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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp As neoplasias malignas constituem os distúrbios com leucócitos mais importantes. São neoplasias linfoides, mieloides e histiocitoses. - Linfoide: células B, T e NK. - Mieloides: LMA, SMD, NMPC. - Histiocitoses: macrófagos e DC. As neoplasias linfoides são bem amplas e heterogêneas. A etiopatogenese é complexa e variada. Um dos aspectos principais é a ocorrência de translocações cromossômicas e mutações em genes específicos. Algumas dessas alterações estão fortemente associadas a tipos específicos de neoplasias, ajudando no diagnóstico. No grande grupo de linfomas, o linfoma de Hodgkin é segregado de todas as outras formas, que constituem os linfomas não Hodgkin (LNHs). O linfoma de Hodgkin apresenta aspectos patológicos característicos e é tratado de modo único. Outro grupo especial de tumores de células B, que difere da maioria dos linfomas, são as neoplasias de plasmócitos. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Mutações podem causar ganho ou perda de função em proteínas especificas relacionadas com proliferação, diferenciação ou sobrevida celular. Entre as células linfoides, as mutações potencialmente oncogênicas ocorrem amis nos linfócitos B do centro germinativo. Quando elas entram no CG sofrem várias modificações fisiológicas para produzir anticorpos melhores. As principais modificações genéticas aqui ocorrem em genes codificadores de imunoglobulina e causa mudança de classe e hipermutação somática (Ig) ou ativação de proto-oncogenes (MYC e BCL-6). Esses processos ocorrem pela mudança na enzima AID. Muitas vezes a presença de AID já induz mutações. Isso explica porque processos de estimulação antigênica persistente (doenças inflamatórias crônicas) pode favorecer a formação de linfomas. Como também porque esses linfomas de células B são mais frequentes que T e NK. - Outros fatores etiológicos para linfomagênese: Fatores genéticos hereditários: causam instabilidade genômica. Viroses (HTLV-1, EBV, HHV-8): são vírus linfotrópicos. Inflamação crônica (H. pylori, Doença celíaca): a neoplasia linfoide geralmente surge dentro do tecido inflamado. HIV: hiperplasia sistêmica de células B associada com incidência aumentada de linfomas de grandes células B do tipo CG. Na Aids, esse risco é muito aumentado (redução da imunovigilância e maior susceptibilidade por outros vírus oncogênicos). Fatores iatrogênicos (Qtx e Rtx): aumenta risco de neoplasias mieloides e linfoides. Tabagismo É importante saber a diferença entre os conceitos de leucemia linfocítica e linfoma. Leucemia é utilizado em neoplasias com amplo acometimento da MO e do SP. Linfoma é utilizado em proliferações que surgem como massas tumorais distintas, ou seja, tumores sólidos. Os limites dessas definições são imprecisos. Algumas manifestações linfomas tem manifestações leucêmicas. Outra divisão importante nas neoplasias linfoides são os linfomas de Hodgkin (LH) e não Hodgkin (LNH). O linfoma de Hodgkin tem aspectos característicos e é tratado de modo único. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Outro grupo especial de neoplasias de células B são as neoplasias de plasmócitos. Elas surgem na MO e raramente comprometem linfonodos ou SP. As neoplasias linfoides constituem um grupo complexo e importante de câncer. Tendem a ser mais prevalentes em homens. A manifestação clinica é determinada pela distribuição anatômica da doença, a maioria como linfonodos aumentados, indolores, maiores de 2cm. O restante tem sintomas relacionados ao acometimento de sítios extranodais (pele, estomago, SNC). - Classificação das neoplasias linfoides: existem 6 categorias principais. Neoplasias linfoides precursoras (B, T e NK) Neoplasias de células B maduras Neoplasias de células T e NK maduras Linfomas de Hodgkin Transtornos linfoproliferativos associados à imunodeficiência Neoplasias de células histiocíticas e dendríticas Os aspectos clínicos despertam a suspeita de neoplasias linfoides, mas o exame histológico e citológico são fundamentais para o diagnóstico. Fazemos também análise de clonalidade. Histologia (biópsia): linfomas Citologia (SP e MO) + molecular: leucemias A maior parte das neoplasias linfoides se assemelham a algum estágio do desenvolvimento das células B ou T. A maior parte deriva das células B. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Na citologia de rotina não conseguimos diferenciar os linfócitos B, T e NK. Para diferenciar fazemos imunofenotipagem para marcadores celulares. Células B: CD20, CD79a, PAX5. Células T: CD3, CD5, CD4, CD8 e CD7. Células NK: CD56. Centro germinativo: CD10, BCL-6. Frequentemente essas neoplasias estão associadas a alterações imunológicas, tanto por imunodeficiência quanto por autoimunidade. Indivíduos com imunodeficiência tem alto risco de neoplasias linfoides! A células neoplásicas T e B tendem a recapitular o comportamento das células normais, como o homing. Elas podem recircular pelo sangue também e por isso grande parte dos tumores linfoides são muito disseminados. 1. NEOPLASIAS LINFOIDES PRECURSORAS (LLAs) LL/LLA: leucemia (ou linfoma) linfoide (ou linfoblastica) aguda. É uma neoplasia linfoide agressiva de células imaturas (linfoblastos). Pode se apresentar como leucemia, linfoma ou ambos. Será leucemia (LLA) pura se > 25% de linfoblastos no SP ou MO. Será Linfoma (LL) puro se lesão tumoral no mediastino ou outra topografia, se > 25% de linfoblastos no SP ou MO. Dois tipos principais de LLA são subdivididos com base na linhagem linfoide: LLA-B e LLA-T. eles diferem em apresentação clínica, tratamento e prognóstico. Tem várias classificações dentro dessas. LLA-B: células precursoras B em vários estágios de maturação na MO. LLB-T: células T da MO ou de células T em diferenciação no timo. A incidência de LLA é maior em caucasianos/hispânicos do que em afro-americanos/asiáticos. A LLA-B é muito mais frequente que LLA-T em crianças e em adultos. LLA-B: mais frequente em crianças (<5anos), mas também ocorrem em adultos (39 anos). LLA-T: mais frequente em adolescentes, principalmente em homens. Ambas são as neoplasias malignas mais frequentes em crianças. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Fisiopatologia: maioria dos casos são idiopáticos e multifatoriais. Podemos encontrar fatores de risco específicos numa minoria dos pacientes, como: Exposição pré- e pós-natal a radiação; Doenças genéticas como Sd de Down, neurofibromatose e ataxia telangiectasia. Polimorfismos genéticos herdados. EBV e HIV. Os fatores que melhora o prognóstico são: crianças (chance de cura de >90%); subtipo LLA-B tem pior prognóstico; alterações genéticas também dificultam. Outros fatores desfavoráveis incluem idade < 1 ano, acometimento do SNC e leucocitose (>50mil). - Morfologia dos LLA Na biópsia de MO ou das massas linfonodais vemos proliferação difusa de células pequenas-médias, de aspecto imaturo, monótono, apagando completamente a arquitetura original do tecido. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Geralmente o diagnóstico diferencial envolve neuroblastoma, sarcoma de ewing, linfoma de Burkitt (aspecto de céu estrelado), etc. Alto índice mitótico (proliferativo). - Imunofenotipagem: a citometria de fluxo é melhor. 2. NEOPLASIAS DE CELULAS MADURAS (B, T e NK) Leucemia Linfocítica Crônica / Linfoma Linfocítico (LLC): Pode se manifestar como leucemia ou linfoma, mas mais frequentemente como leucemia. Tem células linfoides pequenas bem diferenciadas, maduras. Tem curso mais indolente, insidioso. É a leucemia mais comum em adultos. Tem comprometimento simultâneo de MO, linfonodos e pode infiltrar vísceras. Está associada a alterações imunológicas, como distúrbios autoimunes e infecções. - Morfologia: Células pequenas, poucomaiores que linfócitos normais. Monotonia celular, índice mitótico maior que num processo inflamatório crônico, mas menor que na LLA. Apagamento difuso da arquitetura normal do linfonodo, esboços de nódulos, proliferação difusa das células. A cromatina é mais frouxa, se assemelhando a linfócitos B mais maduros mesmo (tipo roda de carroça). A LLC é o protótipo dos linfomas indolentes. Nesses casos a sobrevida diminui linearmente com o avançar dos anos. A maioria vai a óbito ao fim de 10 aos e não existe platô de cura, independente da estratégia de tratamento usada. Nem no começo ele regride/diminui. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Ao longo do curso pode se transformar em neoplasias mais malignas. Essa transformação é chamada de Síndrome de Richter. Muito próximo do óbito. 3. LINFOMA FOLICULAR É o linfoma mais comum em adultos. As células tumorais são clones maduros das células B: centroblastos e centrócitos. A quantidade dos centrócitos que permite a graduação do linfoma folicular. Nos graus mais avançados tem risco de transformação para neoplasias mais agressivas (como a de grandes células B). Associada a translocação 14;18 que resulta em aumento da proteína BCL-2 (antiapoptótica). Com isso, a célula neoplásica sobrevive mais. Ela pode ser detectada por imunoistoquimica e com isso conseguimos diferenciar a hiperplasia folicular do linfoma folicular (tem no CG). 4. LINFOMA DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B Mais agressivo. É o linfoma mais comum em adultos, independente do tipo ou comportamento clinico. Grupo heterogêneo de tumores de células B maduras, que compartilha a morfologia celular de grandes células e um comportamento clinico agressivo. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Causas: rearranjos ou mutações do gene BCL6. 1/3 dos casos envolvem translocações nesse gene. Inúmeras variantes morfológicas e moleculares. Uma parte pode surgir de linfomas foliculares ou linfocíticos. - Morfologia: Forma lençóis de células atípicas caracterizadas por células volumosas, com núcleo grande, nucléolo proeminente, citoplasma evidente. Alto índice proliferativo e apoptótico. Expressão imunoistoquimica de CD20. Importante pois responde a um anticorpo monoclonal Rituximabe. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 5. OUTROS LINFOMAS NÃO HODGKIN Maduros também. Um subtipo é o linfoma de Burkitt: muito agressivo de células B maduras que surgem em locais extranodais (ex. face) e nodais (mediastinais). Fortemente associado a translocações do MYC e as células são frequentemente infectadas de forma latente pelo EBV. 3 formas clinicas são reconhecidas: linfoma de Burkitt africano (ou endêmico; relacionado ao EBV); esporádico (menor associação com EBV); infectados por HIV. Em todas essas formas clinicas a morfologia é idêntica, o que diferencia são as características clinicas e virulógicas. - Morfologia: Aspecto em céu estrelado (muitas células escuras e algumas claras como se fossem estrelas), pleomorfismo importante, índice proliferativo alto (quase 100%). O céu estrelado não é patognomonico do linfoma de Burkitt. - Outros linfomas não Hodgkin maduros menos frequentes: Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Neoplasias Maduras B incomuns: linfoma de células do manto (tumor de células B naive); linfoma da zona marginal (tumores de células B sensibilizadas, surgem em locais de processo inflamatório crônico). Neoplasias maduras T/NK incomuns: linfoma anaplásico de grandes células ALK+ (essa proteína só é expressa nesse caso). 6. LINFOMA DE HODGKIN Primeiro linfoma a ser descrito na literatura médica. São células neoplásicas relacionadas aos linfócitos B do CG. Correspondem a cerca de 1/3 dos linfomas malignos (2/3 são os LNH). Os linfomas de Hodgkin são neoplasias de células linfoides B em diferentes estágios de evolução e com alterações moleculares diferentes dos LNH. Progressão por continuidade (ex, começa na região cervical, progride para mediastino, depois abdômen, baço etc). Distribuição etária bimodal, com pico entre 20-30 anos (outro menor aos 60 anos). Principalmente no mediastino e “sempre” primários dos linfonodos. São divididos em LH predominância linfocitária nodular e LH clássico (esclerose nodular, celularidade mista, rico em linfócitos, depleção linfocitária). A célula neoplásica característica é a célula de Reed-Sternberg (célula RS). É binucleada com nucléolos proeminentes, citoplasma amplo, espaçadas – célula de olho de coruja. Entre elas vemos vários linfócitos pequenos reativos, bem como eosinófilos (importante!). Geralmente são CD30 positivos na imunoistoquimica. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp A manifestação clinica mais comum é o acometimento de linfonodos superficiais, bem palpável. 75% acometem cadeias cervicais e supraclaviculares. O prognóstico é bom, na doença inicial a sobrevida é de até 90% em 5 anos. É um paciente inflamado, tem prurido, sudorese, febre. Propicia aparecimento de processos inflamatórios. - Estadio Inicial: um ou dois linfonodos acometidos acima do nível do diafragma. - Estadio avançado: mais de 2 linfonodos abaixo do diafragma, acometimento de vísceras. LINFOMAS E CORRELAÇÕES CLÍNICAS Leucemias ou linfomas são doenças neoplásicas sistêmicas, pois atingem facilmente a corrente circulatória. Cerca de 20% dos linfomas são originários dos linfócitos T e 80% dos linfócitos B. Linfomagênese: ocorrem várias alterações cromossômicas e que dependendo do estádio da célula afetada, temos quadro clinico diferente. Linfomas: grupo heterogêneo de neoplasias originárias do tecido linfático e que estão em todas as faixas etárias. É mais comum em homens, a incidência aumenta com a idade. Geralmente os sintomas começam com febre e astenia. Depois evolui para aparecimento de gânglio cervical. É importante realizar radiografia de tórax para observar alargamento do mediastino. O diagnóstico só foi confirmado após biópsia do linfonodo. Tratamento dos linfomas: quimioterapia citotóxica, imunoterapia (anti-anticorpo), terapia droga-alvo, transplante de medula óssea.
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