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Crimes Contra o Patrimônio e a Fé Pública Furto (art. 155) · Subtrair o patrimônio de qualquer pessoa, salvo o proprietário da coisa (crime comum); · O crime de consuma quando há a inversão da posse, ou seja, quando o agente retira a coisa móvel da esfera de vigilância da vítima (teoria da inversão de posse – não precisa de posse mansa e pacifica para que o furto seja consumado); · Teoria do concretatio – o crime é consumado a partir do momento que o agente toca o bem; · Teoria do apreensio – o crime é consumado quando o agente segura a coisa; · Teoria do Amotio – o crime é consumado quando o agente remove o bem; · Teoria do aldatio – o crime é consumado quando o agente coloca o bem no lugar em que pretendia, até chegar lá, o crime não se consuma; · Cabe tentativa, já que é um crime plurissubsistente (cuja conduta é passiva de divisão em vários atos) – crime material, que exige conduta e resultado. · O crime de furto não admite forma culposa. TIPO SUBJETIVO · Dolo (animus furandi): Se você pega coisa alheia sem a intenção de subtraí-la, mas sim de usá-la, chama-se furto de uso e o fato é atípico. Se você pega coisa alheia por engano, é erro material e excludente de ilicitude. FURTO PRIVILEGIADO · A expressão não provem da lei – não possui pena própria; · Furto privilegiado é um benefício recebido pelo furtador, desde que ele cumpra alguns requisitos, sendo eles: 1. Réu primário: aquele que não é reincidente (5 anos após o trânsito em julgado da sentença condenatória) – não se considera a quantidade de crimes, mas sim, o momento em que foram cometidos; 2. Que o bem furtado seja de pequeno valor: considera-se pequeno valor os bens de até um salário mínimo vigente na época em que ocorreram os fatos. · O benefício pode ser a substituição da pena de reclusão por detenção, a diminuição de pena de 1/3 a 2/3 ou a aplicação somente da pena de multa. · A aplicação do benefício será somente de uma das três opções (o legislador diz que o juiz pode substituir a pena, mas, na prática, ele deve – desde que sejam cumpridos os requisitos legais – é um direito do condenado, e não uma faculdade do juiz). · Para haver o benefício, tem que haver condenação. · Furto privilegiado ≠ Furto de bagatela: no furto privilegiado há uma condenação com benefício, já no furto de bagatela, aplica-se o princípio da insignificância (avaliar se a coisa furtada afeta o patrimônio da vítima de forma relevante) – O princípio da insignificância não se aplica ao criminoso habitual. FURTO QUALIFICADO (pena de 2 a 8 anos) · Destruição ou rompimento de obstáculo à obtenção da coisa · Se a destruição de obstáculos envolver explosivos ou artefato análogo que cause perigo comum, a pena passa a ser de 4 a 10 anos – furto qualificado com emprego de explosivos é considerado crime hediondo (art. 1º, IX, Lei 8.072/90). · Fraude: artifício ou ardil – meio facilitador da execução · Furto mediante fraude ≠ estelionato. ESCUSAS OU IMUNIDADES DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (art. 181 a 183/CP) · Dependendo de contra quem se comete o crime, o autor fica isento de pena ou a ação penal, que era incondicionada, torna-se condicionada. ESPÉCIES DE IMUNIDADE · Imunidades absolutas ou escusas absolutórias (art. 181/CP) – dá isenção de pena a qualquer crime contra o patrimônio praticado contra cônjuge ou companheiro, na constância da sociedade conjugal, ou contra ascendente/descendente (parentes vinculados em linha reta, adotivos ou biológicos); · Imunidades relativas ou escusas relativas (art. 182/CP) – transforma a ação penal em condicionada quando o crime for praticado contra cônjuge divorciado ou judicialmente separado, irmão e de tio ou sobrinho com quem o agente coabita (de forma duradoura ou definitiva, sendo insuficientes passagens esporádicas). EXCLUSÃO DAS IMUNIDADES OU ESCUSAS (art. 183/CP) · As imunidades do art. 181 e privilégios do art. 182 são afastados quando o crime é de roubo ou extorsão (ou em qualquer crime que haja violência ou grave ameaça contra a pessoa), quando o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 anos e também não se aplica á estranho que participa do crie (na hipótese de concurso de pessoas). CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA - A fé pública é a confiança na legitimidade de alguma coisa, que seja necessária para a vida social e o coletivo; - É a presunção legal de veracidade. - Não tem apenas uma vítima; - Atingem diretamente o Estado FALSIDADE DOCUMENTAL (Título X, parte especial, CP) - Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. (Art. 232, CPP) · Falsificação de documento público (Art. 297, CP) · - Pena de 2 a 6 anos; - Falsificar documento público (original ou cópia autenticada), totalmente ou em parte, ou alterar documento público verdadeiro; - Considera-se documento público um escrito feito por autoridade ou por funcionário público no exercício de suas funções; - Equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular; - O bem jurídico tutelado é a fé pública; - O sujeito ativo do crime pode ser qualquer um, porém, em se tratando de funcionário público que comete o crime se prevalecendo do cargo, há aumento da pena; - A vítima primária é o Estado ou a coletividade, secundariamente, pode ser a pessoa que sofreu prejuízo com a falsificação; - O elemento subjetivo do tipo é o dolo (não admite forma culposa); - A consumação se dá com a falsificação do documento, não exige uma consequência (crime formal); - Admite tentativa, quando não consegue alcançar o resultado por circunstâncias alheias à vontade do agente; - Documento falsificado muito grosseiramente classifica crime impossível; - O § 3º do art. 297/CP se refere à falsificação de documento público previdenciário – a pena é a mesma, porém, a competência é da justiça comum federal. · Falsificação de documento particular (art. 298, CP): - Falsificar no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro; - Equipara-se a documento particular, o cartão de crédito ou débito; - Pena de 1 a 5 anos; - O bem jurídico é a fé pública; - O objeto material é o documento particular falsificado; - O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (o artigo não exige uma qualidade ou condição especial do agente); - O sujeito passivo é a pessoa que foi prejudicada; - A consumação se dá com a falsificação do documento; - Cabe tentativa quando não se conseguir falsificar o documento por razões alheias a vontade do agente. FALSIDADE IDEOLOGICA – art. 299 CP · Falsificação específica de conteúdo (documento verdadeiro com conteúdo falso); · Diferentemente da falsidade documental em que a forma do documento é falsa, neste caso, a forma é verdadeira e o conteúdo é falso; · Na falsidade material, o que se frauda é a própria forma do documento, que é alterada, no todo ou em parte, ou é forjada pelo agente, que cria um documento novo. Na falsidade ideológica, ao contrário, a forma do documento é verdadeira, mas seu conteúdo é falso, isto é, a idéia ou a declaração que o documento contém não corresponde à verdade. (DELMANTO; 1991, p. 298); · Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa · Sujeito passivo: em primeiro plano o Estado, em segundo, a pessoa que foi efetivamente prejudicada; · Elemento subjetivo é o dolo específico de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre um fato juridicamente relevante (se a finalidade não for uma das citadas acima, o fato é atípico); · Cabe tentativa na forma comissiva; · O crime consuma-se na conduta omissiva quando omite-se o que deveria constar no documento e na forma comissiva quando insere-se declaração falsa ou diversa das que deveriam ser inseridas no documento FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO – ART. 302 · Quando o médico dá atestado falso; · Se o crime for cometido com fins de lucro, aplica-se também multa; · O sujeito ativo tem que ser um médico, no exercício de sua profissão; · Não admite a forma culposa– o elemento subjetivo do tipo é o dolo (direto ou eventual); · O bem jurídico protegido é a fé pública, porém, o objeto material no qual será realizada perícia será o atestado médico; · Trata-se de uma infração penal de menor potencial ofensivo – julgado pelo juizado especial criminal (JECRIM) · Súmula 17 STJ – quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido (só se responde pelo crime de estelionato) · Princípio da consunção: Resolve-se o conflito aparente de normas indicado pelo critério da consunção, de modo que um tipo descarta o outro porque consome ou exaure o seu conteúdo proibitivo, isto é, porque há um fechamento material (ZAFFARONI, Eugênio Raul. Manual de Direito Penal: parte geral. São Paulo: RT, 1997, p. 738). - Noutras palavras, verifica-se, no caso, que o conteúdo de injusto principal consome o conteúdo de injusto do tipo secundário porque o tipo consumido constitui meio regular (e não necessário) de realização do tipo consumidor (SANTOS, Juarez Cirino. Direito penal: parte geral, 6ª ed., Curitiba: ICPC, 2014, p. 418) USO DE DOCUMENTO FALSO · Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados a que se referem os arts. 297 a 302 – pena cominada a falsificação ou alteração; · Sujeito ativo é qualquer pessoa; · Sujeito passivo é o Estado e a pessoa prejudicada; · Elemento subjetivo é o dolo;
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