam ocorrer no cumprimento dos preceitos do regime penitenciário. A LOGP foi sancionada depois da experiência das prisões durante o franquismo e da conflitividade vivida durante a primeira transição. A falta de originalidade com que se adotou a Jurisdição de Vigilância penitenciária provocou a imprevisão de certos aspectos deixando a instituição fragilizada.
Essa jurisdição especializada revelou sua impotência em desenvolver as capacidades derivadas da Constituição espanhola e da LOGP, principalmente no que concerne a falta de desenvolvimento processual pertinente da referida jurisdição a qual, certamente, implica na impossibilidade de um exercício concreto do direito de defesa para os afetados, por assim dizer, os internos das instituições penitenciárias. Estava-se diante de um panorama de desemparo normativo-processual, um vazio legal, carência de formas processuais destinadas a regular a atividade da jurisdição penitenciária nessa matéria.
Uma preocupação, é a pouca utilização do artigo 77 da LOGP, que outorga ao juiz de Vigilância a capacidade de formular propostas de políticas penitenciárias ao governo. O uso habitual dessa norma poderia contribuir para a limitaçãoda discricionariedade administrativa.
“Teoria das três colunas da justiça” – ao direito executivo penal é outorgado a terceira instancia de atual do sistema criminal, por isso, a essa fase é conhecida como a que menos se respeita as garantias devido ao descaso após a sentença condenatória.
Muitas vezes, a missão de controle jurisdicional que a Justiça de Vigilância tem sobre a atividade da Administração na execução das penas privativas de liberdade, não só não é eficaz como também é desperdiçada devido a conflitos entre as duas. A filosofia de disciplina e ordem ressurge no interior da vida no cárcere, permitindo agregar a função do seu governo interno, o emprego de institutos simbolicamente previstos como adequados a ressocialização. Assim, como ocorre nas permissões de saída e o tratamento e classificação dos internos, por exemplo, que são provenientes umas das equipes de observação e tratamento e outras do juiz de vigilância, há um choque de competências sobre quem atua na decisão, surgindo uma disparidade de critérios entre os informes técnicos e o juiz de vigilância. Esses instrumentos se construíram sobre um discurso cientificista enraizado na maior ou menor hegemonia dos enfoques concentrados sobre o problema das causas individuais da conduta criminal (o denominado paradigma etiológico). 
Como se sabe, esse debate perdeu o interesse porque o chamado paradigma do controle começou a convocar a maior parte das atenções e o comportamento criminoso deixou de ser o objeto central do conhecimento criminológico, a ser substituído pelo o estudo das formas de definição do referido comportamento, realizado tanto através da lei penal quanto pelas instâncias predispostas para sua aplicação. Desse modo, o sistema penal e, dentro de sua estrutura, a prisão, todas as suas atividades e funções, como manifestações específicas das formas mais severas de controle social, hoje constituem bases para o estudo criminológico, na medida que aquelas incidam de maneira relevante na definição da conduta dos internos. É por isso que a classificação penitenciária constitui uma das formas expressivas dessa incidência e um campo de verificação sobre como o comportamento criminoso é definido. 
Diante dessa substituição de paradigmas, apenas as esferas institucionais que contribuem para a definição de comportamento criminoso mantiveram a ideia de que a prevenção ou reincidência do crime só podem ser realizadas se a personalidade do autor for conhecida. Os estudos sobre a chamada personalidade criminosa foram os que deram vida à chamada criminologia clínica e continuam alimentando a sobrevivência dessa especialidade na Espanha.
O aumento da população carcerária da Espanha e a construção de novos estabelecimentos prisionais, têm gerado constantes atritos entre a administração e a jurisdição ou entre os ficais de vigilância penitenciária. Da filosofia de disciplina e ordem, agravada pela inflação punitiva gerida pela mediatizada opinião pública espanhola, emerge com nitidez uma acentuada primazia em detrimento de outros aspectos relevantes e mais orientados para a ressocialização, justificadas pelo eterno problema do controle interno da prisão, fonte de conflitos permanentes. Ocorre assim, a perda da função de garantia com a qual está investida a jurisdição.
Toda essa situação é um reflexo da inserção espanhola na situação que se encontram todas as sociedades pós-industriais, ou seja, de quebra do welfare. Governar a crise que essa situação provocou, supõe uma restrição de liberdades e um aumento da discricionariedade administrativa, mas também permite fazer um uso político do pânico moral no controle da criminalidade como ocorreu na GB na era thatcheriana.
RESUMÃO E CONCLUSÃO
Consequentemente, em minha opinião, o empoderamento das equipes de observação e tratamento, fatores determinantes para a classificação dos reclusos e suas progressões ou regressões de pena, colocou em risco na Espanha um princípio central da cultura jurídico-criminal de natureza liberal-iluminista: o da pena justa. De fato, se um dos grandes objetivos do direito penal moderno foi limpar o campo da responsabilidade criminal de qualquer resquício decisionista, a determinação retributiva da culpa pelo ato foi sua conquista máxima. Da mesma forma, os princípios iluministas da legalidade, da proporcionalidade entre crime e pena, da abstração e da certeza permitiram colocar as funções de punição dentro do marco do Estado de direito. No entanto, o paradoxo da prisão de tentar atribuir a pena um conteúdo utilitário com base na prevenção especial, desequilibrou o senso do propósito da punição e levou à resolução de ideias anti-liberais de crime como patologia e punição como tratamento. 
De fato, entre as muitas críticas que recebeu, deve-se destacar que, dado ao caráter corretivo associado aos tratamentos penitenciários, isso impede que os limites legal e rigidamente estabelecidos sejam justificados antes das demandas individualizadas da correção, o que nos permitiu afirmar que “não foi por acaso que essas doutrinas prepararam o terreno, na Europa, no decorrer dos dois séculos, para o processo de dissolução irracionalista e subjetivista do direito penal e da razão jurídica que celebrará sua desconfiança nos regimes totalitários entre as duas guerras”.
Embora essa última declaração possa parecer exagerada diante da repetida atribuição de vantagens atribuídas ao tratamento na cultura carcerária espanhola, eu queria lembrar que ela sublinha a insegurança jurídica que o imenso poder adquirido pelos relatórios das equipes de observação e tratamento assume. Seus julgamentos prognósticos se baseiam na substituição do princípio da culpabilidade pelo fato cometido que permitiu que a condenação criminal seja estabelecida jurisdicionalmente, por um julgamento de periculosidade baseado na conduta anterior do sujeito e a observada durante o sequestro carcerário. Essa atribuição de perigosidade pode não apenas alterar o fundamento liberal e esclarecedor da responsabilidade criminal, mas também pode violar o princípio non bis in idem, sustento do processo criminal moderno. 
Com efeito, a discricionariedade com que os Relatórios das Equipes Técnicas são emitidos aumenta ante a restrição da capacidade da jurisdição penitenciária de limitar o uso discricionário dessas opiniões. Mas, o poder de regredir um condenado baseado em uma preditiva tão incerta quanto a proporcionada pelo conhecimento impreciso, fazendo a tomada de decisão depender da conduta sujeita à disciplina institucional - com tudo o que isso pode resultar de mais ou menos simulação do preso - constitui a realização de outro julgamento muito longe da certeza e da racionalidade envolvidas no processo criminal e altera o significado de punição justa. Além disso, quando esse tipo de julgamento científico é realizado sem as formas do devido processo, o risco de violar a o direito de defesa em julgamento aumenta sensivelmente.
A abordagem da questão penitenciária na Espanha em situação de falência do Estado de bem-estar social não apenas obriga a atender aos perigos que levam a prisão a desempenhar funções materiais e latentes em substituição àquelas simbólicas que lhe são atribuídas pela Constituição e pela LOGP. Da mesma forma, é imposto o dever de sugerir as transformações que tendem a diminuir ou erradicar o uso do sequestro de prisão e a evitá-lo com um mero senso de correção e ainda mais com a lesão de direitos fundamentais. A forma democrática do Estado espanhol a impõe. 
Em relação às questões que tratei aqui, vale a pena propor um amplo debate que, é claro, envolva não apenas os estudiosos da prisão em seus diferentes níveis disciplinares, mas também as diferentes pessoas envolvidas em sua operação (funcionários, juízes, promotores). Esse debate deve ter como objetivo redirecionar a única possibilidade viável para que a instituição penitenciária não continue sendo a área em que a Administração mantém a última palavra para decidir sobre a permanência dos condenados. Essa possibilidade é dada com a limitação máximada discrição da Administração ou do julgamento dos técnicos. Isso só poderia ser alcançado com o fortalecimento das capacidades dos juízes de vigilância e com o desenvolvimento abrangente da possível atividade do Ministério Público. Uma decisão nesses sentidos deve, sem dúvida, articular-se em uma melhoria e modificação da LOGP e de seu Regulamento, mas deve contar com uma mudança na cultura dos juízes e uma eliminação do uso instrumental de categorias e princípios do sistema penitenciário. Caso contrário, lidar com a questão penitenciária pode significar continuar falando sobre o sexo dos anjos e não expressar uma vontade expressa de assumir responsabilidades e eliminar conflitos, uma vez que essas são as ondas de “pânico moral” que colocam em jogo a forma-estado de direito.
3. Direitos humanos e sistemas penais na América Latina – EUGENIO RAÚL ZAFFARONI
4. Enfoques histórico-ideológicos sobre o conceito de aparato policial – AMADEU RECASENS i BRUNET
A importância de um enfoque histórico-ideológico sobre o conceito de aparato policial se fundamenta sobre dois eixos: a necessidade de posicionar a análise sobre a polícia em um âmbito global e não parcial ou setorial (enfoque multidisciplinar) e; o tratamento do aspecto do sistema de controle requer, previamente, que se desarmem certas construções teóricas que, com menos intencionalidade, distorcem a interpretação histórica.
O enfoque multidisciplinar parte da perspectiva de que o aparato estatal deve conectar-se com as outras instâncias do controle penal, especialmente com o aparato da justiça e com o sistema carcerário, mas sem perder de vista o plano de fundo no qual se destaca o sistema político-administrativo, o Estado e o esboço das estratégias de controle social. A peça chave é a exploração do âmbito histórico.
A consideração individualizada da temática policial produziu tradicionalmente uma série de distorções que podem ser sintetizadas em duas linhas principais e, ultimamente, na tentativa de superar as duas. Uma dessas opções é analisar a polícia em sua dimensão funcional. Tal perspectiva, acaba perdendo todas as referências históricas e, consequentemente, todas as bases científicas. A segunda opção, focada no estudo da polícia como instituição, na tentativa de limitar historicamente o conceito funcional acima mencionado, incorre em uma restrição do campo de estudo, limitado exclusivamente à mera instituição policial.
O enfoque universalista pretende encontrar a definição da polícia centrando-se na análise da sua função. Essa definição não requer a definição das características do conceito de polícia, só é preciso determinar uma atividade no tempo. Com isso, a polícia é vista como parte nuclear da natureza da sociedade. Esse enfoque tende a descrever um mundo policializado desde suas origens e à polícia como algo substancial a qualquer contexto e tipo de agrupação humana minimamente civilizada. Essa perspectiva é ontológica, binária (bons/maus, polícia/delinquentes), pois situa o fenômeno policial como qualidade inerente ao comportamento e dos indivíduos, bem como a dos sujeitos sociais, e se aproxima das argumentações de base metafísico-religiosas ou mitológicas. De acordo com esse enfoque, o futuro é irreversivelmente policializado.
O enfoque policial-centrista tende a adentrar no estudo do tratamento individualizado, particularizado, da polícia, assim, se mostra como perspectiva fora de todo contexto que não tenha relação com a própria polícia. Também situa a polícia, assim como o enfoque universalista, no centro da sociedade como entidade própria, sujeito suscetível de análise em si mesmo. Com a aproximação do enfoque policial-centrista, o elemento universal que era por demais difuso na perspectiva anterior, toma forma, adquire perfil e conteúdo. Se trata, ao fundo, de dar conteúdo à concepção universalista, dando corpo ao conceito, olhando cada momento da história que era o grupo encarregado de “atuar como policial”. Estabelecer tal montagem nos permite confirmar mais uma vez - agora de outro ângulo - a existência eterna e universal da polícia, a qual ratifica e confirma o que foi sustentado pela primeira das abordagens.
A necessidade irremediável de provar, em qualquer caso, a existência de uma força policial é o que forçou, sob essa perspectiva, a se referir frequentemente a grupos como sujeitos difíceis de identificar como tais, exceto por sua relativa missão de controle. O conceito de controle é, portanto, identificado com o da polícia, admitindo que todo controle é “policial”. O conceito é, mais uma vez, distorcido, pois tende a fundir instituição com função e participar de sua indefinição histórica.
Um terceiro enfoque pretende superar as contradições assinaladas e especialmente a visão tutelar da polícia a respeito da sociedade, a partir de dois campos de investigação polarizados em dois grandes focos: o da sociedade e o das instituições encarregadas da manutenção da ordem. Esse enfoque atribui a polícia um papel interlocutor da sociedade cuja matriz oculta um diálogo entre a sociedade e a polícia, de difícil assimilação com a democracia, no qual a polícia deveria ser vista como um aparato a serviço da sociedade e da vontade dessa. Apesar de se manter numa situação de médio alcance, a evolução dessa linha conduzirá a ruptura definitivas das concepções anteriores e irá inserir a temática policial na esfera do Estado.
Essas três linhas argumentativas têm em comum: enfoque centrado exclusivamente na polícia; tratam seu objeto como universal, que se situa fora dos contextos históricos; apoiam a interpretação metafísica da polícia; não definem com precisão os limites do que entendem por polícia. 
RESUMÃO E CONCLUSÃO
O que explicamos até agora nos leva a rejeitar qualquer abordagem focada, em maior ou menor grau, na polícia. De uma perspectiva multidisciplinar, o aspecto histórico da polícia deve se afastar da história da função ou da instituição, para se tornar parte da história comum de uma sociedade específica, ocupando nela a posição que realmente lhe corresponde no conjunto de aparelhos e mecanismos existentes e no contexto da estrutura econômica e relacional subjacente. A questão policial, enfocada sob o prisma do aparato policial, deve focalizar o aspecto que esse aparato adota hoje, que, por sua vez, proveniente da evolução da forma do Estado, é o resultado de um processo histórico em que é precisamente o duplo controle sobre os aparatos ideológicos e repressivos do Estado, que permite às classes dominantes reter o poder do/no Estado e, consequentemente, sobre as classes dominadas ou subordinadas. A perda ou não obtenção de um desses aparelhos impede que o poder do estado seja totalmente mantido ou atingido e, portanto, dominação completa. Estamos, portanto, diante de indicações inestimáveis ​​da verdadeira intensidade e capacidade reitora das classes dominantes e, portanto, diante de uma das chaves da luta pelo poder.
A polícia pode, portanto, ser incluída no que passou a ser chamado de controle social formal, em oposição ao controle social informal. Nesse sentido, o aparato policial faz parte de um sistema trinomial de Administração da Justiça - Polícia - Penitenciária, ao qual se atribui a maior parte do potencial repressivo do estado. Isso dá a essa lista restrita o direito à violência e, dentro dela, a polícia tem o monopólio em vigor em tempos de paz.
A polícia está totalmente configurada como um aparato quando aparece (e é percebida) como poder/punidora, com base nas novas demandas de controle social suportadas pelas normas e necessidades socioeconômicas que surgem nas sociedades industriais, e como resultado da mudança dos modos de produção. O campo de emergência será então, politicamente, o da aparência do Estado e de seu aparato de controle; e cientificamente, o positivismo. Do Estado entendido como “um ponto de encontro para a luta política e como um bastião através do qual se torna possível implantar um certo projeto de dominação” e o positivismo como um suporte teórico-ideológico da classe triunfante das revoluçõesdo século XVIII, cujo acesso ao poder trouxe consigo a elaboração de todo um novo enredo ideológico destinado a demonstrar a existência de leis imutáveis, transplantadas a partir do modelo da natureza, a fim de manter sua hegemonia baseada nesse sistema de clara raiz conservadora.
O que se trata é entender que, da mesma maneira que a prisão como instituição e a prisão como punição têm uma certa origem e uma data de nascimento aproximada e determinável (Pavarini-Melossi 1980), também têm a instituição policial e o aparato. A polícia aparece em um momento preciso e está sendo adaptada à demanda das necessidades de acordo com a estratégia histórica que coloca em prática, em cada circunstância, o grupo ou grupos hegemônicos de cada modelo social, de cada modelo econômico, ou seja, em suma , de cada forma de Estado.
5. O controle das drogas como um avanço em direção as condições totalitárias – NILS CHRISTIE
Problemas: A nível estatal, existe uma firma distância entre os estados totalitários clássicos e as democracias do tipo estadunidense e europeu ocidentais. Entretanto, as diferenças com os estados totais são totais? Particularmente, poderíamos dizer, mediante uma extensão de analogias, que nas sociedades modernas existe algo desta tendência que permite que uma ideia cresça, ganhando total domínio? Nós temos a tendência de permitir que uma instituição adquira predomínio à custa de todas as outras instituições da sociedade?
Algumas similitudes existem, ao menos. Existem quatro possíveis similitudes centrais: similitude nas metas, na comunicação, no poder e nos tipos de controle – como tipos de objetivo, volume e formas.
a) Metas
O crescimento nos estados modernos da instituição produção/economia/consumo – às custas de todas as outras instituições da sociedade – é fundamental para a análise. A produção, o dinheiro e o consumo logram uma espécie de prioridade absoluta. As instituições sociais são divididas em quatro categorias básicas: i) instituição de produção – predominância de realização de metas racionais; ii) instituições de reprodução – nas quais dominam as metas de assistência e serviços; iii) instituições de políticas e poder e, por fim; iv) instituições para a coordenação de princípios, valores e formas de pensamento – abarcam as instituições culturais e científicas, onde o conhecimento é produzido e reproduzido.
O que ocorre quando a primeira categoria, a de produção/consumo, cresce mais do que qualquer outro tipo de instituição, que ocorre quando a primeira categoria alcança o domínio total e o sistema de produção, o dinheiro e o consumo obtêm uma espécie de prioridade absoluta?
Nas primeiras etapas do desenvolvimento técnico/industrial, o critério para definir o êxito não vinha somente de uma só instituição e o princípio organizacional essencial de uma instituição não obtinha hegemonia sobre as outras instituições. As universidades não eram dirigidas nem funcionavam como fábricas. O pensamento utilitário não era o único aceitável. É mais provável que uma sociedade com vários sistemas de recompensa seja mais estável que a outra que possua somente um. Em nossas sociedades, a ideia dominante é a de livre mercado e a de que as metas na vida são compensadas em dinheiro e com o consequente consumo de bens. A segunda ideia dominante nas sociedades modernas é a de que a economia de mercado não só deve atravessar todas as instituições como também todas as nações devem se modernizar.
Em 1949, Harry Truman lançou uma campanha de luta contra o subdesenvolvimento, transformando o globo numa família de nações altamente industrializadas. Os pobres do terceiro mundo deviam ser resgatados de seu subdesenvolvimento e da pobreza. Essa era uma ideologia forçada na qual se presumia que a boa vida era a que se vivia de acordo com os parâmetros dominados pela racionalidade econômica. Essa ideia significava que todas as nações deviam se desenvolver segundo o modelo americano de uma simplificada estrutura de metas. Isto constituía uma expansão totalitária através das nações, que impunha a visão de que algumas nações – aquelas com uma mais completa estrutura de metas – eram subdesenvolvidas.
b) Comunicação
Nos velhos regimes totalitários era chamada de propaganda, agora se designa como publicidade.
c) Poder
A característica dos regimes totalitários é o enorme poder do ditador e daqueles que o rodeiam. Mas vivemos em democracias. Essa é a diferença. É um absurdo tentar traçar algum paralelismo com estados totalitários. No entanto, o autor não está convencido de que exista essa diferença. Vivemos na forma mais peculiar de democracia. Vivemos na sociedade dos dois terços - os dois terços que estão "dentro", contra o terço que está fora; sem dinheiro e, portanto, em nossa estrutura de metas unidimensional e sem valor. Sem emprego remunerado, sem dinheiro, sem chance de autorrealização como consumidor. Há muito tempo, democracia significava proteção contra os poderosos. Votos e parlamento foram as armas usadas pela maioria contra as elites dominantes. Mas agora nos encontramos na estranha situação em que a riqueza é para a maioria. Essa maioria e as elites dominantes se uniram. As regras da maioria agora significam uma frente contra os despossuídos. Esta é uma situação marcadamente diferente, que exige um novo pensamento.
d) Controle
Esse é o elemento mais importante do desenvolvimento, o sistema de controle. Os sistemas totalitários se caracterizam por três características: 
i) a ruptura dos limites entre as áreas pública e privada, ruptura com as atitudes estadunidenses vistas agora como um elemento da boa cidadania, impondo um crescente apoio institucional e técnico (ex.: beber publicamente, fumar no próprio domicílio, etc.; aumento dos casos de pais que denunciam filhos, aumento da proteção a delatores, etc; 
ii) o controle das pessoas não é feito pelo que elas fazem, mas sim pelo que elas são, ou seja, geneticamente, referido a classes sociais ou seus estilo de vida em geral e a suas identificações sociais (raça incorreta, classe incorreta, estilo de vida incorreto; novos regimes: a interferência se funda na incorreta posição na vida e não por atos concretos; 
iii) o terceiro elemento do controle totalitário é o enorme aumento da população sob controle. Os perdedores são difíceis de controlar. E nossa estrutura simplificada de objetivos os produz em abundância. Nas sociedades altamente industrializadas, elas podem ser chamadas de desprovidos. Sua situação já foi descrita por Robert Merton: se o dinheiro é o objetivo dominante e o acesso a ele é desigualmente regulado, o resultado pode ser criminalidade.
Realisticamente falando, em sociedades altamente industrializadas, há pouca necessidade de empregar a força de trabalho do último terço da população. O desemprego é o destino de uma parte considerável da população. Os criminosos são transformados em matéria-prima para a indústria de controle de crimes.
A visão do autor é de que o controle das drogas é a questão central para o desenvolvimento dos elementos descritos acima. As drogas têm sido usadas para justificar o porquê as coisas vão mal na sociedade. A guerra as drogas tem funcionado como um tranquilizante social. A miséria foi justificada como resultado do uso de drogas, e a fraqueza interna das sociedades altamente industrializadas foi deixada inquestionável. A necessidade de controle de drogas funcionou como uma das ideias mais inclusivas, incentivada pela propaganda do estado e pela indústria da mídia. Em uma situação de falta de emprego remunerado para a população jovem e de crescente desordem econômica, o sistema de controle de drogas oferece possibilidades excepcionalmente importantes. Particularmente, as políticas de controle de drogas têm sido importantes no controle de classes perigosas.
Em todas as sociedades industrializadas, a guerra às drogas foi travada em uma que fortalece especificamente o controle estatal sobre classes potencialmente perigosas. Eles não desafiam, como Gusfield descreveu, mas seu estilo de vida é ofensivo. Não apenas o hedonismodeplorado e as falhas sociais se justificam, mas também, e bastante concretamente, um grande segmento da população não produtiva é firmemente colocado atrás das grades (incremento da população carcerária nos EUA, Europa, Noruega),
Se voltarmos aos anos trinta, as pessoas sem teto e desempregados foram definidas como “enfermos” que necessitavam de tratamento. Foi construída uma prisão especial, onde as pessoas detidas por estarem embriagadas nas vias públicas eram armazenadas por longos períodos, sob o pretexto de submetê-las a tratamento por problemas com álcool. Nos anos sessenta e setenta, tudo isso foi abolido. Hoje, os recém-chegados entre os indesejáveis ​​são novamente vistos como doentes ou, pelo menos, como falta de força de vontade devido à sua suposta demanda irresistível por drogas. E agora, essas categorias são ainda mais apropriadas para ação criminal. Nos anos 30, sua doença era vista como relacionada ao álcool, afinal uma substância legal usada pela maioria. Somente o abuso pode ser punido, não o uso. Hoje, algumas dessas substâncias intoxicantes são adicionalmente ilegais (embora a principal droga ainda seja o álcool). A ilegalidade cria uma diferença clara e nítida entre “eles” e “nós”. A base para o aumento do uso de medidas coercitivas contra os usuários de drogas foi preparada por alguns outros desenvolvimentos: as diferenças entre as classes, mesmo nos estados de bem-estar social governados pelos social-democratas, estão claramente aumentando.
A guerra às drogas, na prática, abriu o caminho para uma guerra contra as pessoas consideradas as partes menos úteis e potencialmente mais perigosas da população, aquelas que, como Spitzer (1977) as chamou, são o lixo social. Essas pessoas ilustram que nem tudo é como deveria ter sido na fábrica social e, ao mesmo tempo, são uma fonte potencial de distúrbios. Talvez não sejam as drogas, mas a guerra contra elas que representa o maior dano em relação às drogas em nossa atual situação social. Algumas das drogas legais e ilegais representam perigos óbvios e graves para alguns indivíduos, mas a guerra às drogas representa um sério perigo para todo o nosso sistema político.
DERECHOS HUMANOS: ENTRE VIOLÊNCIA ESTRUCTURAL Y VIOLÊNCIA PENAL (ALESSANDRO BARATTA)
1. Derechos humanos y necessidades reales
Quando falamos de direitos humanos, usamos um conceito complexo composto de dois elementos: homem e lei. Esses elementos estão ligados por meio de uma relação de complementaridade e contradição. Complementaridade no sentido do que pertence ao homem como tal segundo ao direito; contradição no sentido de que o direito não reconhece ao homem o que lhe pertence como tal. Essa relação se deve ao fato de que na história da nossa cultura, o homem e o direito são definidos do ponto de vista ideal com uma remissão recíproca.
A ideia do homem é definida em relação à esfera da liberdade (entendida como autonomia) e com os recursos que na história dos ordenamentos políticos são reconhecidos como direitos dos indivíduos e grupos. A ideia do direito, isto é, do direito justo ou da justiça, é definida em relação às liberdades e com os recursos que devem ser reconhecidos para pessoas e grupos para que eles atendam às suas necessidades. Nesta tensão entre o que é e o que deve ser, o conceito de direitos humanos indica não só a possível divergência entre o direito como é e o direito como deve ser, mas também entre o que deve ser de acordo com o direito que é (o direito atual ou positivo) e o que é (os fatos).
No primeiro caso, nos referimos às injustiças do direito, e mais precisamente a determinadas normas que fazem parte da ordem jurídica existente; no segundo caso, às ilegalidades dos fatos que violam as normas do ordenamento. Aqui é necessário fazer uma distinção: tais fatos podem ser "normativos", em particular ações e decisões de corpos competentes previstos nas regras de produção do ordenamento como fontes de normas.
Pense, por exemplo, nas decisões do legislador, dos juízes e dos órgãos governo e administração pública: não é incomum que essas decisões e normas que eles produzem no respectivo nível do ordenamento, estão em contraste com normas de grau superior do ordenamento nacional ou com normas do ordenamento supranacional; que, em particular, as decisões judiciais e administrativas violam normas de leis que tutelam os direitos fundamentais; que as decisões do legislador não respeitam as normas constitucionais; que decisões judiciais em qualquer nível da ordem nacional violam as normas do direito supranacional que protegem os direitos humanos.
A diferença entre tutela e reconhecimento é mais uma diferença de grau de qualidade, e refere-se à natureza diversa e intensidade das consequências legais (sanções) previstas nos distintos ordenamentos.
Tensão entre a esfera dos fatos, por um lado, e a esfera das normas, sejam estas de direito positivo ou normas de justiça = a ideia de homem refere-se a realidade do direito e, por outro lado, a ideia de direito refere-se à realidade das pessoas, dos grupos humanos e dos povos, porque existe na história dos direitos humanos um contínuo excedente de normas de respeito aos fatos. (...) Há, no entanto, ao mesmo tempo, um contínuo excedente da realidade do homem com respeito às normas.
Quando falo da realidade do homem, quero dizer pessoas, grupos seres humanos e povos em sua existência concreta dentro de determinadas relações sociais de produção. Considerado em um certo estágio no desenvolvimento da sociedade, o homem é portador de necessidades reais. A partir deste ponto da perspectiva histórico-social, as necessidades reais são um conceito correspondente para uma visão dinâmica do homem e suas capacidades. 
Para o desenvolvimento da capacidade social de produção corresponde, então, ao desenvolvimento das necessidades e das possibilidades de satisfazê-las, e a essa satisfação corresponde a maior desenvolvimento das capacidades dos indivíduos, grupos e povos. Podemos assim definir as necessidades reais como o potencial de existência e qualidade de vida das pessoas, grupos e povos que correspondem a um certo grau de desenvolvimento da capacidade de produção material e cultural em uma formação sócio-econômica.
2. Violencia como presion de necessidades reales y derechos humanos
*Direitos humanos são a projeção normativa, em termos de dever ser, daquelas potencialidades, isto é, das necessidades reais.
John Galtung: discrepância entre condições potenciais de vida e condições atuais. As primeiras são aquelas que seriam possíveis para a generalidade dos indivíduos na medida do desenvolvimento da capacidade social de produção. As segundas são devidas ao desperdício e repressão desses potenciais. Uma concepção semelhante encontramos na obra de Karl Marx. O desenvolvimento das forças produtivas na sociedade corresponde, como descrever MARX e ENGELS em “A ideologia alemã”, uma "maneira humano" de satisfação de necessidades; mas esta maneira humana é dificultada pela tentativa permanente de impor um "modo desumano", isto é, aquele no qual a satisfação das necessidades de uns ocorre ao custo da satisfação das necessidades de outros.
Em termos teóricos e com linguagens diferentes, Marx e Galtung dão expressão ao o mesmo conceito. Para o MARX, a discrepância entre as condições potenciais e atuais de vida depende da contradição existente entre o grau de desenvolvimento alcançado pelas forças produtivas e as relações de propriedade e poder dominantes na sociedade. As relações injustas de propriedade e poder impedem a "maneira humana" de satisfazer as necessidades. Da mesma forma, em GALTUNG, a discrepância entre situações atuais e potenciais de satisfação de necessidades é um efeito da injustiça social.
Para GALTUNG, "injustiça social" é, nesse sentido, sinônimo de "violência estrutural”. Se usarmos essa definição, podemos argumentar que a violência estrutural é a repressão de necessidades reais e, portanto, de direitos humanos em seu conteúdo histórico-social. A violência estrutural é uma das formas de violência; é a forma geral deviolência no contexto da qual, direta ou indiretamente, encontram sua fonte, em grande parte, todas as outras formas de violência. 
Nós podemos distinguir essas outras formas, segundo o agente, em "violência individual", quando o agente é o indivíduo; "violência de grupo", quando o agente é um grupo social que por sua vez usa indivíduos particulares; A violência praticada por grupos paramilitares pertence a esse tipo de violência. 
Também podemos falar em "violência institucional", quando o agente é um órgão do Estado, um governo, o exército ou a polícia. A esse tipo de violência pertencem o terrorismo de estado e as diferentes formas de ditadura e repressão militar. 
Enfim, podemos falar de "violência internacional" quando o agente é a administração de um Estado, que toma determinadas ações através de órgãos próprios ou de agentes sustentados por ela, contra o governo e o povo de outro Estado. A esse tipo de violência pertencem os crimes internacionais, como o mercenarismo, a sabotagem econômica, etc. 
Outras possíveis distinções no conceito de violência fazem relação com as formas em que é praticada (violência direta e indireta, física, moral, etc.) e os sujeitos contra os quais é praticado (minorias étnicas, membros de movimentos políticos e sindicais, grupos marginais, trabalhadores, camponeses, mulheres, crianças, homossexuais, etc.). 
*Em todas as suas formas, a violência é a repressão de necessidades reais e, portanto, a violação dos direitos humanos.
Classificação dos grupos fundamentais de direitos humanos:
Ao primeiro grupo pertencem o direito a vida, a integridade física, a liberdade individual, de opinião, expressão, religião e, também os direitos políticos. Ao segundo grupo pertencem os direitos chamados “econômico-sociais”, entre os quais estão o direito ao trabalho, a educação, etc. Outras distinções podem ser feitas a partir de necessidades especificas dos sujeitos, distinguindo, assim, os direitos dos individuais, dos grupos, como por exemplo as minorias étnicas, etc.
Frente a uma fenomenologia global (entendida como repressão as necessidades reais e direitos humanos) da violência, se apresentam na Criminologia Crítica quatro ordens de considerações que tem relação com o papel do direito penal e alternativas a lei.
A primeira consideração se refere aos limites do Sistema de Justiça Criminal como reação a violência e defesa dos direitos humanos; a segunda consideração se refere ao sistema de violência institucional; a terceira ao controle social alternativo da violência, e a quarta a concepção de violência e defesa dos direitos humanos no contexto dos conflitos sociais.
3. “Construcción” y control del problema de la violência em el sistema de la justicia criminal
A maneira como é percebida a violência no sistema do direito penal é parcial, ou seja, é construída como problema social. De todas as formas de violência anteriormente mencionadas, no sistema de justiça criminal são tomados em consideração somente alguns tipos de violência individual. A violência de grupo e a violência institucional e a violência de grupo são consideradas somente em relação as ações de pessoas particulares e no contexto do conflito social que elas expressam. A violência estrutural e, em sua maior parte, a violência internacional, continuam fora do horizonte do conceito de crime. Por isso, desde o ponto de vista das previsões legais, a violência criminal é só uma pequeníssima parte da violência na sociedade.
O modo como o sistema de justiça criminal intervém sobre este limitado setor da violência “construído” com o conceito de criminalidade, é estruturalmente seletivo. Esta é uma característica de todos os sistemas penais. Existe uma enorme discrepância entre o número de situações sobre as quais o sistema é chamado a intervir, aquele sobre o qual pode intervir e efetivamente intervém.
O sistema de justiça penal está completo e constantemente dedicado a administrar uma reduzidíssima porcentagem de infrações que seguramente é muito inferior a 10%. Esta seletividade depende da própria estrutura do sistema, ou seja, d discrepância de programas de ação previstos pelas leis penais e possibilidades reais de intervenção do sistema. 
* A imunidade e não a criminalização é a regra no modo de funcionamento deste sistema.
* Imunidade e criminalização são realizadas geralmente pelos sistemas punitivos segunda a lógica das desigualdades nas relações de propriedade e poder.
(...) Grupos na sociedade estão em capacidade de impor a quase completa impunidade de suas próprias ações criminais; a impunidade dos crimes mais graves é cada vez mais elevada na medida de em que crescem a violência estrutural e a prepotência de minorias privilegiadas que pretendem satisfazer suas próprias necessidades nem desfavor das necessidades dos ouros e reprimir com violência física as demandas do progresso e justiça assim como as pessoas, os grupos sociais e os movimentos, que são seus interpretes.
A resposta penal é, antes de tudo, uma resposta simbólica e não instrumental:
· O controle penal intervém sobre os efeitos e não sobre as causas da violência.
· O controle penal intervém sobre pessoas e não sobre situações.
· O controle penal intervém de maneira reativa e não preventiva.
· O indivíduo responsável, no momento do juízo, será considerado como o mesmo indivíduo do momento d cometimento do delito; entretanto, sabemos que esta é uma ficção, a ficção da identidade do sujeito, que não corresponde à realidade.
A pretensão de que ela pode cumprir a função instrumental, ou seja, a defesa social e o efetivo controle da criminalidade, na qual se baseiam as teorias da pena, como a de prevenção geral e prevenção especial, deve considerar-se a luz das investigações empíricas como falsificada e não verificada.
Em um hipotético sistema de justiça criminal que funciona sendo os princípios constitucionais, o Estado de Direito e os princípios do direito penal liberal, a pena não pode representar uma defesa adequada dos direitos humanos em relação com a violência.
4. El sistema punitivo como um sistema de violência 
* Sustentar que a pena não pode cumprir uma função instrumental relevante, sendo somente uma função simbólica, significa negar que se realizem as funções úteis declaradas dos sistemas criminais, precisamente de defender os bens jurídicos, reprimir a criminalidade, condicionando a atitude dos infratores reais ou potenciais ou neutralizando os primeiros.
 Estes efeitos e funções incidem negativamente na existência de indivíduos na na sociedade, e contribuem a reproduzir as relações desiguais de propriedade e de poder. Desde este ponto de vista, a pena se apresenta como violência institucional que cumpre a função de um instrumento de reprodução da violência estrutural.
* A pena é violência institucional: ela é repressão de necessidades reais.
A suspensão dos correspondentes direitos humanos em relação com as pessoas consideradas responsáveis penalmente, é justificada na teoria tradicional do ius puniendi com as funções instrumentais e simbólicas que a pena deve cumprir e com a infração cometida pelo sujeito declarado responsável.
*Os grupos mais marginais da população são os clientes fixos do sistema de justiça criminal.
* A violência da pena tem sido estudada sobretudo em relação ao cárcere. (...), entretanto o cárcere não somente é violência institucional, mas também é um local de concentração extrema de outras formas de violência: violência interindividual e violência de grupo.
* Foucault (Vigiar e Punir) – as garantias do direito reconhecidas pelo direito liberal, se detém geralmente antes da porta do cárcere, que é uma zona franca de arbítrio em relação aos detidos. (...) O arbítrio e a violência no cárcere tendem a aumentar até graus extremos com o aumento, na sociedade externa, da violência estrutural. (...) o cárcere é um lugar privilegiado de violação de direitos humanos.
* Relação funcional entre cárcere e reprodução do status quo nas relações sociais. 
Cárcere = instituição de disciplina dos grupos marginalizados.
*A internação carcerária

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