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História do Direito Brasileiro

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História do Direito Brasileiro
					Aulas 1
Aula 1: 26/08/16
Ementa: A História do Direito Brasileiro (Luso-Brasileiro).
Objetivo: Formar um profissional crítico e reflexivo.
Conteúdo Programático:
- Formação do Reino de Portugal no Horizonte da Cristandade.
- O Nascimento do Estado Moderno Português.
- O Brasil Independente.
- Império.
- República.
 	A Formação Jurídica de Portugal:
- Direito Costumeiro (oral) Lusitano.
- Direito Codificado Positivo (Escrito).
- Direito Canônico da Igreja Católica Positivado (Escrito em Livros).
- Direito Germânico Oral, Costumeiro do Povo Visigodo. 
- Direito Mouro Muçulmano Positivado.
- O Processo de Unificação Jurídica de Portugal.
	O Sistema Commom Law é o direito que se desenvolveu em certos países por meio de decisões dos tribunais, e não mediante atos legislativos ou executivos. Nesse sistema, são os magistrados os responsáveis pela criação ou aperfeiçoamento do Direito.
	O Sistema Civil ou Romano-Germânico é baseado no direito romano e, além disso, é o mais disseminado no mundo. A sua característica peculiar é refletir o caráter dos povos, manifestando as mais fracas tendências individualistas e subjetivas. É um direito singular, pelo fato de valorizar o individual e sua característica psicológica se baseia num sentimento de independência pessoal unida ao culto de valentia e à força.
	Caso Concreto
	Flávio e Aline, dois alunos iniciantes no curso de Direito, discutiam sobre a forma como os diversos países organizavam suas justiças a fim de obterem os conflitos sociais que, inevitavelmente, surgem todos os dias.
	Flávio defende a tese de que um sistema de direito tem que se basear na vontade de quem faz a lei (legisladores), prevendo situações futuras, sendo que ao juiz caberia tão somente aplicar as regras produzidas por estes. Já Aline, por outro lado, entende que só diante do caso concreto é possível construir as regras, ou seja, a posteriori, pois cada caso tem suas pecuiliaridades. Além do mais, Aline entende que os juízes são mais confiáveis, enquanto Flávio defende a tese de que o legislador democraticamente escolhido pelo povo é que deve produzir normas.
a) Quem defendeu a tese usada pelos adeptos da Common Law e quem defendeu a tese usada pelos adeptos da Civil Law? Por quê?
Resposta: Aline defendeu o Commonlaw e Flávio o Civil Law. Para Aline, é o Juiz (aplicador do Direito), que deve prevalecer, fundando suas decisões na Jurisprudência (Decisões anteriores) e usando os costumes. Isso só é possível por meio de um ordenamento jurídico composto por leis sucintas, sintéticas e concisas., que impulsionam a jurisprudência na interpretação do Juiz. Para Flávio, o juiz é mero aplicador da lei e deve se submeter ao legislador, tendo sua jurisprudência limitada por um ordenamento jurídico composto por leis analíticas, detalhistas e prolixas. 
b) Por que se usa a definição “sistema romano-germânico”?
Resposta: A denominação Romano-Germânica ou Civil Law se refere à influências dos sistemas jurídicos anteriores, que unificaram territórios na Europa (Império Romano e os Reinos Bárbaros).
c) Qual dos sistemas se vincula à tradição jurídica portuguesa e, por conseguinte, à tradição jurídica brasileira?
Resposta: Cvil Law ou Direito Romano-Germânico.
	
Questão objetiva 1, do capítulo 1 do livro de História:
Respostas: 1- A.
(ENADE/ 2012 — questão 8)
A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o período mercantil dos séculos XVII e XVIII, expande-se com a industrialização, ganha novas bases com a grande indústria nos fins do século XIX e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, financeira e cultural. A produção e a informação globalizadas permitem a emergência de lucro em escala mundial, buscado pelas firmas globais, que constituem o verdadeiro motor da atividade econômica (Adaptado de: SANTOS, M. O país distorcido. São Paulo: Publifolha, 2002).
No estágio atual do processo de globalização, pautado na integração dos mercados e na competitividade em escala mundial, as crises econômicas deixaram de ser problemas locais e passaram a afligir praticamente todo o mundo. A crise iniciada em 2008 é um dos exemplos mais significativos da conexão e interligação entre os países, suas economias, políticas e cidadãos. Considerando esse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.
I. O processo de regulação dos mercados financeiros norte-americano e europeu levou à formação de uma bolha de empréstimos especulativos e imobiliários, a qual, ao estourar em 2008, acarretou um efeito dominó de quebra nos mercados.
II. As políticas neoliberais marcam o enfraquecimento e a dissolução do poder dos Estados nacionais, bem como asseguram poder aos aglomerados financeiros que não atuam nos limites geográficos dos países de origem.
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
e) As asserções I e II são proposições falsas. 
	Resposta: C.
	
	Continuação da Aula 1: 02/09/2016 
- O processo de unificação jurídica do reino de Portugal:
	A História estuda as continuidades (permanências) e as rupturas (transformações) que ocorrem nos âmbitos (processos) históricos, políticos, econômicos, culturais e jurídicos.
	Aplicando esse conceito, temos as raízes romano-germânicas do Direito Luso (Português).
- As Ordenações do Reino de Portugal.
	A primeira tentativa de unificar juridicamente o reino de Portugal foram as “Miscelâneas”, que iniciaram o processo de unificar a fragmentada herança jurídica lusitana.
	Posteriormente, aparecem as “Leis Extravagantes” e, por fim, “As Ordenações do reino de Portugal”.
	Organizadas em livros temáticos, conforme o Direito Canônico da igreja Católica, foram três ao longo da história:
- Afonsinas (1446);
- Manuelinas (1521) negro não tem alma;
- Filipinas (1603).
	Eles mantiveram a mesma estrutura, porém, da primeira (Afonsinas) para a segunda (Manuelinas) ocorreram duas mudanças:
. Expulsão dos judeus do Reino de Portugal, conforme exigência da Igreja Católica, para dizer o que negro não tinha alma e poderia ser escravizado;
. Divisão do mundo entre Portugal e Espanha.
	Além disso, as leis econômicas foram retiradas das ordenações e receberam uma lei autônoma: “As ordenações da fazenda”, para dar velocidade dentro do capitalismo, em relação as decisões econômicas. 
	Da segunda (Manuelinas) para a terceira (Filipinas) foi só uma mudança de nome, por conta da união Ibérica (1580-1640).
- O contexto histórico das grandes navegações:
	Incremento do comércio, fazendo nascer um capitalismo mais consistente com o mercantilismo, metalismo e a colonização de outros continentes (América e Oceania em especial).
	Foi questionada a autoridade da Igreja Católica (Teocentrismo), em nome do Antropocentrismo e do desenvolvimento filosófico e científico. 
- O Tratado de Tordesilhas:
	Regulamentou a Bula Papal Intercoetera, que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha, provocando a ira dos outros reis, como o da França, o qual disse que só o aceitaria se visse o testamento de Adão.
	O Brasil foi “descoberto” no contexto da chamada “Era das Navegações e Descobrimentos Marítimos”. Foram os interesses econômicos (necessidade de acessar as mercadorias orientais, dificultada em larga escala após a tomada da Constantinopla pelos turcos-otomanos), políticos (o interesse dos reis em ampliar seus domínios), e religiosos (a busca da Igreja por novos fieis) que estimularam as explorações marítimas nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, no decorrer dos séculos XV e XVI, dando gênese ao fenômeno identificado como Era das Navegações e Descobrimentos.
	Portugal se projetoucomo potência europeia no decorrer dos Séculos XV (principalmente) e XVI, ao alargar seus domínios por vários continentes. 
	Resumo do Livro Didático, da página 10 a 18, relacionado ao plano de aula 1
	Condado Portucalense – Feudo de onde se originou o Reino de Portugal.
	Revolução de Avis 
Revolução que deu à burguesia o controle político, consolidando o poder monárquico em Portugal.
Numeramento 
Nome dado ao censo de 1527.
O território português corresponde a duas vezes a superfície do estado do Rio de Janeiro.
Por que navegar foi tão importante para os portugueses?
A expansão marítima ganhou um caráter mais mercantil, objetivando chegar às Índias, atraentes pelo comércio das chamadas especiarias ― artigos raros e de preço compensador ― pelos quais valia a pena correr riscos. Para a burguesia, esse empreendimento alimentava a perspectiva de grandes lucros no comércio a partir da costa africana, na qual se estabeleceram muitas feitorias.
O Estado português emissor da moeda e concentrador da posse de riquezas recorreu às práticas mercantilistas promovendo a acumulação primitiva, condição necessária para o desenvolvimento do capitalismo.
Cosmologia 
Ramo da ciência que estuda a origem do Universo.
O século XV, ao ampliar as possibilidades de contato entre as civilizações, tornou necessário o registro e a representação das novas terras e povos que alteraram para sempre a visão que os homens tinham de seu planeta e dos seus habitantes. Isso se deu através do conhecimento cartográfico. 
O conhecimento geográfico ainda era muito limitado, mesmo que a mentalidade estivesse mudando rápido, a visão cosmológica e geográfica eram bastante reduzidas.
O conhecimento científico sofria sérias limitações, e isso dava força a toda uma série de crendices associando temores às travessias oceânicas.
Na proporção que as viagens progrediam, o conhecimento adquirido levava a questionamentos e à incorporação de informações em função das descobertas, a exemplo das regiões africanas atingidas pelos portugueses, ampliando as perspectivas de lucro.
Fator importante a ser considerado foi o desenvolvimento da ciência náutica e a invenção de novo tipo de embarcação, a Caravela.
O feito do navegador genovês fez com que os reis de Portugal e Espanha disputassem as terras recém-descobertas. Uma primeira solução foi estabelecida pela Bula Papal Inter Coetera (1493), que determinou o limite de cem léguas a oeste de Cabo Verde ― limite recusado por Portugal.
Portugal recorreu ao poder da Igreja, pois os Papas até o século XVII agiram como árbitros supremos nas questões internacionais. Essa situação se consolida com a Paz de Westfalia.
Paz de Westfalia 
Tratado que encerrou a Guerra dos 30 anos e representou um marco nas relações internacionais ao reconhecer a soberania dos Estados.
Se o mundo fosse efetivamente dividido em duas esferas de poder era preciso que do outro lado do planeta, a 180°, houvesse outra linha demarcatória, funcionando como contrameridiano. Os portugueses se mantiveram no propósito de atingir as Índias, dirigindo-se para o Oriente, o que permitiu o estabelecimento de numerosas feitorias na costa africana.
Portugal vivia o reinado de D. Manuel (1495-1521). Os monarcas anteriores haviam equilibrado as atenções do Estado na aventura marítima com a tradição das práticas da agricultura. O novo monarca dispendeu seus esforços essencialmente em atingir os centros de comércio de todo o mundo. A seu favor contava a experiência portuguesa na navegação, que, em 1488, ultrapassou o cabo das Tormentas no sul da África, abrindo o caminho para o oceano Índico e para as terras das especiarias. A navegação ganhava outro patamar, saindo no ocidente de uma perspectiva local, condicionada pelo Mediterrâneo, para uma escala planetária, onde o domínio das rotas comerciais teria peso decisivo.
Feitorias 
Entreposto comercial fortificado construído pelos portugueses.
Para os portugueses, as especiarias continuavam a ser o negócio mais lucrativo do mundo, em especial nas trocas com a Ásia.
O tratado de Tordesilhas, assinado entre Portugal e Espanha, foi ignorado pelos outros reinos como a França, que rapidamente enviou seus barcos para o novo mundo, desconsiderando a divisão acordada pelos países ibéricos. Por duas vezes houve tentativa francesa de estabelecer colônias na parcela portuguesa da América.
A expedição enviada à Guanabara resultou na fundação da colônia da França Antártica, somente erradicada com a expulsão dos franceses em 1567 e a permanência portuguesa na região, com a fundação da cidade do Rio de Janeiro.
Durante três anos, os franceses se mantiveram no Maranhão, fundando São Luís, a única capital brasileira que não foi estabelecida pelos lusitanos, nomeada assim em homenagem ao rei da França, defensor do cristianismo à época das Cruzadas.
Alguns pontos de convergência devem ser estabelecidos entre as colonizações ibéricas na América.
A Espanha, desde o princípio de exploração das terras do novo continente, foi bem-sucedida na sua busca por ouro e prata. Contrastando com os portugueses que encontraram índios em um estágio primitivo, desconhecendo referenciais básicos para a civilização trazida da Europa, a exemplo das cidades, os espanhóis entraram em contato com civilizações avançadas. 
Valendo-se de circunstâncias favoráveis, como as dissidências que minavam o império asteca na América Central, assim como o domínio do império inca na América do Sul, os espanhóis estabeleceram as bases de um sistema militar-mineiro, em que um punhado de aventureiros, como Cortez e Pizarro, entre outros, submeteram numerosas populações indígenas.
A ambição desses homens, atendendo ao serviço da coroa, levou a morte de milhões de indígenas, quer pela violência dos conquistadores, quer pelas doenças por eles trazidas.
Tanto portugueses quanto espanhóis tinham grande interesses em metais preciosos.
A chegada de metais preciosos deu momentaneamente a condição de grande potência aos monarcas espanhóis, governantes de um reino alicerçado na união de Aragão e Castela, esta última impulsionadora da expansão marítima. Colombo, sem ser exceção entre os grandes aventureiros, era um homem em que conviviam os desejos de riqueza, fama e glória e aspirações à descoberta de possíveis paraísos terrestres.
Cabral chegou às terras americanas buscando riquezas e reafirmando a presença portuguesa como havia sido acertado em Tordesilhas.
Nepotismo 
Favorecimento de amigos e parentes por parte de quem ocupa cargos públicos. Favorecimento, proteção: Essa empresa funciona na base do nepotismo. Favores excessivos dentro da estrutura administrativa da Igreja, concedidos pelos papas aos seus sobrinhos.
Primeiro caso de nepotismo no Brasil: Pero Vaz de Caminha pede a Majestade favores ao seu genro.
Apesar de Cabral ter tomado posse das terras que cabiam a Portugal, não houve interesse maior em investir nas terras recém-descobertas, uma vez que o Oriente apresentava muitos atrativos para o comércio. 
As expedições que sucederam ao descobrimento mantiveram o objetivo de explorar as terras à procura de riqueza de fácil obtenção.
Gaspar de Lemos e Américo Vespúcio se limitaram a avaliar a costa brasileira.
Foram mandadas expedições ao litoral, tendo como principal resultado a constatação da existência do pau-brasil, madeira útil para a atividade têxtil.
A oferta no litoral de árvores do pau-brasil era grande, o que favoreceu a exploração predatória. Além dos portugueses, os navegadores franceses se tornaram frequentadores do nossa costa, a ponto dos nativos saberem distinguir os Mair, franceses, dos Perós, portugueses. O escambo (troca de mercadoria sem uso de dinheiro), prática comum na relação entre europeus e nativos, era entendido como uma troca pelos indígenas, porém, numa perspectiva mais ampla, era parte de uma circulação mercantil europeia, importante acumuladora de riquezas.
O papel da monarquia portuguesa guiando o processo de expansão marítima, administrando interesses diversos como o da burguesia e o da nobreza. A divisão do mundo em Tordesilhas e o períododenominado pré-colonial.
Administração Colonial – Capitanias hereditárias
Portugal resolveu a situação da proteção e controle das recém-descobertas terras por meio de um arranjo administrativo.
Capitanias hereditárias 
No início do século XVI, os portugueses estavam voltados para o comércio com o oriente e se limitaram ao reconhecimento das regiões litorâneas em suas terras americanas, travando conhecimento com as tribos e, por meio de escambo, obtiveram a colaboração dos nativos para a exploração da fonte de riqueza mais evidente, a extração em grande quantidade de pau-brasil, madeira empregada para tingir tecidos na Europa. Portugal não podia deixar ao acaso seus domínios, enquanto outros países começavam a empreender suas viagens, e reprimir a presença de embarcações francesas tornou-se tarefa primordial. Além disso, manter o controle dessa costa imensa era muito caro. Somente em 1530, a expedição de Martim Afonso de Souza ao Brasil materializa a colonização, reprimindo a presença de barcos estrangeiros levando pau-brasil, criando núcleos de povoamento e deixando na região do Rio da Prata os marcos de soberania de Portugal.
A fundação de São Vicente trouxe para o Brasil a estrutura citadina representada pelas casas, capela, cadeia e pelourinho, bem como a nomeação de autoridades como juízes, meirinhos e escrivães. Portugal precisava de mais do que isso para tornar a colônia rentável e controlada por Lisboa. 
Os limites estabelecidos em Tordesilhas levam a alguns pequenos problemas, mais destacados ao se examinar a divisão do Brasil em capitanias hereditárias, solução encaminhada pelo governo português para a ocupação do território sem comprometer o tesouro real, um processo, portanto, vinculado à iniciativa privada. 
O conhecimento geográfico tinha muitas limitações e a precisão deixava muito a desejar. 
O rei português procedeu à divisão do território brasileiro em 15 lotes de terras confiados a 12 donatários que ali exerceriam autoridade por sua delegação. Foram investidos de direitos sem, contudo, poderem vender os territórios recebidos. Os referidos direitos compreendiam fundar vilas, cobrar impostos e dominar tribos rebeldes ao controle português, entre as quais sobressaiam os tupinambás, numerosos e que, percebendo os conflitos entre os europeus se aliaram aos franceses contra os lusitanos. 
A ideia era que os donatários, burocratas e militares, alguns deles experimentados nas lutas das Índias, pudessem manter a conquista e assegurar a integridade e o povoamento do território. A maioria, contudo, não conseguiu arcar com as despesas para se instalar nas suas capitanias, que, de resto, não podiam simplesmente ser vendidas. 
Na prática, apenas cinco donatários efetivamente tomaram posse das suas capitanias. 
Dom João III mandou vir da metrópole mudas de cana-de-açúcar. O que não estava previsto foram dificuldades para dominar os índios, mesmo tendo o apoio de pessoas aqui chegadas como náufragos, degredados ou não, fazendo a intermediação entre os colonizadores e os nativos. 
Os colonizadores eram pouco numerosos e, em vários casos, se adaptavam às línguas e costumes da população nativa. Havia uma língua geral, o tupi, mais falado que o português.
Assim, quando se pretendia falar ao povo, era a língua selvagem que mais se empregava, reservando o português, língua oficial, para as camadas mais cultas.
Os donatários se reservavam direitos da cobrança de impostos, sobre tudo o que fosse produzido na capitania, podiam fundar vilas, bem como doar lotes de terra, chamados sesmarias ― para alguns a origem remota de latifúndios em nosso país. Em resumo, esperavam facilidades a serem oferecidas pelo governo para obter lucro.
À Coroa cabia o quinto do ouro e das pedras preciosas, ou seja, 20% do que era produzido, bem como o monopólio das especiarias. Aos donatários era proibido doar ou partilhar a capitania entre seus parentes. 
A necessidade de obedecer a normas emanadas do Estado fez com se aplicassem ao país normas vigentes na metrópole, algo frequentemente considerado de menor importância, mas que integrava, como prêmio ou castigo, a população do Brasil no contexto geral do império, onde vigorava a lei da metrópole. 
Nas monarquias da era moderna, o soberano era o centro do poder. A justiça, portanto, ao privilegiar a vontade do monarca, tornava pública a justiça penal. 
As punições tinham como objetivo servir de exemplo pelo temor para os súditos.
Juridicamente integrávamos o mundo português, da mesma forma que outras partes do império, como Goa, Guiné ou Macau.
Tais rigores, em contrapartida, eram amenizados pela eventual comutação das penas e perdão real, demonstrando outra face da justiça identificada com a imagem do rei misericordioso. 
Desde a revolução de Avis se procurou chegar a uma codificação geral das leis do reino, buscando o ordenamento jurídico e tendo no Direito Romano seu referencial, se ocupando o Direito Canônico das matérias de cunho espiritual. O governo luso era fundamentado nas chamadas ordenações, sucessivamente Afonsinas (1446 a 1521), Manuelinas (1521 a 1603) e Filipinas (1603 a 1867).
As reformas introduzidas sob o reinado de D. Manuel (1495-1521) associaram de forma mais nítida o monarca e sua lei em um momento de expansão no ultramar. Já sob D. Sebastião (1554-1578) houve concessões à Igreja ao acatar decisões do Concílio de Trento, base da reação católica ao protestantismo.
Uma perspectiva mais ampla e duradoura foi aberta pelas Ordenações Filipinas, que, não obstante entrarem em vigor sob o domínio espanhol, mantiveram, em linhas gerais, as tradições legais portuguesas. Mesmo advindo a Restauração da monarquia portuguesa em 1640, as Ordenações Filipinas continuaram a vigorar. As ordenações zelavam inclusive pela interdição do contato com populações consideradas indesejáveis no reino, a exemplo de ciganos ou mouros.
Mandamos que os ciganos, assim homens como mulheres, nem outras pessoas, de qualquer nação que sejam que com eles andarem, não entrem em nossos reinos e senhorios. E entrando, sejam presos e açoitados com baraço e pregão.
Baraço 
Laço de apertar a garganta do condenado.
Pregão 
Descrição de culpa e pena.
Os limites das capitanias foram estabelecidos em razão da faixa litorânea, ou seja, a demarcação obedecia ao estipulado pela área mais conhecida, ficando impreciso o limite interior das capitanias, o que mais adiante será de grande valia para a expansão do território brasileiro, mesmo persistindo dúvidas sobre quem seria legítimo senhor de terras em disputa. 
Por outro lado, as Capitanias não conseguiram ser rentáveis, mesmo com produtos como açúcar, algodão e tabaco, que, apesar da sua popularidade na Colônia, não conseguiu, nessa fase, um destaque expressivo na economia. Entretanto, na Capitania de Pernambuco, confiada a Duarte Coelho, os donatários tiveram sucesso em seus empreendimentos, particularmente no que se refere ao cultivo da cana-de-açúcar.
O rei de Portugal lançou mão de medidas para auxiliar as capitanias que, como um conjunto, fracassaram. A América portuguesa carecia de uma forma mais centralizada de administração. Para isso foi criado o Governo-Geral.
	
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