Buscar

03 - Literatura Portuguesa - Barroco - Atividade

Prévia do material em texto

03 – Literatura Portuguesa – Barroco – 10/09/2020 
Professora: Luciana Alves Bonfim 
 
Aluno: MARIA EDUARDA SABADY 
 
1. Analise a poesia abaixo tendo como foco a demonstração dos elementos 
do Barroco, a saber: a) conceptismo, b) cultismo, c) contradições. 
 
A UMA AUSÊNCIA 
Sinto-me, sem sentir todo abrasado 
No rigoroso fogo que me alenta; 
O mal que me consome me sustenta, 
O bem que entretém me dá cuidado. 
 
Ando sem me mover, falo calado, 
O que mais perto vejo se me ausenta, 
E o que estou sem ver mais me atormenta; 
Alegro-me de ver atormentado. 
 
Choro no mesmo ponto em que me rio, 
No mor risco me anima a confiança, 
Do que menos se espera estou certo. 
 
Mas, se de confiado desconfio, 
É ​porque​, entre os receios da mudança, 
Ando perdido em mim como em deserto.  
  
Autor: ​Francisco​ ​Rodrigues Lobo (1580-1622) 
 
OBSERVE: 
FONTE: TIMES NEW ROMAN OU ARIAL 
TAMANHO: 12 
MARGEM: JUSTIFICADA 
ESPAÇAMENTO ENTRE LINHAS: 1.5 
PÁGINAS: mínimo de meia página, máximo de 1 página 
INICIAR A ANÁLISE NA PÁGINA SEGUINTE: 
 
 
 
 
O poema conta o que o eu-lírico sente com a ausência de sua amada, 
ele se sente abraçado no fogo do amor que na ausência dela, o consome, 
alenta, sustenta e atormenta e o faz ficar perdido num desert​o. N​o poema, o 
primeiro quarteto e nos dois tercetos observa-se as presenças de hipérbato 
e antíteses, respectivamente, que expressam um conflito através do 
dualismo, envolvendo o bem e mal, choro e riso, dúvida e certeza. 
Identifica-se, primeiramente, uma inversão sintática num jogo de palavras 
seguido de antíteses, o poema explora um conflito emocional com 
predominância explícita cultista no plano de expressão. 
Tem a presença de paradoxos/contradições (Sinto-me, sem sentir; 
Ando sem me mover, falo calado; Alegro-me de ver-me atormentado); 
presença de antíteses (mal X bem; choro X rio); as contradições mostram 
um indivíduo dividido internamente, vivendo conflitos interiores (da alma); 
pessimismo: “Ando perdido em mim como em deserto”. A presença de 
muitas orações interrogativas, denuncia um eu perturbado, cheio de dúvidas, 
perdido. O excesso de perguntas mostra um eu desesperado. Percebe-se 
um jogo de palavras, típico do estilo cultista, com os verbos ‘ver’ e ‘cegar’. O 
pessimismo do eu se mostra no seguinte verso: “É certo e verdadeiro meu 
tormento.