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Constelação familiar como resolução de conflitos

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1
Constelação Familiar como Resolução de Conflitos 
Family Constellation as Conflict Resolution
Resumo: O ser humano por essência ao viver em comunidade é gerador de conflitos, assim a norma foi a solução para as disputas mortais entre os conflitantes. Com o passar dos anos, a sociedade foi evoluindo e a busca pelo judiciário para conseguir a solução das contendas. O quantitativo das lides com o aumento da população superou sobremaneira a condição de ser a justiça célere. Assim nascem institutos que possibilitam que um terceiro ou um magistrado possam levar as partes por si só a um desfecho satisfatório de forma muito mais rápida e satisfatória, uma vez que são as partes que chegam a um consenso. São eles a mediação, a conciliação, a arbitragem e pôr fim a constelação familiar. Este artigo tem a intenção de demonstrar que a Constelação Familiar é um método promissor para as ações que se referem a guarda, divórcio, alienação parenteral, interdição, inventário, adoção e pensão alimentícia. Essa técnica alemã que investiga as relações interpessoais do sistema família, revelando as conexões entre as gerações.
 Palavras-Chave: Conflitos. Poder Judiciário. Família. Constelação Familiar.
Abstract: The human being by essence living in community is a conflict generator, so the norm was the solution to the deadly disputes between the conflicting ones. Over the years, the society has evolved and the search for the judiciary to find a solution to the disputes. The amount of the deal with the population increase has far exceeded the condition of being a speedy justice. Thus institutes are born that enable a third party or magistrate to bring the parties themselves to a satisfactory outcome much more quickly and satisfactorily, since it is the parties who reach consensus. They are mediation, conciliation, arbitration and finally the family constellation. This article is intended to demonstrate that the Family Constellation is a promising method for actions concerning custody, divorce, parenteral alienation, interdiction, inventory, adoption and alimony. This German technique investigates the interpersonal relationships of the family system, revealing the connections between generations.
Keywords: Conflicts. Judicial Power. Family. Family Constellation.
Sumário: Introdução. 1. Políticas Públicas. 1.1 Política Pública de Tratamento Adequado dos Conflitos de Interesses. 2. Meios Alternativos de Resolução de Conflitos no Judiciário 3. CEJUSC. 3.1. Funcionamento CEJUSC 4. Mediações Sistêmicas. 4.1	Constelação Familiar. 4.2	Experiências e Resultados. 4.2.1. Pernambuco. 4.2.2. Goiás. 4.2.3. Distrito Federal. 4.2.4.	 Bahia. 4.2.5. Rio de Janeiro. 4.2.6. Outros casos. Conclusão. Referências Bibliográficas.
Introdução
Todo conflito, lide, acaba com uma solicitação ao poder judiciário para decidir quem está com a razão. O processo carrega uma carga emocional muito importante, são sonhos, expectativas e muitas vezes apenas uma revanche. O poder judiciário é o fiel da balança dentro dos limites das normas jurídicas vigentes. Quando as partes são pessoas com um vínculo familiar todo o sentimento é potencializado. Assim a Resolução 125 do CNJ remete a uma política pública para organizar as formas de mediação para resolução de conflitos, a mediação sistêmica da qual tratamos nesse estudo tem um papel importante porque dá prioridade a esses sentimentos e auxilia os litigantes a assumirem a sua responsabilidade e aceitando o limite de cada um. Esse método alternativo de solução de conflitos é uma técnica criada pelo filósofo alemão Bert Hellinger que traz condições para que a própria pessoa possa olhar para a solução o que acaba gerando uma mudança no entendimento dos seus sentimentos e, por consequência, na solução que desejava. O resultado que se espera da utilização desta técnica no judiciário é a busca do esclarecimento das partes, fazer com que os litigantes entendam ou percebam qual o real conflito que culminou no processo judicial. Um terapeuta especializado é quem comanda a sessão de constelação.
1. Políticas Públicas
1.1 Política Pública de Tratamento Adequado dos Conflitos de Interesses
Importante trazer à baila, a inteligência da Resolução 125 do CNJ, de 29 de novembro de 2010, a qual elucida sobre as Políticas Públicas de tratamento dos conflitos de interesses, visando a melhoria no tratamento dos litígios controvertidos, bem como, viabilizar a solução destes em menor tempo possível, não apenas como forma de desafogar o sistema judiciário, que hoje sobeja demandas ajuizadas todos os dias, mas atender melhor os cidadãos que buscam a tutela Estatal.
Essas políticas públicas de cunho judiciário, em âmbito Nacional, e que trata dos conflitos de interesses, buscam assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade, incumbindo aos órgãos judiciários, além da solução adjudicada mediante sentença, oferecer outros mecanismos de soluções de controvérsias, em especial os chamados meios consensuais, como a mediação e a conciliação, bem assim prestar atendimento e orientação ao cidadão. 
Isso é possível pela disseminação da cultura de pacificação, a qual visa também à boa qualidade dos serviços, pela centralização das estruturas judiciárias, adequada formação e treinamento de servidores, conciliadores e mediadores, bem como acompanhamento estatístico específico, sendo o CNJ o órgão que auxilia os tribunais na organização de seus serviços, com a possibilidade de firmar parcerias com entidades públicas e privadas.
Nada obstante, há que se mencionar o papel importante que desempenham os Conciliadores e Mediadores nas resoluções de conflitos, destacando o que traz a própria Resolução 125 do CNJ, através dos Centros de Conciliação e Mediação, bem como em todos os demais órgãos judiciários nos quais se realizem tais sessões, onde se admitem apenas mediadores e conciliadores capacitados, cabendo aos Tribunais, antes de sua instalação, realizar o curso de capacitação, podendo fazê-lo por meio de parcerias.
Os Tribunais que já realizaram a capacitação referida poderão dispensar os atuais mediadores e conciliadores da exigência do certificado de conclusão do curso de capacitação, mas deverão disponibilizar cursos de treinamento e aperfeiçoamento, como condição prévia de atuação nos Centros. 
Todos os conciliadores, mediadores e outros especialistas em métodos consensuais de solução de conflitos deverão submeter-se a reciclagem permanente e à avaliação do usuário. 
Os cursos de capacitação, treinamento e aperfeiçoamento de mediadores e conciliadores observam o conteúdo programático e carga horária mínimos estabelecidos pelo CNJ, e seguem, necessariamente, um estágio supervisionado. Os mediadores, conciliadores e demais facilitadores do entendimento entre as partes, estão sujeitos ao código de ética estabelecido pelo Conselho.
Outro ponto de contato importante e que permite boa capilaridade de atuação é o Portal da Conciliação, disponibilizado pelo CNJ, onde é possível a publicação das diretrizes de capacitação de conciliadores e mediadores, e de seu código de ética, com a geração de relatórios gerenciais do programa, por Tribunal, detalhado por unidade judicial e por Centro, para compartilhar as boas práticas, projetos, ações, artigos, pesquisas e outros estudos, tendo um fórum permanente de discussão, onde é possível a participação da sociedade civil, além da divulgação de notícias relacionadas ao tema.
Pela geração de relatórios de atividades da “Semana da Conciliação” é possível avaliar a evolução do programa, em âmbito nacional, bem como, identificar melhorias a serem implantadas, de forma a propiciar informações importantes ao CNJ, com vistas ao aperfeiçoamento desta prática.
2. Meios Alternativos de Resolução de Conflitos no Judiciário
Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a solução consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento para a mediação e conciliação, conforme o dispostono artigo 694 do Código de Processo Civil. 
Destarte, dispõe o artigo 696 do mesmo diploma que a audiência de mediação e conciliação poderá dividir-se em tantas sessões quantas sejam necessárias para viabilizar a solução consensual, sem prejuízo de providências jurisdicionais para evitar o perecimento do direito.
Convém ressaltar que há uma Lei Federal específica que dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública, qual seja, a Lei Federal nº 13.140 de 2015.
A Lei 13.140/15 mais especificamente no art. 02º menciona que, a mediação será orientada pelos princípios:
1 – independência do mediador
2 – imparcialidade do mediador
3 – isonomia entre as partes
4 – oralidade
5 – informalidade
6 – autonomia da vontade das partes
7 – busca do consenso
8 – confidencialidade
9 – boa-fé
10 – decisão informada
Ninguém será obrigada a permanecer em procedimentos de mediação (§ 2º do art 2º da lei 13.140/15). A mediação para funcionar deve ser algo querido, desejado pelas partes, a mediação é baseada nos princípios da autonomia da vontade e na busca do bom-senso.
Segundo Didier Jr. (2015) com a resolução 125/2012 CNJ, instaura-se no Brasil, a política com métodos adequados para a formação dos conflitos, assim a população participa diretamente a fim de solucionar conflitos, além de ser um meio mais diligente e benéfico financeiramente para a solução dos litígios, sem contar com a grande importância para o desenvolvimento e celeridade do poder judiciário.
Com a crescente autocomposição no Brasil com a Resolução 125/12 CNJ, tornou-se importantíssima para o desenvolvimento dos procedimentos a seguir:
Art 1º Buscar meios mais adequados para a resolução dos conflitos.
[...]
Art. 7º Os tribunais deverão criar em 30 dias Centros de Solução de Conflitos.
[...]
Art. 12º Mediadores e Conciliadores capacitados.
Desde quando começou a vigorar o novo CPC/15 é preparado uma prévia audiência como função conciliatória, o objetivo é criar um ambiente de estímulo à resolução de conflitos, para que os litigantes possam mudar a mentalidade, solucionar o conflito para que haja uma cooperação processual.
É fundamental entender que o mediador conciliador não tem a responsabilidade de resolver o conflito e sem promover a autocomposição, orientar os pares e buscar uma forma menos gravosa da resolução da lide.
Conciliação nada mais é um método de autocomposição onde o conciliador imparcial rege o processo com o intuito de que se chegue a um resultado consensual.
O parâmetro da conciliação no Brasil toma uma nova feição por meio do decreto 359 de 26/04/1890 com o até então chefe do governo Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.
Com o golpe militar a autocomposição tornou-se pouco utilizada no período 1964 á 1985, onde a conciliação perdeu sua eficácia, sendo assim resgatado no Constituição 1988 e ganhou força com o Novo Código de Processo Cível 2015. A diferença entre a mediação e conciliação é que a mediação é mais indicada nas ações de família.
Todavia, cabe ao poder judiciário se adequar para as resoluções das lides, compilar informações sobre os serviços públicos de solução consensual, observar conteúdos programáticos, valorar meios alternativos para se chegar a um entendimento entre as partes, para isso os mediadores e conciliadores deverão estar muito bem preparados com cursos e reciclagem.
3. CEJUSC - Centro Judiciário de solução de Conflitos e Cidadania
Dentre as providências que o CNJ determinou que os tribunais criassem, está o CEJUSC, como meio de solidificar no judiciário o sistema de múltiplas portas, com a criação de esses centros desbancarem a mentalidade de que procedimento judicial é o único e possível meio para a solução de conflitos, de acordo com (Pellegrini, 2007) esse pode se limitar a ditar autoritariamente a regra ao caso concreto, não solucionando a disputa em seu modo mais profundo, sendo, necessário a utilização de meios mais apropriados ou adequados de resolução.
Os CEJUSC passaram a ser utilizados para realização ou gestão de sessões e audiências de conciliação e mediação, conduzidas por conciliadores e mediadores, para fazer atendimentos e orientar o cidadão (art. 8º resolução 125/CNJ)
3.1 Funcionamento CEJUSC
O usuário procura o centro, onde é ouvido sua reclamação, sem redução o termo, mas com emissão de uma carta convite, informando data/hora da audiência de conciliação ou sessão de mediação.
O convite será enviado via correio, telefone ou entregue pelo próprio usuário a quem com ele tenha se estabelecido o conflito.
No dia marcado, ouvido as partes, havendo acordo, este será reduzido a termo e posteriormente homologado pelo juiz responsável pelo setor, passando a valer como titulo executivo judicial.
Todavia, não havendo acordo, as partes serão encaminhadas a outros setores como Defensoria Pública, Juizado Especial, Justiça Comum, Delegacias, Serviços de Atendimento Jurídico de Universidades e Faculdades.
Os Cejusc também contam com setor de cidadania, setor esse onde o cidadão tem acesso a informações sobre locais onde poderá resolver seus conflitos e sobre formas rápidas e satisfatórias para resolve-las. 
Di Pietro (2014) nos fala que, como serviço público, o judiciário deve observar a sua competência funcional, cumprir com a prestação de serviço jurisdicional de forma eficiente e adequada gerando resultados positivos e atendimento satisfatório aos desejos da sociedade.
4. Mediações Sistêmicas
Mediação é uma forma de resolução de conflitos, no qual um terceiro ajuda as pessoas a negociarem e, se possível, a alcançar um acordo. Para a mediação sistêmica, o mediador deverá observar a história de origem de cada um, o contexto amplo de cada indivíduo envolvido.
Por conseguinte, visa facilitar a abordagem acerca de conflitos existentes, principalmente no âmbito familiar. 
4.1 Constelação Familiar
O conceito de Constelação Familiar pode ser encontrado no site constelacaofamiliar.com.br coordenado pelas terapeutas Celma e Flavia Nunes Vila Verde, onde diz que é uma técnica criada por Bert Hellinger (psicoterapeuta alemão), onde se cria “esculturas vivas” reconstruindo a árvore genealógica, o que permite localizar e remover bloqueios do fluxo amoroso de qualquer geração ou membro da família. Muitas das dificuldades pessoais, assim como problemas de relacionamento são resultados de confusões nos sistemas familiares. Esta confusão ocorre quando incorporamos em nossa vida o destino de outra pessoa viva ou que viveu no passado, de nossa própria família sem estar consciente disto e sem querer. Isto nos faz repetir o destino dos membros familiares que foram excluídos, esquecidos ou não reconhecidos no lugar que pertencia a eles (VERDE, 2019). 
Elas explicam que a técnica pode ser realizada individualmente ou em grupo. Como o foco do nosso estudo é a utilização da técnica para resolução de conflitos, vamos focar na técnica utilizada em grupos, como foi inicialmente criado pelo filósofo Bert Hellinger. São escolhidas as pessoas para serem as “Esculturas Vivas”, como diz o Dr. Hellinger, para reconstruir a árvore genealógica do paciente o que permitirá que ele mesmo localize e retire os bloqueios existentes vinculados a relação familiar. O paciente incorpora na sua própria a vida o destino de outro familiar, tudo isso ocorre de forma inconsciente. Trazendo assim a repetição de erros de parentes que foram excluídos, esquecidos ou não reconhecidos no lugar que lhes pertenciam.
Em síntese, o resultado que se espera da utilização desta técnica no judiciário é a busca do esclarecimento das partes, fazer com que os litigantes entendam ou percebam qual o real conflito que culminou no processo judicial. Um terapeuta especializado é quem comanda a sessão de constelação.
Os conflitos levados para uma sessão de constelação, em geral, versam sobre questões de origem familiar, como violência doméstica, endividamento, guarda de filhos, divórcios litigiosos, inventário, adoção e abandono. Um terapeuta especializado comandaa sessão de constelação (CONJUR, 2016).
Dr. Sami Storch, Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, versa que as constelações familiares consistem em um trabalho no qual pessoas são convidadas a representar membros da família de uma outra pessoa (o cliente) e, ao serem posicionadas umas em relação às outras, sentem como se fossem as próprias pessoas representadas, expressando seus sentimentos de forma impressionante, ainda que não as conheçam. Vêm à tona as dinâmicas ocultas no sistema do cliente que lhe causam os transtornos, mesmo que relativas a fatos ocorridos em gerações passadas, inclusive fatos que ele desconhece. Pode-se propor frases e movimentos que desfaçam os emaranhamentos, restabelecendo-se a ordem, unindo os que no passado foram separados, proporcionando alívio a todos os membros da família e fazendo desaparecer a necessidade inconsciente do conflito, trazendo paz às relações. (Storch, 2018).
4.2 Experiências e Resultados
Preliminarmente, Dr. Storch esclarece em uma entrevista feita pela CNJ que existem três leis básicas da Constelação familiar, são elas: 
- Lei do Pertencimento;
- Lei da Procedência: tem preferência aquele que veio primeiro. O pai tem preferência sobre o filho e assim sucessivamente. 
- Lei do Equilíbrio: entre o dar e o receber, nos relacionamentos.
Como se nota, Dr. Sami Storch foi o primeiro juiz brasileiro a utilizar essa metodologia para resolução de conflitos, que começou a ser utilizado em 2012, no município de Castro Alves, a 191 quilômetros de Salvador. Em 2015 o magistrado foi convidado pelo filosofo alemão Bert Hellinger a apresentar seus resultados na Alemanha. Dr. Hellinger utiliza essa terapia para ajudar pessoas a resolverem suas dificuldades nos relacionamentos. Essa técnica traz condições para que a própria pessoa tenha condições de olhar para a solução o que acaba gerando uma mudança que independe de sua condição social ou cultural. Abandonando ideias de vingança ou de se vitimizar, assume a responsabilidade e aceita limites. O resultado obtido pelo magistrado culminou em uma homenagem em 2015 com o prêmio “Conciliar é legal” do Conselho Nacional de Justiça. O magistrado frisa a importância da não exclusão de um membro da família por mais ausente que ele seja, é um dos passos fundamentais para a pacificação de conflitos. Ele diz que reconhecer a legitimidade do outro abre o caminho para a conciliação (CNJ, 2018).
Num primeiro momento, é feita uma meditação e, depois, é explicada às partes sobre as ordens sistêmicas. Explica o Dr Storch que a constelação familiar manifesta dinâmicas ancestrais, podem vir à tona crimes cometidos há gerações, por exemplo. 
 Dr. Storch esclarece que em muitas dinâmicas fica claro a importância do direito de pertencer, ou seja, de não excluir um membro da família e sempre reconhecer a sua importância no sistema familiar, a criança, na disputa de guarda, apenas quer é a inclusão do pai e da mãe na sua vida.
4.2.1 Pernambuco
Diante disso, A juíza de Direito do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE), Wilka Vilela, relata: 
As pessoas vão ao Judiciário achando que nós, juízes, somos salvadores da pátria. E não somos salvadores da pátria porque o conflito que gerou aquela demanda está lá, no sistema familiar deles, e com essa técnica temos conseguido ajudar essas pessoas”, disse a magistrada durante apresentação da experiência pernambucana com constelação familiar no Workshop Inovações na Justiça, realizado pelo Conselho da Justiça Federal (CNJ, 2018).
A Dra. Vilela traz como exemplo o caso de interdição de uma mulher em coma, o processo possuía 15 volumes e estava 13 anos em tramitação. O conflito girava em torno dos oito filhos. E após realizar a constelação nessa família já na segunda audiência houve conciliação total e o mais importante é que tudo se resolveu antes da genitora falecer. As sessões têm sido realizadas em processos no qual a família gera alta litigiosidade, como divórcio, alienação parental, pensão alimentícia, questões de guarda e casos de interdição. Em Pernambuco após a primeira sessão de constelação leva-se 30 dias para ser realizada a segunda audiência. Segundo dados trazidos pela própria juíza a constelação familiar foi feita em 33 processos com obtenção de acordo em 75% dos casos na justiça pernambucana. Defende a Dra. Wilka que o papel do juiz não é só fazer sentença. Temos de buscar a paz social (CNJ, 2018). 
De outra face, no sistema penitenciário que abriga 7 mil presos, porém com capacidade de 1,8 mil detentos, Marcelo Pelozzi, professor da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do Núcleo de Justiça Restaurativa do Estado, relata que as sessões da técnica em comento eram como um “oásis no deserto”. As sessões coletivas iniciadas em 2015 realizadas com 200 presos que foram selecionadas por uma psicóloga por apresentarem mais necessidades emocionais. Foram abordadas nas sessões os sofrimentos passados até a efetivação dos crimes e prospectando o futuro dos mesmos. O coordenador esclarece que a figura paterna aparecia como o centro dos problemas, fornece a informação de que o abandono e as violências perpetradas pelos pais levam muitas vezes a pessoa a uma predisposição para entrar no crime. Os detentos expõem de forma sensível seus sentimentos a ponto de chorar quando as histórias de suas famílias bailam no centro da sessão. Há relatos de alguns presos que se arrependeram de suas atitudes e as dividem com o grupo. É nesse momento que entendem a dor que causaram. Como se a armadura da insensibilidade se esvai e o verdadeiro ser humano nasce e extravasa toda a sua dor que carrega desde a infância. O professor Pelozzi acredita que a Constelação Familiar como técnica de pacificação pode auxiliar os detentos a ressocializar, pois quando percebem as origens do seu comportamento reencontram a sua humanidade. Trouxe o coordenador um exemplo de um detento que praticava infrações desde muito jovem tinha um ódio muito forte de seu pai, porém, quando finalmente entendeu que esse ódio vinha da falta que sentia do seu pai, o perdão foi essencial para sua mudança de comportamento. Entendeu que a raiva por seu pai não era advinda de algo que o genitor fez, mas sim da sua ausência amorosa.
	O juiz Storch esclarece que essa reconciliação não irá afetar de forma alguma a pena a ser cumprida, porém auxilia a melhorar o comportamento do detendo, facilitando a ressocialização e com isso não voltar a cometer mais crimes.
	Destarte, a organização do Dr. Bert Hllinger, afirma que não tem informações de que outros países, com exceção do Brasil, que utilizem a Constelação Familiar como técnica de resolução de conflitos judicialmente.
4.2.2 Goiás
O Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania utiliza as sessões de constelação familiar com êxito no Tribunal de Justiça do Estado. A juíza substituta em 2º grau Doraci Lamar Rosa da Silva relata que em Goiás, a mediação com a utilização da técnica psicoterapêutica, foi usado em primeiro grau desde 2012 e a partir de junho de 2017 adentrou ao segundo grau. Com a chegada deste método de resolução de conflitos, conhecida como “constelação familiar” (ou mediação sistêmica), os conflitos ajuizados têm diminuído, pois auxilia na geração de acordos. Os números falam por si só, dos casos em que são utilizados essa nova técnica chegam ao acordo entre 30% a 50%. Essas experiências bem-sucedidas do Centro Judiciário renderam ao Tribunal de Justiça de Goiás o primeiro lugar na categoria Tribunal Estadual no V Prêmio Conciliar é Legal. A novidade apresentada foi justamente a utilização da técnica alemã nas sessões de mediação. Segundo o juiz, Dr. Paulo César Alves das Neves, coordenador do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do tribunal e idealizador do projeto, o índice de solução de conflitos é de aproximadamente 94% dos casos, quando utilizada a técnica em questão.
A técnica sistêmica está sendo aplicada no Centro de Conciliação e Solução de Conflitos - Cejusc, onde um caso emblemático foi de uma servidora aposentadacom 65 anos e muito endividada, a ponto que a dívida superava o seu patrimônio. A servidora, após passar pela técnica sistêmica, identificou o cerne do seu problema. Ela percebeu que repetia padrões do seu genitor, que cada vez que estava financeiramente equilibrado contraía dívidas. Após três sessões sistêmicas a servidora já está com 60% das suas pendências resolvidas. 
4.2.3 Distrito Federal
Na Vara Cível, de Família, Órfãos e Sucessões do Núcleo Bandeirante (DF), a técnica utilizada em 52 processos vem alcançando a margem de 82% de acordos, quando ambas as partes prosseguem na sessão. Existe um projeto chamado “Constelar e Conciliar” em algumas unidades judiciárias, onde as sessões ocorrem uma semana antes das audiências de. A magistrada, Dra. Magáli Dallape Gomes, que supervisiona o projeto, esclarece que antes de levar os casos para a sessão de conciliação, faz uma análise dos casos, separando assim aqueles nos quais a temática seja próxima e que não obtiveram êxito em conciliações anteriores. O Tribunal de Justiça do DF trabalha com servidores do Cejusc e também com a ajuda preciosa dos voluntários. Relata ainda a magistrada que os interessados, depois de participarem da constelação, ficam mais propensos a realizar um acordo. A técnica da constelação familiar na resolução de conflitos humaniza a justiça e injeta animo para se alcançar uma solução benéfica para ambos os participantes.
Já na Vara de Infância e Juventude de Brasília, obteve, em 2015, oito atendimentos com adolescentes em situação de acolhimento. Os adolescentes afastados de suas famílias e após a utilização desta medida conseguiram uma melhora significativa na relação parental, a Constelação, segundo Adhara Campos, servidora do Cejusc, ameniza o conflito dos garotos com as famílias adotivas e em outros casos ajudou na reaproximação com seus pais biológicos. 
4.2.4 Bahia
Nesse passo, a Vara Cível de Valença, cidade a 124 km de Salvador/BA, também utiliza essa técnica que está cada vez mais conhecida. A medida, que está alinhada com a Resolução nº 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça, busca esclarecer o que há por trás dos conflitos, que, em geral, versam sobre questões familiares.
Em suma, as partes são convidadas a participar da Constelação Familiar de forma voluntária, porém, caso a resposta seja negativa, não há interferência no andamento ou no resultado do processo.
4.2.5 Rio de Janeiro
Não se pode olvidar também, que na 1ª Vara de Família do Fórum Regional de Leopoldina do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, o juiz André Tredinnick iniciou o projeto Constelações. O magistrado esclarece que esse projeto é baseado no diálogo. Explica o Juiz que mesmo tendo um acordo realizado a família continua com o conflito, o que acaba inevitavelmente gerando novas demandas ao judiciário. Dr. Tredinnick continua a explanação orientando que a técnica não é utilizada como uma terapia, mas sim uma ferramenta que auxilia os participantes a encontrarem as soluções por si mesmas. O objetivo é que observando a dinâmica familiar seja fonte para que os comportamentos repetitivos que causam o conflito, assim a conversas ente os interessados acabem gerando não só a resolução do conflito, mas o reestabelecimento da relação familiar com novos contornos mais equilibrados.
Nas primeiras experiências em 2016 foram selecionados algo próximo a 300 processos que versavam sobre pensão alimentícia e guarda dos menores. O índice de aprovação da técnica pelos participantes foi de 80% e 86% o quantitativo de acordos gerados.
4.2.6 Outros Casos
Uma mãe espera uma decisão judicial para poder internar sua filha compulsoriamente numa clínica para tratamento de adicção pelo uso de crack. Ela e a filha desenvolveram uma relação conflituosa pelo uso da droga que acarretou um transtorno mental. Realizada a sessão de Constelação Familiar, o mediador entendeu, claramente, durante a realização da técnica, que existia algum parente excluído dentro dessa família, o crack simbolizava um parente excluído. Insistindo na sua visão do problema conseguiu que a genitora voltasse no tempo e percebesse o quanto foi impactante a figura do seu pai ao forçá-la a se casar. A mãe entendeu então que o sentimento que a impulsionava era a raiva pelo o que seu pai havia feito com ela, extrapolando para a relação conflituosa com a filha e as drogas.
Outrossim, um casal chegou a ter 25 processos tramitando na justiça, cujo conflito se baseava em pensão alimentícia, partilha de bens e uma denúncia de violência doméstica. O casal não mantinha nenhum tipo de contato, nem o visual. Com a sessão da técnica comentada, eles conseguiram desvendar a origem do conflito e com isso o acordo pode ser realizado de forma pacífica.
Nesse passo, um casal de irmãos disputava judicialmente em um inventário por mais de dez anos, disputavam por 10 milhões de reais. Os irmãos já não mantinham aproximação nos 20 anos anteriores. A história nos mostra que o irmão não admitia o casamento da irmã que aconteceu quando ela tinha 17 anos, o que ensejou a retirada do marido da irmã nas sessões. Essa simples percepção gerou um reencontro da família e ambos não só resolveram o conflito como voltaram a ter uma relação familiar saudável. A psicóloga que acompanhou a sessão ressalta a importância do pertencimento no sistema familiar. A herança não se restringe ao dinheiro, mas todo um lado de emoções intensas com momentos amorosos e também muita dor e rancor.
Conclusão
Por todo o exposto, em uma sociedade quando a população se sente injustiçada pela falta de atenção do Estado nas áreas sociais como educação, saúde, saneamento básico e segurança pública, é natural que a qualquer incidente a pessoa recorra ao judiciário por qualquer situação em que se envolva, por mais simples que poderia ser a sua solução. Afinal quem se sente injustiçado recorre à justiça. Assim, o sistema judiciário brasileiro se viu atolado em uma quantidade de processos que o sistema assim como é estruturado não daria conta de executá-los. Com a edição da Resolução 125 de 2010 do Conselho Nacional de Justiça abriu as várias portas que uma mediação ou conciliação solucionem os conflitos de forma justa, por serem informais e com técnicas especiais para proporcionar, estimular a renovação das relações já existentes, bem como auxiliar em conflitos pontuais onde os participantes são levados a chegar a uma solução em que ambos os interessados ganhem. Em muitos casos a letra fria da lei não traz a solução do conflito de forma perene, por isso as novas técnicas de resolução judiciária têm a cada dia se tornado de grande valia para o Estado e também para a população em geral.
Referências Bibliográficas
VERDE, Celma Villa; VERDE, Flavia Villa. O que é constelação Familiar? Disponível em: <http://www.constelacaofamiliar.com.br/>. Acesso em: 08 out. 2019.
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STORCH, Sami. Direito sistêmico é uma luz no campo dos meios adequados de solução de conflitos. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-jun-20/sami-storch-direito-sistemico-euma-luz-solucao-conflitos>. Acesso em: 14 out. 2019.
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EINSFELDT, Marilise. Constelações Familiares para Resolução de Conflitos. Disponível em: <http://www.fecema.org.br/arquivos/2862>. Acesso em: 14 out. 2019.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (Brasília). Constelação Familiar: no firmamento da Justiça em 16 Estados e no DF. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/constelacao-familiar-no-firmamento-da-justica-em-16-estados-e-no-df/>. Acesso em: 28 out. 2019.

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