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Expressão Plástica Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. José Alfonso Ballestero Alvares Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Teoria da Cor • Introdução; • Grupos Cromáticos; • Classificação das Cores; • Círculo Cromático; • Cultura e Psicologia da Cor. · Caracterizar e descrever o círculo cromático identificando as cores primárias e as secundárias; · Apresentar, caracterizar e descrever cor-luz e cor-pigmento; · Definir, apresentar, caracterizar e descrever a monocromia, a policro- mia e o tom sobre tom; · Comentar a aplicação das cores na cultura e na psicologia e sua in- fluência no comportamento humano. OBJETIVO DE APRENDIZADO Teoria da Cor UNIDADE Teoria da Cor Introdução A palavra “cor” provém do latim “color”, em espanhol é “color” também, em francês “couleur” e em italiano “colore” (essas palavras são semelhantes porque todos esses idiomas possuem a mesma raiz – o latim). Essa palavra nada mais faz do que expressar a sensação visual que a natureza nos oferece através dos raios de luz irradiados. Você pode pensar que é muito fácil e simples falar a respeito da cor. Mas, se partir da premissa que a cor fisicamente não existe, que ela não é palpável, concreta e que ela nada mais é do que “uma sensação consciente de uma pessoa, cuja retina se acha estimulada por energia radiante” (FARINA, PERES, BASTOS, 2006, p. 1), verá como as coisas podem se complicar. Em outras palavras e mais exatamente: “cor é a sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão” (PEDROSA, 2014, p. 20). Daí resulta que a cor é uma onda luminosa, um raio de luz que atravessa nossos olhos. Mas, é também uma produção de nosso cérebro, uma sensação visual, tudo como se estivéssemos frente a uma sequência constante de imagens, como em um filme sem interrupção. Nessa sequência constante de imagens, nossos olhos fazem o trabalho de uma câmera fotográfica, com a objetiva e o obturador sempre abertos captando ima- gens que ficam gravadas em nosso “filme” cerebral. Isso nos indica que, para existir a sensação de cor, devem estar presentes dois elementos importantes: a luz (objeto físico, agindo como estímulo) e o olho (apare- lho receptor, funcionando como decifrador do fluxo luminoso, decompondo-o ou alterando-o através da retina). Se você girar seu olhar ao seu redor de forma proposital e consciente, percebe- rá que você está rodeado e mergulhado em um mundo que é cromático, há uma miríade de tons, cores, luzes; não conseguimos nem podemos nos separar da cor; esse mundo colorido e intenso nos transmite calor, alegria, satisfação, amor e... também cansaço, tristeza, depressão, raiva. Tudo isso pode ser transmitido apenas com o uso da cor. Isso quer dizer que, com o uso adequado da cor, influenciamos as pessoas tanto fisiológica quanto psicologicamente; podemos promover a sensação de alegria ou tristeza, excitação ou depressão, calor ou frio, ordem ou desordem... Isso porque as cores nos produzem sensações e reflexos sensoriais importantes, porque cada uma delas possui uma vibração específica em nossos sentidos, podendo atuar como estimulante ou perturbador na emoção, na consciência, nos impulsos, nos desejos. Você nunca se perguntou por que a toalha de muitos restaurantes é vermelha? Ou por que a cor das paredes de um quarto de hospital é verde clara? Ou por que uma pessoa gorda vestida de preto parece menos gorda? Ex pl or 8 9 As cores podem assumir, em determinados contextos, sensações positivas ou negativas; portanto, falar da cor é muito mais complexo do que poderia parecer num primeiro momento. De fato, a cor está profundamente relacionada com nos- sos sentimentos (enfoque psicológico), mas, também, sofre influência da cultura (enfoque social), sem contar os aspectos fisiológicos. Diferentes culturas atribuem às cores diferentes significados. Cada religião tem sua própria paleta, que, muitas vezes, se integra a expressões de fé e de adoração. (FRASER, BANKS, 2007, p. 14) O que se acaba notando é que as cores, percebidas por nossos olhos e processa- das por nosso cérebro e por suas terminações nervosas, “fazem penetrar no corpo físico uma variedade de ondas de diferentes potências que atuam sobre os cen- tros nervosos e suas ramificações e que modificam, não somente o curso das fun- ções orgânicas, mas, também, nossas atividades sensoriais, emocionais e afetivas” (FARINA, PERES, BASTOS, 2006, p. 2). Importante! O estudo das cores é fundamental para a Comunicação, o Design, o Marketing, a Ar- quitetura, a Plástica, a Arte e tantas outras áreas, pois permite conhecer seu poder psíquico e aplicá-lo como um poderoso fator de atração, sedução, convencimento, con- quista, empatia. Importante! Quando a cor é usada em qualquer apresentação – um rótulo, um logotipo, uma embalagem, cartazes, anúncios etc. – é uma forma de atuar sobre o sub- consciente das pessoas – dos consumidores – e possibilita compatibilizar a men- sagem veiculada com os objetivos estratégicos dos produtos e das empresas. Nós, os seres humanos, vivemos eternamente com as sensações oferecidas pelo ambiente que nos rodeia, por nós mesmos, por nossas obras, e pelas cores que as impregnam. O azul do céu, o verde da vegetação, o colorido deslumbrante das flo- res, o colorido cambiante das águas do mar, dos rios, dos lagos... tudo nos remete a um mundo colorido e surpreendente de tonalidades e matizes. Grupos Cromáticos Essa sensação da cor, referida do parágrafo anterior, está associada à per- cepção humana, mas é diferente dela. A sensação é provocada pelo estímulo da luz sobre a retina; esses estímulos, por sua vez, podem ser divididos em dois grandes grupos: a) Cor-luz: é assim denominada “a radiação luminosa visível que tem como síntese aditiva a luz branca; sua melhor expressão é a luz solar, por reunir de forma equilibrada todos os matizes existentes na nature- za” (PEDROSA, 2014, p. 17); 9 UNIDADE Teoria da Cor b) Cor-pigmento: é assim denominada “a substância material que, confor- me sua natureza, absorve, refrata e reflete os raios luminosos compo- nentes da luz que se difunde sobre ela; é a qualidade da luz que determi- na sua denominação” (PEDROSA, 2014, p. 17). No entanto, quando falamos de percepção, podemos caracterizar três aspectos principais que correspondem aos parâmetros básicos da cor, são eles (PEDROSA, 2014, p. 18): a) Matiz: que indica o comprimento da onda; b) Valor: que indica a luminosidade ou brilho; e c) Croma: que indica a saturação ou pureza da cor. Classificação das Cores A cor pode apresentar uma infinidade de variedades, geradas a partir das carac- terísticas dos estímulos, portanto dizem mais respeito à percepção do que à sensa- ção. Com isso, os pesquisadores e estudiosos do tema usaram dados perceptivos para desenvolver o que denominamos “classificação e nomenclatura das cores” considerando suas características e formas de manifestação. Todos nós já ouvimos falar de “cores primárias” e “cores secundárias”, não é? Por que chamamos as cores de “primárias” e “secundárias”? Ex pl or O motivo é muito simples: Thomas Young (1773 – 1829) elaborou a teoria tricromática, afirmando que o olho humano possuía fotorreceptores especializa- dos (denominados cones e bastonetes) sensíveis a apenas um número limitado de cores. Posteriormente, a teoria foi aprofundada por Hermann von Helmholtz (1821 – 1894), pioneiro na fisiologia sensorial. Na década de 1960, os cientistas confirmaram esses estudos determinando que esses receptores (os cones citados antes) são divididos em três tipos sensíveis a comprimentos de onda específicos que correspondem a: vermelho (570 nanômetros); verde (535 nm); e azul (425 nm) (FRASER, BANKS, 2007, p. 14). Eis aqui o motivo da nomenclatura! Portanto: Importante! Cores primárias: vermelho, verde, azul. Importante! 10 11 Se temos as cores primárias, é simples chegar à definição de cor “secundária”: Importante! Cor secundária: é a cor formada em equilíbrioóptico por duas cores primárias (PEDROSA, 2014, p. 18). Importante! Então, qual seria a definição de cor “terciária”? Importante! Cor terciária: é a “intermediária entre uma cor secundária e qualquer das duas primárias que lhe dão origem” (PEDROSA, 2014, p. 18). Importante! Note que essa classificação oferecida até agora considera apenas o aspecto físico do olho humano; mas podemos ter outra classificação se considerarmos a sensação que a cor pode transmitir quando para ela olhamos. Com relação à sensação que a cor nos transmite, podemos classificá-las em: a) Cores quentes: vermelho, amarelo e as demais cores em que eles pre- dominem; b) Cores frias: azul, verde e as demais cores em que eles predominem. Algumas observações são necessárias para esclarecer essa classificação: o ver- de, o violáceo, o carmim e uma infinidade de tons poderão classificar-se como frios ou quentes, dependendo do percentual usado de azul, vermelho e amarelo em sua composição; da mesma forma, uma cor tanto pode parecer fria como quente, dependendo de sua relação com as demais cores ao seu redor. Muito bem! Agora já temos condições e informações suficientes para trabalhar todos esses conceitos juntos. Círculo Cromático Você já percebeu que a cor apresenta uma infinidade de variedades, Wilhelm Wundt (1832 – 1920), fisiologista e psicólogo, esquematizou as cores considerando os conceitos de primária e secundária, quente e fria; representou tudo isso em um círculo denominado “círculo de Wundt”; esse círculo foi ampliado para contemplar as cores do espectro solar obtendo-se um círculo cromático que se baseia na disposição ordenada de cores básicas e em seus compostos (FARINA, PERES, BASTOS, 2006, p. 68), veja: 11 UNIDADE Teoria da Cor Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images Nesse mesmo círculo cromático podemos identificar as cores primárias: verme- lho, verde, azul, também denominadas cor-luz. Importante! Cor primária é cada uma das três cores indecomponíveis que misturadas em proporções variáveis produzem todas as cores do espectro. Importante! Figura 2 – A mistura dessas três cores primárias – denominada síntese aditiva – resultará no branco Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images Importante! Síntese aditiva é a mistura das três cores primárias. Importante! Quando fazemos a combinação entre essas cores primárias, chegaremos às co- res secundárias, que são: ciano, amarelo, magenta. Essas cores secundárias são denominadas cor-pigmento. 12 13 Importante! Cor secundária é a formada por duas cores primárias. Importante! Observe novamente o círculo cromático: Figura 3 Fonte: iStock/Getty Images Nele podemos observar as denominadas cores quentes: amarelo, laranja, ver- melho (entre outras). Figura 4 Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images 13 UNIDADE Teoria da Cor E também as cores frias: verde, azul, violeta (entre outras). Figura 5 Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images Naturalmente, essa característica – quente e frio – está relacionada com a natu- reza de nossos sentidos (fogo – quente – vermelho, mar – frio – verde), conforme já comentamos em páginas anteriores. Ainda, se misturarmos as cores-pigmento magenta, amarelo e ciano, produz o cinza-neutro por síntese subtrativa. Figura 6 Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images Importante! Quando nos referimos à síntese aditiva, falamos de cor-luz e quando nos referimos a síntese subtrativa, falamos de ausência de luz. Importante! 14 15 Escalas Cromáticas De acordo com Farina, Peres, Bastos (2006, p. 67), qualquer variação provo- cada em uma cor, seja em seu tom, na saturação ou na luminosidade, produzirá uma modulação. “Se essa modulação se verifica a intervalos regulares e contínuos, dizemos que há uma escala”. São denominadas de escalas cromáticas as que se referem às cores propriamente ditas. Assim, a escala pode ser monocroma (uma cor) ou policroma (diversas cores). Aprender a trabalhar e a como realizar essas escalas é de suma importância para todos e qualquer profissional que trabalhe com a imagem (artistas, publicitários, arquitetos, design, para citar apenas alguns). A seguir você encontra alguns exemplos de como trabalhar com as escalas cro- máticas e como usá-los na prática para conseguir efeitos de comunicação, de dinâ- mica, de calor, de frieza, de profundidade, de proximidade, de peso, de opressão e tantas outras sensações. A força da cor é de uma sugestionabilidade incomparável e, portanto, um recurso de alto valor. (FARINA, PERES, BASTOS, 2006, p. 67) Escalas Monocromáticas Podemos conseguir uma escala monocromática de diversas formas. Podemos mo- dular uma cor com a variação de luminosidade, da saturação ou do valor, Figura 7. Uma escala monocromática pode ser conseguida, também, misturando um tom com outra cor. Começando no “branco”, vamos lentamente acrescentando uma cor até chegar a uma determinada saturação. Figura 7 – Escala cromática e grau de saturação Fonte: Farina, Peres, Bastos, 2006 15 UNIDADE Teoria da Cor Trata-se da escala de saturação ou escala do branco. A escala de luminosidade é a que partindo de uma cor saturada vai-se acres- centando aos poucos certa quantidade de “preto”. Ainda, a escala que vai da cor branca à cor preta, em uma mistura crescente, é denominada escala de valor ou escala de cinza. De qualquer forma, seja do mais claro até o mais escuro ou o inverso, podemos obter um efeito visual bastante agradável. Veja os exemplos: Figura 8 Importante! Monocromia é a harmonia obtida usando-se apenas uma cor variando sua saturação. Importante! Escalas Policromáticas Como o próprio nome sugere, ao contrário das escalas monocromáticas, as escalas policromáticas são obtidas pela modulação de duas ou mais cores. Veja exemplo: Figura 9 No entanto, e como não poderia deixar de ser, a natureza nos oferece o melhor exemplo de uma escala policromática perfeita! Onde? No espectro solar. Veja: 16 17 Figura 10 Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images Com essas informações já temos condições para ampliar o círculo cromático proposto por Wundt com as cores do espectro solar. Veja: Figura 11 Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images 17 UNIDADE Teoria da Cor Unimos os dois extremos do espectro e colocamos na intersecção o vermelho- magenta (que é a mescla aditiva do azul-violeta e do vermelho-alaranjado), obtemos um círculo cromático que se baseia na disposição ordenada de cores básicas e seus compostos. Revendo algumas informações antes de passarmos a outro tema: cores com- plementares são as opostas no círculo cromático; cores análogas são as do mes- mo grupo. Além dessas podemos ter: cores por triangulação, por retângulo, por quadrado e meio-complementares. Na figura ao lado você encontra os exemplos de todas essas combinações citadas. Figura 12 Fonte: Wikimedia Commons Tom Sobre Tom O tom sobre tom também é um tipo de harmonia semelhante à monocromia, no entanto, no tom sobre tom usam-se diversas cores próximas, de um mesmo grupo, somente variando as tonalidades. Com este tipo de harmonia conferimos sobriedade e efeitos visuais bem agradáveis. Figura 13 18 19 Importante! Tom sobre tom é a harmonia obtida usando-se cores próximas variando apenas as tonalidades. Importante! Cultura e Psicologia da Cor A cor é uma experiência sensorial à qual não podemos fugir. Vivemos em um mundo de cores, tons, nuances. Além de agir sobre nossa emotividade, as cores podem produzir sensação de movimento em uma dinâmica envolvente e compul- siva. “Vemos o amarelo transbordar de seus limites espaciais com uma tal força expansiva que parece invadir os espaços circundantes; o vermelho embora agres- sivo, equilibra-se sobre si mesmo; o azul cria a sensação de vazio, de distância de profundidade” (FARINA, PERES, BASTOS, 2006, p. 85). Só para citar um exemplo do que os autores nos dizem, observe como o espaço arquitetural pode ser modificado, tornando-se maior ou menor, mais alto ou mais baixo, mais amplo ou mais estreito apenas com o uso das cores. Alémdisso, as cores estão em nosso linguajar cotidiano para expressar sen- timentos, sensações. Quem nunca disse estar verde de fome? Roxo de raiva? Mundo cor-de-rosa? Situação preta? Sorriso amarelo? Vermelho de vergonha? Aí está! As cores identificam nossos sentimentos. Culturalmente ocorre a mesma coisa. Azul para o menino, rosa para a menina. Preto para o luto. Branco para as noivas (observe que estamos falando apenas da cultura ocidental). Os sinais nos semáforos: vermelho – pare, perigo; amarelo – atenção; verde – segurança, livre (e aqui é válido para o mundo inteiro). Mais ainda, as cores são usadas em todas as indústrias e empresas (no mundo inteiro) no processo de prevenção de acidentes no trabalho. A Associação Bra- sileira de Normas Técnicas (ABNT) emitiu norma a respeito do uso de cores na segurança do trabalho por meio da publicação da norma ABNT NBR 6493, em 30 de outubro de 1994. Essa norma indica o seguinte uso das cores no ambiente de trabalho, veja: Quadro 1 Sensação visual Aplicação Azul Controles de equipamentos elétricos. Laranja Partes móveis e mais perigosas de máquinas e equipamentos, faces externas de polias e engrenagens. Vermelho Equipamento de proteção contra incêndio ou de combate a incêndios. Verde Caixa de socorros de urgência, avisos, boletins etc. Branco Faixas indicativas de sentido e circulação. Preto Coletores de resíduos. Essa norma não é exclusividade brasileira, ela é válida para qualquer empresa no mundo inteiro. 19 UNIDADE Teoria da Cor Mais uma chamada de atenção: e o que você me diz da coleta seletiva de lixo? As cores são as mesmas no mundo inteiro (elas também foram padronizadas por uma norma emitida pela International Organization for Standardization (ISO)).1 Caso você não conheça as cores empregadas na coleta seletiva de lixo, aqui vão elas para sua informação. Veja: AZUL: papel/papelão VERMELHO: plástico, isopor AMARELO: metal ROXO: Radioativos MARROM: Orgânicos, como restos de alimento VERDE: vidro CINZA: Resíduo geral não reciclável ou misturado LARANJA: perigosos ou contamiados BRANCO: Ambulatórios ou de serviço de saúde PRETO: madeira Figura 14 Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images Bem, no mínimo a partir de agora você saberá onde jogar cada coisa de forma correta e adequada. Além de tudo isso já comentado até agora, não podemos fugir de reconhecer que somos afetados em nossas reações corporais pela cor, apesar de ainda não se- rem bem definidas cientificamente essas reações, as cores têm sido frequentemente usadas em todos os âmbitos (saúde, educação, terapias, tratamentos etc.). Muito se tem estudado a respeito do efeito das cores nos seres humanos. Um desses estudiosos é Max Lüscher (apud FARINA, PERES, BASTOS, 2006, p. 91). Ele detectou que pessoas obrigadas a olhar por um determinado tempo para o vermelho puro apresentavam estimulação no sistema nervoso: elevação da pres- são arterial e alteração do ritmo cardíaco. Afirma Lüscher (apud FARINA, PERES, BASTOS, 2006, p. 91) “o vermelho puro atua diretamente sobre o ramo simpáti- co do sistema neurovegetativo”. 1. A ISO é “uma organização internacional criada em 1947 com sede em Genebra (Suíça), tem como objetivo principal promover o desenvolvimento da normalização e atividades correlacionadas no mundo inteiro; a base de seu trabalho é facilitar o intercâmbio internacional de bens e/ou serviços e para desenvolver a cooperação nas esferas intelectual, científica, tecnológica e demais atividades econômicas afins” (BALLESTERO-ALVAREZ, María Esmeralda. Gestão de qualidade, produção e operações. 2. ed. São Paulo: Atlas, p. 172). Ela é constituída por comitês encarregados de traduzir, adaptar e divulgar as normas nos diversos países associados. Um desses comitês é a ABNT que faz esse trabalho para o Brasil, assim quando a norma está conforme à original ela é publicada sob a sigla ABNT NBR, ou seja, norma brasileira. 20 21 Lüscher desenvolveu o teste dos cartões coloridos2 para identificar padrões comportamentais e de tendências. As cores e seus significados (tanto negativos quanto positivos, em sua classificação – lembre-se que as cores possuem essa propriedade) são: Quadro 2 Sensação visual Signifi cados Azul Positivo: inteligência, comunicação, confiança, eficiência, serenidade, dever, lógica, frescor, reflexão, calma. Negativo: frieza, altivez, falta de emoção, antipatia. Verde Positivo: harmonia, equilíbrio, frescor, amor universal, repouso, restauração, reconforto, consciência ambiental, equilíbrio, paz. Negativo: tédio, estagnação, desinteresse, abatimento. Vermelho Positivo: coragem física, força, calor, energia, sobrevivência básica, “lute ou fuja”, estimulação.Negativo: desafio, agressão, impacto visual, tensão. Amarelo Positivo: otimismo, confiança, autoestima, extroversão, força emocional, simpatia, criatividade.Negativo: irracionalidade, medo, fragilidade emocional, depressão, ansiedade, suicídio. Violeta Positivo: consciência espiritual, refreamento, visão, luxo, autenticidade, verdade, qualidade.Negativo: introversão, decadência, supressão, inferioridade. Marrom Positivo: seriedade, calor, natureza, naturalidade, confiabilidade, apoio.Negativo: falta de humor, angústia, falta de sofisticação. Cinza Positivo: neutralidade psicológica.Negativo: falta de confiança, desânimo, depressão, hibernação, falta de energia. Preto Positivo: sofisticação, glamour, segurança, segurança emocional, eficiência, substância.Negativo: opressão, frieza, ameaça, angústia. Fonte: FRASER, BANKS, 2007 Aqui você tem a paleta de cores proposta por Max Lüscher: AZUL PRETO VERDE VERMELHO AMARELO MARROMVIOLETA CINZA Figura 15 Para encerrar nossa conversa a respeito de cores, todas as experiências científicas parecem demonstrar que as cores correspondentes a um comprimento de onda maior (vermelho, por exemplo) produzem reação expansiva nas pessoas. Por outro lado, o verde e o azul (por exemplo) que possuem comprimentos de onda mais curtos, tendem a produzir reações de contração. 2. O teste oficial de Lüscher está descrito e você o encontrará em: https://goo.gl/ogswDY. 21 UNIDADE Teoria da Cor Esses achados são importantes e interessantes, pois podemos inferir que, pela escolha da cor, a pessoa pode estar demonstrando estar mais voltada para o mundo exterior ou dele se afastando, centrando sobre si mesmo todos os interesses. Wassily Kandinsky (1866 – 1944) afirmava que “um círculo amarelo ostenta um movimento de expansão que o aproxima do espectador, da mesma forma que um círculo azul desenvolve um movimento concêntrico que o afasta do observador” (apud FARINA, PERES, BASTOS, 2006, p. 92). Isso nos indica que o artista às vezes chega, pela sensibilidade, às mes- mas conclusões que o cientista pelas experiências. (FARINA, PERES, BASTOS, 2006, p. 92). 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Teoria das Cores Significado da Teoria das Cores https://goo.gl/cLqrTu Teoria das Cores https://goo.gl/7HqVou Teoria das Cores Ensinar EVT – A Teoria da Cor https://goo.gl/4hdBg9 Leitura Cores https://goo.gl/fPnBSY Teoria das Cores https://goo.gl/jtNHzC 23 UNIDADE Teoria da Cor Referências PEDROSA, Israel. Da Cor à cor inexistente. 12.ed. Rio de Janeiro: Senac Na- cional, 2014. FARINA, Modesto; PEREZ, Clotilde; BASTOS, Dorinho. Psicodinâmica das co- res em comunicação. 5. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2006. FRASER, Tom; BANKS, Adam. O Guia completo da cor. São Paulo: Senac, 2007. 24
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