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4 Ética das virtudes

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É t i c a - Prof. André Ribeiro 1
 
Ética das virtudes
Viver não é suficiente: é necessário ser feliz. O que esperamos da vida é a felicidade. Nossa 
existência sem felicidade se assemelharia a uma caixa vazia, uma página em branco.
O que é a felicidade? Ter dinheiro? Um lugar (paraíso)? Um tempo (dia vindouros)? Uma 
pessoa (Deus, outras pessoas, nós mesmos?). O sucesso, o amor, a saúde, os prazeres, a beleza? 
Vida familiar? A solidão?
O que é ser feliz?
A pergunta crucial para os teóricos da virtude é: "Como eu devo viver?" A resposta que dão 
a esta pergunta é: cultive suas virtudes. É somente cultivando as virtudes que se obtém a felicidade.
A teoria da virtude é baseada na Ética a Nicômaco, de Aristóteles. De acordo com 
Aristóteles, todo mundo quer ser feliz como pessoa. A palavra grega usada para “felicidade” é 
eudaimonia (eu- (bom) + "daimon" (espírito)).
O principal problema com o conceito de felicidade é que parece que ele varia de pessoa para 
pessoa: para umas consiste em acumular dinheiro, para outras se trata de adquirir fama e glória, etc. 
Mas Aristóteles diz que a busca riquezas ou honras não é a verdadeira felicidade, pois tais coisas 
sempre são desejadas como meios para alcançar a felicidade, mas não constituem a própria 
felicidade. Não queremos a felicidade para alcançar algo além da felicidade. Ela é boa em si 
mesma. Qualquer outra atividade é valiosa se produz felicidade e, portanto, ela estão subordinadas a 
ela. Mas no que consiste então a verdadeira felicidade?
A felicidade, segundo Aristóteles, não é um sentimento de alegria ou prazer. Animais podem 
ter sentimentos de alegria ou prazer. Para Aristóteles, para que vivamos uma vida feliz, devemos 
desenvolver todas as nossas capacidades e potencialidades (= virtudes). O papel da razão é o de 
dirigir esse desenvolvimento, de integrar nossas várias capacidades e de as direcionar à sua 
perfeição.
As capacidades que devemos desenvolver são chamadas de virtudes. As virtudes morais são 
traços de caráter que nos fazem agir corretamente nas situação que enfrentamos no dia-a-dia. Por 
exemplo, a virtude da coragem é a habilidade de uma pessoa controlar o medo. A coragem envolve 
ter a quantidade certa de medo em uma situação. Se eu tenho muito medo, sou um covarde. Se 
tenho pouco medo, sou irresponsável. Ser covarde ou ser irresponsável é ruim. Ter a virtude da 
coragem envolve ter exatamente a quantia certa de medo, apropriada a cada circunstância.
Assim, de maneira geral, as virtudes são o ponto de equilíbrio entre o excesso e a falta: ser 
generoso é o meio termo entre ser esbanjador e ser mesquinho, sovinha, etc. Além da coragem, 
Aristóteles inclui entre as virtudes a honestidade, a justiça (tratar os outros de acordo com o que 
merecem), o desfrutar de prazeres com moderação (temperança), ser generoso, ter bom humor, ter 
orgulho (= “vergonha na cara”), etc.
A ética das virtudes de Aristóteles dá uma resposta a questão sobre porque eu deveria me 
importar com outras pessoas se nossos interesses são diferentes? Por que eu deveria dizer à pessoa 
que está comprando o meu carro que ele vaza óleo e que ele terá de colocar meio litro por semana? 
A resposta de Aristóteles é que posso não ter razão para fornecer informação que poderia me custar 
dinheiro, mas tenho razão para adquirir virtudes que me conduzirão à felicidade. A honestidade é 
uma expressão do que sou, não do que quero. Conseqüentemente, devo dizer a verdade, porque é 
importante que eu mantenha o meu caráter.
fonte: Furrow, D. Ética. Porto Alegre: Artmed, 2007

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