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Direito Processual Penal I resumo AV1

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Direito Processual Penal I 
Professor Paulo Renato 
 
AULA 1 
 
Introdução: O direito processual penal pertence ao ramo do direito público, ele estabelece as regras 
que devem ser observadas para que o Estado possa exercer o seu direito de punir, assegurando também o 
direito de defesa. 
 
Ius Puniendi X Direito de Liberdade: O ius puniendi deve ser compreendido como o direito de punir 
do Estado, revelando-se no Direito Penal Subjetivo, que se compõe de três elementos: a) poder de ameaçar 
com pena; b) direito de aplicar a pena; c) direito de executar a pena. 
 
Já o direito de Liberdade nada mais é do que a liberdade física, civil, relativa a fatores extrínsecos ou 
à coação, permite a você viajar, trabalhar, estudar, sem qualquer constrangimento físico ou moral. A 
liberdade psicológica ou de arbítrio, relativa a fatores intrínsecos, significando autodeterminação. 
 
Princípios do Direito Processual Penal: 
 
1. Princípio do Devido Processo Legal: Para alguns autores, este princípio tem a sua origem na Magna 
Charta Libertatum (ano de 1215) e foi repetido em diversos diplomas legais e atualmente tem 
previsão no ordenamento jurídico brasileiro, em seu artigo 5º, LIV da CF/88. 
 
Este princípio é basilar do qual todos os demais princípios processuais insurgem estabelecendo que 
ninguém poderá perder os seus bens com a sua liberdade, sem a observância de um procedimento 
previsto em lei. 
 
2. Princípio do Contraditório: Este princípio tem como fundamento a necessidade de informação e a 
possibilidade de defesa (art. 396 e 396-A, §2º do CPP). 
 
3. Princípio da Ampla Defesa: (Art. 5º, LV da CF/88) Este princípio estabelece que as partes tem um 
direito de utilizarem todos os meios lícitos necessários para demonstrar sua verdade diante dos fatos 
(ex.: art. 129, §1º, I do CP). 
 
OBS.: O art. 8º, 2, G do Dec. 678/92 (convenção americana de direito humanos – pacto san josé da costa 
rica) estabelece que ninguém está obrigado a declarar-se culpado. Em razão disso, no Brasil, ninguém estará 
obrigado a produzir provas contra si mesmo. 
 
4. Princípio da Igualdade entre as Partes (Isonomia entre as partes): A Doutrina defende a existência de 
duas espécies de igualdade jurídica, são elas: 
 
 I – Igualdade real : Nesta espécie, todas as pessoas são consideradas iguais sem qualquer distinção; 
 II – Igualdade proporcional : Essa espécie de igualdade leva em consideração as diferenças. Para 
tanto, procura tratar os iguais como iguais, os desiguais como desiguais na medida em que se desigualam. 
 
OBS.: Vide artigos 609, parágrafo único, 403 e 626, parágrafo único do CPP. 
 
5. Princípio da Inocência: O art. 5º, LVII da CF estabelece que todas as pessoas devem ser consideradas 
inocentes até que sejam condenadas por sentença transitada em julgado. 
 
OBS.: Uma decisão transita em julgado quando não mais cabe recurso. Isso ocorre quando a parte deixa de 
interpor o recurso no prazo legal, ou, quando ela esgota todas as vias recursais. 
 
6. Princípio da Iniciativa das Partes: Este princípio é também conhecido como princípio da inércia (o 
Estado-Juiz não poderá mover a máquina jurídica sem que seja provocado) ou princípio da ação, que 
estabelece que a jurisdição deve ser inerte, especialmente no sistema acusatório, necessitando de 
provocação das partes para se manifestar. Jurisdictio ne procedar ex officio – A jurisdição não 
prosseguirá de ofício. 
 
7. Princípio do Juiz Natural: É nada mais que a competência de um juiz previamente encarregado para 
julgar determinada lide, tendo como garantia Constitucional em seu art. 5º, XXXVII e LIII. 
 
8. Princípio da Imparcialidade do Julgador: O juiz deverá atuar com imparcialidade, ou seja, não 
possuindo interesse no objeto do processo e que não tenha a intenção de favorecer uma das partes, 
porém, ele não deverá ser neutro e não poderá se manter inerte (desinteressado), uma vez que 
precisa tomar todas as providências legais para solucionar a lide. Para tanto, o juiz não poderá estar 
impedido (art. 252 do CPP) ou suspeito (art. 254 do CPP). 
 
9. Princípio da Verdade Real: A doutrina defende a existência de dois sistemas para a apuração da 
verdade processual, são eles: 
 
a) Verdade Formal: Neste sistema, o juiz é um ser inerte na produção probatória, ele deve se limitar 
a analisar as provas trazidas pelas partes aos autos, pois “quid non est in actis non est in mundo” 
(o que não está nos autos não está no mundo). “Mundo” nesta frase se refere a falta de verdade 
real, uma vez que as provas sendo limitadas poderá não haver a exata correspondência com os 
fatos. 
 
b) Verdade Real: Ao contrário da verdade formal, o juiz é um ser ativo na produção probatória. Ele 
pode determinar a produção de provas de oficio na busca da verdade dos fatos. Neste caso, há 
uma iniciativa probatória permitindo ao juiz que vá em busca dos fatos narrados na inicial 
acusatória. No Brasil, os artigos 147, 156, 209 e outros do CPP autorizam ao juiz ordenar a 
produção de provas de ofício. 
 
10. Publicidade dos Atos do Processo: No ordenamento jurídico brasileiro, via de regra, os atos 
processuais são públicos. Porém, conforme inciso LX do art. 5º da CF, “a lei só poderá restringir a 
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. 
 
11. Motivação das Decisões: As funções proferidas pela função jurisdicional do Estado, a princípio 
deverão estar fundamentadas, ou seja, o juiz deve explicar as razões da decisão sob pena de 
nulidade, por força do art. 93, IX da CF. 
OBS.: Os princípios da publicidade dos atos do processo e da motivação das decisões possuem uma dupla 
finalidade. Na primeira, é dar ciência as partes dos autos do processo, possibilitando o conformismo, ou não, 
e a interposição de eventual recurso. Na segunda, há o intuito de disciplinar o poder jurisdicional do Estado 
impondo-lhe limites para que tal poder dê ao cidadão a plena garantia que seus direitos serão assegurados 
por um Estado-Juiz justo. 
 
12. Princípio do “Favor Rei”: Este princípio orienta a interpretação das normas processuais penais, elas 
devem ser interpretadas sempre da forma mais benéfica para o acusado. 
 
Sistemas Processuais Penais: 
 
1. Sistema Inquisitivo: O sistema inquisitivo teve o seu apogeu na Europa Continental durante os 
séculos XIV e XV, no Brasil esse sistema foi utilizado nas ordenações do Reino de Portugal (ofonsinas, 
Manuelinas e Filipinas), tendo deixado resquícios até a Constituição Federal de 1988. 
 
O sistema inquisitivo apresentava algumas características, são elas: A figura do acusador e a figura 
do julgador concentravam-se em uma mesma pessoa, os atos processuais eram secretos, admitia-se 
o uso da tortura como meio para se obter a confissão, etc. 
 
2. Sistema Acusatório: Este é o sistema adotado na Constituição de 1988, ele possui algumas 
características, são elas: A figura do acusador e a figura do julgador encontram-se em pessoas 
diferentes (art. 129, inciso I da CF), atos processuais públicos (art. 5º, inciso LX da CF), presença do 
contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LV da CF). 
 
3. Sistema Brasileiro: Alguns autores criticam o sistema brasileiro, porque apesar da Constituição 
adotar o sistema acusatório, o CPP é de 1941 e foi elaborado na vigência da Constituição de 1937, 
que adotava o sistema inquisitivo, em razão disso o sistema acusatório brasileiro sofre uma 
contaminação do sistema inquisitivo, especialmente com a possibilidade do juiz produzir provas de 
ofício, porque eventualmente a figura do acusador e do julgador poderão se confundir na mesma 
pessoa. Essa situação faz com que o Sistema Processual Penal Brasileiro como sendo acusatório não 
puro. O professor Aury Lopes Junior utiliza o termo ”Sistema Neoinquisitorial” e o professor Capez 
utiliza o termo “Sistema Misto”. 
 
Lei Processual Penal no Espaço: A jurisdiçãoé o reflexo da soberania de um Estado, em razão disso, a 
lei processual de um Estado terá aplicação no seu território. O art. 1º do CPP estabelece que a lei processual 
penal brasileira teria aplicação no território brasileiro respeitados os tratados e convenções internacionais 
que o Brasil seja signatário. 
 
Lei Processual Penal no Tempo: O art. 2º do CPP estabelece que a lei processual nova terá efeito 
imediato regulando os atos processuais futuros sem levar em consideração se ela irá agravar ou beneficiar a 
situação do réu, porém, os atos pretéritos serão aproveitados. 
 
OBS.: Alguns autores interpretam o artigo 2º do CPP a luz da Constituição de 1988 que estabelece no art. 5º, 
incisos XL que a lei penal não poderá retroagir, salvo para beneficiar o réu. Esses autores entendem que o 
termo “Lei Penal” na Constituição seria um gênero do qual a lei penal material e a lei processual penal 
também não poderia retroagir, salvo para beneficiar o réu. 
 
AULA 2 
 
Sujeitos Processuais: Instaurada a relação processual, nela irão atuar os chamados sujeitos 
processuais, que são aquelas pessoas entre as quais se constitui, desenvolve e se completa a relação 
jurídico-processual. Distinguem-se os titulares da relação processual em principais e secundários. 
 
1. Sujeitos Principais: Os sujeitos principais do processo são as pessoas que integram a relação jurídica 
de direito processual. Existe um sujeito imparcial, que é o juiz, e os sujeitos parciais, sendo na 
acusação existe o MP nas ações penais púbicas e o querelante nas ações penais privadas, e na defesa 
tem o réu (ou acusado) na ação penal pública e o querelado na ação penal privada. 
 
 IMPARCIAL – JUIZ 
 
 
 SUJEITOS PRINCIPAIS 
 
 ACUSAÇÃO – MP (QUERELANTE) 
PARCIAL 
 
DEFESA – RÉU (QUERELADO) 
 
 
 
 
2. Sujeitos Secundários: São as pessoas que não integram a relação jurídica de direito processual, mas 
que colaboram com o seu trabalho para o bom andamento do processo. Exemplos: Serventuários da 
justiça, peritos, intérpretes, oficial de justiça, etc. 
Juiz: O juiz é o sujeito imparcial da relação jurídica de direito processual. Ele tem a função de 
impulsionar o procedimento e decidir de forma fundamentada as questões no processo. 
Conciliador: É um auxiliar do Juiz, ele tem a função de buscar de forma imparcial o acordo entre as 
partes no âmbito do JECRIM. 
Acusação: 
1. Ação Penal Pública: 
 
A. Ministério Público: O MP é um órgão do Estado dotado de autonomia que pode atuar no 
processo de duas maneiras: 
 JUIZ 
 
 ACUSAÇÃO DEFESA 
 
A.1. Órgão Agente: O MP será órgão agente quando ele estiver atuando como sujeito parcial 
em um dos polos do processo. No processo penal, via de regra, o MP é órgão agente porque, a 
princípio, cabe a ele propor a ação penal pública, conforme art. 129, I da CF. 
 
A.2. Órgão Interveniente: O MP será órgão interveniente quando ele for fiscal da lei, ou seja, 
custos legis. No processo penal, o MP será fiscal da lei nas ações penais públicas privadas. 
 
B. Assistente de Acusação: O art. 268 do CPP autoriza ao ofendido a presença do seu 
representante legal nos casos de incapacidade ou seus sucessores (cônjuges, ascendentes, 
descendentes ou irmãos) nos casos de falecimento ou declaração de ausência por sentença, a 
se habilitarem como assistentes de acusação para auxiliar o MP nas ações penais públicas. 
OBS.: Alguns autores entendem que a vítima teria interesse em se habilitar como assistente da acusação em 
todo e qualquer crime porque a sua finalidade seria de auxiliar na realização da justiça. 
Entretanto, predomina o entendimento de que a vítima só tem interesse em se habilitar como assistente de 
acusação nos casos em que o crime deixa repercussão patrimonial, pois a finalidade da vítima é auxiliar o 
MP na obtenção da sentença condenatória para receber a indenização no juízo cível. 
Defesa: 
1. Defensor Constituído: É o advogado escolhido pelo réu para patrocinar a sua defesa, ele irá atuar em 
juízo por meio de procuração; 
 
2. Defensor Dativo: É o advogado nomeado pelo Juiz para patrocinar a defesa do réu que não possui 
defensor constituído, conforme art. 263 do CPP, via de regra, a função de defensor dativo é exercida 
pela Defensoria Pública. 
OBS.: O defensor dativo, caso o acusado tenha condições financeiras, terá direito a receber os honorários 
que forem arbitrados pelo juiz, conforme art. 263, parágrafo único do CPP. 
AULA 3 
Inquérito Policial: Na Roma antiga, o termo “Política” significava políticas de Estado para a segurança 
pública, posteriormente passou a designar os órgãos que exerciam essa política de Estado, tendo chegado 
ao Brasil a palavra “Polícia”. 
Conceito: Inquérito policial é o procedimento, via de regra, realizada pela Polícia Judiciária que 
objetiva levantar elementos de informação relativos a prática de uma infração penal e sua autoria para que 
o legitimado possa propor a ação penal. 
Assim, por Polícia Judiciária podemos entender ser a Polícia responsável por apurar fatos criminosos 
e coligir (reunir) elementos que apontem se, de fato, houve o crime e quem o praticou (materialidade e 
autoria). A Polícia Judiciária é representada, no Brasil, pela Polícia Civil e pela Polícia Federal. 
 
 POLÍCIA MILITAR (ART. 144, §5º CF) 
POLITIA (1) DE SEGURANÇA (ADM) POLÍCIA ROD. FED. (ART. 144, §2º CF) 
 POLÍCIA FER. FED. (ART. 144, §3º CF) 
 POLÍCIA 
 POLÍCIA FEDERAL (ART. 144, §1º CF) 
 POLÍCIA (2) JUDICIÁRIA 
 (ART. 144 DA CF) 
 POLÍCIA CIVIL (ART. 144, §4º CF) 
 
 
1. Polícia de Segurança ou Administrativa: Ela possui como principal função garantir a ordem pública 
por meio do policiamento ostensivo. 
 
2. Polícia Judiciária: Ela possui a função precípua de fazer a investigação penal. 
 
Natureza Jurídica do Inquérito: O inquérito policial é um procedimento administrativo. Procedimento 
é um conjunto de atos encadeados e ordenados logicamente tendentes a uma finalidade (ex.: art. 6º do 
CPP). O inquérito policial tem natureza de procedimento administrativo, e não de processo judicial. 
 
Características do Inquérito Policial: 
 
1. Procedimento Escrito: Todos os atos produzidos no bojo do inquérito policial deverão ser escritos, e 
reduzidos a termo aqueles que forem orais (como depoimento de testemunhas, interrogatório do 
indiciado, etc.). Essa regra encerra outra característica do inquérito polícia, citada por alguns autores, 
que é a da formalidade. 
 
2. Procedimento Sigiloso: O inquérito é sigiloso, pois seus atos não estão franqueados para a população 
em geral, porém, ser sigiloso não significa ser secreto, porque algumas pessoas podem ter acesso aos 
autos do inquérito, especialmente os atos já concluídos e documentados, como por exemplo o MP e 
os advogados, conforme se observa no art. 7º, inciso XIV da lei 8.906/94 e na Súmula Vinculante 14 
do STF. 
 
3. Procedimento Inquisitivo:A inquisitoriedade do Inquérito decorre de sua natureza pré-processual. No 
processo temos MP ou vítima, acusado e Juiz. No inquérito não há acusação, logo, não há nem autor, 
nem acusado. O Juiz existe, mas ele não conduz o inquérito policial, quem conduz o inquérito policial 
é o delegado. 
 
No inquérito policial, por ser inquisitivo, não há direito ao contraditório nem à ampla defesa, pois no 
inquérito policial não há acusação alguma, há apenas um procedimento administrativo destinado a 
reunir informações para subsidiar um ato (oferecimento de denúncia ou queixa). Não há, portanto, 
acusado, mas sim investigado ou indiciado (conforme o andamento do inquérito policial). 
https://jus.com.br/tudo/processo
 
OBS.: A doutrina já a algum tempo defende a necessidade de haver um início de contraditório ainda na fase 
do inquérito, especialmente para os atos que não podem ser repetidos com eficácia durando o processo. 
Atualmente, o art. 7º, XXI da lei 8.906/94 reforça essa posição ao permitir que o advogado assista o seu 
cliente, formule quesitos, e faça alegações durante o inquérito. 
Investigação Diretamente pelo MP: A doutrina diverge quanto a possibilidade do MP fazer a 
investigação pela diretamente: 
1ª Posição: O MP não pode fazer investigação penal, porque essa atribuição foi conferida as polícias 
judiciárias no art. 144 da CF. Não há previsão expressa no art. 129 da CF de atribuição de investigação para o 
MP. 
2ª Posição: O MP, para a maior parte da doutrina, pode fazer a investigação penal diretamente, 
apesar de não haver previsão expressa no art. 129 da CF, pois o inciso VIII do art. 129 da CF confere ao MP a 
função de requisitar diligências e a instauração do Inquérito. Requerer significa pedir, e requisitar significa 
ordenar, dessa maneira se o MP pode ordenar a instauração de inquérito e a realização de diligencias pela 
teoria dos poderes implícitos ele pode investigar diretamente. 
OBS.: O STF já se manifestou pela possibilidade da investigação diretamente pelo MP em situações 
excepcionais. 
 Prescindibilidade do Inquérito: O inquérito policial será dispensável se o legitimado ativo dispuser 
dos elementos para propor a ação penal, caso contrário o inquérito será necessário. 
 Formas para a Instauração do Inquérito (Notitia criminis/notícia crime): 
a) Cognição Imediata: (art. 5º, I do CPP) Na cognição imediata, a autoridade policial (delegado de 
polícia) toma ciência da prática de uma infração penal em razão das suas atividades normais de 
trabalho, o delegado de ofício mandará instaurar o inquérito por meio de um ato administrativo 
chamado portaria. Será espontânea (notitia criminis de cognição imediata) quando este 
conhecimento ocorre através das atividades policiais rotineiras. 
 
b) Cognição Coercitiva: (art. 5º, I do CPP) A autoridade policial toma ciência da prática de uma infração 
penal pela apresentação, na delegacia, de uma pessoa presa em flagrante, portanto delegado de 
ofício mandará instaurar o inquérito por meio do auto de prisão em flagrante (APF). A notitia criminis 
de cognição coercitiva ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso 
mediante a apresentação do indivíduo preso em flagrante. 
 
c) Cognição Mediata: (art. 5º, II do CPP) Na cognição mediata a autoridade policial toma ciência da 
prática de uma infração penal por informação prestada pelo ofendido (ou representante) ou por 
requisição do MP. Será provocada (notitia criminis de cognição mediata) quando a autoridade 
policial toma conhecimento da infração penal através de um expediente escrito. 
 
d) Termo Circunstanciado: Termo circunstanciado é a denominação dada ao procedimento 
investigatório nas infrações de menor potencial ofensivo (as contravenções penais e os crimes com 
pena máxima em abstrato não superior a 2 anos). Conforme arts. 61 e 69 da lei 9.099/95. 
 
Delatio Criminis: A delatio criminis consiste na informação que qualquer pessoa do povo, desde que 
não seja a vítima, faz na delegacia com relação a ocorrência de um crime de ação penal pública. O delegado 
antes de instaurar o inquérito deverá determinar a realização da verificação da procedência das 
informações, conforme art. 5º, §3º do CPP. 
Trata-se de uma espécie de notitia criminis, consubstanciada pela comunicação de uma infração 
penal feita à autoridade policial por qualquer pessoa do povo. Dependendo do caso concreto, pode até 
funcionar como uma notitia criminis de cognição imediata (espontânea), se a comunicação ocorrer durantes 
as atividades policiais rotineiras, ou como notitia criminis de cognição mediata (provocada), no caso de 
terceiro fazer a comunicação de expediente escrito. 
OBS.: A delatio criminis, via de regra, é facultativa, porque o legislador no art. 5º, §3º do CPP utilizou a 
palavra “poderá”, entretanto, a lei em algumas hipóteses determina que algumas pessoas tem o dever de 
fazer a comunicação de crimes, nessas hipóteses, a delatio é obrigatória (ex.: art. 66 da Lei de 
Contravenções Penais). 
 “Denúncia” Anônima e Art. 5º, IV da CF: A palavra “denúncia” não está sendo utilizada com seu 
significado tecno-jurídico, porque denúncia é o nome da petição inicial que deflagra a ação penal pública, o 
mais conveniente seria utilizar o termo “delatio anônima”. 
A Doutrina diverge quanto a possibilidade da delatio anônima dar causa para instauração do inquérito 
policial: 
1ª Posição: A delatio anônima não pode ser utilizada para dar início ao inquérito policial porque ela 
viola o art. 5º, IV da CF na medida em que este garante a livre manifestação do pensamento, mas veda o 
anonimato. 
2ª Posição: O Brasil adotou o sistema da cedência recíproca, no qual todas as normas constitucionais 
possuem a mesma hierarquia. Havendo conflito entre normas constitucionais, ele pode ser solucionado com 
a utilização do princípio da proporcionalidade, este objetiva ponderar os valores inerentes a cada norma 
constitucional em conflito a fim de verificar qual o valor mais relevante em uma determinada situação para 
aferir qual das normas constitucionais em conflito deve preponderar nessa determinada situação. 
Assim sendo, predomina o entendimento de que a delatio anônima pode dar causa ao início de um 
inquérito policial quando houver supremacia do interesse social na apuração de infrações penais em razão 
do princípio da proporcionalidade, ficando autorizada a relativização da norma estabelecida no art. 5º, IV da 
CF, porém, antes de iniciar o inquérito, deverá ser realizada a verificação da procedência das informações. 
Justa Causa para a Instauração do Inquérito: A justa causa está sempre relacionada com a existência 
de uma infração penal e sua autoria. Dessa maneira, a justa causa para a instauração de um inquérito 
policial consiste em indícios da existência de uma infração penal e indícios de autoria. 
Habeas Corpus para Excluir o Indiciamento (HC para trancar inquérito): A instauração de um 
inquérito exige justa causa, caso ele seja instaurado sem a justa causa, o indiciado poderá impetrar um 
Habeas Corpus para pedir ao juiz a exclusão do seu nome do inquérito policial. 
Atos para a Instauração do Inquérito: 
a) Ação Penal Pública Incondicionada: O delegado deve instaurar o inquérito de ofício quando tiver 
ciência da ocorrência de um crime de ação penal pública incondicionada, não necessitando de 
manifestação da vítima. 
 
b) Ação Penal Pública Condicionada a Representação: O delegado só pode instaurar inquérito se o 
legitimado fizer a representação conforme art. 5º, §4º do CPP. 
 
c) Ação Penal Privada: Nos crimes de ação penal privada, o delegado só pode instaurar o inquérito se 
houver requerimento do legitimado para a propositura da ação, conforme art. 5º, §5º do CPP. 
Prazos para Conclusão do Inquérito: 
a) Regra Geral: 
 
 10 dias – Indiciado Preso (flagrante ou preso preventivamente)Art. 10 do CPP 
 30 dias – Indiciado Solto (mediante fiança ou não) 
b) Exceções com o Indiciado Preso: 
 
• Polícia Federal: (art. 66 da lei 5.010/66) – 15 dias, podendo ser prorrogável por igual período 
 
• Prisão Temporária: 
 
➢ Regra: (art. 2º da lei 7.960/89) – 5 dias, podendo ser prorrogável por igual período; 
 
➢ Crimes Hediondos e Equiparados: (art. 2º, §4º da lei 7.960/89) – 30 dias, podendo ser 
prorrogável por igual período. 
 
c) Lei de Drogas: 
 
 30 dias – indiciado preso 
 
Art. 51 da lei 11.343/06 
 
 90 dias – indiciado solto 
 
 Arquivamento e Desarquivamento do Inquérito: Arquivamento é o ato que põe fim ao inquérito por 
falta de elementos mínimos para a propositura da ação penal. 
 O arquivamento do inquérito policial somente se dará por decisão da autoridade judiciária. É ato do 
juiz, que determinará o arquivamento de forma motivada somente se houver pedido do Ministério Público, 
que é o titular da ação penal pública (art. 129, I, CF). 
 Natureza Jurídica: Alguns doutrinadores entendem que o arquivamento é um ato administrativo por 
se tratar de um inquérito, e o inquérito ser um procedimento administrativo. Porém, predomina o 
entendimento de que o arquivamento é uma decisão, porque ele é ordenado por um juiz de direito. 
 Sujeito Ativo: 
a) Ação Penal Pública: O Ministério Público requer o arquivamento ao Juiz, conforme art. 28 do CPP, se 
o juiz concordar com o arquivamento, ele irá ordenar o arquivamento conforme o art. 18 do CPP, 
caso o Juiz não concorde com o arquivamento, os autos serão remetidos a Procuradoria Geral de 
Justiça que poderá oferecer uma denúncia, poderá determinar outro promotor para oferecer a 
denúncia ou insistirá no arquivamento do processo, restando neste último caso o Juiz atender ao 
arquivamento. 
 
b) Ação Penal Privada: A maior parte da doutrina entende que não cabe o pedido de arquivamento nas 
ações penais provadas, uma vez que a lei prevê outros institutos para o legitimado abdicar do direito 
de ação (renúncia e decadência). 
OBS.: O professor Tourinho Filho sustenta que caso o querelante distribua uma petição requerendo o 
arquivamento, o juiz deve receber essa petição como sendo renúncia. 
 Modalidades de Arquivamento: 
a) Arquivamento Expresso: Neste tipo de arquivamento, o MP requer o arquivamento por escrito, 
explicando as razões. O arquivamento expresso poderá ser: 
 
a.1. Objetivo: Recai sobre o fato delituoso; 
 
a.2. Subjetivo: recai sobre a pessoa. 
 
b) Arquivamento Implícito: Pode ser objetivo ou subjetivo. Esse tipo de arquivamento ocorre quando o 
MP oferece denuncia por um fato e/ou pessoa, silenciando com relação a outro fato e/ou pessoa, 
seria como se tivesse ocorrido um esquecimento. Na verdade, o MP silenciou quanto ao fato e/ou 
pessoa porque não possuía elementos mínimos para o oferecimento da denúncia. 
OBS.: O STF entende que o arquivamento implícito é ilegal, porque dificulta o controle dos princípios da 
obrigatoriedade e da indivisibilidade que norteiam as ações penais públicas. Presentes os elementos 
mínimos necessários, o MP está obrigado a oferecer denúncia, não podendo deixar de fazer por questões de 
foro íntimo. 
Princípio da indivisibilidade: Nos casos de concurso de pessoas, se existir indícios de autoria, o MP 
deverá oferecer denúncia para todos os coparticipantes. 
 Definitividade da Decisão de Arquivamento: A decisão que ordena o arquivamento, via de 
regra, faz coisa julgada formal. Ela incita a cláusula Rebus Sic Stantibus, ou seja, mantida a situação da coisa. 
Dessa maneira, se surgirem notícias de novas provas é possível o desarquivamento, conforme art. 18 do 
CPP. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677474/artigo-129-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677443/inciso-i-do-artigo-129-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
 
a) Prova Formalmente Nova: É a prova que não existia ao tempo do inquérito, mas que não altera a 
situação fática que ensejou no arquivamento. 
 
b) Prova Substancialmente Nova: É a prova que não existia ao tempo do inquérito mas altera a situação 
fática que causou o arquivamento. 
OBS.: Há uma hipótese em que a decisão que ordenar o arquivamento faz coisa julgada material, não sendo 
mais possível o desarquivamento, isso ocorre quando o juiz, ao ordenar o arquivamento, analisa o mérito. 
Por exemplo, reconhecendo a atipicidade da conduta, prescrição, etc. 
 Desarquivamento do Inquérito Policial e Art. 18 do CPP VS Súmula 524 do STF: O art. 18 do CPP exige 
notícia de novas provas para que um inquérito seja desarquivado, porém, para que o MP possa oferecer 
denúncia não bastam meras notícias de novas provas, é necessário que essas novas provas existam, 
conforme súmula 524 do STF. 
Arquivamento e queixa crime substitutiva: Queixa crime substitutiva é o nome da petição inicial que 
deflagra a ação penal privada subsidiária da pública, esta tem cabimento quando o MP fica inerte, deixando 
transcorrer "in albis", ou seja, em branco, os prazos do art. 46 do CPP para o oferecimento da denúncia. 
O MP ao receber o inquérito, pode tomar três atitudes: Requerer o arquivamento; Requisitar 
diligências; ou Oferecer a Denúncia. Caso o MP requeira o arquivamento, não terá ficado inerte, portanto, 
não cabe a propositura da ação penal privada subsidiária da pública por meio da queixa crime substitutiva. 
AULA 4 
Ação Penal: A ação penal consiste no direito de provocar o Estado na sua função jurisdicional para a 
aplicação do direito penal objetivo em um caso concreto. É também o direito do Estado, único titular do "jus 
puniendi", de satisfazer a sua pretensão punitiva. 
Fundamento Constitucional: As ações penais possuem um fundamento expresso no art. 5º, LIX da CF, 
e com fundamento implícito no art. 5°, XXXV da CF, que trata do princípio da inafastabilidade da jurisdição. 
Características ou Natureza Jurídica (direito subjetivo, público, abstrato e autônomo): A ação penal é 
Direito conferido, em regra, ao MP por força da Constituição Federal. Por ser conferido ao MP, trata-se de 
direito-dever (129, I da CF). O juiz quando provocado pelo MP, ou pelo ofendido/querelante, o juiz tem o 
dever de responder a esse direito. O direito de ação equivale ao dever do estado de prestação jurisdicional. 
É um direito subjetivo, público, abstrato e autônomo de provocar a prestação jurisdicional do Estado 
no sentido de se aplicar o direito penal no caso concreto. 
É um direto subjetivo porque consegue identificar o titular desse direito, a pessoa que irá exercer o 
direito de ação (MP ou o ofendido); É um direito público porque é uma relação jurídica processual que se 
estabelece entre o MP e o Juiz (estado e estado); É um direito abstrato porque ele não se confunde com o 
mérito da própria lide penal (com os fatos), pois resultado do mérito não se confunde com o direito de ação. 
Cláusula Rebus Sic Stantibus (“estando assim as coisas”): E no direito penal esta cláusula é invocada 
diuturnamente, normalmente, pelo autor da ação penal (que é o Ministério Público) para justificar a 
necessidade da manutenção de uma prisão cautelar (preventiva, temporária ou em flagrante), quando a 
defesa postula pela sua revogação ou interpõe habeas corpus. 
O mérito não foi concedido mas o direito de ação foi exercido; e por último, é um direito autônomo, pois 
pra ser exercido não depende de complementação, uma vez que o seu detentor exerce direito autônomo. 
Condições para o Legítimo exercício do direito de Ação: São condições previstas em lei para que se 
possa exercer validamente o direito de ação, direito de exigir o pronunciamento jurisdicional no campo 
penal. Se o juiz detectar desde logoa falta de uma das condições da ação, o autor será considerado 
carecedor da ação e a denúncia ou a queixa-crime será rejeitada com base no art. 395 do CPP. 
 Legitimidade 
A. Condições Genéricas Interesse de Agir 
 Possibilidade Jurídica do Pedido 
 Justa Causa (maior relevância no processo penal) 
A.1. Legitimidade (legitimatio ad causa): A ação só pode ser proposta por quem é titular do 
interesse que se quer realizar e contra aquele cujo interesse deve ficar subordinado ao do autor. 
Titular da ação é a própria pessoa que se diz titular do direito cuja tutela requer (legitimidade ativa). 
Titular da obrigação é o demandado (legitimação passiva). Logo, partes legítimas, ativa e passiva, são 
os titulares dos interesses materiais em conflito. A ilegitimidade de parte é causa de nulidade, 
art. 564, II do CPP. 
A.2. Interesse de Agir: Não se pode movimentar a máquina judiciária em vão. Desdobra-se no 
trinômio necessidade, adequação e utilidade. A necessidade do uso das vias jurisdicionais, tendo em 
vista a impossibilidade de se impor pena sem o devido processo legal. Necessidade e adequação 
consistem numa relação entre a situação antijurídica denunciada e a tutela jurisdicional requerida e 
só existe quando o autor pede uma providência jurisdicional adequada à situação concreta a ser 
decidida. A utilidade traduz-se na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer um interesse que 
possa ter algum relevo para o autor. Se for possível perceber a inutilidade da persecução penal aos 
fins a que se presta, será, portanto, inexiste o interesse de agir. 
A.3. Possibilidade Jurídica do Pedido: Caracteriza a viabilidade jurídica da pretensão deduzida 
pela parte em face do direito positivo. Esta condição está localizada no pedido imediato, que se 
refere à providência de direito material. 
OBS.: Alguns autores entendem que a possibilidade jurídica do pedido faria parte da condição genérica, 
interesse de agir, entendendo assim que só haveria duas condições genéricas, ou seja: interesse de agir e 
legitimação de parte. 
A.4. Da Justa Causa: O exercício do direito de ação penal exige que o inquérito ou as peças de 
informação contenham elementos suficientes que comprove a autoria de que houve uma infração 
penal, de que o seu autor foi a pessoa apontada no processo informativo ou nos elementos de 
convicção, porque a propositura de uma ação acarreta vexames à pessoa contra quem foi proposta. 
Em consequência, parte da doutrina entende que só existe interesse de agir na ação penal de 
natureza condenatória quando houver fumus boni iuris ou justa causa, vistos como idoneidade do 
pedido. Em caso contrário, o juiz pode dar causa sem julgamento do mérito alegando a inexistência 
da justa causa, inexistindo, portanto, o interesse processual (art. 395, III do CPP). 
B. Condições Específicas: Em alguns casos, a lei exige o preenchimento de determinadas e 
específicas condições para o exercício da ação penal. É o caso, por exemplo, das ações públicas 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10642160/artigo-395-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10620716/artigo-564-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10620648/inciso-ii-do-artigo-564-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
condicionadas, em que o Ministério Público somente poderá ingressar com a ação mediante 
representação ou requisição do Ministro da Justiça. 
AULA 5 
 Condições de Procedibilidade da Ação Penal: A representação e a requisição do Ministro da Justiça, 
na Teoria Geral do Processo, são condições específicas para o legítimo exercício do direito de ação, porém, 
no Processo Penal, normalmente elas são denominadas “condições de procedibilidade”. 
 INCONDICIONADA 
 PÚBLICA À REPRESENTAÇÃO 
 CONDICIONADA 
AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA REQ. DO MIN. DE JUSTIÇA 
 EXCLUSIVA 
 PRIVADA 
 PERSONALÍSSIMA 
 No processo penal, a regra geral das ações penais é ser pública incondicionada, no silêncio do 
legislador, esta será a natureza da ação. As ações penais serão públicas condicionadas ou privadas, quando a 
lei expressamente determinar. 
QUEIXA CRIME ≠ NOTÍCIA CRIME 
A Notitia Criminis é a peça inicial onde se pede a abertura do Inquérito Policial, enquanto que, a Queixa 
Crime é a petição inicial que dá início ao Processo Criminal, quando a Ação é privada, ou seja, quando a 
Ação depender da iniciativa unicamente do ofendido. 
OBS.: Os crimes contra a honra de servidor público no exercício da função são de ação penal pública 
condicionada a representação, conforme art. 145, parágrafo único do CP, porém, a súmula 714 do STF 
estabelece legitimidade concorrente do MP mediante representação, e do ofendido, mediante queixa 
crime, dessa maneira, nos crimes contra a honra de servidor público no exercício da sua função, a ação 
penal pode ser pública condicionada a representação ou poderá ser ação penal privada. 
Exercício do direito de ação: De acordo com o Código Penal e o Código de Processo Penal, as ações 
penais se classificam segundo o seu titular. O art. 100 do CP dispõe que: “A ação penal é 
pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido”. 
Portanto, a ação penal poderá ser: 
 
1. Ação penal pública: Cuja titularidade do direito de ação incumbe ao Estado por meio do 
Ministério Público. Art. 100 § 1º do CP e Art. 24 do CPP. (O Ministério Público é o dominus littis, 
ou seja, é o dono da ação penal pública, art. 129, I da CF). 
Princípios: 
Oficialidade: As normas que norteiam as ações penais públicas são ditas oficiais porque elas são 
cogentes (obrigatórias) de interesse público, não podendo ser afastadas pela vontade das partes. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628267/artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628267/artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628226/par%C3%A1grafo-1-artigo-100-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677163/artigo-24-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
Obrigatoriedade: Presentes os elementos mínimos necessários, o MP está obrigado a oferecer a 
denúncia propondo a ação penal, não podendo deixar de fazer por questões de foro íntimo, tais 
como convicções ideológicas, filosóficas, religiosas, etc. 
Indisponibilidade: Depois de iniciada a ação penal, o MP não pode dela desistir, conforme art. 42 do 
CPP. 
Indivisibilidade: De acordo com o STF, havendo concurso de pessoas (dois autores de um crime), se a 
vítima representar contra apenas um dos agentes, o Ministério Público estáobrigado a processar 
ambos, não podendo deixar ninguém impune por questões de foro íntimo. 
Intranscendência: A ação penal não pode ultrapassar a pessoa que praticou o delito. 
OBS.: O STF ao analisar o arquivamento implícito subjetivo para reconhecer a sua ilegalidade sustentou que 
o princípio da indivisibilidade não se aplica nas ações penais públicas. 
1.1. Ação penal pública incondicionada (é a regra): Neste caso o Ministério Público é o titular da 
ação, havendo prova da materialidade e inícios de autoria delitiva, a propositura da ação penal 
pública incondicionada independentemente da autorização de quem quer que seja. Expls.: 
Crimes de homicídio, aborto, infanticídio, furto, estelionato, peculato, etc. 
OBS.: Art. 12, I e art. 16 da Lei 11.340/06 – Lei Maria da Penha: O STF julgou procedente a ADIN 4.424, a fim 
de assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de lesão corporal, pouco importando a 
extensão desta, desde que praticada contra a mulher no ambiente desta. 
1.2. Ação penal pública condicionada (é a exceção): Continua sendo iniciada pelo MP, mas 
dependerá, para sua propositura, da satisfação de uma condição de procedibilidade, sem a qual a 
ação penal não poderá ser instaurada. Esta condição é a representação do ofendido/vítima ou de 
quem tenha qualidade para representá-lo (art. 24, caput do CPP), ou, ainda, de requisição do 
Ministro da Justiça. No caso de morte da vítima, o direito de representação é transmitido 
ao CADI: Cônjuge, Ascendente, Descendente, Irmão (art. 24, §1º do CPP). 
 
Segundo Cézar Roberto Bitencourt: “Embora a ação continue sendo pública, em determinados 
crimes, por considerar os efeitos mais gravosos aos interesses individuais, o Estado atribui ao 
ofendido o direito de avaliar a oportunidade e a conveniência de promover a ação penal, pois 
este poderá preferir suportar a lesão sofrida a expor-se nos tribunais.” 
 
O prazo para representar é decadencial, que não se suspende nem se prorroga. O ofendido ou 
seu representante legal decairão do direito de queixa ou de representação se não o exercerem 
dentro do prazo de 6 meses, contado do dia em que vierem a saber quem é o autor do crime 
(art. 103 do CP), ou, no caso, do art. 29 do CPP, do dia em que se esgotar o prazo para 
oferecimento da denúncia (art. 38 CPP). 
OBS.: Vítima menor de 18 anos: segundo entendimento doutrinário, o direito de queixa poderá ser exercido 
pelo representante legal, no prazo do art. 38, do CPP. Não sendo ajuizada a ação pelo representante legal, 
“(...) poderá fazê-lo o próprio ofendido após completar a maioridade, pois, para ele, é apenas a partir desse 
momento que tem início a fluência do prazo decadencial, e não do dia em que tomou conhecimento da 
autoria do crime”. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10867584/artigo-12-da-lei-n-11340-de-07-de-agosto-de-2006
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10867564/inciso-i-do-artigo-12-da-lei-n-11340-de-07-de-agosto-de-2006
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10866891/artigo-16-da-lei-n-11340-de-07-de-agosto-de-2006
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10627964/artigo-103-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676856/artigo-29-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676375/artigo-38-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676375/artigo-38-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
A. Eficácia objetiva: A representação tem eficácia objetiva porque ela é do fato e envolve 
todas as pessoas que dele tenham participado conhecidas ou não pela vitima. O 
fundamento não se baseia no princípio da indivisibilidade, o fundamento é eficácia 
objetiva. 
 
B. Natureza Jurídica: A representação, na teoria geral do processo é uma condição específica 
para o legítimo exercício do direito de ação sem a qual o MP não pode oferecer denúncia 
no processo penal, normalmente ela é denominada condição de procedibilidade. 
 
Se o MP oferece denúncia sem que haja a representação, ocorre a rejeição da denúncia, 
acarretando no julgamento sem resolução do mérito (art, 395, I do CPP). 
 
C. Retratação e seu efeito: A retratação consiste na retirada da representação, ela poderá 
ocorrer antes do oferecimento da denúncia, conforme se observa na análise ao contrário 
sensu, no art. 25 do CPP. O principal efeito da representação é a retirada da condição de 
procedibilidade impedindo a propositura da ação pelo MP. 
 
1.2.1. Condicionada à representação do ofendido: é um pedido-autorização em que a 
vítima, seu representante legal (art. 37 CPP), expressam o desejo de que a ação seja 
instaurada, autorizando a persecução penal. Sem essa permissão nem sequer poderá ser 
instaurado inquérito policial. 
 
1.2.2. Condicionada a Requisição do Ministro de Justiça: A requisição do Ministro da Justiça 
é uma condição específica para o legítimo exercício do direito de ação, também chamada 
condição de procedibilidade sem a qual o MP não pode oferecer denúncia. 
 
Retratação do Ministro da justiça: o art. 25 do CPP só menciona a retratação da 
representação. Alguns autores defendem a possibilidade do ministro da justiça fazer a 
retratação por analogia ao art. 25 do CPP, porém, predomina o entendimento de que o 
ministro da justiça não pode fazer retratação em razão da relevância do bem jurídico 
tutelado por essa espécie de ação. 
 
2. Ação penal privada: A ação penal será privada quando o interesse da vítima se sobrepõe ao 
interesse público, em que a repressão interessa apenas ao ofendido. Nesse caso o Estado, titular 
do direito de punir, transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou a seu 
representante legal, mas o Estado continua como único titular do direito de punir, porém, o 
titular do direito da ação é do ofendido/vítima. O prazo é o mesmo da Ação penal pública 
condicionada à representação – Art. 38, CPP. 
 
Queixa- Crime é a petição inicial dos crimes de ação penal privada. A queixa é equivalente à 
denúncia, pela qual se instaura a ação penal, devendo conter em suas formas, os mesmos 
requisitos desta (art. 41, CPP), e só se diferenciam, formalmente, pelo subscritor: a denúncia é 
oferecida pelo membro do Ministério Público e a queixa é intentada pelo particular ofendido, 
através de procurador com poderes expressos. 
 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676418/artigo-37-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676375/artigo-38-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676044/artigo-41-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
Ao outorgar a procuração deverá mencionar a existência de poderes especiais para ingressar 
com a queixa (CPP, art. 44), ou seja, a peça deve conter um resumo dos fatos delituosos (não 
basta a mera referência aos tipos penais) e o nome do querelado. 
 
b.1. Ação Penal Privada Exclusiva: Somente pode ser proposta pelo ofendido ou seu 
representante legal. Especifica-se na Parte Especial do CP quais os delitos que a admitem, 
geralmente com a expressão “só se procede mediante queixa”. Expls. crimes contra a honra, 
art.145, CP. 
 
b.2. Ação Penal Privada Personalíssima: É aquela que somente poderá ser ajuizada pelo próprio 
ofendido. Atualmente há um único caso dessa espécie de ação penal, o crime de induzimento a 
erro essencial ou ocultação de impedimento, previsto no CP art. 236 
 
3. Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: (Art. 29, CPP e art. 5º LIX da CF) A inércia do Ministério 
Público possibilita ao ofendido, ou a quem tenha qualidade para representá-lo, iniciar a ação 
penal pública através de queixa, substituindo o MP e a denúncia que iniciaria a ação penal. Esta 
ação só tem lugar quando o órgão do MP, no prazo que lhe é concedido para oferecer denúncia, 
não apresenta, não requer diligências, nem pede o arquivamento. 
 
Somente quando o prazo de 5 dias, se o réu estiver preso, e de 15 dias, se o réu estiver solto, 
escoar sem qualquer atividade ministerial haverá a possibilidade de o ofendido propor ação 
penal subsidiária da pública. 
 
É uma ação facultativa, e o prazo é decadencial. Conta-se 6 meses da data que termina o prazo 
da denúncia para o MP. Depois de esgotado o prazo decadencial do ofendido, o MP poderá 
intentar a ação penal, desde que ainda não tenha ocorrido a prescrição. 
 
Observa-se, porém, que a ação penal não se transforma em privada, mantendo sua natureza de 
pública, e, por esta razão, o querelante não pode desistir, renunciar, perdoar ou ensejar a 
perempção. O MP poderá aditar a queixa, oferecer denúncia substitutiva, requerer diligências, 
produzir provas, recorrer e, a qualquer momento, se houver negligência do querelante, retomar 
o prosseguimento da ação. (Art. 29, CPP). 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10675805/artigo-44-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10621992/artigo-145-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608433/artigo-236-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676856/artigo-29-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728168/inciso-lix-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676856/artigo-29-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41

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