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Queimaduras

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Socorros e Urgências:
queimaduras
Professor Mauricio Cupello
 Epidemiologia
► As queimaduras estão entre as principais causas externas de morte
registradas no Brasil, perdendo apenas para acidentes de transporte e
homicídios. A maior incidência é no sexo masculino, podendo ocorrer em
qualquer faixa etária, ocupação e situação econômica do paciente.
Crianças de até seis anos são vítimas frequentes de escaldos ou líquidos
aquecidos e queimaduras por combustão, constituindo 60% dos casos.
(GOMES et al., 2001)
► Chama-se atenção para o fato de que 2/3 dos acidentes com queimaduras
acontecem em casa, atingindo na sua maioria adolescentes e crianças.
(GOMES et al., 2001)
Conceito de queimadura
► A Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), conceitua a queimadura como:
ferida traumática causada por agentes térmicos, químicos, elétricos,
radioativos ou biológicos.
CAUSAS DAS QUEIMADURAS
► Físicos: Temperatura - vapor, objetos aquecidos, água quente, chama, etc.
► Elétricos: corrente elétrica, raio, etc.
► Radiação : sol, aparelhos de raios X, raios ultra-violetas, nucleares, etc.
► Químicos: produtos químicos como ácidos, bases, etc.
► Biológicos: lagarta-de-fogo, água-viva, medusa, o látex de certas plantas,
urtiga, etc.
Figura 1 – Análise queimaduras no Hospital Federal Andarai – 2009
Classificação quanto à profundidade
► PRIMEIRO GRAU: atinge a camada mais externa da pele, a epiderme. Caracteriza-
se por eritema.
► SEGUNDO GRAU: atinge tanto a epiderme como a derme. A característica clínica
mais marcante é a formação das bolhas (flictenas).
Classificação quanto à profundidade
� TERCEIRO GRAU: acomete a totalidade das camadas da pele (epiderme e derme) e
outros tecidos, tais como: tecido celular subcutâneo, músculo e tecido ósseo e nervos.
Aspecto marmorizado.
� QUARTO GRAU (presente em algumas literaturas): carbonização.
Classificação quanto à superfície
corporal – regra dos nove
FISIOPATOLOGIA DA QUEIMADURA
► Resposta local, traduzida por necrose de coagulação tecidual e
progressiva trombose dos vasos adjacentes num período de 12 a 48 horas.
► Colonização e infecção por bactérias pioram a necrose de liquefação
tecidual.
► Grandes queimaduras: resposta sistêmica! Inflamação intensa: perda de
fluidos para o terceiro espaço, febre, hipercatabolismo, perda de calor
subsequente (hipotermia), distúrbios hidroeletrolíticos.
QUEIMADURAS DE VIAS AÉREAS
► Fator de mau prognóstico! Mesmo em pacientes com superfície corporal
queimada de pequena ou média intensidade o índice de mortalidade é de
90 a 100%. Deve-se investigar a presença de queimadura de vias aéreas
superiores quando houver a menor suspeita.
► Sinais:
- Ocorrência em ambientes fechados;
- Tosse e escarro carbônico;
- Edema vias aéreas: faringe, mucosa nasal, etc.
- OBS: os sinais são frequentemente inaparentes nas primeiras 24 horas de lesão;
► Avaliação e Tratamento: INTUBAÇÃO, gasometria para acompanhar
evolução, monitorização do padrão ventilatório e oximetria.
Corrente elétrica
► Caso haja suspeita de queimaduras por corrente elétrica, procurar por
ferimento de entrada e de saída da corrente.
► Lembre-se que o maior risco nesses casos é de arritmias e parada cardíacas!
► Certifique-se de que o ambiente e vítima não estão eletrizados antes de iniciar o
socorro.
► Verifique se a vítima está respirando e se tem batimentos cardíacos. Se não,
chamar socorro médico e iniciar manobras de ressucitação.
TRATAMENTO DO QUEIMADO
► Cálculo da reposição hidroeletrolítica (fórmula de Parkland):
 Volume diário (ml) = 2 a 4 ml x peso (kg) x área queimada (% SC)
 Essa regra é válida para área queimada de até 50%. Programa-se que metade
do volume deve ser infundido nas primeiras 8 horas após o evento. Ringer lactato
é 1ª escolha.
► Controle da dor: opiódes (1ª escolha)
► Controle hemodinâmico: pressão arterial, débito urinário, gasometrias, etc.
► Terapia nutricional adequada
► Imunização (dT, DT)
► Curativos com pomadas (ex: Sulfadiazina de Prata)ou polímeros
► Tratamento cirúrgico: remoção de necrose e enxerto em queimaduras
extensas/profundas
► Balnoterapia e escarotomia
BALNOTERAPIA E ESCAROTOMIA
COMPLICAÇÕES
► Pneumonias, ITU (CVD), embolia pulmonar (hipercoagulabilidade),
Insuficiência Renal Aguda (mioglobina destruída, sepse,
hipovolemia), Íleo adinâmico, pancreatite, hepatite, IAM, arritmias
(distúrbio hidroeletrolítico) e endocardites (sepse).
► Principais causas de morte do grande queimado: choque
hipovolêmico e infecção!
Primeiros socorros
► Certifique-se que o ambiente está seguro antes de iniciar o socorro;
► Remova a fonte de calor / substância que causa a queimadura;
► Resfrie imediatamente a área queimada por calor com água fria
corrente da torneira, por alguns minutos;
► Retire, se possível, anéis, pulseiras, contos e cordões. O edema se
desenvolve muito rápido;
► Proteja a área queimada com gaze, lenço ou pano limpo molhado;
► Evite compressas frias por muito tempo em queimaduras mais extensas
devido ao risco de hipotermia;
► Ofereça um analgésico para alívio da dor;
► Em pacientes conscientes, inicie hidratação por via oral.
Quando procurar atendimento
médico?
► A queimadura é considerada de segundo ou terceiro graus.
► A área queimada é grande, mesmo que a queimadura não pareça
grave;
► A queimadura for provocada por fogo, corrente elétrica ou
substância química;
► A queimadura é no rosto, couro cabeludo, articulações ou genitais;
► Queimaduras circulares;
► A queimadura parece estar infectada (inchada, com pus, arroxeada
ou com linhas roxas na pele que rodeia a ferida).
O que não fazer?
► Não estoure as bolhas formadas pelas queimaduras de segundo grau;
► Não coloque produtos como pasta de dente, manteiga ou gelo;
► Não tente retirar quaisquer tecidos que porventura fiquem agarrados à
pele da vítima. Corte-os no entorno;
► Não ofereça líquidos a uma pessoa inconsciente.
Referências
► Gomes D. R., Serra M. C., Guimarães L. M.. Condutas atuais em
queimaduras.R.J. 2001, Editora Revinter Ltda.
► Everton Carlos Siviero do Vale.Primeiro atendimento em queimaduras:
abordagem do dermatologista. An Bras Dermatol. 2005;80(1):9-19.
► Lauren K. Iurk, Andréa F. Oliveira, Alfredo Gragnani, Lydia M. Ferreira
 Evidências no tratamento de queimaduras. Rev Bras Queimaduras.
 2010;9(3):95-9.

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