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CADERNO DE FILOSOFIA DO DIREITO – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 JUSNATURALISMO RACIONALISTA . Funciona como um tipo de escola de transição para o positivismo jurídico. . A Ciências Humanas evoluem + outras ciências, principalmente da saúde = possível só por causa dessa separação com a igreja. . Recolocação do indivíduo como centro do Direito – indivíduo como ser social no centro da esfera jurídica. . Contribuições . Separação definitiva entre estado e igreja – Secularização do Estado. . Ter ou começar a ter a preocupação da ideia de Direito como Ciência, impulsionado pelo ambiente das escolas racionalista, do positivismo filosófico – primeiros ímpetos de pensar o direito como Ciência. – Ponto de partida para o positivismo jurídico depois, tentando afirmar o Direito como Ciência. . Contrato Social = significado. . Preocupação em entender de onde surgiu o estado, como surgiu, qual o seu papel perante a sociedade, o que mantém sua autoridade? – basicamente as ideias que permeiam os contratualistas. . Talvez essas inquietações tenham surgido pelo momento de transformação na Europa, passando por uma ideia de acabar com as fragmentações do território e formação de um estado unificado/estado moderno. . Conceito importante para entender o jusnaturalismo racionalista, bem como algumas transformações que surgem após esse período. . Contrato Social: entendido como um pacto original para a formação do Estado. Há na sociedade um ajuste consensual (ideia de adesão de uma MAIORIA) para a formação do Estado e aceitação de sua autoridade. . Contrato social surge de um estado de natureza – há antes da formação do Estado, um estado de natureza (sem regras), onde os indivíduos criam essas regras para ordenar o convívio social e o Estado é o responsável por regular a aplicação destas. . Saída de um estado de natureza para um estado civil. . Estado de natureza seria uma condição fictícia original (um termo hipotético) a qual emerge o Estado, para se pensar o Contrato Social, porque não teria como existir/ter existido nos tempos atuais. . Factualmente não existe nada para nos obrigar a aceitar a autoridade do estado. CADERNO DE FILOSOFIA DO DIREITO – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 . Teoria do Contrato Social se inicia no século XVI, mas só se consolida no século XVII. . Definir regras, direitos e deveres para que a sociedade consiga funcionar. Contrato Social Estado de natureza Sociedade civil . Autores Natureza genuinamente social (H. Crotius, Pufendorf e Locke) Natureza conflitiva (Hobbes e Rousseau) . Divide-se os pensadores desse período em dois grupos: 1). Os que acreditam que a natureza humana é genuinamente social.- o estado de natureza nosso é tendente a sociabilidade. . Necessidade a vida em sociedade para o homem. . Continuidade do pensamento de Aristóteles - “o homem é um ser social”. . Hugo Crotius, Samuel Pufendorf e John Locke. A) HUGO CROTIUS: Final do século XVI para o século XVII. . Foge da Holanda para a Espanha. . Uma Espanha ainda na segunda Escolástica e expandindo suas fronteiras. . Pensar um Direito para além do Estado e uma preocupação com a guerra. . Vistos por muito como pai do Direito Internacional. . Pensar o que significa a guerra e a busca pela paz. . Dialogando com o que era de certa forma o espírito da época dele. – Guerras. . Não era contratualista, mas adepto ao jusnaturalismo racionalista. . Classificação que difere IUS INTERGENTES X IUS GENTIL (Direito das gentes x Direito dos povos): CADERNO DE FILOSOFIA DO DIREITO – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 . O IUS INTERGENTES, seria o direito natural para ele (haveria entre os indivíduos um pacto advindo da própria condição humana, que nos colocava em uma necessidade inata de viver em sociedade). – Sujeito nasce dotado de uma moralidade inata (conceito de reta-razão de Marco Túlio Cícero: capacidade do homem de se direcionar à moralidade dos atos). . IUS GENTIL: necessidade de se pensar para além do direito natural, o direito entre os povos, direito supraestatal. Não só expresso nos tratados, mas também em convenções internacionais. – DIREITO ASSEGURANDO DIÁLOGO ENTRE OS VÁRIOS POVOS QUE AGORA VIVIAM EM SOCIEDADE. B) SAMUEL PUFENDORF . Não era contratualista, mas adepto ao jusnaturalismo racionalista. . Cria da história nacionalista Alemã (faz parte da primeira leva), uma das percussoras de dar uma racionalidade e objetividade ao Direito. . Leitor de Grotius. . Valoriza muito mais o aspecto paz do que estudar a guerra de fato. . Boa parte da sua filosofia destinada a pensar o Direito como Ciência, dar uma sistematização ao Direito. . Direito natural: sempre anterior ao Estado – porque está o Estado obrigada a observar esse direito natural. – O fato de que nesta altura do jusnaturalismo, essa ideia de direito natural não tem conexão com religião. . Direito positivo: derivado dos estados, pensados pelos homens e submetido ao direito natural. – Já surge a ideia de positivação do direito. C) JOHN LOCKE (contratualista) . Nasceu em 1632, século XVII – período onde estavam sucumbindo monarquias que tinham relações diretas com a igreja e nasciam as monarquias nacionais de regimes absolutistas, que traziam uma separação maior com a igreja e uma margem de autonomia. – Por esse motivo teremos o desenvolvimento dos contratualistas. . Traz uma lógica relativamente nova para aquele contexto – hoje chamado de LIBERALISMO. . Ele coloca ideias inovadoras naquele contexto, que serão muito bem recebidas pelas classes mais altas, pois ali começavam a se formar uma classe que não encontrava respostas nos intelectuais daquele momento. . Força não só na ING onde ele era originário, mas também na França e nos Estados Unidos, onde já se formavam classes com ideais liberais (autonomia da vontade, aquisição de propriedade, etc.). CADERNO DE FILOSOFIA DO DIREITO – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 . Base do pensamento liberal e também de certa forma democrático, pois traz alguns elementos nessa linha. . O discurso dele não era para a monarquia recém surgida, mas para as classes recém surgidas. . Monarquia tinha uma característica de retroalimentar sua existência: não existia uma justificativa para o monarca ter dinheiro, era apenas porque ele havia nascido assim. E, a classe que vinha surgindo não recebia muito bem essas justificativas. . Não distoa de Grotius e Pufendorf da natureza genuinamente social humana. Mas, se difere em: de que não nascemos com o direito natural, mas que ele é imediatamente compreendido/assimilado pelo sujeito porque é assim recebido pela razão. – CARACTERÍSTICA DO JUSNATURALISMO RACIONALISTA, ideia de que a base do Direito é a própria razão humana; ser humano capaz de fazer suas próprias escolhas, traçar seu destino e se desligando da ligação homem x igreja. . Ideia de direito de resistência: Locke estava falando pra uma classe alta, que depois na França será chamada de burguesa, e embora defenda a existência de um direito natural compreendido pela razão humana, acredita que quando esse direito natural é entregue ao Estado, isto é, quando é repassado ao Estado como forma de manutenção da ordem, não representa uma chancela para que o Estado possa fazer o que quiser. – DIREITOS NATURAIS QUE NÃO PODEM SER DESRESPEITADOS PELO ESTADO – ESTADO LIMITADO. – OBRIGAÇÃO DE PRESERVAR OS DIREITOS NATURAIS, DE MANUNTENÇÃO DE CONDIÇÕES EXISTENCIAIS DESSES DIREITOS NATURAIS. . Isso é importante para essa classe alta, para que ela pudesse usar como justificativa em caso de não cumprimento de alguma ordem da monarquia. – Defesa do direitode resistência. . SOCIEDADE CIVIL = artifício para assegurar os direitos naturais, não podendo corrompê-los, suprimi-los ou desvirtua-los. . Na concepção a sociedade civil era algo para garantir a ordem, a concretização dos direitos naturais e JAMAIS para ser uma forma de suprimir, corromper. . Contrário totalmente a Hobbes que caminha rumo a um Estado totalitário, o LEVIATÃ. . Defesa do direito de propriedade como algo que resulta do trabalho. – Também recurso de resistência à monarquia. . Locke falando para essa classe que através do trabalho passou a adquirir suas coisas, suas propriedades, e que espera que esta seja defendida. . Uma das ideias do Liberalismo. CADERNO DE FILOSOFIA DO DIREITO – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 . American Dream: no seu trabalho você batalha e consegue. . Noção de sentido de propriedade privada um tanto quanto novo, que não decorria mais de quem você era ou a que família você pertencia. Mas, sim da sua capacidade de trabalho. 2) Os que acreditam que a natureza do homem é individualista - Creem que se o homem não tiver um poder limitando suas vontades individuais, ele tende ao conflito. A) THOMAS HOBBES . Também é inglês. . Final do século XVI e início do século XVII. . Filósofo ligado aos regimes monárquicos. . Falava para os monarcas. – Se expressa muito na sua obra Leviatã, numa noção de estado soberano. . Hobbes rompeu com toda tradição aristotélica, que vinha desde a Grécia Antiga, que cumpria a noção do homem ser um animal social, político. – Hobbes vem e bate de frente a isso. . A natureza do homem é altamente conflitiva. . O homem não foi feito para viver em sociedade, salvo se houver a presença do Estado como uma forma de manutenção da ordem. . Se houvesse a retirada do Direito e consequente retirada do Estado, haveria uma guerra de todos contra todos. . O lobo é o homem do próprio homem. . Natureza humana se deixada à própria sorte iria ser conduzida a guerra, uma barbárie humana. . Estado não é escolha, é uma necessidade. . Estado é indispensável para a autopreservação humana. . O contrato como necessidade, espécie de demanda necessária ao indivíduo. . Estado Leviatã: . Discussão na Ciência Política se existiria de fato a figura do Leviatã, ou se ao falar disso, ele estava se referindo a uma espécie de estado que concentra poder. – Leviatã é uma figura um codinome para estado? . Contrato social que viria na formação do sujeito, formaria o Estado Leviatã – evitar a guerra, promover a paz, garantir a ordem social e a possibilidade de convivência dos sujeitos. CADERNO DE FILOSOFIA DO DIREITO – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 6 . Discurso voltado a monarquia justamente porque ao bancar essa ideia de Estado Leviatã, concentrador, absolutista, ele reforça as ideias/valores típicos das monarquias naquele contexto. . Hobbes antecede Locke. . Concepção de Justiça para Hobbes: fidelidade absoluta para com o Estado Leviatã, naquilo que ele determinasse. . “É melhor a ditadura de um, do que a ditadura de todos” – ou seja, é melhor que nós entreguemos na mão de um sujeito a manutenção da ordem, do que acreditar que isso aconteceria espontaneamente. . Justiça = fidelidade. . Existência ou não de alguma restrição ao Estado Leviatã é alvo também de discussões na Ciência Política, embora isso tenha sido expresso em seu livro. . Embora o Leviatã seja uma espécie de monarca absoluto, que governa de maneira concentrada, cabe a ele o limite mínimo que é manter a preservação da ordem. . Se ele agir diante dessa forma, se descumpre essa ideia que o levou a condição de poder, ele deve morrer. – Discussão se esse conceito de morrer é de fato a morte ou uma noção metafórica que traduz a ideia de substituição desse governante. – Têm-se maior chance de ser no sentido de morrer de fato, pois naquela época não havia essa ideia de substituição. . Estados absolutistas ainda hoje, em regra, só conseguem ser modificados se houver morte. . Considerado por muitos como o pai do positivismo, porque é a primeira vez que uma obra de Filosofia do Direito diz que: cabe ao Estado a produção da lei, é monopólio deste. – TRAZ UMA NOÇÃO TAMBÉM DE SOBERANIA, JÁ QUE CONCENTRA ISSO NAS MÃOS DO LEVIATÃ. . Necessidade dessas leis do Estado em detrimento das leis naturais. – Pois, nas leis naturais não tinham como se afirmar que não haveriam guerras. B) JEAN JACQUES ROUSSEU . Talvez seja, entre os 3 contratualistas (Hobbes, Locke, Rousseau), o que tenha uma pluralidade maior. . Produziu obras importantes na Filosofia Política, literárias, poéticas. . Percursor do movimento romântico. CADERNO DE FILOSOFIA DO DIREITO – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 7 . Juntamente com Montesquieu, serão importantes/essenciais para a formação da teoria de separação de poderes. – Ele próprio não escreve sobre, mas fala sobre as funções do Estado (embrião para Montesquieu fazer essa discussão de separação de poderes). . Trabalha com a ideia de existência de um só poder, mas que deveria ser dividido em diversas funções (e não poderes). . Além da obra Contrato Social, tem um livro de enorme importância, que é sobre a origem de desigualdade entre os homens, onde ele trata dessa noção de desigualdade. – Desde quando o primeiro homem cercou um pedaço de terra e falou que era sua, iniciou-se a miséria do homem. . Muita gente entende que Marx bebe dessa fonte quando escreve sobre a luta de classes. . Autor do século XVIII. . Segue a tradição hobbesiana: estado de natureza não é tendente a sociabilidade. . Diferença entre Hobbes e Rousseau: Hobbes traz uma noção um tanto quanto endurecida da natureza humana, enquanto Rousseau traz uma ideia do homem nascer bom, mas ser movido por paixões/impulsos que geram a sua degeneração, a sua selvageria, sendo então necessária essa ideia de contrato social. . Termo do bom selvagem. . Visão para alguns considerada selvagem: ideia do homem ser bom, mas a sua incapacidade de conter essas paixões (significado não ligado ao que temos hoje, mas sim ligado a ideia de descontrole). . Se o homem não tiver o Estado controlando/atuando sobre si, a tendência é que ele recaia para a maldade, porque não é capaz de conter seus ímpetos. . Compreende o contrato social como uma forma de compactuação, onde nós indivíduos cedemos nossos direitos em seu estado de natureza (são ilimitados, sem controle) e, assim, recebemos do Estado um direito repaginado juntamente a limites à existência humana. . Contrato social para fazer essa compactuação entre indivíduos detentores de direito em estado de natureza e Estado que passa a receber esses direitos em estado de natureza e tem a obrigação/função de limitar esses direitos. . Sai a liberdade natural, entra a liberdade civil e a propriedade (referente a classe que estava surgindo e tinha inquietação filosófica, sociológica quanto a esse direito de propriedade). . Noção que temos hoje do Direito: recebemos do Estado a garantia dos Direitos, mas também temos através dele a imposição de limites. CADERNO DE FILOSOFIA DO DIREITO – FBDG – 2020.1 – CLÁUDIA ALBAGLI NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 8 . O homem como legislador de si mesmo. – Na essência nós é quem somos os verdadeiros legisladores (claro que na época dele não existia o poder legislador) – hoje ainda a noção de sermos os responsáveis pelas eleições e de eleger nossos representantes. . Conceito de vontade geral: Para Rousseau, o contrato social é resultado da vontade geral. . Vontade geral como vontade da maioria (princípio da maioria – conceito basilar para estados democráticos de direito). . De que maneira meus interesses pessoais conseguem convergir com os interesses da sociedade? Através da construção de umavontade geral, onde ajustemos condições para uma existência pacífica. . Para ele, as leis seriam: . Impessoais e universais (deixar de ter categorias na sociedade – o que naquela época ainda, claramente, existia). . Produto da vontade geral. . Vontade geral como princípio da maioria. . Estabelecer direitos e deveres recíprocos. . Dirige a justiça ao seu fim (bem comum). – conceito de justiça perdendo conceito de supra-humana, e vai ganhando um significado de materialidade através da lei.
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