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Multiculturalismo 31 a 40

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CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS E SUA RELAÇÃO COM O 
ESPAÇO ESCOLAR 
Direitos humanos é uma expressão que abrange diversas concepções e 
abordagens em torno de um conjunto de direitos que fazem parte da própria 
natureza humana e da dignidade a ela inerente. A proteção a tais direitos é 
resultado de um lento processo histórico que foi se reconhecendo 
legislativamente a partir dos imperativos sociais postos ao longo do tempo. 
No entanto, ressalte-se que este processo ainda está em evolução, tendo 
em vista que em algumas sociedades ainda se identificam poucos avanços em 
relação aos direitos humanos. Bobbio (2004) destaca que os direitos humanos 
são históricos, modificáveis, suscetíveis de constante transformação e 
alargamento de seus horizontes, relacionando-se à própria civilização humana 
em seus diferentes níveis sociais de desenvolvimento. Dessa forma, torna-se 
essencial discutir acerca deste conceito para que se possa compreendê-lo em 
sua amplitude diante das constantes transformações histórico-sociais, bem 
como sua relação intrínseca com a educação. 
 
 
 
Fonte: www.patriciapaulausp.blogspot.com.br 
 
Os direitos humanos podem ser definidos como um conjunto de 
instituições que concretizam, em cada tempo histórico, as necessidades sociais 
relacionadas à sua dignidade. Tais necessidades devem ser reconhecidas 
positivamente pelo ordenamento jurídico conferindo a estes direitos o caráter de 
universalidade. Nesse sentido, Pérez Luño (1999, p. 48) leciona que os direitos 
humanos são um “[...] conjunto de faculdades e instituições que, em cada 
momento histórico, concretiza as exigências da dignidade, da liberdade, da 
igualdade humana”. 
No entanto, embora o reconhecimento dos direitos humanos e sua 
consequente positivação em algumas regulamentações, como a Declaração 
Universal dos Direitos do Homem, tenham se expandido ao longo dos anos, 
ainda se vislumbram constantes afrontas a tais direitos evidenciando-se a 
necessidade de constante observância dos dispositivos postos visando o 
respeito e a garantia de proteção a todos em suas diversidades. 
Para Gorczevski (2005), os direitos humanos são universais, absolutos e 
inerentes ao homem, não dependendo de concessão por parte do Estado, 
entretanto, apesar de inerentes à natureza humana, o “[...] seu reconhecimento 
e proteção é o resultado de um longo processo histórico, que ocorreu de forma 
lenta e gradual, passando por várias fases e, eventualmente, com alguns 
retrocessos”. Os direitos humanos trazem o sentido de igualdade entre os 
sujeitos ao representarem o reconhecimento de que todos são dignos do mesmo 
respeito, independentemente de diferenças biológicas ou sociais. Não há, pois, 
distinção entre os sujeitos de direitos. 
Ainda que não se identifique um conceito único de tais direitos, pode-se 
indicar um núcleo central comum: a ideia de universalidade. Esta característica 
de universalidade é essencial para se chegar à uma definição de direitos 
humanos, pois, sem atribuir a estes o caráter de universalidade, corre-se o risco 
de criarem-se fragmentações em sua titularidade, concebendo-se a existência 
de direitos cabíveis apenas a determinados grupos sociais. 
Assim, falar que os direitos humanos apresentam a característica da 
universalidade, significa dizer que os mesmos são inerentes a todos os homens, 
pelo simples fato de serem humanos, em todas as épocas e espaços sociais, 
devendo ser respeitados indistintamente. Nesse contexto, a lei escrita positiva 
tais direitos, tornando-se igualmente aplicável a todos. Segundo Gorczevski 
(2009) os direitos humanos constituem-se em valores superiores existentes no 
mundo axiológico concretizados por meio dos direitos fundamentais positivados. 
Tem-se, portanto, a necessidade de evidenciar a distinção entre direitos 
fundamentais e direitos humanos, tendo em vista as constantes concepções de 
serem termos sinônimos. Os direitos humanos são direitos naturais cabíveis a 
todos os homens, independente de nacionalidade, enquanto que os direitos 
fundamentais se referem à positivação destes direitos nos respectivos 
ordenamentos jurídicos pátrios. 
Pode-se afirmar que os direitos fundamentais nascem da positivação dos 
direitos humanos, significa a consolidação dos direitos naturais do indivíduo na 
ordem jurídica positiva. A positivação por meio da letra da lei constitui-se em 
maior garantia ao sujeito, tendo em vista a concretização da tutela jurídica 
destes direitos pelo Estado, que assume o dever de observá-los e respeita-los 
como fundamento da igualdade e respeito aos seus cidadãos. 
No entanto, apesar da existência de inúmeros instrumentos internacionais 
de proteção aos direitos humanos, estes ainda são constantemente violados 
desencadeando situações de violência e caos social em algumas situações. As 
condições mínimas para a existência digna são comumente inobservadas, 
direitos fundamentais como a vida e a liberdade são desrespeitados pelos 
próprios sujeitos, destacando-se ainda as situações de omissão e afronta aos 
direitos humanos pelo próprio Estado como na deterioração do meio ambiente, 
na desigualdade social, no desemprego e na omissão diante da criminalidade 
(RAYO, 2004). 
O respeito aos direitos humanos é, portanto, indispensável à 
sobrevivência do próprio homem no planeta, observando-se que não nos são 
dados pelo Estado ou construídos a partir da luta de terceiros, mas são 
construídos pelo cotidiano social. Estes direitos acompanham a evolução social, 
sendo alvo de contínuas mudanças e refletindo as lutas e necessidades dos 
sujeitos. Dessa forma, estes direitos precisam de instrumentos que colaborem 
na sua conscientização para uma efetiva aplicabilidade dos mesmos. 
A educação é certamente um dos instrumentos mais poderosos de 
consolidação dos direitos humanos. Como prática social, a educação em direitos 
humanos constitui-se em política transformadora da sociedade e do homem, 
trazendo em si a possibilidade de superação de fenômenos como a pobreza, a 
violência, a desigualdade e a exclusão social. Assim, o processo educativo traz 
https://jus.com.br/tudo/desemprego
https://jus.com.br/tudo/desemprego
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em si a potencial formação humana e promoção dos direitos humanos. A 
educação constitui-se em instrumento que possibilita a promoção dos direitos 
humanos, visto que é parte integrante da dignidade humana por formar e 
conscientizar socialmente o indivíduo para o exercício pleno de sua cidadania. 
Pode-se dizer que a educação é pressuposto fundamental para o indivíduo 
realizar-se plenamente como ser humano na sociedade. 
Em se tratando de direitos humanos a educação assume papel 
considerável, pois abrange a função de humanizar o humano (SAVIANI, 1989). 
No entanto, educar não se trata apenas de depositar ou transmitir conteúdos 
dissociados da realidade vivenciada pelo aluno, esta prática, reconhecida por 
Freire (1997) como “educação bancária”, ainda predomina no sistema educativo 
formal pátrio e não colabora na emancipação dos indivíduos. 
Dessa forma, ao evidenciar o papel preponderante da educação na 
consolidação dos direitos humanos faz-se necessário destacar que aquela se 
refere a um processo educativo crítico, participativo, que visa a superação dos 
contextos de alienação e opressão a que estão submetidos os sujeitos no 
contexto capitalista. 
Este processo, que habilita o indivíduo para a conscientização do contexto 
sóciohistórico em que vive e seu consequente questionamento, perpassa 
necessariamente pelo estudo e reflexão constante da temática relativa aos 
direitos humanos. 
A educação para os direitos humanos deve contribuir: 
 
• Para o fortalecimento do respeito aos direitos e liberdades 
fundamentais do ser humano. 
• Ao pleno desenvolvimento da pessoa humana e sua dignidade; a 
prática da tolerância, do respeito à diversidade de gêneroe cultura, 
da amizade entre todas as nações, povos indígenas e grupos 
raciais, étnicos e religiosos. 
• E a possibilidade de todas as pessoas participarem efetivamente 
de uma sociedade livre. 
Assim, os princípios da igualdade e da não discriminação devem nortear 
a educação em direitos humanos de maneira que, neste contexto, desenvolvam-
se atividades que considerem a experiência e o contexto social vivenciado pelos 
alunos, permitindo que os mesmos compreendam e atendam às suas 
necessidades a fim de buscar as devidas soluções compatíveis com o 
ordenamento jurídico na garantia de proteção aos direitos humanos. 
Dessa forma, estabelece-se um processo educativo que visa não apenas 
a transmissão de conteúdos técnicos a fim de capacitar o aluno para o mercado 
de trabalho, mas, antes de tudo, busca-se prepará-lo para a vida, para a 
construção de uma cultura onde prevaleça o respeito a todos em suas 
diversidades. 
O sistema educacional posto não contribui com a construção desta cultura 
quando aceita as desigualdades sociais como naturais, legitimando as 
diferenças de classe, raça, gênero, etnia, dentre outras, executando o processo 
de reprodução das diferenças sociais em sala de aula e promovendo a exclusão. 
Faz-se necessário suscitar um exercício contínuo de reflexão crítica que ofereça 
aos alunos condições de posicionarem-se como sujeitos ativos no processo 
educativo. 
Nesse sentido, desenvolveram-se regulamentações nacional e 
internacionalmente a fim de efetivar a educação em direitos humanos. Em 2003 
iniciou-se a elaboração do I Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos 
(PNEDH). Em 2005 foram realizados encontros estaduais para difundi-lo, que 
resultaram em contribuições da sociedade para aperfeiçoar também o 
documento. Em 2004, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o 
Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos com o objetivo de 
avançar na implementação de programas de educação em direitos humanos, 
bem como na promoção de ações e fortalecimento de parcerias desde o nível 
internacional até os níveis locais. 
 
https://jus.com.br/tudo/direitos-humanos
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PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS (PNEDH) 
 
Fonte: www.edu-cacao.blogspot.com.br 
 
No Brasil, em 1996, foi instituído o Programa Nacional de Direitos 
Humanos - PNDH I, com o objetivo de identificar os principais obstáculos à 
promoção e defesa dos direitos humanos, promovendo o planejamento de 
políticas para a efetivação dos atos internacionais sobre direitos humanos. Mais 
tarde, em 2002, promulga-se o Decreto nº 4.229, conhecido como Programa 
Nacional de Direitos Humanos II - PNDH II, ampliando as atribuições e criando 
propostas de ações governamentais. No programa reformulado há a inclusão 
dos direitos sociais, econômicos e culturais, preocupando-se com as propostas 
capazes de ter uma concretude com as políticas públicas e a destinação de 
recursos para sua execução (GORCZEVSKI; KONRAD, 2013). 
O enfoque da educação em direitos humanos é interdisciplinar, não 
podendo restringir-se à mera reprodução de conteúdo curriculares pré-
estabelecidos, mas deve promover uma cultura de consolidação dos direitos 
humanos de maneira que todas as disciplinas assumam o compromisso de 
efetivar os valores humanos visando maior participação e emancipação dos 
alunos no contexto social em que vivem. 
Destaque-se que a educação em direitos humanos deve iniciar-se nos 
primeiros anos de inserção escolar estendendo-se por todos os níveis de ensino, 
ela abrange a instituição educativa e a comunidade em se insere como um todo, 
não se restringindo à sala de aula, tendo em vista que os valores incentivados 
neste processo educativo devem consolidar-se na comunidade em sua 
https://jus.com.br/tudo/direitos-humanos
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http://www.edu-cacao.blogspot.com.br/
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totalidade e não apenas na escola, concebida de forma fragmentada. Mais 
ainda, a educação para os direitos humanos deve estar voltada para o 
desenvolvimento de valores e de atitudes de solidariedade, que levem ao 
comprometimento e a mudança das práticas sociais que garantam a efetividade 
dos direitos humanos. 
A educação é decisiva para a promoção dos direitos humanos ao motivar 
um processo emancipatório, que busque instrumentalizar os educandos para 
exercer os direitos que lhe são assegurados pelos instrumentos jurídicos. Deve-
se ter em conta que, para que se efetive uma educação em direitos humanos, 
faz-se necessário que o conhecimento construído se relacione com a realidade 
na qual o indivíduo está inserido, para que o saber possa fazer sentido. 
Neste processo educativo o papel do professor é essencial, observando-
se a superação da reprodução de conteúdo para a construção de uma relação 
dialógica entre professor e aluno, abrindo-se espaço para a problematização dos 
conteúdos e a reflexão crítica na compreensão da relação destes com a 
realidade. 
A problematização dos conteúdos é um elemento essencial na construção 
da educação em direitos humanos. É esta problematização que conduz à 
criticidade em relação aos conteúdos postos, levando os alunos a pensarem-se 
como homens inconclusos. Contudo, esse pensamento não se faz possível pela 
prática bancária de ensino, uma vez que a palavra e o diálogo se fazem 
necessários para essa compreensão, na medida em que é através delas que o 
sujeito consegue “emergir” de dentro do ambiente no qual vive para, a partir daí, 
identificar quais os problemas que se apresentam e, então, buscar a superação 
de suas situações geradoras. Ademais, a educação problematizadora é um 
esforço permanente através do qual os homens vão percebendo-se criticamente 
no mundo (FREIRE, 1996). 
Dessa forma, a educação em direitos humanos promove, essencialmente, 
a formação de uma cultura de respeito à dignidade humana, através da vivência 
de atitudes, hábitos, comportamentos e valores como igualdade, solidariedade, 
cooperação e tolerância. Nesse sentido, a educação constitui-se em meio de 
formação de sujeitos capazes de desvelar criticamente o mundo das injustiças 
e práticas que ferem a dignidade humana e de engajar-se ativamente para a 
transformação social. 
O papel da educação em direitos humanos é criar condições de 
conhecimento e transformação da consciência sobre o contexto sócio histórico 
e cultural em que os indivíduos se inserem, criando condições de 
questionamento crítico e transformação social por meio do processo educativo 
reflexivo. Ressalte-se que este papel não é exclusivamente do Estado, tendo em 
vista que, a formação de indivíduos éticos, solidários, comprometidos com a 
justiça social e os direitos humanos requer o engajamento de toda a sociedade, 
de modo que cada cidadão assuma a sua quota de responsabilidade. 
Assim, educar em direitos humanos é “[...] criar uma cultura preventiva, 
fundamental para erradicar a violação dos mesmos. Com ela conseguiremos 
efetivamente dar a conhecer os direitos humanos, distingui-los, atuar a seu favor 
e, sobretudo, desfrutá-los” (GORCZEVSKI, 2009, p. 221), sendo, portanto, 
imprescindível para o desenvolvimento do Estado e da formação humana.

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