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Apelação - Ação Civil Pública contra prefeito

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ª VARA DA COMARCA DE SÃO CAETANO/PE
PROCESSO Nº
APELANTE: LUIZ AUGUSTO
APELADO: Jacinto Jacaré, Município de São Caetano e Associação Comercial de São Caetano
LUIZ AUGUSTO, cidadão em pleno gozo dos direitos políticos, brasileiro, comerciante, já qualificado nos presentes autos de Ação Popular, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor RECURSO DE APELAÇÃO, tempestivamente, com fulcro no art. 1.009 e seguintes, do Código de Processo Civil.
Apresenta recurso dentro do prazo legal de 15 dias úteis da data da intimação, deixa de juntar guias de preparo em razão de imunidade prevista no art. 5º, LXXIII, parte final, da CF/88, e que, em caso de má-fé, o que não se configura nos presentes autos, estes somente serão exigidos ao final (art. 10, Lei nº 4.717/65).
Requer-se o recebimento do presente Recurso de Apelação, com as razões em anexo, COM EFEITO SUSPENSIVO, na forma do art. 1.012, do CPC/15, intimando-se a parte apelada para oferecer contrarrazões, no prazo de 15 dias, na forma do art. 1010, § 1º, II, do Código de Processo Civil.
Termos em que pede deferimento.
São Caetano/PE, dia, mês e ano.
Advogado
Nº da OAB
PROCESSO Nº
APELANTE: LUIZ AUGUSTO
APELADO: Jacinto Jacaré, Município de São Caetano e Associação Comercial de São Caetano
RAZÕES DE APELAÇÃO
Egrégio Tribunal, 
Colenda Câmara,
Ínclitos Julgadores. 
DOS PRESSUPOSTOS RECURSAIS
I. DA TEMPESTIVIDADE
O prazo estabelecido para a interposição do presente recurso de apelação é de 15 dias úteis, nos termos dos art. 21, art. 224 e art. 1.003, § 5, todos do CPC, contado em dobro nos termos do art. 229 do CPC. Dessa forma, o presente recurso de apelação é tempestivo.
II. DO CABIMENTO
Em conformidade com art. 5º, incisos LIV e LV da CFRB/88, consoante com artigos art. 7º; art. 724; art. 994, inciso I; art. 1.009 , caput, a art. 1.014, todos do CPC c/c art. 20 da Lei 8.429, e artigo 8º, § 1 § 2º , alínea , “ h” e art. 9º combinado com artigos 24º e 25º, § 1º do Decreto 678/92, Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969.) e demais matérias pertinentes a espécie, articulado nas razões em anexo, pugnando por sua admissibilidade.
III. DO PREPARO
O apelante, deixa de recolher e comprovar o preparo recursal, tendo em vista a isenção prevista no art. 5º, LXXIII, parte final, da CF/88, não há nos presentes autos o pagamento de custas e preparo, salvo comprovada má-fé, situação em que as mesmas serão exigidas ao final (art. 10, Lei nº 4.717/65), o que não se aplicará aos presentes autos.
IV. DA LEGITIMIDADE
O Código de Processo Civil, em seu artigo 966, permite a interposição do recurso pela parte, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público.
Portanto, o apelante, sendo parte da demanda, é legitimado a interpor o presente recurso, nos termos da lei. 
DA SINTESE PROCESSUAL E DA SENTENÇA
Trata-se de Ação Popular em razão de ato administrativo ilícito e imoral praticado pelo Exmo. Sr. Prefeito do Município de São Caetano, Senhor Jacinto Jacaré, o qual, sem licitação, transferiu a Associação de Comerciantes de São Caetano, presidida por seu amigo e maior contribuinte de campanha eleitoral.
Por meio de um decreto (Decreto Municipal nº 01/2019), o Prefeito Jacinto Jacaré transferiu a cobrança do serviço de estacionamento em locais públicos,	, para uma associação de comerciantes locais (ACSC-PE), cujo presidente, Sr. Sombra, é seu amigo pessoal e principal colaborador de sua campanha eleitoral.
Contudo, o magistrado de primeiro grau entendeu ser lícito o procedimento, em razão de a transferência do serviço não gerar qualquer ônus para a Administração Pública, o que não tornaria exigível a realização de procedimento licitatório por parte da municipalidade. Além disso, o magistrado também fundamenta a improcedência da ação na impossibilidade de revisão judicial do mérito administrativo, sendo vedado ao juiz que verifique os motivos pelos quais o ato foi praticado, devido ao princípio da Separação dos Poderes.
A respeitável sentença proferida merece evidente reforma por este Egrégio Tribunal, como veremos:
Como dito, o Prefeito Jacinto Jacaré transferiu a cobrança do serviço de estacionamento em locais públicos,	, para uma associação de comerciantes locais (ACSC-PE), cujo presidente, Sr. Sombra, é seu amigo pessoal e principal colaborador de sua campanha eleitoral. Ocorre que ele transferiu o serviço sem que fosse realizada a devida licitação, modalidade imposta aos entes públicos para realizar a denominada concessão de serviços públicos.
Agindo assim, o prefeito violou diversos princípios da Administração Pública previstos na Constituição Federal, o que se configura como ato lesivo à moralidade administrativa, como comprovado nos presentes autos.
DO MÉRITO RECURSAL
Excelências, com todo o respeito, equivocou-se o magistrado de primeiro grau ao entender que não há necessidade de licitação em concessão de serviços que constituem relevante fonte de renda municipal e o transferem de forma imoral e ilegal para uma associação presidida por amigo e colaborador do administrador.
I. Quanto ao ferimento ao princípio da obrigatoriedade de licitação 
Como dito, a concessão do serviço municipal de estacionamento “Zona Azul” foi transferida à associação comercial sem que houvesse qualquer tipo de procedimento administrativo licitatório, assim como não há sequer justificativa devidamente fundamentada de dispensa ou inexigibilidade de licitação.
É nítido, portanto, o ferimento ao art. 37, caput, da Constituição da República de 1988, que disserta que a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, (BRASIL, 1988, [s.p.]); assim como do seu inciso XXI:
Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (BRASIL, 1988, [s.p.])
Destarte, é certo que não se pode esquivar dos princípios basilares do direito administrativo quando se trata da contratação de serviço pelo poder executivo municipal, uma vez que o sistema de direito público exige medidas eficazes que garantam o zelo de princípios constitucionais e humanos, tal qual o da igualdade. O direito administrativo reflete em sua natureza ao próprio ordenamento jurídico brasileiro, visto que emana da legislação maior para estabelecer parâmetros para o funcionamento dos órgãos governamentais. A desobediência a qualquer um dos referidos princípios fere diretamente a estrutura de governo. 
No caso em tela, é incontestável a lesão ao princípio da igualdade de competição a todos os concorrentes, tendo em vista a ausência de procedimento de licitação, bem como a opção do prefeito municipal por uma associação de um colega seu, que o patrocina diretamente em tempos eleitorais. Evidente, assim, o crime cometido.
II. Quanto à Separação dos Poderes e a intervenção judicial
A Constituição Federal aponta o seguinte em seu segundo artigo: são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (BRASIL, 1988, [S.P.]).
Apesar de independentes, as funções estatais são harmônicas entre si, operantes para o bom funcionamento do Estado.
É função do Judiciário exercer a jurisdição, isto é, dizer o direito no caso em concreto a quem o aciona, dando às partes uma resposta com qualidade de definitividade, denominada coisa julgada. Além disso, exige-se do Judiciário a defesa da Constituição e a concretização dos direitos lá previstos, retirando deles toda efetividade e aplicabilidade. 
Ao Poder Judiciário é confiada a função jurisdicionaldo Estado exercida pelos tribunais e juízes singulares. Portanto, sua atividade, muito mais que política, tem caráter essencialmente técnico. Nesse sentido, o Professor Gomes Canotilho chega a expor que “organizatória e funcionalmente, o poder judicial é, portanto, ‘separado’ dos outros poderes” (CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 5. ed. Coimbra: Almedina, 2003. - p. 657).
Sobre a concretização dos direitos constitucionais, Leonardo Greco aduz:
O acesso à justiça, como direito fundamental, corresponde ao direito que cada cidadão tem individualmente ao exercício da função jurisdicional sobre determinada pretensão de direito material, sobre o mérito do seu pedido. Esse direito não pode ser frustrado por obstáculos irrazoáveis, a pretexto de falta das condições da ação ou de pressupostos processuais...
(GRECO, Leonardo. Estudos de Direito Processual, Campos dos Goytacazes: Faculdade de Direito de Campos, 2005, p. 230).
Isto posto, cabível a presente ação, eis que tem por finalidade de cumprimento das normas constitucionais.
DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer-se de Vossas Excelências que seja conhecido e provido o presente recurso, com a integral reforma da sentença que julgou improcedentes os pedidos de anulação do Decreto nº 01/2019, bem como a consequente devolução aos cofres municipais dos valores indevidamente recebidos em decorrência do serviço, além do pagamento de custas e honorários advocatícios.
Termos em que pede deferimento.
São Caetano, Pernambuco, dia, mês e ano.
Advogado
Nº da OAB

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